JANA
LAURA
GIOVANA
PAULO
BEATRIZ
JORGE
FÁTIMA
KALEB
MARIA
PANDORA
DARLAN
KIRA
Participação Especial:
VINÍCIUS, RECEPCIONISTA do motel, TURMA da suruba.
CENA 01/
INT/ BOUTIQUE DA RAVENA/ TARDE
Kaleb e Laura vão saindo da delegacia, ela
agradece ele por está ajudando-a. Ele fala que ela não tem o que agradecer, ele
é advogado e esse é o trabalho dele. E ele fala que se sente em dívida com ela,
pelo o que aconteceu no passado. Os dois conversam sobre todos os acontecidos.
LAURA
- Muito obrigada, viu Kaleb? Que
bom cê concordou em me ajudar. Mas oh, não se preocupe, vou pagar seus
honorários tudo certinho.
KALEB
- A gente ver isso depois. Eu tinha
que lhe ajudar, me sentia em dívida com cê. No passado acho que fui um babaca
em querer te esforçar a casar comigo.
LAURA
- Realmente cê foi um tremenda de
um babaca. Mas que bom que o tempo passa, né? Mas diga aí, o que cê fez de sua vida?
Casou? Teve filhos?
KALEB
- Casei sim, mas não tive filhos,
ainda bem. Casei com Dalila, lembra dela?
LAURA
- Ah meu Deus! Uma chatinha, uma
insuportável que era doida por tu?
KALEB
(rindo)
- Ela mesmo. Meu casamento com
Dalila foi um verdadeiro inferno. Ela pegava no meu pé de todas as formas que
cê imaginar. Me cobrava, tinha ciúme de qualquer menina que chegasse perto de
mim... E olha que sempre fui fiel, dedicado às coisas da igreja. Eu era fiel,
mas ela não. Dalila é uma tremenda hipócrita, enquanto eu trabalhava ela saía
pra ruas e acabava ficando com os caras. Tem gente que até diz que ela fazia
programa.
LAURA
- Mentira? Sério mesmo Kaleb?
KALEB
- Os vizinhos começaram a me
alertar, mas não queria acreditar, né? Até cheguei em casa um dia e me
surpreendi ao ver ela com dois caras em nossa cama. Aí não tinha como, foi o
fim. O bom que não tivemos filhos.
CENA 02/ INT/
COLÉGIO CENTRAL/ SALA DE AULA/ DIA
Maria está concentrada em arrumar sua mochila
quando Darlan se aproxima.
DARLAN
(sorrindo)
- Oi, Maria! Como cê tá? Podemos conversar um pouco?
Maria evita o olhar de Darlan e se afasta.
Observando a situação, Pandora se aproxima de Darlan.
PANDORA
- Calma Darlan, é melhor dá um tempo pra ela.
DARLAN
- Ele deve tá ameaçando ela,
Pandora. Maria não iria nos tratar assim, do nada.
PANDORA
- Também pensei nisso.
DARLAN
- Precisamos fazer alguma coisa,
viu? Não podemos simplesmente assistir enquanto Maria sofre nas mãos desse cara.
PANDORA
- Mas tudo que temos são só desconfianças,
Darlan. A gente não tem certeza de nada, e muito menos provas. Iremos fazer o
quê diante disso?
DARLAN
- Não sei, mas temos que fazer
algo. A verdade é que tô completamente apaixonado por Maria. Não dá pra ver ela
me tratando dessa forma e ficar de braços cruzados.
PANDORA
(sem graça)
- Já notei que cê gosta muito dela.
DARLAN
- Eu tentei gostar do cê, Pandora. Mas ninguém manda no coração, né?
PANDORA
- Ei, tá tudo bem. Já superei isso.
DARLAN
- De verdade?
PANDORA
- Fiquei magoada no início, é
claro. Mas bola pra frente, a vida continua, né?
(lembrando)
- Já sei Darlan!
DARLAN
- Que foi?
PANDORA
- Maria tem um diário, se alguma
coisa vem acontecendo ela deve escrever nele. A gente precisa ver esse diário.
DARLAN
- Mas vai ser meio difícil agora cê
entrar na casa dela, ela nem quer falar contigo. Comigo então, nem se fala.
PANDORA
- Precisamos contar pra mãe dela,
só ela poderá pegar o diário de Maria.
CENA 03/ INT/
CASA DO JORGE/ SALA DE ESTAR/ DIA
Fátima, com uma expressão de frustração, se
aproxima de Vinicius, que está concentrado em seu celular.
FÁTIMA
(confusa)
- Oxente, Vinícius, tô aqui
tentando hackear seu pai, mas não tô conseguindo. Tá pedindo pra me conectar de
novo. Vê aqui, meu filho.
VINÍCIUS
- Claro né, mainha. Depois daquele
auê todo, painho pediu pra me ensinar a desconectar.
FÁTIMA
(indignada)
- E tu vai lá e ensina, é?
VINÍCIUS
(calmo)
- Relaxa, viu minha mãe? Conheço outro aplicativo, bem melhor. Esse aqui não só
clona o celular, mas também permite ver tudo. Mensagens, chamadas, tudo mesmo.
