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NOÇÃO DO PERIGO - CAPÍTULO 6



Cena 1. Fazenda Martins. Ext. Dia.


Talita desesperada diante de Kátia, Antônio e Rafael.


Talita: (chorando) Foi a Heloísa, mãe! Eu tenho certeza que ela fez alguma coisa com a Mya!


Kátia: Calma Talita, calma! Não pensa o pior! A gente não sabe ainda se foi ela/


Talita: Foi! Ela me ameaçou no banheiro do fórum hoje. Ameaçou minha família! Essa mulher não tá brincando.


Kátia: Ô Rafael, tem certeza que a Mya não tá em nenhum canto desta fazenda, nem saiu com ninguém?


Rafael: Já procurei em tudo. Aqui ela não tá!


Antônio: Vamos ligar pra algumas amigas dela antes! Não dá pra tirar conclusão precipitada!


Rafael: Eu tenho o contato de algumas.


Talita encosta sua cabeça na janela do carro, estressada. Kátia olha pra cima, pedindo luz.


Kátia: Meus orixás, me tragam a minha Mya de volta! Uma menina tão boa e inocente, nunca fez mal à ninguém... Não deixem que nenhuma maldade aconteça com a minha menina...


Foco em Rafael fazendo uma ligação, fora de áudio.


Cena 2. Galpão Abandonado. Dia.


Local amplo, escuro e sujo. Mya (desmaiada) está em um canto, no chão, com as mãos e os pés amarrados, além da boca tapada com uma fita. O homem que a raptou entra no galpão e a observa, com um olhar malicioso...


Sequestrador: Garota gostosa... 


Ele continua a observá-la... Clima de muito suspense.


Cena 3. Fazenda Martins. Ext. Dia.


Os mesmos da cena 1. Rafael termina mais uma ligação.


Rafael: É, ninguém sabe da Mya!


Talita: Droga!


Antônio: Vamos lá pra cidade gente! Não podemos ficar aqui parados!


Talita: Foi ela! Eu tenho certeza! Se a gente não encontrar a Mya em no máximo uma hora, eu juro que vou na casa dessa Heloísa e faço ela falar onde tá a minha irmã! 


Antônio: Calma Talita! A gente vai achar a Mya!


Os quatro entram na caminhonete, que logo dá partida, seguindo até a porteira da fazenda...


Cena 4. Vila dos Mares. Stock Shots. Dia.


Takes da cidade. As praias, as ruas de cascalho, o clima leve do local. Plano geral na fachada da Visty Boutique.


Cena 5. Visty Boutique. Interior. Dia.


Loja moderna e refinada. Cerca de três clientes, passando o olho nos diversos biquínis da vitrine. Priscila e Yara entram, ambas de canga, chapéu e óculos escuros. Aléxia, a atendente, vai até elas.


Aléxia: Veio tarde hoje, Dona Pri.


Priscila: Pois é, Aléxia. Tava na praia com a Yara. Precisava tirar um diazinho. Aliás, deixa eu apresentar vocês. Yara essa é a Aléxia, meu braço direito e esquerdo aqui na loja e Aléxia, essa é a Yara, que veio morar aqui com a gente.


Yara: Prazer Aléxia!


Aléxia: Prazer Yara! 


Yara: Meu Deus gente! Tô encantada, aqui é tudo lindo demais! Eu vou acabar empobrecendo metade da minha fortuna aqui, só comprando biquini e maiô!


Priscila: Escolhe um modelinho pra você! Presente meu!


Yara: Não, tá maluca! Vai ser muito abuso da minha parte!


Priscila: Ah Yara, eu vou ficar muito chateada se você não aceitar!


Aléxia: Aproveita, boba! 


Yara: Ai Deus... Tá bom! (Tímida) Eu gostei daquele ali com estampa de olho grego! (Aponta para um biquini na arara com as características descritas) Não consegui tirar o olho dele.


Priscila: Hummm... Bom gosto!


Aléxia: Ele é lindíssimo mesmo! Vou pegar Pra você!


Aléxia vai retirar o biquíni da arara.


Cena 6. Visty Boutique. Escritório. Dia.


Marcelo e seu amigo Yago (29), conversando no escritório.


Yago: Marcelão, choppada hoje mais tarde no restaurante da orla? Vai ter sinuca, a galera toda combinou de ir.


