Capítulo 34
Cena 01 - Fazenda Santa Clara [Interna/Noite]
Música da cena: Amor Gitano - Beyoncé ft. Alejandro Fernández
[Antônio beijou Ana Catarina conforme ela havia pedido em seu delírio.]
ANTÔNIO: [Afasta-se após o beijo e observa Ana Catarina, que agora estava serena.]
ANA CATARINA: [Adormece ao lado de Antônio].
ANTÔNIO: [Sorri ao olhar para Ana Catarina] - Tão linda… Vosmecê não sabe o quanto eu te amo. Pena que depois não lembrará mais desse momento, mas eu sim. Guardarei para sempre em minha memória, bastará por nós dois.
Cena 02 - Acampamento dos Ciganos [Externa/Manhã]
[Após tranquilizar Leonora pela presença do homem com máscara de ferro, Vicente resolveu voltar para vê-lo, mas dessa vez deparou-se com Vladimir a observá-lo].
VLADIMIR: - Ele comeu o caldo que a Madalena trouxe para ele e logo depois adormeceu. Devia estar muito cansado! [Diz ao notar o pai se aproximar].
VICENTE: - Eu olho para essa máscara horrível e a única coisa que penso, é como podemos abri-la.
VLADIMIR: - Acá não temos as ferramentas certas, penso em ir à cidade. Certamente o chaveiro conseguirá nos ajudar.
VICENTE: - Sim, meu filho. Vosmecê tem razão, essa é uma ótima ideia. Talvez o chaveiro da cidade seja a nossa única chance de desvendar esse mistério e descobrirmos enfim, quem é esse homem. [Conclui].
Cena 03 - Fazenda Santa Clara [Interna/Manhã]
Música da cena: Acreditar no Seu Amor
[A noite se vai e ao chegar do amanhecer, o sol surge iluminando toda a cidade de São José dos Vilarejos. Imagens dos campos da cidade são apresentadas e em seguida surge a fachada da fazenda Santa Clara. Antônio havia adormecido ao lado de Ana Catarina, enquanto cuidava dela. Assim, nem pode ver o dia nascer.]
ANA CATARINA: [Abre os olhos lentamente e observa o quarto. Ao olhar para o lado, nota a presença de Antônio, assustando-se] - O que vosmecê está fazendo acá?
ANTÔNIO: [Desperta atordoado] - Ah, é você… Fico feliz que tenha acordado melhor. Teve febre a noite inteira!
ANA CATARINA: - O que aconteceu? [Questiona, sentindo uma dor no pé logo em seguida].
ANTÔNIO: - Vosmecê foi picada por uma cobra. O Miguel disse que seu caso era delicado. Eu não quis deixá-la sozinha.
ANA CATARINA: [Afasta-se de Antônio bruscamente] - Para o seu azar, eu não morri. Vosmecê teve a chance de me matar durante a noite, mas não soube aproveitar. Estou mais viva do que nunca, uma pena para vosmecê, Antônio Guerra!
ANTÔNIO: [Levanta-se da cama, recolhe seu blazer e sua gravata na poltrona ao lado] - Não, senhora. Uma pena é vosmecê continuar tão cega, mesmo depois de ter estado à beira da morte. Eu espero que vosmecê não se arrependa das escolhas que resolveu tomar.
ANA CATARINA: - Eu não vou me arrepender de nada. Agora retire-se do meu quarto, vosmecê não tem permissão de entrar, muito menos comigo nesses trajes pouco convenientes.
ANTÔNIO: - Claro, a senhora é quem manda acá. Estimo as suas melhoras, se precisar, estarei em meu quarto. [Conclui, indo embora chateado].
ANA CATARINA: [Sozinha, revela-se atordoada com a conversa e principalmente após saber que Antônio cuidou dela].
Cena 04 - Casa dos Lobato [Interna/Manhã]
Música da cena: Flor de Lis - Melim
[Com a transição de cenas, surgem as ruas da cidade. Pessoas caminham de um lado para o outro, em meio às charretes e carruagens. Em seguida, surge a fachada da casa da família Lobato.]
TOMÁSIA: [Cruza o corredor e vai até o sótão, onde Maria do céu dormia. Ao tentar abrir a porta com a cópia de sua chave, Tomásia notou algo estranho] - Ué, não abre… O que será que aconteceu?
