Uma série criada e escrita por: Edgar Feitosa.
Direção artística de: Mauro Mendonça Filho.
Elenco principal: Chay Suede como Léo; Dan Ferreira como Rodolfo e
Humberto Carrão como Guilherme.
Atores convidados: Drica Moraes como Darlene, Alexandre Nero como Elias Robson, Adriana Esteves como Lisa.
Elenco formado ainda por: Luisa Arraes, Caio Castro, Camila Queiroz, Isis Valverde, Andréia Horta e Helena Ranaldi.
Garotos de Aluguel - Episódio 01: Fetiches
" Minha profissão é suja e vulgar, quero um pagamento para me deitar, e junto com você, estrangular meu riso, dê-me o seu amor, dele não preciso." - Trecho da música: Garoto de Aluguel, Zé Ramalho.
São Paulo, Brasil.
Cena 01: Noites da cidade de São Paulo/Ext.
A Cam mostra o vuco-vuco das noitadas paulistas. Pessoas fumando, bebendo, usando drogas, beijando na boca, curtindo bailes funks, escutando som alto, festejando em baladas e casa de shows, gente fazendo amor no meio da rua.
Cena 02: Favela de Paraisopólis/Casa de Rodolfo/ Int./Noite
Darlene, usando aparelhos respiratórios, assiste televisão com os dois filhos mais novos, eis que Rodolfo aparece todo perfumado.
DARLENE - Vai sair de novo, filho? - VOZ BAIXA RODOLFO - Sim! Eu marquei de sair com Ciça hoje à noite!
DARLENE - Hum... Faz bem filho! Você trabalha demais naquela hambúrgueria. Precisa sair, namorar, se divertir.
RODOLFO - É o que eu vou tentar fazer, mãe. E vocês, seus pestes, nada de perturbar a mamãe, hein? Durmam cedo.
MURILO - Claro, mano, pode deixar! Quando você sai, eu sou o homem da
casa. Maurício me obedece. MAURÍCIO - Nem vem, eu que mando! Todos riem.
RODOLFO - E a senhora, dona Darlene, tome seus remédios, não esqueça! Está respirando melhor com esses aparelhos?
DARLENE - Sim, bem melhor! Pode ir tranquilo, filho, e divirta-se! Rodolfo beija a testa de Darlene.
Ele abre a porta e sai.
Close no olhar de Darlene, feliz.
Cena 03: Favela de Paraisopólis/Rua/Ext./Noite
Rodolfo beija Ciça.
Após alguns segundos, eles se desgrudam.
RODOLFO - Eu não sei até quando vou conseguir mentir desse jeito! - VOZ TRÊMULA
CIÇA - Como eu queria tirar você dessa vida! Eu juro, faria qualquer coisa.
RODOLFO - Agora não dá. Eu me meti nessa até o pescoço. É impossível sair. Eu preciso da grana. Eu preciso ajudar minha família. Por isso tô nessa, e apenas por isso.
CIÇA - Eu sei, eu sei… Calma, tá?! Isso não vai durar pra sempre. É por pouco tempo. Cê vai conseguir sair dessa vida e, quando der, eu vou te ajudar.
Revender cosméticos não dá muita grana, mas espero que melhore, ainda estou no início. Quando tudo melhorar, eu vou ajudar, prometo. Mas agora você precisa fazer o que deve ser feito.
RODOLFO - Cê tem razão. Eu preciso fazer!
CIÇA - Cê vai de ônibus?
RODOLFO - Não. Um carro vem me buscar! Nesse momento, um carro luxuoso aparece. CIÇA - E que carrão! Clientela evoluída! - Rindo.
RODOLFO - Para de brincar, caramba! É uma boa grana, o triplo do que eu costumo ganhar. Estranhei demais até quando recebi a ligação. Mas a grana é alta, não dá pra recusar.
CIÇA - Calma, eu tava brincando! (T) Cara, é uma foda, nada mais. Cê não
precisa ficar se desculpando, com receio. Sexo todo mundo faz, ou, pelo menos, deveria. Agora, vai lá, ganha essa grana. Ajuda tua família!
RODOLFO - Você não existe! - RINDO.
Os dois se abraçam e se despedem. Rodolfo entra no carro.
Close nos olhos de Ciça, antes estimuladores, agora marejados e tristes.
Cena 04: Parte nobre de São Paulo/ Apartamento dos Robsons/ Int./Noite
A família está reunida para janta, porém Guilherme, até agora não apareceu.
ELIAS - Você avisou ao Guilherme que o jantar está na mesa, Paulina? Paulina, a empregada, se aproxima.
PAULINA - Sim, senhor! Mas se quiser, posso chamar de novo!
ELIAS - Por favor!
ANDRÉIA - Ele puxou a você, meu bem. Atrasado em tudo.
ELIAS - Não me compare àquele indeliquente! Juro, penso às vezes em ter até outro filho, Guilherme não tem futuro na empresa!
ANDRÉIA - Arranja outra mulher então, por que eu, meu amor, não vou me tornar um saco costurado. Não tenho a mínima vocação pra ser mãe outra vez.
Close no olhar de reprovação de Elias.
Cena 05: Quarto de Guilherme/Int./Noite.
Paulina bate na porta do quarto de Guilherme, ele não fala nada. Ela espera um pouco e então entra.
PAULINA - Seu Guilherme? Gui?
Guilherme sai do banheiro, totalmente despido. Paulina tenta cobrir os olhos.
Guilherme rir.
GUILHERME - Não precisa tapar os olhos, Paulina! Vai me dizer que nunca viu um pinto? - RINDO
PAULINA - Seus pais estão chamando para jantar.