Marcelo: Pô cara, não sei se vai dar... Chegou aquela nossa amiga, a Yara! Chegou ontem de madrugada, aliás. Acho que hoje ela vai querer dar uma voltinha, conhecer a cidade...


Yago: Hum... Yara, é?


Marcelo: É, que foi?


Yago: Nada não... É que Yara combina com Yago, sabe... E ela é gata?


Marcelo: Cê é um safado né Yago? É só falar de mulher que você já fica todo atiçado!


Yago: Mas cê ainda não respondeu. É gata?


Marcelo: É, a Yara é bem gata! Mas... Tem um porém.


Yago: Que porém?


Marcelo: Ela vai te achar um pirralho, Yago, não me leva a mal. Ela já é uma mulher feita, com mais de 40, formada em psicologia, com PhD em sexologia...


Yago: Melhor ainda! Tá duvidando da minha capacidade?


Marcelo: Claro que não irmão! É que talvez ela seja... Experiente demais pra você! Te considero meu irmão mais novo, por isso eu te conheço. Teu lance é outro, é menina novinha, vai por mim!


Yago: Eu vou te provar que cê tá errado! Quando eu conhecer essa Yara, cê vai ver se ela não cai na minha!


Marcelo olha no relógio de pulso.


Marcelo: Vamos parar de conversinha mole que já deu quatro da tarde e eu ainda não almocei! A Denise fez um camarão na abóbora, deve tá esfriando.


Yago: Se eu não tivesse um compromisso, juro que eu ia filar a bóia!


Marcelo bagunça os cabelos de Yago, divertido, e os dois saem da sala juntos.


Cena 7. Visty Boutique. Interior. Dia.


Marcelo e Yago descem as escadas. Priscila e Yara estão separando alguns biquinis.


Marcelo: (percebendo-as) Ué, vocês por aqui? Que surpresa boa!


Priscila: Trouxe a Yara pra conhecer a loja!


Yara: E ainda ganhei um brinde! (Mostra uma sacola)


Yago: Não vão me apresentar a dama?


Marcelo: Ah claro! Yara, esse é o Yago, nosso contador aqui da loja e também um amigo/


Yago: (interrompe) Quase irmão!


Yara: Nossa, um contador numa cidadezinha com menos de 15 mil habitantes…


Yago: Pra você ver, até os fins de mundo precisam de uma boa contabilidade.


Todos riem.


Priscila: (brinca) Palhaço, minha boutique não é nenhum fim de mundo.


Yago: Bom, eu tô atrasado pro meu compromisso, mas eu vou cobrar um programinha depois, os quatro.


Yara: Claro!


Yago beija a mão de Yara, cavalheiro.


Yago: Encantado!


Yara sorri.


Marcelo: Bom, vamos então comer o famoso camarão na abóbora da Denise? 


Priscila: Já é hora! Tô azul de fome!


Os quatro caminham até a saída da loja.


Cena 8. Centro Histórico de Diamantina. Dia.


Talita, atordoada, caminha pelas ruas perguntando pras pessoas e mostrando uma foto de Mya pelo celular.


Talita: (para uma mulher) Você não viu essa garota por aqui? (Mostra a foto)


Mulher: Não vi não...


A mulher segue. Talita guarda o celular e anda até a caminhonete de Antônio, onde estão Kátia, Antônio e Rafael.


Talita: Ninguém sabe dela!


Kátia: Na escola também não! Nós já ligamos pra todos os amigos da Mya!


Neste momento, o celular de Kátia toca. Ela atende: 


Kátia: (cel) Alô? (T) Acharam alguma coisa na câmera de segurança?


Cena 9. Diamantina. Rua. Dia.


Talita, Kátia, Antônio e Rafael saem de uma casa e vão descendo a rua, assistindo a um vídeo (no celular de Kátia).


Kátia: (chorando) A Mya foi sequestrada! Armaram uma emboscada!


Antônio: Tem que ligar pra polícia logo!


Talita: Não! Polícia ainda não! Eu sei quem mandou fazer isso e essa pessoa pode muito bem comprar a polícia.


Kátia: (agoniada) E o pior é que eu não consigo ter nenhuma visão. Parece que tá tudo bloqueado! 


Talita: Chega! Eu não posso mais ficar parada! Eu sei que foi a Heloísa e eu vou na casa dela dar uma pressão! Eu não posso, eu não aceito perder a minha irmã pra aquela demônia!


