Type Here to Get Search Results !

Antropófago - Diário de um Canibal | Episódio 01


ANTROPÓFAGO – DIÁRIO DE UM CANIBAL
WEB SÉRIE DE ADÉLISON SILVA
PRIMEIRA TEMPORADA
PRIMEIRO EPISÓDIO 


CENA 01/ REPÚBLICA/ PÁTIO/ TARDE

Mostra o pátio de uma república com muitos alunos, passando de um lado para o outro. Max vai se aproximando dos armários, abre para pegar o seu material. Davi um pouco a sua frente conversando com algumas meninas que se encantavam com o seu jeito. As cenas vão sendo mostradas conforme Max vai narrando. 

MAX: (off) Eu sempre fui um rapaz tímido, talvez por isso nunca tivesse muitos amigos, o único por quem eu ainda tinha alguma afinidade era o Davi, que morava na mesma república que eu. Davi ao contrário de mim era um rapaz alegre, brincalhão, era o popular da escola onde estudávamos, sempre chamou a atenção das garotas, era tido como o garanhão da escola. Já eu era o patinho feio, não me sentia bem em lugar nenhum dos quais eu frequentava, era como se eu fosse um peixe fora d’água, amei muitas garotas as quais nem pra mim olhavam, já ao contrário muitas garotas havia amado Davi e ele se quer as notou.

Ricardo e dois de seus amigos vão passando e empurra Max contra os armários, derrubando os seus materiais no chão. Max olha tímido para eles, abaixa e começa a catar o seu material. Eles zombam de Max. 

RICARDO: (zombando) Olhem só, é muito zé ruela!
Davi se aproxima ao ver Ricardo zombando de Max.

DAVI: Qual é a graça, Ricardo?
RICARDO: Chegou o macho dele. Sei não, acho que está rolando alguma coisa aí. 
DAVI: Também não sei não, vocês três sempre juntinhos. Você é gulosa hem? Pega logo é dois.
RICARDO: (se alterando) Qual é maluco, vai ficar de graça para o meu lado?
DAVI: Deixa o cara em paz, Ricardo. O bicho nunca te fez nada.
RICARDO: Dessa vez vou deixar passar, mas ver bem do jeito que você fala comigo. Vamos embora garotada, as gazelas querem ficar sozinhas.
Ricardo se retira e Davi ajuda Max a juntar o seu material.

DAVI: Você está bem?
MAX: Sim. Obrigado por me defender.
DAVI: Não foi nada, esse Ricardo é um babaca.
MAX: Não sei por que ele implica tanto comigo.
DAVI: Não dê importância a isso, Max.
SUZANA: (se aproximando) Davi, vem cá. Tem uma amiga querendo te conhecer. 
DAVI: Opa! Vamos lá conhecer ela então. Você vai ficar bem, Max?
MAX: Sim, vou. Pode ir lá.

Davi se retira com Suzana, Max vai indo em direção a sua sala com alguns livros em mãos. Ao olhar para frente ver uma garota de longos cabelos pretos e olhos verdes se aproximando em câmera lenta. CORTA para Max que a olha de boca aberta.


EPISÓDIO I
“O Encanto de Érica”



Continuação da CENA 01/ REPÚBLICA/ PÁTIO/ TARDE

A garota vai se aproximando em câmera lenta, enquanto Max vai narrando.

MAX: (off) Os meus olhos se fascinaram com a sua beleza, fiquei maravilhado com a sua maneira de andar, o modo que jogava os cabelos longos e negros, a forma em que olhava o sorriso que em seus lábios brotavam. Ela era simplesmente encantadora.

A moça se aproxima de Max, e ele fica trêmulo diante dela.

ÉRICA: Oi eu sou a Érica! Quem é o responsável por essa república?
Max nada responde, fica apenas olhando pra Érica com cara de bobo.

