JANA
LAURA
GIOVANA
GENIVALDO
ELIETE
PAULO
RAIMUNDA
REBECA
BEATRIZ
JORGE
FÁTIMA
MARIA
PANDORA
RAUL
VANESSA
JÚNIOR
Participação Especial:
CEZINHA, BRENO, RAFAEL, ALDAIR, ENFERMEIRA
CENA 01/ INT/
CASA DA JANA/ SALA/ TARDE
Maria está em pé
diante de Paulo e Pandora ao seu lado.
MARIA
- Vem
Pandora, vamos pro meu quarto.
PAULO
- Vou
fazer um lanche, vocês vão querer?
MARIA
(desconfiada)
- Não... Não estamos com fome, agradecida.
PANDORA
- Com licença!
As duas meninas
rapidamente se afastam de Paulo e se dirigem para o quarto de Maria. Paulo fica
olhando as duas sair com um sorriso e canto de boca.
Vanessa e Rebeca
atravessam a rua, segurando uma mala cheia de roupas, se aproximando do circo.
VANESSA
- Vem Rebeca, ande logo!
Eliete, ao longe,
observa Vanessa e Rebeca indo em direção ao circo, sua expressão e de desconfiança.
ELIETE
- Mas
que diabos tá acontecendo ali?
Eliete se esconde
discretamente e fica observando.
REBECA
(preocupada)
- Valha-me Deus, Vanessa! Isso tá
certo, não né?
VANESSA
- Já conversamos sobre isso. Não te
avexe, mulher! Vai ser feliz. Olhe lá, Júnior já tá lhe esperando.
Júnior vai se aproximando delas todo feliz e dá
um bitoca em Rebeca.
JÚNIOR
- Oxente, cês demorara. Pensei que
não viesse mais. Venha, meu amor!
Vanessa pega nas mãos de Rebeca.
VANESSA
- Seja feliz viu nega? E oh, assim que
puder me manda notícia. Cuide bem dela, viu Júnior.
JÚNIOR
- Deixe tá, cuidarei com todo
prazer. Agora venha, temos que cuidar de tudo para a nossa partida amanhã.
Eliete, ao longe,
observa a cena, seus olhos se arregalam de indignação com o que via.
ELIETE
(profere em voz baixa)
- Essa Vanessa, é mesmo uma cobra,
a serpente do paraíso. Esta fazendo a cabeça da pobre Rebeca. Mas irmã Raimunda
precisa saber disso.
Ela se enfurece e
vai rapidamente atrás de Raimunda.
Jana entra em casa,
cumprimenta o pai, que está sentado na sala.
JANA
(sorrindo)
- Boa noite painho! E Paulo, cadê?
GENIVALDO
- Paulo disse que iria fazer uma
corrida, deve já tá voltando.
JANA
- E Maria? Tá em casa?
GENIVALDO
- Tá no quarto com a aquela
amiguinha dela. Ou melhor, irmã, né?
JANA
- Pro senhor ver, né meu pai? As
duas se conheceram por acaso, sem nem saber se eram irmãs. Preciso conversar
depois com Maria, né?... Mas me diga aí, o senhor foi lá em sua casa? Como foi
o encontro com Eliete?
GENIVALDO
(franzindo a testa)
- Ah, fui lá sim. Eliete tá do
mesmo jeito de sempre. Ficou resmungando lá, me pedindo pra voltar pra casa,
dizendo que o diabo tava me influenciando. Essas coisas que cê já conhece.
Tenho paciência mais não, minha filha. Só peguei minhas coisas e vim embora.
JANA
- O senhor tá certo, viu painho? E
também o senhor pode ficar aqui o tempo que quiser.
GENIVALDO
- Obrigado meu amor.
CENA 04/ INT/ IGREJA CAJADO DA FÉ/ NOITE
Raimunda está no
púlpito, fazendo uma pregação fervorosa para os fiéis na igreja.
RAIMUNDA
- Meus
irmãos e minhas irmãs, temos que aprender que Deus é bom. E tudo o que Ele quer
e que olhamos para ele como filhos, e não como ele fosse um general que irá nos
punir a qualquer momento...
Eliete entra
apressada, se sentando em um dos bancos da frente.