Kátia: Eu acho arriscado você chegar lá assim! Sem nada pra se defender.


Nesse momento, a caminhonete de Rodolfo vem descendo a rua. Ele avista a família, estaciona, desce do veículo e vai até eles.


Rodolfo: Aconteceu alguma coisa? Cês tão com umas caras muito aflitas.


Talita: Aconteceu Rodolfo! E você pode me ajudar!


Rodolfo: Eu ajudo no que eu puder! Me conta o que houve.


Cena 11. Casa de Rodolfo. Quarto. Dia.


Rodolfo e Talita. Rodolfo abre seu armário e tira de lá uma escopeta calibre 12.


Rodolfo: Essa que é maior vai comigo!


Ele abre uma gaveta, retira uma pistola enrolada em um pano e entrega a Talita.


Rodolfo: Essa vai com você!


Talita desenrola a arma do pano e a segura...


Rodolfo: Você agora vai ter que ter muita coragem!


Talita: Coragem e peito eu tenho de sobra. Esse confronto é entre mim e ela. A Heloísa vai ter que me falar onde é que ela colocou a minha irmã! Dessa vez eu não vou ter medo de ir pra cadeia. Se alguma coisa tiver acontecido, a Heloísa já era!


No close de Talita segurando a arma, 


Abertura



Cena 10. Ap dos Vieira Paes. Sala. Dia.


A campainha toca. Heloísa vai até a porta e abre-a, tendo nesse momento uma surpresa.


Heloísa: Mas o que é isso? Como cê passou pela portaria?


Talita: Cadê minha irmã, sua cadela?


Heloísa: E eu lá sei da sua irmã?


Talita: Sabe! Você sabe! E vai falar agora!


Heloísa: Eu não sou assistente social pra saber de paradeiro de pobre perdido!


Talita não se segura e saca seu revólver e aponta para ela, com ódio no olhar.


Talita: Você não lembra do que eu te disse hoje mais cedo? Cê perdeu a noção do perigo? (Grita) Eu falei que eu não era pra tocar em nenhum familiar meu que você ia se arrepender pro resto da vida!


Heloísa: Eu vou chamar a segurança!


E quando Heloísa se vira para ir até o interfone, dá de cara com Rodolfo segurando sua escopeta. 


Rodolfo: Nem pense!


Heloísa: (assustada) Como é que cê entrou aqui?


Talita: Porta dos fundos existe pra isso, minha filha. Ou você é tão burra que não sabe disso?


Rodolfo: Acho bom a senhora falar onde tá a Mya ou essa sua carinha de porcelana (toca no rosto dela) vai ficar mais esburacada que rua depois de enchente.


Heloísa: Vocês podem esburacar a minha cara o quanto quiserem! Eu não sei de nada!


Talita mete o cabo da arma na testa de Heloísa, fazendo-a cair no chão.


Talita: Tá achando que eu tô brincando, mocreia?


Heloísa passa a mão na testa e percebe sangue.


Heloísa: Você me machucou...


Talita vai passando a arma pelo rosto de Heloísa.


Talita: É pra você saber que eu não tava brincando! Eu mato e morro pelos meus irmãos! Ninguém toca neles e sai impune! Mas eu vou te dar a última chance de você ter um único ato digno na sua vida! (Grita) ME FALA ONDE TÁ A MYA!


Heloísa: (grita) EU NÃO VOU FALAR! 


Talita: Não vai?


Heloísa: Não!


Talita: Então eu vou cumprir o prometido! Você vai ser torturada!


Heloísa: O quê?


Heloísa é surpreendida com um mata leão de Rodolfo e vai se debatendo, enquanto fica sem ar e sua visão vai ficando turva...


A imagem fica preta.


Cena 11. Casa abandonada. Dia.


Imagem clareia. Uma casa abandonada, cheia de trincas e sem reboco. Heloísa está sentada em uma cadeira, completamente amarrada e com a boca tapada. Ela se debate enquanto tenta gritar. Talita e Rodolfo entram com suas armas.


Talita: E aí Helô? Decidiu parar de ser idiota e contar onde tá a inocente que você mandou sequestrar?


Talita arranca a fita da boca dela, com força.


Heloísa: Eu não vou falar nunca! 


Talita põe de novo a fita na boca de Heloísa.