ÉRICA: Tudo bem? (T) Pode me dizer com quem eu falo pra me instalar nessa republica?
MAX: (gaguejando) É... é... a... dona Elizabeth!
ÉRICA: E onde eu encontro essa Elizabeth?
Davi ao notar Max meio embaraçado com as perguntas de Érica, se aproxima para ajudar.

DAVI: Oi, eu posso ajudar?
ÉRICA: Eu queria saber como eu faço para falar com a dona Elizabeth. Queria me instalar aqui, mas ainda não sei o que devo fazer.
DAVI: Claro, vem comigo vou te levar até a dona Elizabeth.  

Max ficou paralisado apenas observando Davi e Érica seguirem em direção a sala da dona Elizabeth.

MAX: (off) Dentro de mim crescia uma inveja do Davi, um ciúme em ver a forma fácil que ele lidava com as meninas. E também inveja da veneração que as meninas da república tinham com ele. Mas meus sentimentos mudavam, pois ele era um cara legal e a única pessoa que ainda me dava ouvidos naquele lugar.

CORTA para cenas da fachada da república. CENAS ALEATÓRIAS mostrando o céu TIME-LAPSE transição tarde/noite. CORTA para cena seguinte.

CENA 02/ REPÚBLICA/ DORMITÓRIO MASCULINO/ NOITE

Mostra Max deitado em uma cama próximo a parede, enrolando de um lado ao outro. Davi deitado em outra cama ao seu lado dormindo. Max acende o abajur e senta na cama e fica olhando para Davi. 

MAX: (pensando off) O que ele tem que eu não tenho? Porque para ele é tão fácil enquanto para mim é tão difícil? Eu deveria ter falado mais com ela. Essa garota mexeu muito comigo. Eu preciso me aproximar dela. E desta vez terei que ter coragem e falar alguma coisa. Não posso ficar como um babaca de boca aberta.
DAVI: (acordando) Max? O que está fazendo com essa luz acessa? 
MAX: Nada, eu só estava aqui pensando um pouco. Não estou conseguindo dormir. 
DAVI: Desliga a luz moço, vai acabar acordando todo mundo. 
MAX: Davi, o que você achou da Érica?
DAVI: (não lembrando) Érica?
MAX: Sim, a novata. Fiquei sabendo que ela conseguiu se instalar aqui na república. 
DAVI: Agora entendi. É nela que você está aí pensando?
Max balança a cabeça positivamente.

DAVI: Eu achei ela muito linda. Mas cuidado não vai se apaixonar. 
MAX: Não estou apaixonado. 
DAVI: Agora desliga esse abajur e volte a dormir, antes que acorde mais alguém. 
MAX: Tudo bem. 

Max desliga o abajur, deita de barriga para cima e fica pensando. CORTA novamente para cenas no céu. TIME-LAPSE transição noite/dia. CORTA para cena seguinte.

CENA 03/ REPÚBLICA/ REFEITÓRIO/ DIA

Max está sentado sozinho em uma mesa tomando café com leite e pão passado na chapa. Ao olhar para frente ver Érica entrando no refeitório acompanhado de Letícia. Érica e Letícia vão se acomodando em uma mesa um pouco a frente de Max conforme a sua narração.           

MAX: (off) Érica surgiu todo sorridente e bem à vontade em uma conversa animada e intima com Letícia, a CDF da republica. Eu fiquei por um instante as observando. Letícia se assemelhava um pouco comigo, exceto pela a parte dela ser estudiosa. Eu nunca fui bom em matéria alguma, mas, assim como eu, ela era esquecida por todos. Era uma menina magricela, de cabelos ruivos e umas pequenas sardas no rosto, usava óculos “fundo de garrafa” e roupas cafonas. A cada frase que Letícia dizia, mencionava alguma matéria que havia estudado, mas Érica parecia interessada nas conversas dela, as duas riam e se entrosavam.

Max pensa um pouco, respira fundo e toma direção da mesa em que as duas estão.