RAIMUNDA
- Temos
que desmanchar essa ideia que formamos de um Deus vingativo. Daquele Deus que tá
ali só esperando nós pecarmos para nos condenar. Isso tá certo não, Deus acima
de tudo é amor...
Vanessa entra
discretamente, escolhendo um banco no fundo da igreja. Eliete, ao notar
Vanessa, fecha a cara. Eliete se aproxima do púlpito e toma o microfone de
Raimunda.
ELIETE
- Com licença, viu irmã Raimunda? Mas
tenho algo muito importante pra dizer. Irmãos e irmãs, ouçam-me bem! Há lobos
em pele de cordeiro entre nós. Hãnhãm! Isso mesmo que cês ouviram meus irmãos...
(apontando para Vanessa)
- Ali está! O joio no meio do
trigo!
Vanessa fica
assustada com a acusação pública.
ELIETE
(continuando)
- Assim como a serpente que seduziu
Eva no Paraíso, essa serpente seduziu a nossa doce Rebeca, lhe encaminhando as
luxúrias e magias do circo!
RAIMUNDA
- Irmã Eliete, contenha-se! O que é isso?
ELIETE
- Deus me revela, e não posso me
acovardar. Não há o que conter irmã Raimunda, não podemos aceitar o pecado. Não
eu sou que eu digo meus irmão, Deus expulsou o homem e mulher do paraíso quando
souberam que pecaram! Tá na palavra! Vamos expulsar esse mal do nosso convívio!
Eliete vai até Vanessa e a arrasta pelo os
braços jogando para fora da igreja. Raimunda tenta ajudar Vanessa, mas é
impedida para a multidão de fiéis que estão furiosas.
ELIETE
- Levantem-se, irmãos! Vamos ao
circo, resgatar Rebeca das mãos do inimigo!
Os fiéis se agitam,
alguns murmuram em concordância, e Eliete lidera uma multidão em uma rebelião,
determinada a resgatar Rebeca do que acredita ser uma influência maligna.
CENA 05/ INT/
CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ NOITE
Maria está sentada
na cama, com seu violão, imersa em sua própria música. Pandora está ao lado,
observando Maria com admiração.
MARIA
(cantando)
“Na noite escura, vejo a luz do luar;
Um sonho que não posso explicar;
No céu estrelado, vejo nosso lugar;
Onde o amor sempre vai reinar.”
Pandora, emocionada, aplaude.
PANDORA
(emocionada)
- Isso foi incrível! Cê tem que
gravar isso, Maria.
MARIA
(insegura)
- Cê gostou mesmo?
PANDORA
- Lógico!
(pegando o celular)
- Cante de novo, vou gravar um vídeo
e por na internet.
MARIA
(desconfortável)
- Não! Por favor, não! Não me sinto
bem em cantar essa música pra outras pessoas. Só compartilhei com cê porque
confio. Cê é minha irmã, né?
PANDORA
- Tudo bem! Mas saiba que não há
nada de errado com essa música, pelo contrário, ela é linda. Mas cê deveria
registrá-la, antes que outra pessoa a reivindique.
Maria guarda o
violão cuidadosamente em um canto do quarto.
MARIA
(curiosa)
- E cê e Darlan como estão?
PANDORA
(rindo)
- Não existe um “eu e Darlan”... Ainda
não, né? Mas tô muito interessada nele, Má. Ele mexe muito comigo,
sabe?
Maria tenta
disfarçar, mas se sente enciumada.
MARIA
- Cê... cê deveria falar essas
coisas pra ele. Quem sabe cês não ficam juntos? Cês dois formam um casal
bonitinho.
PANDORA
(sorrindo)
- Vou criar coragem pra fazer isso.
Quem sabe Darlan não será seu cunhado, né?
Maria sorri sem
graça, tentando esconder seus sentimentos.
MARIA
- Pois é, quem sabe?
CENA 06/ INT/
CIRCO/ NOITE
O picadeiro está
iluminado apenas por luzes fracas e coloridas, criando um ambiente mágico e
romântico. Júnior, com olhos apaixonados, segura as mãos de Rebeca.
JÚNIOR
(apaixonado)
- Rebeca, desde o momento em que lhe
vi aqui naquele dia, que me senti completamente mexido por você.
REBECA
- Oxente, homem, mas nem mexi como
cê. Foi cê que tava querendo me cortar dentro daquela caixa.