Talita: (cínica) Sabe que quando eu morava com a sua filha... Eu lembro dela me dizer qual era o maior medo da mãe dela... Eu chego até a escutar a voz da Alice me dizendo... Cobra! O maior medo da minha mãe é de cobra! E olha que coincidência, (risos), o seu maior medo veio hoje aqui te visitar! Olha como cê tá especial querida!


Rodolfo pega uma caixa de madeira no chão e abre-a. Uma cobra (média) sai da caixa e vai rastejando em direção a Heloísa... Talita tira a fita da boca da mulher novamente.


Talita: Se você falar, eu tiro ela daqui!


A cobra vai encostando em Heloísa. A mulher grita, muito histérica e agoniada.


Heloísa: AHHHHHH! Tira, tira, tiraaaa! Tira esse bicho daqui, pelo amor de Deus! Eu vou infartar, eu vou morrer!


Talita: Então fala! 


A cobra vai subindo pela perna de Heloísa. A mulher fica cada vez mais agoniada. Muita tensão.


Cena 12. Casa de Praia. Sala de jantar. Dia.


Mesa preparada com pratos, talheres e uma panela de arroz. Yara, Priscila e Marcelo estão sentados. Denise entra trazendo a bandeja com o camarão na abóbora.


Denise: (colocando sobre a mesa) Minha especialidade!


Marcelo: Aí você arrebentou, Denise! A cara tá ótima!


Yara: O cheiro tá perfeito!


Priscila: Cê não viu o gosto!


Marcelo: (p/ Denise) Traz aquele vinhozinho branco que eu adoro!


Denise: Claro!


Denise vai até a cozinha. Marcelo se serve primeiro.


Yara: Essa secretária de vocês é muito competente né? Tô boba!


Marcelo: A Denise é um achado!


Priscila: E com o salário que a gente paga... Tudo melhora!


Yara ri.


Yara: E quanto é?


Priscila mostra os cinco dedos da mão.


Yara: Cinco? Tô bege! Acho que eu quero trabalhar pra vocês também! (Ri)


Priscila: E você vai! Tá achando que vai fugir da raia?


Marcelo: Vai ser nossa sexóloga particular. Trabalho exclusivíssimo! (Ri)


Yara: Mas esse trabalho aí eu já faço de graça e com o maior prazer, meus queridos!


No clima de descontração, todos começam a servir.


Cena 13. Fazenda Martins. Sala. Dia.


Kátia agoniada na sala, andando de um lado pro outro.


Antônio: Se aquieta um pouco, Kátia! Tá muito nervosa!


Kátia: Não dá! Eu não sei o quê que a Talita foi fazer na casa daquela demônia! Eu tenho medo da minha filha fazer alguma loucura e se arrepender depois. Nós nem sabemos se foi realmente ela a mandante do sequestro! E ainda por cima, a Mya tá desaparecida! Eu não sei como você consegue ter tanta calma!


Antônio: Eu tenho certeza que até o fim do dia a Talita vai entrar por aquela porta com a Mya! Eu acredito nisso! Vamos acreditar!


Kátia: Eu não consigo ter nenhuma visão... Isso me enloquece ainda mais... Eu não sei o que tá acontecendo!


Antônio: É por isso! Cê tá nervosa, atordoada! Seus pensamentos não conseguem focar nas visões quando você tá nesse estado! Eu vou fazer um chá!


Kátia: Não quero chá! Eu quero só a minha Mya sã e salva.


Cena 14. Casa abandonada. Dia.


A cobra está no colo de Heloísa, que está paralisada, mas chorando e muitíssimo amedrontada. Talita e Rodolfo observando-a, com suas armas em punho.


Heloísa: (chorando e tremendo) Tem piedade... Tira essa cobra de mim!


Talita: Eu não queria estar fazendo isso... Não queria mesmo. Mas é só me falar onde é que tá a minha irmã! Fala logo!


Heloísa reluta e faz força para falar:


Heloísa: (tremendo) Eu... Eu... Eu falo!


Talita: Então fala!


Heloísa: Tira a cobra!


Talita: Fala primeiro!


Close na cobra se mexendo. Heloísa engole seco.


Heloísa: Ela... 


Talita: Ela?


Heloísa: Ela tá num galpão abandonado... Fica numa estradinha de terra, indo pro Serro...


Talita: Vamos fazer melhor! Você vai levar a gente até lá!


Heloísa fecha os olhos, traumatizada.