MAX: Oi Letícia!
LETÍCIA: (se anima ao ver Max) Oi Max, conhece a Érica? 
ÉRICA: Nós nos conhecemos ontem. Mas não havia me dito o seu nome.
Max fica tímido com um sorriso meio amarelado no rosto. 

LETÍCIA: O Maxwell é assim mesmo, muito tímido. Né Max? É difícil arrancar alguma palavra dele, não sei como criou coragem de vir aqui falar com a gente. (se levantando da cadeira) Agora tenho que deixar vocês dois a sós, daqui a pouco vou ter aula de sociologia e acredite, eu não estudei nada. Não posso tirar nota baixa. Érica foi um prazer enorme te conhecer, depois a gente se fala. Fica ai com a maravilhosa companhia do Max.
Letícia pega o seu material e sai apressada. Max fica em pé próximo a mesa. Érica se dando conta do nervosismo de Max, puxa uma cadeira e pede para que ele sente.

ÉRICA: Sente-se aqui do meu lado, quero te conhecer melhor. 
Max sem graça senta na cadeira em que Érica havia puxado. Fica mexendo as pernas e estralando os dedos de nervoso. Érica pega nas mãos de Max fazendo o parar de estralar os dedos.

ÉRICA: (sorrindo) Porque você está tão nervoso? E essas mãos geladas? Não se preocupe, eu não mordo. (jogando charme) A não ser que você queira. 
MAX: (sem graça) Acho que estou mesmo um pouco nervoso.
ÉRICA: Estou vendo. Vou lhe fazer algumas perguntas então, para poder quebrar um pouco o gelo. Você tem quantos anos?
MAX: (gaguejando) Dez... Dezessete. 
ÉRICA: Bacana. Eu também tenho dezessete. E você é daqui mesmo de Braço Forte?
MAX: Não, eu nasci em Ouro Preto. Os meus pais souberam dessa república aqui e já procurou um jeito de me mandar pra cá. Acho que no fim o que eles mais queriam era se livrar de mim. Quando eu era criança...

A cena fica muda conforme Max vai contando a sua história. Apenas ouve a sua narração em off. 

MAX: (off) Érica começou então um interrogatório, perguntando a minha idade, de onde eu vim, o que eu procurava, sobre os meus sonhos, o que eu desejava fazer depois de me formar. Respondi-lhe tudo e a fiz as mesmas perguntas, eu me surpreendi ao descobri que Érica veio de uma família pobre que morava em uma fazenda próximo a Matões do Norte, localizada em uma das cinco mesorregiões do estado brasileiro do Maranhão. E por isso ela resolveu vir para a nossa républica, era a mais respeitada e a mais barata da cidade. Ficamos horas ali conversando, depois de um tempo eu já não estava mais tão nervoso, e já me sentia até um pouco íntimo com ela, e a cada palavra que dizia ou gesto que fazia, eu me encantava ainda mais com Érica. 

CORTA para Davi que vai chegando e senta-se em uma mesa ao lado.

ÉRICA: (ao reparar que Max olhava para Davi) Olha só é aquele seu amigo que me apresentou a dona Elizabeth. Qual é mesmo o nome dele?
MAX: Davi.
ÉRICA: Vamos chamá-lo para sentar aqui conosco. (chamando) Ei Davi! Senta aqui com a gente. 
DAVI: Não, obrigado. Eu esqueci um livro no quarto, vou voltar lá pra buscar. Fiquem a vontade.
Davi sai da cantina. 

ÉRICA: É impressão minha, ou o Davi quis deixar nós dois a sós?
MAX: (tímido) Acho que foi isso mesmo. 
ÉRICA: Então que bom. Pois estou gostando muito de estar aqui com você.

CORTA para uma sequência de cenas que vai acontecendo conforme a narração de Max. Os dois conversando no jardim. Os dois conversando nos corredores, enquanto Ricardo passa observando-os, os dois novamente na cantina, Max em sala desenhando caricaturas de Érica.

