CENA 01: CASA DE DURVALINA/SALA/INT./TARDE
Lica se levanta.
LICA – Olha aqui, você não tem o direito de duvidar de mim! Eu acabei de passar por um forte trauma!
Irritada, Durvalina segura Lica pelos cabelos.
DURVALINA – (GRITA) Chega de fingir! Eu não acredito mais em você, sua cretina!
Lica cai na gargalhada.
LICA – Está bem. Se eu não tenho mais saída, eu assumo: dopei o Edu sim. Tentei fazer ele achar que tinha transado comigo. Mas o plano deu errado: além de viado, aquele nojento é estéril!
DURVALINA – Você não sabe o quanto me dói saber que você foi capaz de tamanha arbitrariedade.
LICA – (SORRI) Você ainda não viu nada. E, para o seu bem, acho melhor sair do meu caminho.
DURVALINA – (INDIGNADA) Por acaso, você está me ameaçando?
LICA – Imagina, mãezinha! Mas acidentes acontecem toda hora. Tipo, sei lá, uma explosão, como a que aconteceu na casa do Omar.
Durvalina assustada.
LICA – Aquele imbecil morreu justo quando se virou contra mim. Coincidência, né?
DURVALINA – Você foi capaz de tirar a vida de uma pessoa?
LICA – Não. Ele cavou a própria cova ao tentar me trair. Então, acha ou não melhor sair do meu caminho?
DURVALINA – O que eu acho é que você tá merecendo o que há anos eu já deveria ter dado.
LICA – O quê? Desprezo?
DURVALINA – Não, filhinha. Uma bela de uma surra!
Durvalina parte pra cima de Lica, lhe desferindo várias bofetadas.
LICA – (IRRITADA) SUA DESGRAÇADA!
Lica tenta enforcar Durvalina, mas a senhora consegue se desvencilhar. Joga a filha no chão e tira o cinto, batendo nela sem parar.
DURVALINA – Chega de maldade! Eu não criei filha pra virar bandida! Cobra ordinária!
E segue batendo, até se cansar.
LICA – (CHORANDO) Eu juro que você vai se arrepender!
DURVALINA – (OFEGANTE) Já me arrependi mesmo. Me arrependi de ter acreditado em você. Agora vá pro seu quarto! Está de castigo até decidir o que eu farei contigo.
LICA – (GRITA) Eu não vou a lugar nenhum, sua asquerosa!
DURVALINA – Quer ver como vai?
Durvalina segura Lica pelos cabelos e a arrasta em direção ao quarto.
CENA 02: CASA DE DURVALINA/QUARTO DE LICA/INT./TARDE
A porta se abre e Lica é jogada para dentro. A porta se fecha e é trancada.
Histérica, Lica começa a gritar e socar a porta.
CENA 03: CASA DE DURVALINA/SALA/INT./TARDE
Durvalina encostada na porta, aos prantos. Adson chega perto dela e a abraça.
CENA 04: HOTEL/QUARTO/INT./TARDE
Conrado chega e se depara com Penélope na presença de policiais e do delegado.
CONRADO – O que é isso?
PENÉLOPE – Esses homens estão atrás de sua mãe.
CONRADO – Atrás de mainha?
O delegado se aproxima de Cornado.
DELEGADO – Boa tarde. Nós temos um mandado de prisão preventiva contra a senhora Palmira Fortuna. Ela é a principal suspeita de assassinar o senhor Perfeito Fortuna.
CONRADO – (SURPRESO) Não, deve estar havendo algum engano!
DELEGADO – Não há nenhum engano. Tenho testemunhas a respeito do caso e todas as pistas levam a Palmira.
Conrado, incrédulo, se senta. Penélope se aproxima e o ampara.
CENA 05: CAMINHÃO/INT./NOITE
Um caminhão transitando por uma estrada de terra, transportando um grupo de bóia-frias. Dentre estas pessoas está Palmira, disfarçada.