JÚNIOR
(rindo)
- Esse seu jeitinho ingênuo é que
me encanta. Nunca conheci alguém tão especial, tão única. Prometo fazer do cê a
mulher mais feliz deste mundo.
REBECA
(temerosa)
- Oh, Júnior! Mas tá certo não, né?
Tudo isso aqui é pecado. Painho vai ficar furioso quando souber.
JÚNIOR
(doce)
- Minha linda, me ouça bem. O que
sentimos um pelo outro é puro e verdadeiro. Não há pecado em amar alguém. E
vamos nos casar, não vamos? Quero casar com cê, é bem aqui, no meio do
picadeiro, abençoado pela magia do circo.
REBECA
(apreensiva)
- Valha-me Deus, mas aí não pode não!
Se magia é pecado Júnior!
JÚNIOR
- Te avexe não, a magia do circo é
diferente. Só é faz de conta, lembra?
Enquanto Júnior
continua a falar, gritos e vozes são ouvidos do lado de fora do circo,
interrompendo o momento romântico. Os dois se olham, preocupados com o que está
acontecendo lá fora.
CENA 07/ EXT/
CIRCO/ NOITE
Uma multidão
enfurecida liderada por Eliete se aglomera em frente ao circo. Com gritos de
raiva e ódio, começam a atacar a estrutura do circo, derrubando tendas e
quebrando objetos.
JÚNIOR
(preocupado)
- O que tá acontecendo? Precisamos
sair daqui!
Rebeca, apavorada,
agarra a mão de Júnior enquanto eles observam a destruição ao redor.
ELIETE
(gritando)
- O fogo purificará esses
pecadores! O fogo limpará este circo imundo! E toda magia, adivinhações, enganações,
feitiçaria cairá por terra!
Eliete acha um
isqueiro e começa a atear fogo na lona do circo. As chamas rapidamente se
espalham, criando um inferno de fumaça e fogo. Júnior
e os demais artistas tentam salvar o que pode, procurando um jeito de apagar o
fogo. Raimunda, ao longe, vê a filha em perigo e
grita.
RAIMUNDA
- Rebeca! Venha minha filha!
REBECA
(gritando)
- Mainha!
Rebeca corre em
direção à mãe, tentando atravessar a confusão e o caos provocados pelo
incêndio. As duas se alcançam e se abraçam.
ELIETE
- Com Deus
não se brinca, seus pecadores! A mão de Deus pesará sobre todos vocês.
CENA 08/ INT/
APARTAMENTO DE BEATRIZ/ NOITE
Beatriz sai do
quarto de roupão e caminha em direção à cozinha.
BEATRIZ
- Espere
só um bocadinho, já volto. Vou só pegar uma coisinha aqui pra nós.
Na cozinha, ela pega
uma garrafa de vinho e duas taças. O interfone toca, ela atende.
BEATRIZ
- Pois não,
Cezinha!
CEZINHA
(off)
- Dona Beatriz, desculpe incomodar,
mas um homem chamado Jorge afirmou que era urgente e entrou no prédio. Não pude
detê-lo.
Beatriz fica boquiaberta.
A campainha toca. Ela abre a porta, e Jorge entra apressadamente, já começando
a falar.
JORGE
(emocionado)
- Precisa lhe ver, não posso mais
esperar!
BEATRIZ
- Mas que isso? Como entra assim em
minha casa?
JORGE
- Por favor, só me ouve. Aguento
mais não, tô disposto a largar tudo e ficar com cê. Depois que cê apareceu,
tudo em minha vida desmoronou. Fátima não pode ter esse filho, é contigo que
quero ter outro filho. Vamos ficar juntos?
Enquanto isso, Breno
aparece na sala de cueca, confuso.
BRENO
(confuso)
- O que esse cara tá fazendo aqui?
BEATRIZ
(sem jeito)
- Jorge, como cê ver agora não é o
melhor momento. Eu... tô um tiquinho ocupada. Podemos conversar depois?
JORGE
(nervoso)
- Pera aí! É isso mesmo, cê vai me
dispensar pra ficar com esse cara? E o que a gente viveu, Beatriz? Tô aqui me
declarando, dizendo que largo tudo por você.
BRENO
- Olha aqui meu brother, cê ainda não
percebeu que cê tá sobrando?
JORGE
- Quem tá sobrando aqui é ocê? Eu e
Beatriz já nos amamos faz muito tempo.