 MAX: (off) Passado algum tempo Érica e eu nos tornamos grandes amigos, ela sempre demonstrava interessada  em minha vida, o que eu fazia , o que eu gostava, o que eu sonhava e até mesmo do que eu tinha medo. Só que o meu coração parecia uma máquina a vapor, por mais que eu gostasse da amizade de Érica não era só isso que eu queria, eu estava a cada dia mais me apaixonando por ela. Era um sentimento estranho, queria possuí-la, queria estar com ela vinte e quatro horas por dia, não conseguia fazer outra coisa a não ser pensar nela. Me cobria de ciúmes quando alguém se aproxima dela, o que não era difícil, Érica era linda e com isso chamava a atenção de muitos rapazes. 

CENA 04/ REPÚBLICA/ JARDIM/ TARDE

Érica está sentada em uma mesa no meio do jardim lendo um livro. Ricardo se aproxima com uma flor.

RICARDO: (entregando a flor para Érica) Pra você.
ÉRICA: (recebendo a flor) Obrigada!
RICARDO: Posso sentar aqui?
ÉRICA: Se eu disser que não?
Ricardo senta em um banco ao lado de Érica. 

RICARDO: Que isso linda? Vai me desprezar agora? 
ÉRICA: Não estou te desprezando. Mas prefiro ficar sozinha. 
CORTA mostrando Max ao longe observando os dois conversando.

RICARDO: Só me tira uma dúvida. O que há entre você e o banana do Max? Você sabe que é estremamente proibido namorico aqui na república né? A dona Elizabeth é bem rigorosa e ela disse que se pegar é expulsão na certa. Sem conversinha.
Érica fecha o livro e olha fixamente para Ricardo. Enquanto isso Max ainda observava os dois ao longe.

ÉRICA: Primeiro, o Max não é nenhum banana. Segundo, você não tem o que se preocupar e nem relatar nada para a dona Elizabeth. O que existe entre eu e o Max não é nada demais. Não quero nada nem com ele, e muito menos com você. Agora se puder me dá licença, quero terminar de ler o meu livro. 
RICARDO: (levantando todo sem graça) Desculpe aí, estou saindo. 
Depois que Ricardo sai, Max se aproxima de Érica.

MAX: O Ricardo estava te pertubando?
ÉRICA: Garoto chato! Estava aqui querendo saber o que existe entre nós dois. 
MAX: Você acha que ele está com ciúme?
ÉRICA: Ele é um impertinente, isso sim. Mas esquece ele. E aí, já leu esse livro “Dom Casmurro de Machado de Assis”? Conta a história de amor entre Bentinho e Capitu.
MAX: Não, eu nunca li.
ÉRICA: Deveria ler é uma história muito interessante. Deixa eu ler um trexo pra você: (lendo) “Com que então eu amava Capitu, e Capitu a mim? Realmente, andava cosido às saias dela, mas não me ocorria nada entre nós que fosse deveras secreto. Antes dela ir para o colégio, eram tudo travessuras de criança; depois que saiu do colégio, é certo que não...” 
A voz de Érica vai diminuindo e assim segue a narração de Max.

MAX: (off) Eu ficava feliz, porque apesar do grude do Ricardo eu percebia que Érica não se balançava com ele, e ilusão minha ou não ela também gostava da minha companhia e conforme o tempo passava eu me apegava mais a ela. 

CORTA mostrando um relógio na tela com os ponteiros em alta velocidade demostrando a passagem do tempo.

CENA 05/QUARTO MASCULINO/ DIA

Max está em frente ao espelho se arrumando. Abotoa a calça, veste a camisa e pentea o cabelo um pouco para o lado. Passa um perfume e sai do quarto em direção ao refeitório.

MAX: (off) Fui andando até o refeitório ensaiando as palavras as quais eu falaria quando a visse, ficava imaginando a reação dela. O desprezo que por ventura poderia ter por mim ao saber que não a queria mais só como amiga, pensava em voltar atrás, “Melhor esperar um pouco mais, estamos tão bem não posso estragar isso!”. Mas por outro lado ficava imaginado o contrário: “E se ela já esperava isso a tempo?”.

