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O PREÇO A SE PAGAR - CAPITULO 16

 



Cena 01/Igreja/Int/Tarde

A igreja está vazia. Rebeca, toda de preto, usando um véu no rosto, está perto do caixão de Januário. Ela se despede dele. Quando a porta se abre, entra uma luz branca, forte. Pedro aparece, vindo dessa luz. Pedro dá alguns passos e para. Fica observando Rebeca.

Rebeca - Pedro! Você veio!

Rebeca e Pedro ficam se olhando. Pedro não diz nada. Um caminha em direção ao outro. Até que param bem perto. Rostos quase colados. Um sente a respiração do outro.

Pedro - Nunca te esqueci.

Rebeca - Nem eu!

Rebeca e Pedro se aproximam mais. Seus lábios quase se encontram, quando Rebeca volta a si.

 Continuação da última cena do capítulo anterior.

Pedro - Me ajudem!

Rebeca esboça reação de se aproximar de Pedro. Jeferson, que está perto dela, segura seu braço

Jeferson – Você não vai!

Rebeca - Vou ajudar a jovem que está nos braços dele, Jeferson!

Rebeca encara Jeferson, que a contragosto lhe solta. Moisés, Marinho se aproximam de Pedro, ajudando-o a carregar Beatriz. Rufino se aproxima de Pedro. Mas sua atenção está em Beatriz. Ele fica magnetizado com a jovem.

Rufino - Quem é ela?

Rufino acaricia o rosto angelical de Beatriz.

Pedro - Não sei pai... não sei!

Rebeca se aproxima.

Rebeca - O que aconteceu?

Os olhos de Pedro e Rebeca se cruzam. Instantes.

Rufino - Não precisamos da sua ajuda, Rebeca.

Rebeca - Sou médica, Rufino. É Minha obrigação ajudar quem está precisando de socorro.

Pedro - Ela desmaiou nos meus braços.

Rebeca - Vamos leva-la pro posto, onde eu possa examina-la melhor!

Jeferson – Eu vou com vocês!

Rebeca, Pedro, Rufino, Marinho, Moisés e Jeferson seguem pro posto de saúde.

Padre - Meu Deus, o que mais pode acontecer nesse velório?!

Represente – Acho melhor enterrar logo. Como o Rufino falou, logo vai começar a cheirar mal...

Padre se benze.

Padre – Padre Januário não merecia passar por isso. Mas enfim... Que assim seja feito!


Cena 02/Posto de saúde/Sala observação/Int/Tarde

Beatriz está na maca. Rebeca lhe examina. Pedro perto delas. Enquanto Rebeca examina, não consegue deixar de lançar olhares para Pedro, que se mostra angustiado com a situação de Beatriz.

Pedro - Ela vai ficar bem, Rebeca?

Rebeca - Seu estado clínico é bom. Parece que ela está apenas dormindo...

Pedro - (estranha) Dormindo?

Rebeca - Sim! Dormindo!

Pedro passa mão no rosto de Beatriz. E nesse momento, acaba esbarrando na mão de Rebeca. Os dois se olham.


Cena 03/Jandaia/Praça/Ext/Tarde

Narcisa vem caminhando, passando pela praça, indo em direção a casa de Rufino.

Narcisa – Os dois se reencontraram! Meu Deus do céu! Isso ainda vai dar muito pano pra manga... Tem uma pessoa que precisa saber disso urgentemente!


Cena 04/Posto de saúde/Recepção/Int/Tarde

Rufino está perto da imagem, no altar, rezando. Jeferson muito nervoso, não consegue disfarçar sua insatisfação com a volta de Pedro. Moisés e Meirinho se aproximam de Jeferson.

Jeferson – Ele não devia ter voltado. Não podia ter voltado!

Jeferson bate com a mão na parede, bravo.

Moisés - Procure se acalmar, Jeferson. Ficar assim não vai adiantar nada.

Jeferson – O senhor quer que eu fique de que jeito, seu Moisés? O Pedro está de volta!

Moisés - Você vai se casar com a Rebeca. Ela gosta de você. E é isso que importa!

Meirinho – Não se esqueça, Jeferson: o Pedro é um padre e nada mais pode acontecer entre eles.

Jeferson – Não tenho tanta certeza disso!

Rufino – Meu filho é um homem santo. Livre de todos os pecados, maldades desse mundo. E nada, nem ninguém vai desvirtua-lo. A Rebeca pode até tentar, mas não vai conseguir, pois nem Deus, nem eu vou deixar que isso aconteça!

Jeferson – (pra si) E nem eu!