Mas já lhe adianto, é pago, viu?
FÁTIMA
- Mas é mesmo? E como é que cê sabe dessas tramoias todas, hein?
VINÍCIUS
(sorrindo)
- Acha que fico o tempo todo no
celular fazendo o quê?
FÁTIMA
- Tô de olho no senhor, viu? Mas venha cá, me ajude aqui. Quero instalar esse aplicativo. Se seu pai pensa que vai me fazer de besta, ele tá muito enganado.
CENA 04/ INT/
CASA DA RAVENA/ SALA DE ESTAR/ DIA
Kaleb está sentado em uma poltrona, enquanto
Laura está à sua frente.
KALEB
- Agora Laura, seja sincera e me
diga a verdade. Era cê mesmo que tava no volante daquele carro?
Laura pausa por um momento, pesando suas
palavras antes de responder.
LAURA
- Não, Kaleb. Quem tava dirigindo
era Ravena, e não foi um acidente, ela atropelou Maciel porque quis.
KALEB
- Confesso que não me surpreendo,
já suspeitava disso. Mas deixa eu lhe dizer uma coisa, é importante que cê
conte direitinho essa história no julgamento.
LAURA
(preocupada)
- Não quero prejudicar Ravena, sei
que tudo o que ela fez foi pra me ajudar.
KALEB
- Oh Laura, se cê não contar a
verdade vai se prejudicar ainda mais. E com todo respeito, viu? Se Ravena
tivesse mesmo preocupada com cê, ela não teria fugido e deixado toda
responsabilidade em suas costas.
LAURA
- Sei bem de tudo isso. Mas me
entenda, se não fosse Ravena me ajudando esses anos todo nem sei o que seria de
mim.
KALEB
- Uma coisa não justifica outra, né
Laura? Mas uma pergunta, só pra entender melhor a situação. Cê por acaso sabe
do paradeiro de Ravena?
LAURA
- Sei não. Isso Ravena não me
contou.
KALEB
- Olhe Laura é importante que cê
diga a verdade, viu? Só assim vou poder fazer meu serviço direito e lhe ajudar.
LAURA
- Vá bem, vou lhe contar tudo
exatamente como aconteceu...
(respirando fundo)
- Cê tá certo Kaleb, posso lhe
esconder nada não. Eu sei donde Ravena tá.
CENA 05/ EXT/
RUA/ TARDE
Pandora está parada no ponto de ônibus, olhando
seu celular enquanto espera. Um taxi se aproxima lentamente. Paulo para o carro
ao lado de Pandora e abaixa o vidro.
PAULO
(sorrindo)
- Oi! Pandora, né isso? Venha,
entre, lhe dou carona.
PANDORA
- Obrigada, não precisa meu ônibus
já tá chegando.
PAULO
- Deixe de bestagem menina, entre.
Venha, vamos tomar um sorvete ali. Preciso muito conversar com cê, é sobre
Maria.
Pandora franze a testa, suspeitando das
intenções dele. Ela pondera por um momento, hesitante, antes de concordar.
PANDORA
(desconfiada)
- Vá bem, só não vou poder demorar muito, viu?
PAULO
- Se preocupe não, nosso papo vai
ser rápido.
Paulo abre a porta do carro, Pandora entra com
cautela, mantendo sua guarda alta, enquanto eles partem em direção à sorveteria.
CENA 06/ INT/
CLÍNICA BIO IN VITRO/ CONSULTÓRIO DE BEATRIZ/ TARDE
Beatriz está sentada à sua mesa, concentrada em
seu trabalho, quando seu celular vibra com uma mensagem de WhatsApp. Ela franze
a testa ao ver a mensagem e percebe que é de Jorge.
BEATRIZ
(sussurrando sozinha)
- Beatriz sua louca, o que cê tá
fazendo? Oh tentação!
CENA 07/ INT/
FEIRA DE SANTANA/ CASA DO JORGE/ QUARTO DO CASAL/ TARDE
Fátima está de pé ao lado da cama, mexendo em
seu celular.. Seus olhos se arregalam enquanto ela processa a informação
reveladora na tela do telefone.
FÁTIMA
(sussurrando pra is mesma)
- Então é ela? Dra. Beatriz é a amante de Jorge. E eu feito uma abestalhada
desabafando com ela.
(com ódio)
- Mas não vou deixar eles ficarem juntos, mas é nunca!
CENA 08/ INT/
SORVETERIA/ TARDE
Paulo e Pandora estão sentados em uma mesa na
sorveteria, enquanto tomam sorvete. Pandora olha para Paulo, seus olhos
mostrando uma mistura de desconfiança e curiosidade enquanto ele começa a
falar.
PAULO
- Sabe, Pandora, eu costumava vim muito aqui com Maria quando ela era pequena.
Ela adorava esse lugar.
Pandora, ainda cautelosa, assente, esperando
descobrir o motivo por trás desse encontro inusitado.