PALMIRA – Êta lelê! Ô lugarzinho desconfortável! Além de ter que aturar os buracos nessa estrada, tenho que me espremer com esse bando de catinguento! Um cheiro de sovaco que não acaba mais!
Palmira tenta se ajeitar. Ela se irrita com o homem ao seu lado, um homem um pouco acima do peso.
PALMIRA – Não tinha lugar melhor pra tu sentar não, espaçoso? Com esse rabão, tu incomoda as pessoas! Nunca lhe disseram isso?
O homem apenas a olha, sem dar atenção.
PALMIRA – Gordo mal educado! Nem sequer levanta preu me ajeitar! Sabe o que eu desejo? Que você exploda igual a dona Redonda na novela. Só assim não vai mais incomodar ninguém. Tonelada!
Silêncio.
PALMIRA – Nem sequer um lanchinho servem aqui. Tô aqui roendo os beiço de fome! Que país é esse, minha gente!
Palmira olha ao redor.
PALMIRA – (P/SI) O que eu não faço pela minha liberdade. Ai! Gente de bem sofre nessa merda de país!
CENA 06: NO DIA SEGUINTE…
CENA 07: HOTEL/QUARTO/INT./MANHÃ
Penélope sai do banheiro de banho tomado.
PENÉLOPE – Pelo visto, sua mãe fugiu mesmo. Sinal de que realmente tinha culpa no cartório.
CONRADO – Tenho medo de que tenha acontecido alguma coisa com mainha.
PENÉLOPE – Crendeuspai, Conrado! Sua mãe é muito astuta. Se não apareceu até agora, é porque sabe que a polícia tá atrás dela.
Silêncio.
CONRADO – Talvez você tenha razão.
Conrado veste a camisa.
PENÉLOPE – Vai sair?
CONRADO – Vou à mansão.
Penélope não disfarça o incômodo.
PENÉLOPE – Você está realmente apaixonado por aquela mulher, mesmo depois de tudo o que aconteceu?
CONRADO – Eu não vou mentir. Infelizmente não mandamos no coração.
Penélope abaixa a cabeça, triste.
CONRADO – Eu queria poder ter controle do meu coração.
PENÉLOPE – Eu também.
CONRADO – Olha, eu não me demoro.
Conrado beija a testa de Penélope e sai.
PENÉLOPE – Eles se amam. Cedo ou tarde, vão se acertar. Acho que o melhor a se fazer é seguir a minha vida. Caso contrário, vou continuar sofrendo.
CENA 08: CASA DE DURVALINA/QUARTO DE LICA/INT./MANHÃ
Lica deitada na cama, ainda de cara amarrada. Ela se surpreende ao ouvir a porta do quarto destrancando e abrindo. Imediatamente, ela se põe de pé. Mas não gosta do que vê.
Durvalina entra na companhia de policiais. Sem dizer nada, os oficiais vão até Lica e a algemam.
LICA – Mas que palhaçada é essa?
POLICIAL – Você está presa pela morte de Omar Barbosa e de sua mãe.
LICA – Não, calma! Deve estar havendo algum engano! (P/DURVALINA) Você não pode ter acreditado na mentira que eu contei pra te assustar.
Durvalina apenas a encara. As lágrimas descem pelo seu rosto.
POLICIAL – Isso você terá que explicar ao juiz.
Os policiais saem com Lica.
LICA – (GRITANDO) Vocês não têm o direito de fazer isso comigo! Eu não fiz nada pra ser tratada como uma criminosa!
Sozinha em cena, Durvalina se permite chorar.
DURVALINA – Ai, meu Deus! Por quê? Por quê?
CENA 09: MANSÃO FORTUNA/SALA/INT./TARDE
Iza, sem maquiagem e com roupas simplórias, desce as escadas carregando uma mala. Ela observa tudo em volta.
Nesse momento, Conrado chega e a surpreende.
IZA – Conrado?
CONRADO – Já que o motorista não fez o favor de levar, eu mesmo vim buscar as minhas coisas.
