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VENTO NORTE: Capítulo 16



Cena 01/ Centro/ Dia. 

(cena sem som)

Close em Regina andando em frente às lojas, observando. Regina entra em uma loja, close nela junto à uma sonoplastia de fundo. 

Música: Maria, Maria - Elis Regina (que dura até o fim da cena 02)


Cena 02/ Loja infantil/ Dia. 

(cena sem som)

Close em Regina olhando sob a vitrine algumas bonecas de porcelana e logo em seguida alguns carrinhos. Ela conversa com a moça que a atende e aponta com o dedo a direção dos brinquedos que deseja comprar. Alguns minutos se passam em uma transição minuciosamente detalhada. Ela se dirige até a saída da loja com duas sacolas. Close em Regina.

Cena 03/ Residência Flores Viana/ Sala de estar/ Dia. 

Rosália está sentada sob o sofá bebendo um chá de forma fria e calculista, com uma expressão sórdida. Ela ouve batidas à porta. 

Rosália: (larga a xícara sob a bandeja) É muita falta de caráter vir importunar uma pessoa nesse horário... Essa gente não tem o que fazer em casa? Uma roupa para lavar, uma louça para secar, o almoço para preparar? Não sei... Não trabalham fora? E eu é quem sou a prejudicada... 

Ela se dirige até a porta e abre, close em Regina com algumas sacolas na mão. 

Rosália: Regina? O que você quer? 

Regina: Eu posso entrar? 

Rosália: Não, não pode, sinto muito mas eu não estou disposta, eu já disse nas cartas que lhe enviei, não quero receber visitas, não quero gente me importunando, me trazendo problemas, preocupações!

Regina: (sem reação) Dia 24 eu darei uma festa em minha casa...

Rosália: (interrompe Regina) Desculpe, mas eu não poderei ir. Agora se você já terminou, eu lhe peço que saia de minha propriedade, que eu quero paz em minha vida. Dá licença. (com os braços ela acompanha Regina até o jardim). 

Cena 04/ Residência Flores Viana/ Externa/ Dia. 

Close em Rosália acompanhando forçadamente Regina até o portão. Regina fica sem reação. 

Regina: Veja bem Rosália... 

Rosália: Já disse que não vou a festas, que não preciso de convívio social, não necessito da pena e da piedade de ninguém, então se você me der licença, eu tenho mais coisas a fazer do que perder o meu tempo com você. 

Regina: Mas... 

Rosália: (interrompe Regina) Não, não, obrigada mais uma vez, mas não tenho disposição, não tenho vontade, não quero. Olha, não apareça mais aqui, nós fomos amigas do colégio, fomos muito próximas, sou madrinha dos seus filhos, até mandarei um presentinho para eles no natal, mas não quero mais aproximação, não, não quero. Desculpe, mas a vida tem dessas coisas. Licença. 

Rosália se dirige até a entrada sua casa. Close em Regina surpresa e desnorteada.

Cena 05/ Residência Flores Viana/ Sala de estar/ Dia. 

Rosália entra em casa apressada e se dirige até o corredor. 

(corta/ p quarto)

Cena 06/ Residência Flores Viana/ Suíte principal/ Dia. 

Rosália entra em seus aposentos e se dirige até o armário. Ela pega um álbum de fotografias e o abre. Ela folheia o álbum. Close na imagem que aparece, Regina, Celso, Gustavo e ela sentados sob um banco em frente à uma árvore na escola. Close em Rosália desolada junto à uma sonoplastia de fundo.

Rosália: Passado será sempre passado, não se pode voltar no tempo, mas sim, viver o presente e eu estou vivendo, eu estou vivendo! 

Instrumental: 


Cena 07/ Rua da residência Flores Viana/ Dia. 

Close em Regina desnorteada. 

Regina: (frustrada) Ah Rosália...

Close nela saindo sem reação dos arredores da residência de Rosália.

Cena 08/ Barra da tijuca.

Plano geral da barra com um slogan sob a tela. Ocorre uma pequena transição de tempo de alguns dias.


Cena 09/ Bordel Le Blanc/ Saguão principal/ Noite. 

(cena sem som) 

Há uma grande festa em comemoração à véspera de natal. As meninas dançam sob roupas natalinas e de fundo há além das vozes desfocadas, uma música muito sedutora tocando. 
Close em Laura e Valéria brindando. 

Cena 10/ Residência Muniz/ Sala de estar/ Noite. 

(cena sem som)

Close em Helena e Vicente brindando juntos em frente à árvore de natal enquanto Vicente abre seus presentes embaixo da arvore. 

Abertura: 


Vinheta de intervalo:


Cena 11/ Residência Trajano Ferraço/ Sala de estar/ Noite. 

