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A Razão de Amar - Capitulo 10 (Reprise)

  

Capítulo 10

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Victor

 

Personagem deste capítulo

Afonso Valadares.                                                Empregada                    

Branca Valadares.                                                Policial

Celso Correia                                                       Aparecida

Jacinto

Madalena Correia

Marta Correia

Olímpio Vasconcelos

Raul Fernandes

Tereza Valadares

Venâncio Correia

Vera Fernandes

 

 

 

 

 

CENA 01/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Venâncio sai do escritório e se depara com Afonso, que caminha ainda com dificuldade, se apoiando numa bengala e segurando um jornal.

AFONSO – Gostou do meu presente, Venâncio?  (Abre o jornal). “Uma história de amor: o romance secreto entre Venâncio e a professora Vera Fernandes”. Quem diria, hein, Venâncio, que o senhor, um tão puro fosse se envolver com a esposa de seu melhor amigo?

VENÂNCIO (enraivado) – Isso não vai ficar assim!

AFONSO – O senhor não acha que eu ia ficar prostrado em cima da cama, não é?

VENÂNCIO – Não, achei que você ia queimar no inferno, que é seu lugar!

AFONSO – Mas eu voltei e você vai comer o pão que o diabo amassou.

VENÂNCIO – Veremos quem sairá vencedor desta guerra!

AFONSO – Você deveria se conformar que você sempre foi, é e sempre será um perdedor. E eu vim hoje aqui ver a sua cara de derrota, de mais uma derrota. (Tira as cartas do bolso e entrega a Venâncio). Eu não preciso mais delas!

Venâncio amassa as cartas, espumando de raiva. Afonso joga o jornal na cadeira e sai. O Patriarca da família Correia pega um jarro de plantas e joga contra a parede.

Tocar a música “A deusa da minha rua”, interpretada por

Focar expressão de raiva de Venâncio.

CENA 02/ CASA DE JACINTO/ QUARTO/ INT./ NOITE

Jacinto e Madalena estão deitados na cama, apaixonados.

MADALENA – Eu te amo!

JACINTO – Hoje quero fazer uma surpresa para você! Vamos sair para jantar?

MADALENA – Você nunca havia me chamado para jantar.

JACINTO – Para tudo se tem uma primeira vez. Eu quero que hoje comece um novo capítulo em nossas vidas.

Jacinto agarra Madalena e os dois se beijam.

MADALENA – É assim o amor!

Os dois rolam na cama.

Corta para:

CENA 03/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ NOITE

Tocar o instrumental “Calçada escura”, da novela Lado a Lado

Raul anda sem rumo pelas ruas da cidade. Perturbado, ele anda com as mãos nos ouvidos.

VERA (off) – Você não vai ter paz, Raul! Eu não vou te deixar em paz!

RAUL (Gritando) – Para de falar no me torturar! (Esbarra numa moça com a aparência parecida com a de Vera). Vera? (Olha para os lados e vê diversos casais se beijando, vários casais com os rostos de Vera e Venâncio, que se viram e gargalham da cara Raul, que empurra o casal). Vocês se merecem mesmo!

MOÇA e RAPAZ (sérios) – Nem te conhecemos! (Saem sem entender)

Raul continua andando sem destino.

Corta para:

CENA 04/ DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ INT./ NOITE

O delegado Olímpio colhe o depoimento da empregada.

OLIMPIO – Então, no momento do crime, só estavam a senhora e o jardineiro, além do casal e da filha?

EMPREGADA – Sim, exatamente. Seu Raul pegou uma faca, tentei impedir porque tinha visto que ele já estava fora de si, mas não consegui impedir.

Corta para:

CENA 05/ CASA DA FAMÍLIA FERNANDES INT./ MANHÃ (FLASHBACK)

EMPREGADA (Narrando) – Eu quando entrei na casa, peguei o jornal...

A empregada entra na SALA e entrega o jornal para Raul.

EMPREGADA (Narrando) – Então, entreguei o jornal e sai.

RAUL - “Estava recordando do nosso último encontro na noite passada. Nunca senti tanto prazer como naquele momento, como você. Nem com o Raul eu sinto esse prazer e o amor que eu sinto quando estou ao seu lado. O seu beijo é irresistível, o calor de seu corpo me enlouquece, você me enlouquece. Não tem uma noite que eu não pense em você, Venâncio. Da sua amada Vera”.

EMPREGADA (Narrando) – É então que ele entra na cozinha alterado.

A cena continua na COZINHA. Raul pega a faca e sobe as escadas.

EMPREGADA (Narrando) – Eu então fui atrás de alguma pessoa para me ajudar. 