Conrado nota a mala de Iza.
CONRADO – Pelo visto, tá de saída. Resolveu viajar, foi?
IZA – Não, Conrado, eu resolvi ir embora. Pra mim já chega de viver uma vida que não me pertence. Sabe, o dinheiro me deu tudo o que eu queria mas me tirou tudo o que eu mais precisava: seu amor.
CONRADO – Iza, por favor.
IZA – Não se preocupe, pois eu não vou mais implorar seu perdão. Só quero que saiba que consigo te entender perfeitamente.
Conrado respira fundo.
CONRADO – Iza, mesmo que seja difícil, eu te perdoo. Mas, infelizmente, não vai acontecer algo a mais. O melhor pra todos é cada um ir pro seu lado. Pelo menos por enquanto.
IZA – Sim, entendo. As coisas entre nós aconteceram muito rápido.
CONRADO – Foi rápido, mas foi intenso.
Silêncio.
CONRADO – Pra quem vai embora, essa mala tá pequena por demais.
IZA – Tudo o que eu preciso está aqui dentro.
CONRADO – Mas ué? E teus mais de mil vestidos, sapatos e joias?
CENA 10: RUA/EXT./MANHÃ
Trilha sonora: Feels – Calvin Harris
Várias moradoras de rua aparecem vestindo as roupas, joias e sapatos de Iza.
Ao fundo, Conrado e Iza observando a cena.
CONRADO – (SORRI) É muita generosidade de tua parte!
IZA – (SORRI) Creio que elas vão aproveitar isso tudo melhor do que eu.
Conrado a encara, orgulhoso.
IZA – Bem, agora só falta entregar toda a fortuna a instituições de caridade. E aí sim poderei dizer que estou livre desse fardo.
CENA 11: HOTEL/QUARTO/INT./TARDE
Penélope, chorando muito, e com uma mala na mão, observa todo o local.
PENÉLOPE – Mesmo que doa, às vezes partir é a melhor saída.
Penélope deixa uma folha de papel dobrada sobre a cama e, então, vai embora.
CENA 12: UMA SEMANA DEPOIS…
CENA 13: PRESÍDIO FEMININO/SALA DE VISITAS/INT./MANHÃ
Adson e Durvalina aguardando Lica. Eis que ela chega: de cabelo preso, sem maquiagem, blusa verde, calça larga e chinelos.
LICA – Posso saber o que vieram fazer aqui?
DURVALINA – Viemos te visitar, ver como está.
LICA – E não estão vendo?
Lica olha para Adson e ri, sarcástica.
DURVALINA – Olhe lá o que vai falar de seu irmão.
ADSON – Não se preocupe, mãe.
LICA – (IRRITADA) Você não sabe o ódio que eu tenho ao te ver chamar ela de mãe, seu cego asqueroso!
DURVALINA – Ele me chama assim porque é isso que eu sou: mãe dele.
LICA – Você sempre fez questão de esfregar isso na minha cara.
DURVALINA – Não seja hipócrita! Sempre os amei da mesma forma. Você é quem sempre o invejou.
LICA – Eu o invejo? Esqueceu quem foi que decidiu pôr os olhos no homem que eu amo?
DURVALINA – O Edu jamais se envolveria com você! O coração dele pertence ao Adson.
Lica gargalha, maldosa.
LICA – Chega a ser cômico uma mãe aceitar o filho se enroscar com outro marmanjo. Coisa nojenta!
DURVALINA – Nojento é esse seu preconceito!
LICA – O que me tranquiliza é saber que o Edu nunca ficará ao lado desse cego. Ele zela pela profissão acima de tudo.
ADSON – (DESCONFORTÁVEL) Acho melhor irmos embora, mãe.
DURVALINA – Como quiser, meu amor.
Lica os olha com raiva.
DURVALINA – Que Deus toque seu coração. E que o tempo que passar aqui lhe sirva de aprendizado para se tornar uma pessoa melhor.