Talita: Rodolfo, tira essa cobra dela! Ela vai nos levar até esse galpão! Se a pista for falsa, cê já sabe que volta pra cá de novo, não sabe?


Heloísa: (nervosa) TIRA LOGO ESSE ANIMAL DE MIM! EU LEVO VOCÊS ATÉ LÁ!


Rodolfo: Vou tirar, sua cachorra! Mas ouviu o que ela disse!


Heloísa: Ouvi, ouvi! 


Rodolfo pega uma cesta e vai atraindo a cobra até dentro dela, fechando logo em seguida. Heloísa respira fundo e chora de alívio.


Talita: Agora vem!


Talita desamarra Heloísa da cadeira (apenas suas mãos continuam amarradas) e vai levando ela para o exterior da casa, segurando-a pelos cabelos.


Talita: Deixa que eu dirijo, Rodolfo!


Rodolfo: Nada disso! Você tá com o sangue quente, pode bater o carro! Eu dirijo e você segura ela!


Talita: Tá bom!


Cena 15. Estrada de Terra. Fim de Tarde/ Noite.


O dia vai escurecendo... A caminhonete de Rodolfo percorre a estrada de terra.


Cena 16. Estrada de terra. Caminhonete. Noite.


Talita no banco de trás com Heloísa. Rodolfo dirige.


Talita: E agora? Pra onde tem que seguir?


Heloísa: Segue em frente que você vai chegar lá...


Talita: Em frente, Rodolfo!


Rodolfo continua dirigindo.


Cena 17. Galpão. Exterior. Noite.


A caminhonete estaciona em frente a um galpão. Rodolfo desce, armado com a escopeta. Talita desce em seguida com Heloísa, sempre apontando a arma pra cabeça dela.


Talita: É aqui que a Mya está?


Heloísa: É!


Cena 18. Galpão. Interior. Noite.


O sequestrador acaricia o rosto de Mya, que está desmaiada.


Sequestrador: Acho que chegou a nossa hora, minha lindinha...


Mya vai se despertando. O sequestrador abre o zíper de sua calça...


Mya: (sonolenta) Onde é que eu tô...?


Sequestrador: Calma bebê! Tá comigo, tá protegida! Fica calminha, fica…


O homem vai abaixando sua calça, até que...


Talita: (grita) Larga a minha irmã, seu merda!


Talita joga Heloísa no chão e vai correndo bater no sequestrador. Talita estapeia fortemente o homem por várias vezes.


Sequestrador: (tentando se esquivar) Que porra é essa aqui?


Talita dá uma coronhada na nuca do homem, que cai no chão desmaiado. Talita vai abraçar a irmã.


Talita: (se emociona) Mya, que bom que eu te achei!


Mya: (desnorteada) Quê que tá acontecendo? Onde eu tô, Talita?


Talita: Você foi sequestrada! Calma, você vai voltar pra casa!


Rodolfo termina de falar ao celular, fora de áudio.


Rodolfo: Eu acabei de chamar a polícia! Eles devem estar chegando.


Heloísa, neste momento, vai se arrastando até a saída do galpão, sem que ninguém a perceba, até que desaparece da vista de todos. Talita olha ao redor, não vê a mulher e se desespera.


Talita: Cadê a Heloísa?


Rodolfo: Ela deve ter fugido! 


Talita: (nervosa) Cê não prestou atenção, Rodolfo?


Rodolfo: Eu vou achar, calma!


Rodolfo atira pro alto várias vezes com sua escopeta.


Rodolfo: (grita) Heloísaaaaaa! Aparece sua desgraçadaaaaaa!


Cena 19. Mata. Noite.


Heloísa corre pela mata, com as mãos amarradas, até sumir pelas moitas...


Cena 20. Galpão. Exterior. Noite.


Duas viaturas da polícia, com as sirenes ligadas, estacionam em frente ao galpão.


Cena 21. Galpão. Int. Noite.


Os policiais algemam o sequestrador e vão levando-o para fora do galpão. Enquanto isso, outros dois policiais conversam com Talita e Rodolfo.


Talita: (p/ os policiais) Foi ela! A Heloísa Vieira Paes, mulher do vereador, Fernando Paes! Ela mandou sequestrar a minha irmã, pra me atingir! O sequestrador vai depor e vai falar tudo que sabe!


Policial 1: Dá uma licencinha rapidinha aqui.


O policial 1 leva o policial 2 para um cantinho mais reservado, os dois cochicham.