GRAÇA: - O que acontece é que eu mandei trocar a fechadura. A chave agora é outra, bem diferente e que está em meu poder. [Disse ao se aproximar, surpreendendo a escrava].
TOMÁSIA: [Assusta-se] - Sinha Graça…
GRAÇA: - Vosmecê não deveria ter mexido nas minhas coisas e muito menos ter adentrado em uma história onde não foi chamada, sua negra intrometida.
[Neste momento, Maria do Céu desperta dentro do quarto e estranha o som vindo do corredor.]
MARIA DO CÉU: [Senta-se na cama, ainda tonta de sono] - Vozes… O que está acontecendo?
TOMÁSIA: - Não é nada disso que a sinhá está pensando, eu posso explicar…
GRAÇA: [Sorri] - Pode explicar? Ah, vosmecê vai explicar sim, principalmente quando a chibata começar a cantar, sua negra intromedita! [Grita ao começar a agredir Tomásia fisicamente].
TOMÁSIA: - Não sinhá, não bate neu… [Grita tentando se desvencilhar dos tapas].
MARIA DO CÉU: [Dentro do quarto, reconhece a voz que clamava por socorro] - Tomásia? É a voz da Tomásia! [Levanta-se da cama bruscamente e corre até a porta, tentando abri-la. Ao não conseguir sair, Maria do Céu começa a bater insistentemente e a gritar]. - Tomásia, Tomásia! O que está acontecendo? Abra a porta… Tomásia!
[Do lado de fora do quarto, Graça continuava agredindo a escrava.]
GRAÇA: [Começa a arrastar Tomásia pelo cabelo] - Venha comigo… Venha comigo, negra maldita. Eu vou te mostrar o que é bom! [Grita].
TOMÁSIA: - Não, sinhá… Socorro, socorro… Alguém me ajuda! [Grita desesperada, enquanto é arrastada corredor afora pela tia de Maria do Céu].
[Em meio aos gritos, Maria do Céu finalmente conseguia começar a discernir o que estava acontecendo do lado de fora do quarto.]
MARIA DO CÉU: - Tia Graça? [Constata]. - Tia, abra essa porta… Eu posso explicar. Tia, não faça nada com a Tomásia. Tia! [Grita, batendo na porta com toda sua força, porém ninguém abre].
[Desesperada por não ser ouvida, Maria do Céu entra em surto e começa a quebrar tudo dentro do seu quarto].
Cena 05 - Mercearia da Paz [Interna/Manhã]
[Cândida finalizou de atender uma cliente, quando começou a adicionar o dinheiro na caixa registradora, que nem percebeu quando Joana se aproximou.]
JOANA: - Fim da linha, mamãe. Eu já descobri tudo!
CÂNDIDA: - Ah! E agora, Joana? O que foi dessa vez? [Questiona sem muito se importar].
JOANA: [Joga as cartas em cima do balcão] - Eu já sei o motivo da senhora odiar tanto os ciganos, a senhora se apaixonou por um deles. O meu pai era cigano, não era? [Questiona seriamente].
CÂNDIDA: - Vosmecê mexeu nas minhas coisas? Mas como foi capaz? [Questiona furiosa, ao reconhecer as correspondências].
JOANA: - Isso não importa. Eu exijo saber a verdade, é a minha vida e eu tenho o direito de saber a verdade. [Dispara].
Cena 06 - Fazenda Santa Clara [Interna/Tarde]
[Após uma noite tensa, Ana Catarina finalmente começava a dar indícios de sua recuperação. Para mimar a mãe, Mila havia levado café na cama, para que ela não se cansasse].
MILA: - Gostou do refresco? Fui eu mesma que fiz!
ANA CATARINA: [Bebe um gole] - Está uma delícia, minha filha. [Respondeu sorridente, mas ainda abatida].
[Em seguida, ouvem-se batidas na porta e logo após Amália entra.]
AMÁLIA: - Ana Catarina, o padre da cidade está acá, ele ficou sabendo do que aconteceu e veio visitá-la. Posso deixá-lo entrar? [Questiona].
MILA: [Levanta-se da cama, onde estava ao lado da mãe] - É claro que pode, vou sair para deixá-los a sós. [Responde repentinamente, sem deixar chances de Ana Catarina negar].
[Mila e Amália saem do quarto e em seguida, o Padre Júlio entra no quarto.]