A cena continua no JARDIM. A empregada chama o jardineiro.

EMPREGADA – Maciel, Seu Raul vai matar Dona Vera! Ele subiu com uma faca.

Os dois correm e sobem as escadas, apressados.

VERA (off/ gritando) – Socorro! Alguém me ajudar?

A cena continua no BANHEIRO. A empregada e o jardineiro entram no banheiro e veem Vera morta no banheiro.  

EMPREGADA (chorando) – Que horror, meu Deus!! (P/Raul). Assassino! Assassino!

RAUL (nervoso/ mãos tremulas) – Ela atacou minha honra! Me traiu com meu melhor amigo!

JARDINEIRO – Que tragédia! Vou chamar a polícia! (Fecha a porta do banheiro para que Letícia não entre).

RAUL – Não será preciso. (Levanta-se). Eu me entrego. Já acabei com a minha vida mesmo. Sai do banheiro. O jardineiro e a empregada se entreolham, assustados.

EMPREGADA (Narrando) – Foi assim que tudo aconteceu.

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CENA 06/ DELEGACIA/ SALA DO DELEGADO/ INT./ NOITE

A empregada termina de dá o depoimento.

OLIMPIO – E a filha deles como é que está?

EMPREGADA – Ainda não sabe da morte da mãe.

OLIMPIO – Ela está onde?

EMPREGADA – Está na casa da vizinha. Não quis contar a ela e nem sei como contar!

OLIMPIO – Faz bem. Invente alguma coisa por enquanto. Não deixe ele descobrir nada. Vai ser muito duro para ela. Conte aos poucos. E Raul não apareceu aqui na delegacia. Certamente deve ter fugido. Ele não deve estar longe

Um policial entra.

POLICIAL (P/Olímpio) – O corpo da moça foi levado para perícia.

OLIMPIO (P/Policial) – Ainda bem. Quanto mais rápido se resolver este caso melhor. (P/Empregada). Por hoje é só isso. Se precisar de algo, irei chama-la novamente.

A empregada se despede e sai.

OLIMPIO (P/si) – Tem muita coisa que falta ser esclarecida ainda! (Pensativo).

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CENA 07/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Venâncio está sentado no sofá, pensativo. Celso entra sozinho.

CELSO – Vim saber se você está bem!

VENÂNCIO – Estou estraçalhado por dentro. Não acredito que Raul foi capaz de matar Vera. Ele não podia ter feito isso.

CELSO (Com lágrimas nos olhos) – O ser humano é capaz de fazer tudo por amor. Eu não sei o que faria se descobrisse que fui traído pela minha esposa e, principalmente, a forma da descoberta. Temos que levar em consideração a forma como ele descobriu. Saber através de um jornal, ao qual todo mundo tem acesso, que foi traído pelo amigo de longa data e pela esposa esses anos todos não deve ser fácil. A pessoa que descobriu essas cartas e as revelou dessa forma fez um trabalho genial.

VENÂNCIO – Agora, estou eu aqui sem meu amigo, sem minha esposa e sem minha amante.

CELSO – O seu destino já se encaminhava para isso. Ou você acha que ia ficar enganando Raul a vida toda? Se a mim você não enganou a vida toda, imagina ele. (Mudando de assunto). Mas não foi para isso que vim aqui, mas para dizer que precisamos tratar de alguns assuntos. Ia chamar você para beber um pouco.

VENÂNCIO – A bebida eu aceito, mas eu não com cabeça para tratar de nenhum assunto hoje.

CELSO – A gente vai bebendo e conversando!

Venâncio se levanta do sofá.

VENÂNCIO – Convite aceito!

Eles saem.

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CENA 08/ HOTEL CASSINO/ RESTAURANTE/ INT./ NOITE

Madalena e Jacinto escolhem uma mesa se sentam. O garçom vem a eles para anotar os pedidos.

GARÇOM – Os senhores querem ver o cardápio?

MADALENA – Quero carne de sol ao molho de cachaça e uma taça de vinho.

JACINTO – Eu vou querer o mesmo prato e a taça de vinho também.

O garçom anota os pedidos e volta para a cozinha. No mesmo instante, Venâncio e Celso entram. Celso vê Madalena com Jacinto.

CELSO (apontando para a mesa em que Madalena e Jacinto estão sentados) – Venâncio, olha quem está ali!

Venâncio olha onde Celso está apontando e vê Madalena e Jacinto.

Focar na expressão de ódio de Venâncio.