BRENO
- Pois virou passado, agora é
comigo que ela vai ficar. Pelo o que me lembro cê é casado. Se quiser Beatriz
ponho esse cara pra fora agora.
Beatriz bebia
enquanto os dois discutiam, até ela tomou uma decisão.
BEATRIZ
(firme)
- Chega! Os dois, fora daqui agora!
BRENO
- Como é que é?
BEATRIZ
- Os dois pra fora querido, não
ouviu? Cansei dos dois, quero nenhum. Simbora, sai os dois!
Ela expulsa tanto
Jorge quanto Breno do seu apartamento. Após fechar a porta, Beatriz suspira,
pega seu celular e abre o aplicativo Tinder.
BEATRIZ
- Também
não vou ficar sozinha, deixa eu ver se tem alguma coisinha aqui por perto.
CENA 09/ INT/
IGREJA CAJADO DA FÉ/ NOITE
Raimunda entra na
igreja abraçada com Rebeca.
REBECA
(chorando)
- E Júnior,
mainha? Ele pode ter pegado fogo.
RAIMUNDA
- Calma, minha filha. Já foi
chamado os bombeiros, vão cuidar de tudo no circo. Vai ficar tudo bem.
Eliete se aproxima
com uma expressão séria.
ELIETE
(acusadora)
- O inimigo tá lhe cegando, viu
Rebeca? Esse amor mundano é um pecado. Cê tá se desviando do caminho do Senhor.
Aquele não é um lugar de mulher de fé.Deus me mostra em visão cê lá no fogo do
inferno.
REBECA
- Valha- me Deus quero ir pro
inferno, não!
RAIMUNDA
- Irmã Eliete, por favor! Deus não é
esse ódio todo não, viu? O amor e a compreensão são essenciais. Não podemos
julgar e condenar. Precisamos aceitar e amar, como Jesus nos ensinou.
ELIETE
(firme)
- O Pastor Moisés na certa concordaria
comigo, viu irmã Raimunda? Não podemos nos enfraquecer diante das artimanhas do
inimigo. E a senhora é muito fraca na fé. Cuidado viu irmã, quem se apega ao
amor desse mundo, não alcança a morada eterna.
CENA 10/ INT/
HOSPITAL/ LEITO/ NOITE
Raul está deitado na
cama do hospital, visivelmente preocupado, enquanto Giovana se senta ao lado
dele, segurando sua mão com carinho.
RAUL
- Não posso continuar aqui, Giovana.
Meus pacientes precisam de mim.
GIOVANA
- Meu lindo, agora cê precisa
pensar em si mesmo. Está aqui para cuidar de sua saúde. Seus pacientes vão
entender. Eles precisam que cê esteja bem para ajudá-los no futuro.
RAUL
- Mas não posso me ausentar muito. Tenho
um paciente que está com depressão, ele precisa de mim.
GIOVANA
- Não se preocupe, Raul. Vamos
fazer o seguinte, enquanto cê estiver aqui, eu vou cuidar de seus pacientes? Que
cê acha? Cê precisa se concentrar em se recuperar.
RAUL
- Fico muito agradecido. Mas e o
CAMPA?
GIOVANA
- Kira tá lá cuidando do CAMPA.
Ele disfarça, mas há
um leve traço de ciúmes em seu olhar ao ouvir o nome de Kira.
CENA 11/ EXT/
CIRCO/ NOITE
O ambiente ao redor
do circo está caótico, com parte da lona incendiada. Júnior, visivelmente
abalado, está recolhendo algumas coisas do chão, quando seu pai se aproxima.
ALDAIR
(duro)
- Escute Júnior, quero cê longe
dessa garota, viu? Esses crentes só nos trouxe problemas.
Júnior, com os olhos
cheios de tristeza, balança a cabeça concordando com o pai, sentindo o peso das
palavras dele.
JÚNIOR
(triste)
- Eu sei, meu pai... Iria fazer a
maior besteira me casando com Rebeca. Não iria dá certo não.
ALDAIR
(sério)
- Arrume o que dá pra aproveita e
vamos seguir o nosso caminho. Vamos recomeçar bem longe daqui.
JÚNIOR
(resignado)
- Senhor tá certo, painho. Ainda
vamos ter é muito trabalho pela frente.