PADRE JÚLIO: - Soube do que aconteceu e resolvi vir pessoalmente ver como está. Como se sente, minha filha?
ANA CATARINA: - Muito bem, padre. Se veio me dar a extrema unção, sinto muito em desapontá-lo. Como vê, estou mais viva do que nunca.
PADRE JÚLIO: [Sorri] - Fico muito feliz em vê-la, pois o motivo que me trouxe aqui, necessitava disso.
ANA CATARINA: [Estranha] - Eu creio que não entendi onde pretende chegar. Seja mais claro, por gentileza.
PADRE JÚLIO: - Naturalmente. O motivo que me traz acá, é que eu quero conversar com vosmecê. Não saio dessa fazenda enquanto não me contar sua história e por qual motivo age dessa forma, tão arredia e agressiva com a maior parte das pessoas à sua volta.
ANA CATARINA: [Encara o padre].
PADRE JÚLIO: [Senta-se em uma cadeira ao lado da cama e sorri] - Eu tenho todo o tempo do mundo. Vosmecê quem decide se a minha visita será curta ou longa. E então, o que me diz? [Questiona].
Cena 07 - Fazenda Santa Clara [Externa/Tarde]
[À espreita, Zeferino observava a movimentação na fazenda de Ana Catarina em busca de notícias sobre ela, quando a chegada de alguém lhe chamou a atenção.]
LEONORA: [Sobe a escadaria de acesso a casa rapidamente e adentra na propriedade].
ZEFERINO: [Estranha a chegada da irmã de Carlota] - Sinhá Leonora acá? Carlota não há de gostar nada disso. É melhor ela ficar sabendo logo dessa visita! [Fala consigo mesmo e em seguida retornar para a cidade, montado em seu cavalo].
Cena 08 - Casa dos Lobato [Interna/Tarde]
[Nervosa após destruir parte do quarto após ser descoberta e com medo do que poderia acontecer com sua única amiga, Maria do Céu só voltou a si quando ouviu alguém abrir a porta.]
MARIA DO CÉU: - O que vosmecê fez com Tomásia? Onde ela está?
GRAÇA: - Olha só a bagunça que vosmecê fez acá. Vosmecê mais deveria estar preocupada por ter me feito de idiota nos últimos tempos. Como pode me enganar dessa maneira tão descarada? A mim, que cuide de vosmecê como se fosse uma filha…
MARIA DO CÉU: [Interrompe aos gritos] - É mentira! Vosmecê só me prendia acá para me fazer pensar que eu estava doente e tudo isso por quê, tia? Me diga a verdade!
GRAÇA: - Está vendo, sair na rua não te fez bem. Vosmecê não está atinando em nada. Como ousa me confrontar dessa forma, Maria do Céu? [Questiona furiosa].
MARIA DO CÉU: [Avança em cima da tia e a sacode, segurando-lhe pelos dois braços] - O que vosmecê fez com Tomásia? [Grita].
GRAÇA: [Empurra Maria do Céu com força, fazendo com que ela caia no chão] - Nunca mais volte a me atacar assim, infeliz. Eu deveria fazer com vosmecê igual o que eu vou fazer com aquela negra abelhuda, mas não se preocupe. O que é seu está guardado. Ah e antes que eu me esqueça, é melhor vosmecê não pensar mais naquele preto metido a fidalgo. Vosmecê não irá mais vê-lo, entendeu? [Vai embora em seguida e tranca novamente a porta pelo lado de fora].
MARIA DO CÉU: [Levanta-se e corre até a porta, tentando abri-la, porém é em vão] - Tia! Tia… Me deixe sair… Tia! [Grita aos prantos, batendo na porta insistentemente].
Cena 09 - Banco D’ávilla [Externa/Tarde]
Música da cena: Além do Paraíso - Antônio Villeroy
[Com a transição de cenas, surge a fachada do banco. Zeferino havia ido até lá, para deixar Carlota a par dos últimos acontecimentos da fazenda de Ana Catarina.]
CARLOTA: - Maldita Leonora! Quem precisa de inimigos com uma irmã dessas? Se a Ana Catarina não morreu, com certeza ela vai ficar do lado dela. Eu preciso impedir que elas duas se aproximem, ou… [Fica em silêncio].