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CENA 09/ HOTEL CASSINO/ RESTAURANTE/ INT./ NOITE

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Venâncio ao ver Jacinto e Madalena, vai a eles, nervosos. Celso tenta impedir, mas ele ignora.

VENÂNCIO – Então é com esse filho da puta que você está tendo um caso?

Madalena fica de pé e encara o marido.

MADALENA – Sim, e estou muito feliz. Muito melhor do que os 20 anos que passamos casados.

VENÂNCIO – Pela lei, somos casados! Não é correto ficar de concubinagem, principalmente com esse aí, que entrou na minha casa, fingiu ser meu amigo para me destruir, a mando dos Valadares. Você não tem vergonha na cara.

MADALENA – Você não tem o direito de falar assim comigo. Afinal, quem era que se encontrava as escondidas com a esposa de seu melhor amigo?

Todas as pessoas que estão no restaurante os olham com nojo e repulsa.

CELSO (interrompe) – Dá para vocês pararem de discutir. As pessoas estão olhando!

MADALENA (P/Celso) – Venâncio que começou. Então, ele que escute o que eu tenho para dizer agora.

VENÂNCIO (interrompe/ Falando alto) – Essa daqui é maior puta, rameira e vagabunda que esta cidade já teve. Se relacionou, para não dizer outra palavra, com vários homens ao longo da vida. Agora está com esse aí que não tem nem onde cair morto.

MADALENA (interrompe/gritando) – Não queira se bancar de vítima, que você não é. Eu sei muito bem dos seus podres. Aguentei durante anos os seus casos. Você só me criticava, me deixava aflita, triste, deprimida, enquanto satisfazia seus desejos com outras mulheres. Nunca deu atenção ao seu filho.

VENÂNCIO (gritando) – Isso não é verdade. Quem abandonou Otávio foi você, que nem ao menos se despediu dele. Foi logo correndo para os braços desse aí.

JACINTO (P/ Madalena) – Vamos, meu amor! Já perdi a fome e esse jantar já perdeu a graça.

MADALENA – Vamos, não estou mais de discutir.

VENÂNCIO – É só isso que você sabe fazer mesmo. Fugir de suas obrigações e dos questionamentos.

MADALENA (P/Jacinto) – Foi uma péssima ideia esse jantar no dia de hoje e aqui.

Madalena e Jacinto saem de mãos dadas. Venâncio e Celso se sentam em uma mesa.

VENÂNCIO (P/Celso) – Só uma cachaça daquelas que descem queimando feito fogo para de relaxar.

Eles conversam e bebem durante horas. 

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CENA 10/ MANSÃO DE FAUSTO/ SALA DE JANTAR/ INT./ NOITE

Tereza, solitária, tenta se acostumar com a ausência de Fausto. Ela olha para a cadeira que ele sempre sentava e sente uma angustia. A empregada traz uma xícara de café para ela, mas Tereza não sente fome.

TEREZA – Obrigado, Aparecida, mas eu não sinto fome. Estou sentindo um enjoo e uma tontura muito forte.

APARECIDA – Enjoo e tontura pelo que eu entendo é gravidez

TEREZA (feliz) – Grávida?

APARECIDA – Só um médico pode dizer, mas para mim a senhora está grávida

O semblante triste de Tereza de lugar um sorriso contagiante.

TEREZA (Feliz) – Depois de tanta tristeza, sofrimento e angustia não podia ter recebido uma notícia melhor.

Tereza e Aparecida se abraçam.

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CENA 11/ PALNEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ

Tocar a música “Maracatu Atômico”, de Nação Zumbi

O dia amanheceu ensolarado. Planos da cidade. Pessoas andando pelas ruas. Carruagens passeando pelas ruas. Pessoas entrando na prefeitura. Pessoas indo a igreja. Pessoas entrando no consultório médico. Carteiro entregando correspondências e o jornal do dia.

A música deixa de ser tocada nesta parte.

Corta para:

CENA 12/ CONSULTÓRIO MÉDICO/ SALA DE ATENDIMENTO/ INT./ MANHÃ

O médico examina Tereza.

MÉDICO – Pelo que eu pude constatar e pelos sintomas que você disse estar sentindo é gravidez mesmo.

TEREZA (Feliz) – Eu ainda não estou acreditando. Vou ser mãe pela primeira vez. A única tristeza é que o pai não estará vivo para ver o filho crescer.

MÉDICO – Você é viúva?

TEREZA – Perdi o meu marido há alguns dias.

MÉDICO – Meus pêsames.

O médico e Tereza continuam a conversar.

Corta para:

CENA 13/ FAZENDA VALADARES/ VARANDA/ INT./ MANHÃ

Coronel Afonso, sentado na sua cadeira de balanço, lê o jornal do dia. Branca e Quitéria estão ao seu lado.