Paulina continua cobrindo os olhos.
GUILHERME - Tá, eu já tô descendo. É rapidão. (T) Agora, escuta aqui, cê tem mó cara que nunca viu um pinto! Oportunidade única que eu tô te dando, hein! Olha sua boba!
Paulina, aos poucos, tira as mãos dos olhos. Ela olha, assustada, sai correndo.
PAULINA - Licença! Guilherme cai na gargalhada.
Cena 06: Mesa de Jantar/ Casa dos Robsons/ Int./Noite
Paulina desce assustada e parte para à cozinha, sem falar nada.
ANDRÉIA - O que será que deu nela?
A conversa é interrompida com a chegada de Guilherme. ELIAS - O que você fez com a Paulina? Ela desceu assustada. Guilherme rir.
GUILHERME - Paulina? Ah, sim, Paulina! Nada demais. Ela viu minha piroca, deve ter ficado assustada com o tamanho.
Elias se levanta.
ELIAS - Escuta aqui, garoto, mais respeito, entendeu? Você está diante dos seus pais.
GUILHERME - Calma, calma! Foi uma brincadeira leve. Só pra descontrair. Bem, eu não vou jantar, tenho compromisso com a galera! Vou indo…
ANDRÉIA - Filho, você sai toda noite, fica aqui com a gente, pelo menos hoje. Janta, depois assistimos alguma coisa na televisão.
GUILHERME - Sério, mãe, não dá! Eu já confirmei com a galera. Fui… Guilherme sai.
Andréia e Elias se entreolham.
ELIAS - Se prepare pra ser mãe, de novo! Close no olhar assustado de Andréia.
Elias dá um sorrisinho de canto de boca.
Cena 07: Ruas de São Paulo/ Ext./Noite
Léo anda de um lugar a outro, no seu ponto de prostituição. Carros passam, ele se oferece, mas nenhum para.
Léo acende um cigarro. Fumaça no ar.
O telefone de Léo vibra. É sua esposa. Ele respira fundo e atende.
LÉO - Oi, amor!
DINA - Você ainda está no escritório? O Pedrinho nem aguentou te esperar, caiu no sono.
LÉO - Sim, estou aqui. Resolvendo uma papelada importantíssima. Dá um beijinho no Pedro e diz que o papai vai chegar já já, tá bom?
DINA - Tá bom, amor! Ei, eu te amo, viu? Muito.
LÉO - Eu também te amo, meu anjo. Tchau, Tchau. Léo desliga o celular e imediatamente começa a chorar.
LÉO - Por que de novo, Meu Deus? Isso é igual droga. Eu não preciso disso, não mais. – SOLUÇANDO
Léo senta no chão.
Um carro se aproxima e para próximo a ele.
Léo enxuga as lágrimas e vai até o carro luxuoso à sua frente. A imagem escurece aos poucos.
Cena 08: Recepção de um Hotel/Int./Noite
Rodolfo está sentado no sofá da recepção.
De longe, podemos ver Guilherme que anda de um lugar a outro, inquieto.
Léo acaba de chegar, seguido pelo motorista, que dá sinal positivo a atendente.
ATENDENTE - Por favor, os três queiram me acompanhar!
Léo, Rodolfo e Guilherme se entreolham, não se cumprimentam, mas seguem juntos.
Eles entram no elevador que sobe para a suíte principal. Close no rosto dos três homens.
Cena 09: Suíte principal/Hotel/Int./Noite
A campainha toca. Um homem mais velho, com cerca de 60 anos abre a porta. Rodolfo, Léo e Guilherme o encaram.
HOMEM - Tão esperando o quê? Entrem! Eles entram.
Guilherme quebra o gelo.
GUILHERME - Você quer nós três de uma vez, é isso?
HOMEM - Calma, meu bom jovem! Primeiro vamos conversar. Vinho? Uísque? Nenhum deles responde nada.
HOMEM - Não sejam tão tímidos, fiquem à vontade. Achei que vocês fossem profissionais, me enganei?
RODOLFO - Claro que não! O senhor não se enganou!
HOMEM - Não me chame de senhor, não existe superioridade aqui. Apenas tesão, fetiche.
LÉO - Então vamos começar logo, eu tenho um pouco de pressa!
HOMEM - Então você gosta de ser rápido, hum? Escute, eu não quero nada rápido aqui. Eu quero amor, amor sem tempo nem limites.
GUILHERME - Quem você quer que comece então?
HOMEM - Os três, óbvio. Pelados, agora, os três, em pé, na cama. Guilherme, Léo e Rodolfo se despem e ficam em pé na cama.
O homem desaparece por um instante. Os três se olham, assustados.
O homem volta, agora, esconde algo.
HOMEM - Bem, eu convidei vocês até aqui, porque eu pago bem, e aposto que foi por isso que os três vieram, pra receber minha caridade, eu sou caridoso, e vou ser com vocês também. Se tudo der certo, claro.
Ele aponta uma arma para os três. Os garotos se assustam.
LÉO - Pelo amor de Deus, o que é isso?
RODOLFO - Larga isso!
GUILHERME - O que você vai fazer com isso?
O homem anda de um lugar a outro, apontando o revólver
HOMEM - Vai depender de vocês… Vamos jogar nessa noite! Dois de vocês sairão vivos daqui; o outro, o escolhido, vai morrer e presenciar nossa noite quente de amor, durinho da silva. Esse é o meu fetiche! E então? vocês escolhem entre si! Me digam, Quem vai morrer?
O homem senta-se em uma poltrona, revólver em riste.
Foco no olhar dos três garotos, assustados e sem acreditar no que estava acontecendo.
A cena congela.
Continua no próximo episódio...
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