Adson vai até Lica e lhe dá um beijo no rosto.
ADSON – Eu amo você, irmã.
Durvalina segura a mão de Adson e vai embora com ele.
Lica segue paralisada. Leva a mão ao rosto. Uma lágrima desce pelo seu rosto.
CENA 14: CASA DE HELENA/SALA/INT./NOITE
Helena chega e se depara com Alzirão segurando uma mala.
HELENA – Aconteceu alguma coisa?
ALZIRÃO – Eu estava esperando você chegar pra me despedir.
HELENA – Se despedir? Por acaso resolveu viajar?
ALZIRÃO – Não. Estou indo embora.
HELENA – Embora?!
ALZIRÃO – Sim, embora. O tempo que passei aqui foi ótimo, vivi momentos inesquecíveis com você. Mas eu preciso da minha vida de volta, sabe? O primeiro passo é voltar lá pra minha Vila Isabel.
Helena, emocionada, a abraça.
HELENA – Apesar de estar um pouco triste, respeito sua decisão. E, do fundo do coração, ficou muito contente em ver que sua história teve um final feliz.
ALZIRÃO – (SORRI) Tudo graças a você, minha amiga. Você me ajudou no momento em que eu mais precisei. Salvou minha vida em todos os sentidos, e isso eu nunca vou esquecer.
HELENA – (SORRI) Faria tudo de novo, se fosse necessário.
ALZIRÃO – Saiba que você sempre terá um lugar reservado no meu coração. Você passou a ser a irmã que eu nunca tive.
HELENA – Ei, você fala como se nunca mais fôssemos no ver.
ALZIRÃO – Desculpa, eu sou péssima em despedidas.
HELENA – Mas isso não é uma despedida. É apenas um até logo. (T) Claro, agora que a morte do Perfeito foi desvendada, tenho planos de viajar pelo mundo, pra ajudar pessoas que sofreram algum tipo de preconceito, assim como você e eu.
ALZIRÃO – Nossa, essa sua ideia é genial! Uma atitude nobre! A propósito, por falar na morte do Perfeito: será que Palmira já foi presa?
CENA 15: MOINHOS/EXT./NOITE
Várias imagens da cidadezinha de interior.
CENA 16: BORDEL/INT./NOITE
O estabelecimento está lotado, se preparando para iniciar uma apresentação. Todos ansiosos. Burburinho geral.
O locutor vai até o microfone.
LOCUTOR – Meus manos de Moinhos, hoje é a noite da nossa nova contratada! Essa cabrinha está na flor da idade e veio diretamente do Rio de Janeiro pra levar os homens à loucura! Com vocês: MIRINHA FURACÃO!
As cortinas se abrem. Palmira desfila pelo palco com um espartilho vermelho, peruca loira e maquiagem pesada.
Ela chega ao centro do palco e dá um leve tapinha na bunda. Sensual, se senta numa cadeira e puxa uma corda, fazendo água cair sobre seu corpo.
O público vai ao delírio.
Sorrindo, Palmira dá uma piscadela para a CAM.
CENA 17: CASA DE DURVALINA/SALA/INT./MANHÃ
Durvalina se senta ao lado de Adson. O rapaz triste, cabisbaixo.
DURVALINA – Ô, meu menino…
ADSON – Eu juro que tô tentando me manter forte, mas tá difícil.
DURVALINA – É hoje o dia da homenagem que vão fazer pro Edu lá na escola.
ADSON – Sim. E o pior de tudo é que, a cada dia que passa, eu me convenço de que eu não tenho mais chances com ele. (T) Mas eu também fico feliz por ele ter conseguido limpar a imagem dele.
Durvalina olha para o filho, sem saber como agir.
ADSON – Mãe, será que a senhora permite que eu passe alguns dias na casa dos meus tios no interior?
DURVALINA – Se isso servir pra você se sentir melhor, eu permito sim.