Júnior começa a
recolher suas coisas, Aldair olha para ele com uma expressão preocupação.
CENA 12/ INT/
CLÍNICA BIO IN VITRO/ SALA DE EXAME/ DIA
Beatriz entra na
sala de exame, onde Fátima está deitada em posição ginecológica, pronta para o
procedimento de inseminação. Beatriz sorri gentilmente.
BEATRIZ
- Como cê tá se sentindo, Fátima?
Pronta para começarmos?
FÁTIMA
(nervosa)
- Tô bem, só um pouco ansiosa,
sabe?
Enquanto Beatriz
começa o procedimento de inseminação, Fátima desabafa.
FÁTIMA
- Jorge, se perfumou todo e saiu.
Tenho certeza de que foi atrás da amante dele. Mas tenho pra mim que algo deu
errado, ele voltou todo triste, cabisbaixo. Alguma coisa aconteceu por lá.
Beatriz continua o
procedimento com cuidado, tensa com o desabafo de Fátima.
BEATRIZ
- Tente não se preocupar com isso
agora, Fátima. Vamos nos concentrar no procedimento.
FÁTIMA
(decidida)
- Olhe Dra. Beatriz, vou descobrir
quem é essa amante de Jorge, viu? E ela não vai escapar impune por destruir meu
casamento. Vou fazer ela se arrepender do dia que cruzou o caminho e homem
casado.
Beatriz arregala os
olhos, apreensiva. Finaliza o procedimento de inseminação e sorri para Fátima,
tentando disfarçar.
BEATRIZ
- Pronto, está feito. Agora, cê
precisa descansar um pouco. Estarei por perto se precisar de qualquer coisa, certo?
Vamos torcer para que dê tudo certo.
Fátima assente,
enquanto Beatriz a deixa para que ela descanse.
CENA 13/ EXT/
CIRCO/ DIA
O circo está
completamente pronto para partir. Os artistas estão ocupados com os últimos
preparativos. Rebeca se aproxima do local. Júnior percebe Rebeca se aproximando
e seus olhos se encontram, carregados de emoções não ditas. Antes que eles
possam trocar palavras, Aldair intervém com desaprovação.
ALDAIR
(com firmeza)
- Júnior, simbora! Tem mais nada
pro cê aqui. Temos um espetáculo para realizar e não precisamos de distrações.
Júnior olha para
Rebeca com pesar. Relutante, Júnior segue seu pai, deixando Rebeca para trás. O
circo começa a se movimentar, e Rebeca fica parada, assistindo com tristeza
enquanto o homem que ama parte.
CENA 14/ INT/
HOSPITAL/ LEITO/ DIA
Raul, visivelmente
preocupado, está deitado na cama do hospital. Rafael está ao lado dele,
segurando alguns papéis e preparado para explicar a situação.
RAUL
(preocupado)
- Doutor, me diga a verdade. Quais
são as minhas reais possibilidades?
RAFAEL
(com calma)
- Raul, o tratamento vai começar
com o primeiro ciclo de quimioterapia. Tudo vai depender das características da
sua doença, e da resposta que ela vai ter a quimioterapia. No entanto, o
sucesso do tratamento pode variar de pessoa para pessoa. Você tem um tipo de
leucemia aguda, o que torna o tratamento mais desafiador, mas não impossível...
Você tem irmãos?
RAUL
- Não. Parente mesmo só um tio e
alguns primos distantes que vivem no interior. Minha família é pequena.
RAFAEL
- A possibilidade de encontrar um
doador compatível nos bancos de medula, é sempre muito difícil. No entanto, não
perderemos a esperança. Vamos realizar os testes e explorar todas as
possibilidades.
CENA 15/ INT/
HOSPITAL/ DIA
Raul está deitado em
uma cadeira reclinável, com uma pequena mesa ao lado onde estão posicionados
alguns equipamentos médicos. Uma enfermeira está ao lado dele, preparando os
medicamentos para a quimioterapia.
RAUL
- Vai doer?
ENFERMEIRA
- Cê vai sentir um leve desconforto
quando a medicação começar a entrar, mas estaremos aqui para monitorar e
ajustar conforme necessário.
A enfermeira começa
a administrar a quimioterapia intravenosa enquanto Raul fecha os olhos,
respirando fundo para se preparar para o procedimento.
Obrigado pelo seu comentário!