Cena 05/Posto de saúde/Sala de observação/Int/Tarde

Pedro retira rápido sua mão, envergonhado, sem jeito. Rebeca retira sua luva e volta-se para Pedro.

Pedro - Desculpa.

Rebeca - Não sou nem um monstro, que você não possa tocar, Pedro.

Pedro - Eu sou um padre, Rebeca. Tudo agora é diferente.

Rebeca - E por isso você não pode mais encostar em mim?

Pedro - Como padre sim. Mas como homem.../

Rebeca - Por que tinha que ser assim, Pedro?

Pedro - Era nosso destino!

Rebeca - Não era! Nosso destino era ficarmos juntos.

Pedro - É Deus quem conduz nosso caminho.

Rebeca - Eu te esperei, esperei... achei que você voltaria pra mim. Mas você não voltou!

Pedro - Nada mais será como antes, Rebeca. Nada!

Rebeca - Eu ia até a sua ordenação, ver com meus próprios olhos você se tornando padre. Mas eu sofri um acidente.

Pedro - Eu soube. E fiquei muito preocupado, Rebeca.

Rebeca - Nada me aconteceu.

Pedro - Mas o que você iria fazer lá?

Rebeca - Saber se você iria realmente se tornando padre, depois de me ver. Se seu coração não falaria mais alto e largaria tudo pra.../

Pedro - (corta) Ficar com você?

Rebeca - Sim. Como nos planejamos. Casar e sermos muito feliz.

Pedro - Tudo tem um fim. E o nosso chegou mais cedo do que queríamos.

Rebeca - Culpa do seu pai. E sua também, Pedro. Se você me amasse, de verdade mesmo, como me disse várias vezes, tinha largado tudo, enfrentado seu pai e ficado comigo.

Pedro - Para, Rebeca. Chega! Não quero mais falar sobre isso.

Rebeca - Só me responde uma última coisa, Pedro: você ainda me ama?






Cena 06/Casa Rufino/Sótão/Int/Tarde

Narcisa e Eva.

Eva – (feliz, sem acreditar) O Pedro voltou? Meu filho está em Jandaia?

Narcisa – Está tão lindo, Eva. Entrou naquela igreja, como se fosse um anjo, uma visão...

Eva – (emocionada) Meu Deus! Não consigo nem acreditar que meu filho está perto de mim de novo. (triste) Tão perto e tão longe!

Narcisa – Se alegre. Pense por outro lado. Quem sabe Deus ajuda e um milagre acontece de vocês se encontrarem.

Eva – Eu e o Pedro somos como a lua e o sol. Não podemos estar juntos no mesmo momento, na mesma ocasião. Quando um está, o outro não pode aparecer. O Rufino já deixou bem claro pra mim o que acontece se o Pedro descobrir que eu, sua mãe, não morri, como ele e todos dessa cidade acreditam!

Narcisa – Sofro tanto com a senhora falando essas coisas... queria tanto fazer alguma coisa!

Eva – Você já faz de mais por mim, minha amiga! (t) Mas me diga, onde meu filho está agora?

Narcisa – Está com a Rebeca!

Eva – (surpresa) Como é?

Narcisa - Os dois estão juntos, se reencontraram.

Eva – Mas como foi isso?

Narcisa – Eu vou contar tudo...

Narcisa começa a falar sem áudio. Eva muito atenta, sem esconder a felicidade diante da notícia que acaba de receber.


Cena 07/Posto de saúde/Sala de observação/Int/Tarde

Continuação da cena 05; Pedro e Rebeca.

Rebeca - Responde, Pedro... você ainda me ama?

Pedro desvia seu olhar. Rebeca vai até ele e o vira pra si.

Rebeca - Responde olhando nos meus olhos.

Pedro olha pra Rebeca. Instantes.

Pedro - Amo! (t) Amo como amo uma pessoa muito especial pra mim, como meu pai, a Narcisa, padre Januário...

Rebeca - Você entendeu minha pergunta, Pedro. Quero saber se você me ama como mulher. Se ainda existe esse amor no seu coração.


Cena 08/Posto de saúde/Recepção/Int/Tarde

Jeferson, Marinho, Moisés e Rufino, que está rezando.

Jeferson – Chega. Já demorou demais esse exame.

Rufino - Eu também acho. Vamos entrar, antes que aquela devasse, tente alguma coisa contra meu filho.

Moisés - (engrossa) Olha como você fala da minha sobrinha, Rufino! Não me faça perder o respeito que tenho pelo senhor.

Rufino - Posso até ter usado uma palavra forte. Mas não retiro o que eu disse!

Rufino caminha em direção a sala de observação, seguido por Jeferson.

Marinho – Esse prefeito...