ADSON – A senhora vai junto comigo, né? Vai me doer ficar longe da senhora.
Durvalina concorda com a cabeça.
Tocam a campainha. Durvalina se levanta e vai atender. É Edu, visivelmente emocionado, trazendo flores e um urso de pelúcia.
ADSON – Quem é, mãe?
EDU – Sou eu, Adson.
ADSON – (SURPRESO) EDU?!
Adson se levanta na hora. Edu entra e vai até Adson, lhe entregando os presentes.
EDU – (EMOCIONADO) Eu quero te pedir perdão por, um dia, ter cogitado colocar minha carreira acima dos meus sentimentos.
Adson entrega as flores a Durvalina. Edu segura sua mão. Durvalina observa a cena, emocionada.
ADSON – Você deveria estar na escola, recebendo sua homenagem.
EDU – Eu desisti. Vi que o amor está acima de tudo. (T) Adson, eu preciso viver esse amor! Não posso e não quero mais negar! Chega de me importar com a opinião alheia.
ADSON – (EMOCIONADO) Eu nem sei o que dizer.
EDU – (SORRI) Não precisa dizer nada.
DURVALINA – Edu, eu preciso te pedir perdão. Eu fui muito dura com você.
EDU – Eu não tenho nada que perdoar, dona Durvalina. Já está tudo esquecido.
Edu beija a mão de Durvalina.
ADSON – Parece que isso é um sonho.
EDU – Dona Durvalina, será que a senhora permite que eu leve seu filho para sair um pouquinho?
DURVALINA – (SORRI) Claro que pode!
Durvalina abraça Adson e Edu.
DURVALINA – O que eu mais desejo é a felicidade de vocês. Que Deus possa abençoá-los sempre!
ADSON – (CHORANDO) Você é a melhor mãe de todo esse mundo! Obrigado por tudo!
CENA 18: HOTEL/QUARTO/INT./MANHÃ
Penélope caminha de um lado para o outro, com o passaporte em mãos.
PENÉLOPE – Enfim, Paris. Vida nova! Chega de sofrer, chega de chorar por quem não me quer.
O telefone começa a tocar. Penélope vai pegá-lo no criado-mudo e o atende.
PENÉLOPE – Alô?
Ela se dirige à sacada.
PENÉLOPE – Eu nunca imaginei que fosse receber uma ligação sua. (T) Te encontrar, agora? (RESPIRA FUNDO) Sim, pode me aguardar.
Penélope desliga o celular, sorrindo.
CENA 19: ABRIGO/INT./MANHÃ
Iza termina de atender uma ligação. Mesmo de cabelos desgrenhados, sobrancelha por fazer e roupas super humildes, ela aparenta estar feliz.
IZA – (SORRI) Essa ligação era tudo que eu precisava! Esse reencontro mudará de uma vez por todas o rumo da minha vida!
CENA 20: PEDRAS DO PONTAL/EXT./MANHÃ
Conrado sentado sobre as pedras, observando as ondas batendo nas pedras. O rapaz parece estar contente, mas apreensivo.
CONRADO – (SORRI) Tô tão nervoso que parece que vai ser nosso primeiro encontro. O nervosismo é tanto que nem parece que acabei de falar contigo pelo telefone, minha menina!
Conrado respira fundo.
CONRADO – Acho que fiz a escolha certa. (T) Você é a mulher que eu preciso pra minha vida.
CENA 21: BARCO/EXT./TARDE
Adson e Edu navegando pela lagoa, admirando e sentindo a brisa.
ADSON – Esse frescor no meu rosto é a pitada que faltava pra fazer desse momento um dos mais inesquecíveis.
EDU – Você não sabe a alegria que é pra mim ver esse lindo sorriso no seu rosto.
ADSON – E o motivo é você.
EDU – Sabe, eu nunca imaginei que sentiria algo tão forte por alguém. Você me ensinou que nenhum desafio é tão grande que não possa ser superado.