Policial 1: Mulher do Fernando Paes...


Policial 2: O cara é nosso aliado... Ajuda pra caralho lá...


Policial 1: Vamo deixar passar?


Policial 2: É o jeito!


Os policiais voltam a ficar diante de Talita e Rodolfo.


Policial 1: A gente vai registrar, tudo bem?


Talita: Como assim só vai registrar? Vocês não vão procurar ela nesse matagal?


Policial 2: Minha querida... Ela já deve ter sumido por aí... Vai ser impossível achar...


Talita: Que impossível o quê! Ela tá por aí! Ela é perigosa e vai ficar infernizando a minha família pra sempre! Vocês têm que tomar uma atitude!


Os policiais se olham e não dizem nada. Na expressão de revolta de Talita,


Cena 22. Fazenda Martins. Sala. Noite.


Kátia abraça Mya fortemente, muito emocionada. Na sala também estão: Talita, Rodolfo, Antônio e Rafael.


Kátia: Mya, minha filha! Que bom, que bom que você tá aqui!


Mya: Eu não tava entendendo nada... Aquele homem deve ter me desmaiado umas 5 vezes, tanto que tô zonza até agora...


Kátia: Que situação horrorosa que a minha filha passou...


Elas se soltam. 


Mya: Ainda bem que a Talita e o Rodolfo conseguiram me salvar a tempo...


Talita: Eu tava certa... Era a Heloísa a mandante!


Kátia: É... Mas o que você fez pra arrancar o endereço do esconderijo foi muito arriscado... Talita, você torturou a mulher com uma cobra! Você pensou na possibilidade de que podia não ter sido ela a mandante?


Talita: Mas foi! Ela era a única interessada em fazer mal pra nossa família! O importante é que deu tudo certo e a Mya tá aqui sã e salva! E eu não teria conseguido sem você, Rodolfo!


Rodolfo: Eu faço de tudo por você! Agora cê acredita?


Talita: Acredito! Obrigada, obrigada!


Talita o abraça...


Rodolfo: Eu tinha uma dívida com você!


Talita: E você quitou essa dívida! 


Rodolfo: Então eu ainda tenho alguma chance...?


Talita: A gente pode falar disso depois? Eu tô...


Kátia: Talita! Eu estive pensando e... Você não pode mais ficar nessa cidade! A Heloísa não vai te deixar em paz e nunca vai ser punida por essa polícia corrupta desse lugar! 


Talita: E o quê que a senhora sugere?


Kátia: Você vai ter que sair daqui. Você corre risco de vida!


Rafael: (choroso) A Talita vai embora?


Talita: Eu iria pra onde?


Kátia: Eu pensei na sua madrinha, a Yara! Ela mora sozinha, não tem filhos. Ela pode te abrigar na casa dela!


Cena 23. Casa de Praia. Sala. Noite.


Yara, Priscila e Marcelo descem as escadas, com roupas muito elegantes.


Yara: Será que essa tal festa do swing vai ser boa?


Priscila: Bom... É uma festa da high society fluminense... Comida boa, champanhe…


Marcelo: E o principal: Trocas de casais e muita pegação! Tudo no sigilo!


Yara: Não é a primeira vez que eu vou numa casa de swing... Espero que nessa festa eu conheça pelo menos um milionário...


Priscila: Ou uma milionária... Do jeito que as coisas lá funcionam... (risos)


Todos riem.


Yara: Não descarto possibilidades! (Risos) Só sei que tô muito curiosa pra conhecer!


O telefone de Yara toca dentro de sua bolsa.


Yara: Quem será hein? Jurei que tinha deixado todos os meus problemas em Belo Horizonte... Vamos ver!


Yara tira o celular do bolso e o atende.


Yara: (cel) Alô?


Cena 24. Fazenda Martins. Sala. Dia.


Kátia ao celular:


Kátia: (cel) Yara! Eu preciso muito de um favor seu! A Talita, sua afilhada, tá sendo ameaçada de morte aqui na cidade! Ô minha amiga, eu te peço, por tudo que a gente viveu juntas na juventude... Abriga a Talita na sua casa por um tempo! Por favor!


Cena 25. Casa de Praia. Sala. Noite.


Yara apenas escutando. No suspense da cena;


Foco em Yara / A imagem congela em preto e branco e se despedaça.


Encerramento: Já sei namorar - Tribalistas



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