ZEFERINO: - Ou o quê? Do que vosmecê tem medo, Carlota? Que podre a sua irmã sabe a seu respeito? [Questiona curioso].
CARLOTA: - Eu não quero continuar essa conversa. Preciso dar um jeito de falar com a Leonora e impedir que ela faça uma idiotice. [Completa].
Cena 10 - Ruas da Cidade [Externa/Tarde]
Música da cena: Mil Noites de Um Amor Sem Fim - Silva
[Após concluir seu expediente de trabalho, quando desceu e foi até a rua para ir embora.]
ANTÔNIO: [Ao olhar para o lado, avista Vladimir com um grupo de ciganos] - Vladimir! [Grita].
VLADIMIR: - Gadjó! Como vai? É acá que vosmecê trabalha? [Pergunta sorridente].
Tradução: Gadjó = Homem não cigano.
ANTÔNIO: - É sim, trabalho na Gazeta do Vilarejo. [Responde sem muito entusiasmo].
VLADIMIR: [Estranha o jeito de Antônio] - O que houve? Está com problemas?
ANTÔNIO: - Sim, meu casamento não vai bem. Ana Catarina dificulta muito nossa relação com essa ideia fixa de se vingar, eu não sei mais o que fazer. Começo a pensar que não deveria ter me casado.
VLADIMIR: - Calma, meu amigo. Vosmecê está nervoso, vai passar. Vamos dar uma volta para espairecer, vosmecê desabafa e tudo ficará bem, sim?
ANTÔNIO: [Sorri] - Vosmecê é um grande amigo, Vladimir. De verdade!
VLADIMIR: - Ah, se eu fosse um gadjó como vocês da cidade, com certeza gostaria de ser como você, que sabe de tantas coisas, dessas que se aprende nos livros.
ANTÔNIO: - Eu posso te ensinar algum dia. Isso seria o mínimo que poderia fazer por vosmecê, que sempre está disposto a me ouvir.
VLADIMIR: - Outro dia, outro dia. Agora vamos, quero ouvir tudo o que vosmecê tem a dizer. Vamos! [Completou arrastando Antônio pela rua].
Cena 11 - Cachoeira [Externa/Tarde]
Música da cena: Corre - Gabi Luthai
[Carregando um girassol consigo, Miguel foi ao local de encontro de sempre, onde costumava ver Maria do Céu. Após passar certo tempo, ele começou a estranhar a demora da jovem.]
MIGUEL: [Retira o relógio de bolso do paletó e ao conferir as horas, estranha o sumiço de Maria do Céu] - Que estranho, Maria do Céu e Tomásia nunca se atrasam. Será que aconteceu algo? [Questiona-se em voz alta].
Cena 12 - Acampamento Cigano Cigano [Externa/Noite]
[Leonora e Vicente conversavam, quando de repente alguém se aproximou e puxou Leonora bruscamente pelo braço.]
CARLOTA: - O que vosmecê foi fazer na fazenda daquela vagabunda? [Grita segurando o braço de Leonora]. - Vosmecê foi contar tudo a ela? Vai ficar do lado dela por ela ter mais dinheiro, vai?
LEONORA: - Me solta, eu não sei do que vosmecê está falando. Certamente ficou louca! [Responde ao se desvencilhar].
VICENTE: - Eu já disse que vosmecê não é bem vinda acá, vá embora!
CARLOTA: - Eu não vou permitir que você fique mancomunada com aquela ordinária, entendeu? Eu não vou deixar que vosmecê conte o nosso segredo e estrague tudo… Antes eu acabo com vosmecê e Ana Catarina.
LEONORA: - Ah, agora começo a entender… Vosmecê está realmente seguindo e vigiando todos os meus passos. Do que tem medo, Carlota? Da verdade?
CARLOTA: - Essa verdade nunca vai aparecer, vosmecê não passa de uma pobre coitada. Antônio nunca, ele jamais saberá que vosmecê é mãe dele e sabe por quê? Vosmecê é pouca coisa! [Grita].
ANTÔNIO: - O que foi que vosmecê disse? [Questiona ao surgir atrás de Carlota, acompanhado por Vladimir].
[A imagem congela focando em Antônio, estático diante de Carlota, Leonora e Vicente, surge um efeito de uma pintura envelhecida e o capítulo se encerra].
TRILHA SONORA OFICIAL
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