ADSON – A vida me ensinou que viver vai muito além daquilo que se pode enxergar.
EDU – Por isso eu digo e repito que você é o grande amor da minha vida. Você é um rapaz cativante, você tem um bom coração.
ADSON – Um bom coração e que pertence só a você. Meu infinito!
Silêncio.
EDU – Aconteceu alguma coisa?
ADSON – Eu tenho medo de um dia acordar e não ter mais você ao meu lado. Que tudo isso não passou de uma mera ilusão.
Edu pega na mão de Adson.
EDU – Eu juro que isso nunca vai acontecer. Prometo te amar e cuidar de você até depois da morte.
ADSON – E seu emprego, como fica?
EDU – Eles vão ter que me respeitar e me entender. Entender que minha essência é essa e a maneira que eu escolhi viver em nada vai interferir na pessoa que eu sou. E caso não me aceitem mais, que se dane: quem perde são eles.
ADSON – Posso te pedir uma coisa?
EDU – O que você quiser.
ADSON – Me beija.
Trilha Sonora: True Color – Cyndi Lauper
Edu o olha por um momento e vai se aproximando aos poucos. Fecha os olhos, se entregando. Até que os lábios se tocam. Eles se assustam por um momento, mas logo se entregam. Eles se entregam ao beijo, que se torna mais intenso.
CENA 21: PEDRAS DO PONTAL/EXT./TARDE
Conrado apreciando a linha do horizonte. De repente, uma mulher o abraça por trás. Ele se vira e sorri ao ver Iza.
IZA – Você não sabe a emoção que senti quando você me ligou.
CONRADO – Foi muito difícil tomar essa decisão, mas creio que é o melhor.
Iza o olha, encantada.
IZA – Nem que passem mil anos vou conseguir reparar todo o mal que te fiz.
CONRADO – Vamos esquecer o passado! O que importa é o que virá daqui pra frente.
IZA – (SORRI) Obrigada por me perdoar, Conrado.
CONRADO – Só quero te pedir uma coisa.
IZA – Pode pedir!
CONRADO – Daqui pra frente, só me chame de Charles Bento. Conrado não existe mais.
IZA – (SORRI) Apesar de achar meio brega, respeito sua opinião.
Conrado sorri. Iza o encara, séria.
CONRADO – O que foi?
IZA – Esperando você me beijar.
CONRADO – Oxe! E onde já se viu final de novela sem beijo? É pra já, guria!
Conrado puxa Iza e a beija.
CENA 22: CARRO/INT./TARDE
Saulo na direção daquele carro luxuoso. Parece esperar por alguém. Não demora muito para Penélope entrar pelo lado do carona.
SAULO – (SORRI) Bem pontual. (OLHA O RELÓGIO) Bom, nem tanto assim.
PENÉLOPE – Por que você disse que precisava conversar comigo? Nunca tivemos intimidade.
SAULO – Na hora do aperto, é preciso se valer de artimanhas.
PENÉLOPE – Não estou entendendo, fofo.
SAULO – Por isso não quis adiantar o assunto por telefone.
PENÉLOPE – Você desaparece por meses e depois volta mega misterioso. Quer parar de fazer rodeio e falar logo?
SAULO – Você sabe que, durante anos, prestei serviços a Perfeito Fortuna. Ele exigia que eu trabalhasse exclusivamente com ele, por isso sempre rejeitei qualquer tipo de trabalho fora do eixo da família Fortuna. Depois que Palmira me demitiu, fiquei sem eira nem beira, pois ninguém mais quis me dar trabalho.
PENÉLOPE – Tá, mas o que é que eu tenho a ver com isso? Por que me chamou aqui?
SAULO – Primeiramente, quero dizer que consegui um trabalho. Não como advogado, mas como motorista.
PENÉLOPE – (RI) Mas que decadência! De advogado importante a motorista de Mercedes. Que horror! A cada dia que passa, o apocalipse deixa de ser um medo e se torna uma esperança! Aonde vamos parar?