AFONSO – “Crime Passional: o assassinato de Vera Fernandes”. Raul, além de pau mandado de Venâncio, é um assassino.

BRANCA – Merece apodrecer na cadeia. 

QUITÉRIA – A vida é bem injusta mesmo. Essa moça não merecia morrer dessa forma.

AFONSO – É uma história muito complexa. Venâncio foi muito inconsequente. Se envolveu com a esposa do principal aliado. Venâncio terá uma bela surpresa hoje.

Eles continuam conversando.

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CENA 14/ IGREJA/ INT./ TARDE

Raul, dormindo no banco da igreja, sente mais uma vez Vera tentando o sufocar.

VERA (off) – Acorda, meu amor!

Raul acorda. O olhos estão cheios de olheiras. O padre Amaro chega próximo dele.

PADRE – Está se sentindo bem, moço?

RAUL (chorando/ apontando para o espectro de Vera) – Ela não me deixa em paz!

PADRE – Ela quem? Só estamos nós dois aqui.

RAUL – Eu já sei como vou resolver essa situação.

Se levanta e sai correndo. Padre Amaro fica intrigado com aquilo.

Corta para:

CENA 15/ CASA DE JACINTO/ SALA/ INT./ NOITE

A noite chuvosa. Madalena e Jacinto estão jantando.

JACINTO – Amanhã nós deixaremos a cidade.

MADALENA – Ainda bem. Não aguento mais ficar nesse lugar. Ter que cruzar na rua com Venâncio me dá um nojo.

JACINTO – Só vamos hoje porque eu tenho que resolver algumas coisas aqui ainda, mas de hoje para amanhã já estarão resolvidas. (Olha a hora no relógio da sala). Vou sair agora. (limpando a boca).

MADALENA (Intrigada) – Resolver o que essa hora?

JACINTO – Quitar o aluguel desta casa.

Ele se levanta e sai. Madalena estranha e fica pensativa.

CENA 16/ MANSÃO DE FAUSTO/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Celso sentado na sala com o filho Bernardo.

BERNARDO – Sabe, pai, às vezes eu me sinto tão diferente do senhor. Nas atitudes, no jeito de se comportar e até mesmo na aparência.

CELSO – Vai parecer surreal o que eu vou dizer e a sua mãe, que foi para a igreja, não gostaria que eu falasse isso. Mas você não é meu filho legítimo. O seu pai é o seu tio Venâncio. Ele nunca te reconheceu como filho. Coube a mim te dá educação, te dá amor, te dá carinho, te dá incentivo. Mas você sempre foi muito teimoso, como seu pai, turrão, inconsequente.

BERNARDO – Não, não pode ser verdade. Não tem a menor chance disso ser verdade.

CELSO – Eu fui morar na Inglaterra por causa disso. Mas eu não quero que você sinta raiva dele. Se Venâncio fez isso é porque tinha seus motivos. Eu queria que você fosse falar com ele.

BERNARDO – Eu vou ter uma conversa muita séria com ele. Não existe justificativa para o que ele fez. E a mamãe?

CELSO – Marta é sua mãe legítima.

Bernardo se levanta e sai ainda sem acreditar muito.

Corta para:

CENA 17/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Venâncio entra todo molhado por causa da chuva depois de passar a tarde praticando tiro, como é sempre de costume. Trouxe consigo também uma garrafa de cachaça. No mesmo instante, Otávio entra e sobe as escadas. Tocar a partir desta parte o instrumental “Ataque no Escuro”, da novela Lado a Lado.

VENÂNCIO – Já vai dormir, filho?

OTÁVIO – Vou ler um pouco, painho!

VENÂNCIO – Está certo filho. Uma boa leitura.

Otávio sobe para o quarto. Venâncio coloca a pistola em cima da mesa. Tira um terço do bolso.

VENÂNCIO – Deus, porque permitiu ela fosse embora? (Gritando). Porque, Deus? Deus... (Se ajoelha próximo a mesa, bebendo um pouco da cachaça). Não era para o senhor ter tirado ela de mim. Porque tu tirastes, Deus? (Gritando/Chorando) O que vai ser de mim agora, Deus? (Gritando/Senta-se à mesa)

Closes alternados entre a pistola e Venâncio. A câmera para a parede. Um estrondo de tiro reverbera pela casa. A câmera volta-se para Venâncio, de bruços sobre a mesa e com a pistola em suas mãos e com um ferimento na cabeça.

Congelamento preto e branco, emoldurado como um retrato.

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