Moisés - Não sei quem é pior. Se é ele ou a beata Zinha.

Marinho – Se morderem a língua, morrem com o próprio veneno!


Cena 09/Posto de saúde/Sala observação/Int/Tarde

Continuação da cena 07. Rebeca encara Pedro.

Rebeca - Fala alguma coisa, Pedro. Quero saber o que ainda se passa no seu coração sobre mim. Sobre nos dois...

Pedro – Eu... eu.../(corta)

Nesse momento Rufino e Jeferson entram.

Rufino - Alguma coisa de errado com a jovem?

Rebeca - Não. Ela apenas está dormindo. Como a Cinderela, do conto de fadas.

Jeferson – Então podemos ir embora. Enterrar padre Januário, que já não deve estar mais aguentando ficar naquela igreja...

Rebeca - Antes de ir, quero saber uma coisa, Pedro.

Pedro fica temeroso, diante da pergunta de Rebeca.

Pedro - É melhor irmos embora.

Rebeca - Onde você a encontrou?

Pedro - Nem você e nem ninguém vai acreditar se eu contar.

Rebeca - Fala. Um padre nunca mente!

Pedro sente o peso da frase de Rebeca.

Pedro - Ela veio do céu!


Cena 10/Casa Rufino/Quarto hospedes/Int/Tarde

Beatriz está na cama, dormindo. Narcisa, Pedro e Rufino lhe observam.

Narcisa – Parece uma anja.

Rufino - Um santa, Narcisa.

Narcisa – Nunca vi uma menina tão bonita como essa.

Pedro - Pra mim ela é uma anja, que veio do céu com uma missão.

Narcisa – Missão?

Pedro - É, Narcisa. Nosso encontro não foi à toa. Só precisamos esperar que ela acorde, pra que nos conte tudo.

Narcisa – Podem ir pro enterro, que eu cuido dela.

Rufino - Não vamos nos demorar.

Rufino e Pedro saem. Narcisa se aproxima mais da cama e observando Beatriz, faz o sinal da cruz.


Cena 11/Casa Rufino/Corredor/Int/Tarde

Pedro e Rufino vêm caminhando do quarto, seguindo pelo corredor. Pedro para de rompante.

Rufino - Que foi, meu filho? Aconteceu alguma coisa?


Cena 12/Casa Rufino/Sótão/Int/Tarde

Eva está ajoelhada no chão, observando Pedro por um buraco.

Eva – (emocionada) Meu filho!


Cena 13/Casa Rufino/Corredor/Int/Tarde

Através de um buraco no forro do teto, vemos os olhos de Eva, observando Pedro.

Pedro - Não sei... uma sensação estranha. Como se alguém tivesse me observando!

Quando Pedro olha pra cima, Eva se afasta rapidamente.

Pedro - Esse sótão...

Rufino - O que tem, Pedro?

Pedro - Sempre foi tão misterioso pra mim.

Rufino - É porque não tem nada de importante pra se ver lá. Agora vamos, que se demorarmos mais um pouco, chegaremos pra missa de sétimo dia.

Pedro - O senhor tem razão. Vamos!

Pedro caminha na frente. Rufino olha pra cima e vê os olhos de Eva, que ao perceber que Rufino lhe olha de volta, se afasta. Rufino fecha a cara.


Cena 14/Cemitério/Int/Tarde

Todos os personagens presentes. Pedro, Rufino, Jeferson, Moisés, seguem levando o caixão de Januário. Corta para a lapide, com a foto de Januário, mostrando sua data de nascimento e a data da sua morte. Uma gota de chuva caí em cima da lápide, como se fosse uma lágrima, vinda do céu. No lugar onde a lágrima caiu na terra, uma pequena, singela e bonita flor branca nasce. Instantes.


Cena 15/Jandaia/Ext/Noite

Corta para:


Cena 16/Delegacia/Int/Noite

Patrício está sentado em sua cadeira, pensativo.

Insert da cena:

Vladimir – (grita) Foi você quem matou padre Januário.

Vladmir acusa Licurgo, que se assusta. Momento. Reação de todos, buchicho.

Licurgo – Eu... eu não fiz nada disso!

Patrício se aproxima.

Patrício – Para com isso, pai. Não fala besteira!

Vladimir – Matou... matou, sim.

Moisés - Não bastasse achar que é Napoleão, agora mais essa!

Vladimir – Padre Januário me disse cá, ao pé do ouvido. Foi veneno!

Fim do insert.

Patrício – Não pode ser verdade! Mas se for, então um crime aconteceu em Jandaia. E eu, como delegado, terei que investigar.

    FIM DO CAPÍTULO 16





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