 Já no refeitório, Max senta em uma banqueta próxima ao balcão de madeira e fica meditando em todas as possibilidades, procurando adivinhar a reação de Érica conforme cada palavra ou gesto em que viria a expor. Davi se aproxima.

DAVI: Nem vi a hora em que saiu do quarto.
MAX: É eu não estava conseguindo dormir direito resolvi levantar.
Ricardo vai se aproximando acompanhado de seus amigos.

RICARDO: Olha só rapazes, como o menino está perfumado, bem ajeitado, cabelinho no gel. Está investindo hem garoto, nunca te vi assim!
DAVI: Não perturba o rapaz, Ricardo!
RICARDO: Não estou perturbando. Estou apenas elogiando. Está uma lindeza Maxweel. E cadê ela, a gostosa da Érica?
DAVI: (levantando e se colocando entre Ricardo e Max) Agora já chega Ricardo, respeita o garoto!
RICARDO: (empurrando Davi) Qual é maluco? Não estou fazendo nada contigo. Fica na sua. A Érica é linda, e gostosa sim. Se eu pegasse uma mulher daquela eu torava ela no meio.
Max fechava os olhos de raiva enquanto apertava o pão que estava em sua mão. 

MAX: (off) Eu me mordia de ciúmes, a cada palavra que Ricardo dizia. A vontade que eu tinha era de pegar Érica e colocá-la em um esconderijo aonde só eu soubesse como encontrar, para que o mundo não a cobiçasse. Mas que direito eu tinha de fazer isso, se ainda estava procurando uma maneira de poder contar a ela o que estava sentindo?

Max abre os olhos e se encanta ao ver Érica entrando no refeitório acompanhada de Letícia. 

RICARDO: Olha a nojeira que esse bunda mole faz no pão. É um mané mesmo. (ao ver Érica) Olha quem chegou. (provocando) Vou lá conversar com a minha gatinha.
Max cerra os dentes com raiva, enquanto as lágrimas descem lavando o seu rosto. Davi se aproxima e toma o pão de sua mão e coloca em cima do balcão.

DAVI: Escuta. Não fica assim cara. O Ricardo é um babaca, e ele te provoca exatamente porque sabe que você ficará desse jeito. Olha lá, a cara desapontada dele por ter levado um toco da Érica.
Max olha e ver Ricardo saindo de perto da mesa de Érica. Ela olha para ele e dá um sorriso de canto de boca. 

DAVI: Vai lá seu bobo, ou vai deixar o Ricardo ficar com a sua namorada? 
Max olha fixamente para Davi.

DAVI: Vai lá e se abre com ela. Conta o que você sente. Não tenha medo.
Max dá uma risada sem graça, levanta da banqueta em que está e vai até a mesa em que se encontra Érica e Letícia. 

LETÍCIA: Oi Max!
MAX: (nervoso) Oi Letícia! Oi Érica, como você está?
ÉRICA: Melhor agora na sua companhia. 
LETÍCIA: Opa! Já vou começar a achar que estou sobrando aqui.
MAX: Desculpe Letícia. Mas podemos conversar um pouco a sós, Érica?
LETÍCIA: (já se preparando pra sair) Imagina, o amor é lindo, fiquem a vontade. 
ÉRICA: Pode ficar Letícia. Vem comigo Max, vamos conversar lá no jardim. 
Érica levanta-se da cadeira em que está, pega Max pelo o braço entrelaça a sua mão na dele e o leva até o jardim.

CENA 06/ REPÚBLICA/ JARDIM/ DIA

Érica vem andando de mãos dadas com Max até o meio do jardim para diante dele e o interroga:

ÉRICA: (com um imenso sorriso no rosto) Pois não aqui estou, o que queres de mim?
Max ficou inerte, sem palavras. Delicadamente Érica amaciava a suas mãos e estranhava por senti-las fria.