SAULO – (SORRI) Mas se engana se pensa que não vou dar a volta por cima! Querida, o negócio é que meu chefe é um milionário francês, que está com uma doença terminal e seu único herdeiro é o sobrinho.
Penélope começa a se interessar. Ela se ajeita no banco e começa a enrolar o cabelo na ponta do dedo.
SAULO – Fiquei sabendo que Conrado te deixou na rua da amargura e não tem mais dinheiro algum. Jogou tudo na mão da biscate.
PENÉLOPE – Não é, menino? Vê se eu posso com isso!
SAULO – E como sei que você adora um luxo e o glamour, decidi lhe convidar pra fazer parte do meu plano. Que tal se a gente der uma mexidinha no testamento do milionário e o redigisse a seu favor? Quer dizer, a nosso favor! Você ficaria rica e, de quebra, ainda ganharia um marido bonitão. O único empecilho é a namorada songamonga dele, mas você consegue dar um jeito nela.
Penélope sorri para Saulo, interessada.
PENÉLOPE – Um golpe à la Iza Mendonça? Não vou mentir, ADORO!
SAULO – (SORRI) Creio que esse seria o início de uma bela amizade.
PENÉLOPE – Meu amor, cola comigo que eu vou te deixar grande!
CENA 23: CASA DE ALZIRÃO/SALA/INT./TARDE
Alzirão sentada no sofá, apreensiva. Parece esperar alguém.
Não demora muito para que a porta se abra. Iza entra, junto com Conrado. Os dois carregando uma mala.
ALZIRÃO – (EMOCIONADA) Minha filha!
Iza corre até Alzirão e a abraça.
ALZIRÃO – Ai, minha menina, como eu esperei por esse momento!
IZA – Que saudades, minha rainha!
ALZIRÃO – (SORRI) Pelo visto, você e Conrado finalmente se acertaram.
IZA – (SORRI) Pois é, o amor venceu.
CONRADO – Eu só queria pedir que a senhora me chame de Charles Bento.
ALZIRÃO – Como assim?
IZA – É uma longa história, depois te explico.
Iza observa ao redor.
IZA – É muito bom retornar às minhas origens, estar do lado das pessoas que amo. Eu juro que, quando voltar a ser rica, não vou deixar meu bairro. Transformarei essa casa numa mansão!
ALZIRÃO – Ah não, filha. Essa história de ser rica nunca mais.
IZA – Como assim, nunca mais? Bate na madeira! Nós vamos ser ricas sim, mas agora com nosso esforço, nosso suor!
ALZIRÃO – (SORRI) Fico muito feliz de que tenha aprendido a lição.
CONRADO – Eu também.
IZA – Pena que foi da pior maneira, né?
Silêncio.
ALZIRÃO – Falando em voltar às origens, essa história de mãezinha café com leite já tá me deixando agoniada.
IZA – O que a senhora pretende fazer?
ALZIRÃO – Por hora, preciso sair. Beber, jogar, paquerar, sabe? Faz tempo que não sei o que é isso.
IZA – (SORRI) Sei que o amor da senhora por mim é incondicional e que, independente da maneira que decidir viver, isso não mudará. Portanto, vá ser feliz, mulher!
ALZIRÃO – (SORRI) Ai, obrigada, filhota! Mamãe ama muito!
Alzirão dá vários beijos no rosto de Iza. Em seguida, ela sai correndo da casa. Conrado e Iza vão até a sacada para observá-la.
ALZIRÃO – (GRITA, EM OFF) ALÔ ALÔ, VILA ISABEL! SE PREPARE QUE ALZIRÃO DO POP ESTÁ DE VOLTA!
Conrado e Iza sorriem com a cena.
IZA – Essa é a minha mãe!
CONRADO – Alzirão do Pop!
Trilha Sonora: Feels – Calvin Harris
Conrado e Iza se olham e se beijam.
FIM!
Obrigado pelo seu comentário!