(cena sem som)

Regina comemora o natal com alguns amigos junto à Eleonora que ainda está um pouco abatida. Eleonora está sentada sob o canto do sofá um pouco jururu. Os adultos fazem um brinde com champanhe e as crianças com suco de laranja.. Regina ao fazer seu brinde olha para a fotografia de Celso que está localizada na mesinha lateral ao lado do sofá. Close nela apreensiva. 

Cena 12/ Itália/ Esconderijo/ Noite. 

Ocorre uma pequena transição de tempo. Close em Celso, já fardado desolado enquanto marca sob a parede no calendário a data em que estamos: 31 de dezembro de 1944. 

Edgar se dirige até ele. 

Edgar: Está na hora Celso!

Celso se dirige desolado com Edgar até a saída.

Cena 13/ Residência Trajano Ferraço/ Sala de estar/ Noite. 

Dessa vez há uma comemoração mais simples para começar o ano novo, há apenas Regina, as crianças e Eleonora sob a sala conversando com as vozes desfocadas junto à uma sonoplastia de fundo que toca sob o rádio. 

Instrumental: 


Os fogos começam.

Melissa: Mamãe, os fogos de artifício! (se dirige até a varanda)

Carlos corre em direção à Melissa. 

Regina: Cuidado crianças, cuidado! 

Regina e Eleonora se dirigem até a varanda.

Cena 14/ Residência Trajano Ferraço/ Externa/ Noite. 

Close em Regina, Eleonora e as crianças observando o céu sob a varanda. Close nos fogos de artifício sob o céu. 




Cena 15/ Itália/ Campo de batalha/ Noite. 

Os automóveis oficiais chegam ao campo de batalha, atrás à alguns soldados marchando. Além de helicópteros. Os soldados descem dos automóveis e se dirigem até o campo principal, onde ocorre bombas e tiros aos montes junto à diversos inimigos se aproximando. Celso se dirige armado até uma fortaleza. Close no rosto dele. Ele dispara alguns tiros da mesma forma que é atingido. Passam-se alguns minutos, Celso ao se retirar da fortaleza é atingido no ombro. Edgar que estava próximo se dirige até ele com muito cuidado.

Edgar: Celso, Celso, você está bem? 

Celso: Acho que estou... (geme de dor) Ah... 

Edgar ao tentar ajudar Celso a se apoiar, é baleado na cabeça. 

Celso: (grita) Edgar! 

Nesse instante a cena fica em câmera lenta, close na arma de fogo e logo após em Celso. A tela fica preta e se ouve apenas o barulho de um tiro junto à uma sonoplastia de fundo. 

Instrumental: 


Cena 16/ Residência Trajano Ferraço/ Externa/ Noite. 

Enquanto as crianças e Eleonora observam os fogos, Regina começa a ficar inquieta, até que uma rajada de vento forte ocorre e ela sente um calafrio.

Regina: Celso!

Close em Regina preocupada. 

Cena 17/ Bordel Le Blanc/ Quarto/ Noite. 

Close em Laura assistindo os fogos de artifícios junto à uma taça de champanhe na mão sob a varanda. Close na moça.

Cena 18/ Residência Muniz/ Sala de estar/ Noite. 

Enquanto Vicente observa os fogos sob a janela, Helena e Roberto brindam. 

Helena: (levanta a taça) Que um novo ano se inicie! Um ano sem mágoas, sem desavenças, sem intrigas, que mil novecentos e quarenta e cinco se torne um ano próspero e feliz para a nossa família! 

Roberto: (levanta a taça) Que assim seja! 

Eles brindam e se beijam apaixonadamente. Após o beijo, Vicente se dirige até eles e ocorre um abraço em família. Close nos três.

Cena 19/ Residência Trajano Ferraço/ Externa/ Noite. 

Close em Regina preocupada. Melissa e Eleonora não ouviram Regina pronunciar o nome de Celso, apenas Carlos ouviu. 

Carlos: Algum problema mamãe? Por que disse o nome de papai? 

Regina: Não... Não foi nada meu amor, não foi nada... Veja, veja os fogos, nesse ano eles se superaram, ano passado não havia fogos tão bonitos... 

Carlos: É verdade mamãe! 

Close em Eleonora e nas crianças observando os fogos sob a varanda enquanto Regina está aflita e preocupada. 

Cena 20/ Itália/ Campo de batalha/ Noite. 

(cena sem som de vozes ou sonoplastia, apenas a voz desfocada dos homens guerreando junto às bombas sendo explodidas, canhões sendo utilizados e armas disparando)

Cena em câmera lenta. Close em Celso baleado. 

A imagem fica em preto e branco, como se fosse um filme dos anos 40. Gancho em Celso jogado à deriva e a própria sorte, ferido em um país estranho. 

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