ÉRICA: Elas são sempre assim?
MAX: (aéreo) O quê? 
ÉRICA: As suas mãos são sempre assim gelada?
MAX: (sem jeito) Só quando estou nervoso.
Érica lança um dos seus braços no pescoço de Max, enquanto com o outro alisa o seu rosto.

 ÉRICA: Pensei tanto em você esses dias.

MAX: (off) Naquele momento parecia que o meu coração palpitava em minhas mãos. Minhas pernas ficaram trêmulas, que a impressão que tinha é que se Érica tirasse o braço do meu pescoço eu me sedia ao chão. O vento batia e trazia seu perfume junto a mim, fazendo se único e exclusivo cheiro a marcar aquele lugar.

Érica encostou seu rosto no rosto do Max, e os dois se abraçaram. Depois ela se afastou um pouco e o olhou fixamente nos olhos.  Com sorriso enigmático o pergunta.

ÉRICA: E então, o que queria mesmo comigo?
MAX: Já não sei, só sei que te quero.
Érica dá meia volta em torno de Max e sussurra em seu ouvido.

ÉRICA: Eu acho que também te quero.
Max fica nervoso, fitava o olhar em cada movimento que Érica dava. Ela por sua vez completou a volta deixando a mão sobre a sua nuca e o acariciando. E finalmente já em sua frente lhe dá um demorado beijo. A CAM se abre mostrando Ricardo que vai se aproximando dos dois. 

RICARDO: Eu não estou acreditando nisso!
Os dois se assustam e olham para Ricardo.

RICARDO: Você me trocou para ficar com esse mongoloide? 
ÉRICA: Ricardo, calma! Não aconteceu nada demais aqui. Eu e o Max estávamos conversando e nos deixamos levar pela o calor da emoção. 
RICARDO: (com deboche) Que coisa mais linda! Será que a dona Elizabeth vai pensar a mesma coisa? Sim. Porque vocês sabem que é extremamente proibido namorico dentro das dependências da república?
ÉRICA: Ricardo, por favor, não fale nada disso para a dona Elizabeth. Eu preciso muito ficar aqui. 
RICARDO: Deveria ter pensado nisso antes. 
MAX: A gente não fez nada demais Ricardo.
RICARDO: (imitando Max) “A gente não fez nada demais Ricardo”. Érica, fala sério você beijou esse cara por pena, né? Você estava se divertindo com a cara dele, né isso? O cara era BV você achou interessante seduzir ele, não foi isso?
Érica olha para Max e depois olha para Ricardo e fala com firmeza. 

ÉRICA: Exatamente isso. Tudo não passou de uma diversão para mim.
MAX: (tristonho) Então você não sente nada por mim, me beijou por pena?
RICARDO: (zombando) Ela sente seu otário, peninha de você. Eu sabia, não tinha condição de uma gata dessa com um Zé ruela como esse.
ÉRICA: Desculpe Max, eu sinto muito. Eu achei fofo o seu jeito atrapalhado, todo tímido e daí eu fui vendo até onde isso iria. Mas acho que agora já deu, vamos parar por aqui.
RICARDO: (zombando) Olha a cara do zé ruela!

Max sai enfurecido, enquanto Ricardo continua zombando. Érica fica em pé pensativa.

FIM DO PRIMEIRO EPISÓDIO.
Como a página de um diário mostra o rosto preocupado de Érica em uma espécie de Freeze frame. Depois o diário fecha mostrando o logo da série na capa.

PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO

MAXWELL = Johnny Massaro
ÉRICA = Sophia Abrahão
DAVI = Guilherme Leicam
RICARDO = Chay Suede
SUZANA = Pâmela Tomé
LETÍCIA = Daphne Bozaski
AMIGOS DE RICARDO = Pedro Novaes e Caian Zattar



Postar um comentário

0 Comentários
* Please Don't Spam Here. All the Comments are Reviewed by Admin.