PAULO
(mais sério)
- Mas o tempo passa, né mesmo? E os filhos crescem. Tudo bem que Maria não é
minha filha de sangue, mas eu a amo como se fosse. E ando muito preocupado com
ela, não sabe? Ela sempre foi tímida e reservada, no cantinho dela. Mas
ultimamente, tenho notado que ela anda se trancando ainda mais no quarto. Não
sei como me aproximar de minha filha, Pandora. Essa que é a verdade.
PANDORA
- Não sei onde posso lhe ajudar.
PAULO
- Não sei. Cê é da idade de Maria,
pensei que pudesse me ajudar de alguma forma... Olhe Pandora, esse aqui que vos
pede é um pai desesperado que só quer se aproximar de sua filha.
Pandora fica em dúvida, sem saber se deve
confiar nele completamente ou não.
PANDORA
- Está bem, vou lhe ajudar. Não sei
como, mas vou conversar com Maria.
PAULO
- Ficarei muito agradecido com isso, viu? Agora termine seu sorvete, como lhe
prometi, vou lhe deixar em casa.
CENA 09/ EXT/
APT DA KIRA/ SACADA/ NOITE
Kira está de pé na sacada do seu apartamento,
segurando o telefone, um sorriso radiante em seu rosto enquanto conversa com
Giovana.
KIRA
(ao telefone)
- Gih, que saudade! Que bom que cê
ligou, viu? E quando cê vai aparecer?
GIOVANA
(off)
- Vou aparecer mais cedo do que cê possa
imaginar, minha linda. E, aliás, adoro quando cê veste esse vestido.
KIRA
- Esse vestido? Jura que cê gosta?
Oxe, mas como...?
Kira fica confusa por um momento,
antes de olhar para baixo, surpreendendo-se ao ver Giovana logo abaixo da
sacada.
KIRA
(atônita)
- Cê tá é aí embaixo?
Giovana, com um sorriso travesso, pergunta
provocativamente.
GIOVANA
(divertida)
- Oh mulher, vai me deixar aqui embaixo mesmo?
KIRA
(sorrindo)
- Claro que não! Sobe logo sua bandida!
CENA 10/ INT/
CASA DA JANA/ COZINHA/ NOITE
A cozinha está agitada, com Jana mexendo nas
panelas com pressa, preparando o jantar. Maria está ao lado, cortando algumas
verduras. Paulo entra na cozinha, chamando a atenção de Jana.
JANA
(apressada)
- Oi meu amor! Que bom cê já chegou. Tô aqui avexada com umas panelas no fogo,
menino. Mas a janta já tá quase pronta,
viu?
(virando-se para Maria)
- Termina de cortar isso aí filha,
e já pode jogar aqui dentro. Ainda vai trabalhar hoje, Paulo?
PAULO
- Vou sim, ver se consigo umas duas corridas
pra fechar meu dia... Ah, encontrei sua irmã, Maria.
Maria fica subitamente tensa ao ouvir a menção
a Pandora.
PAULO
(sorrindo)
- Pandora é uma menina de fibra, bonita, inteligente. Olhe, gostei muito dela,
viu? Até a convidei pra tomar sorvete, lá naquela sorveteria que cê gosta.
JANA
(sorrindo)
- Oxente, e foi mesmo? E porque não
levou Maria com cês?
PAULO
- Mas eu chamei, não foi Maria? Ela
que não quis sair comigo. Pois Pandora não pensou duas vezes, foi toda animada.
JANA
(sorrindo)
- Daqui a pouco cê tá adotando
Pandora como sua filha também.
MARIA
(saindo chateada)
- Já coloquei os legumes na panela,
viu minha mãe? Tô indo pro meu quarto.
JANA
- Oxe! Acho que ela ficou foi com
ciúme do cê, viu Paulo?
PAULO
(sorriso cínico)
- Será? Vou lá levar um dedinho de
prosa com ela.
CENA 11/ EXT/
RUA/ EM FRENTE DA CLÍNICA BIO IN VITRO/ NOITE
Beatriz vai saindo do carro e se aproxima do
carro de Jorge.
BEATRIZ
- Cê é mesmo um abusado, viu seu
indecente? Não era cê mesmo que disse não iria mais me procurar, porque agora
tava levando seu casamento mais a sério.
JORGE
- E não devia mesmo, mas quem
resiste aos seus encantos, Beatriz? Tô aqui louco de tesão, doidinho pra lhe ter
de novo em meus braços.
BEATRIZ
- Oxente, e quem disse que vou contigo?
Queria me ver, não queria? Pois então, já
viu. Agora vá cuidar de sua mulher que ela tá precisando de tu.
JORGE
- Vamos esquecer Fátima por um
momento? Venha cá, venha. Entre no carro vamos ali vadiar um tiquinho.
BEATRIZ
- Se sua pegada não fosse tão boa,
juro que resistia um pouco mais. Essa será a despedida, viu? Não me tente mais.
Beatriz entra no carro de Jorge e os dois
partem.
CENA 12/
INT/ CARRO DE FÁTIMA/ NOITE
Fátima está dentro de seu carro, parado do
outro lado da rua, só observando o movimento dos dois. Ela mantém uma distância
segura enquanto os segue.
CENA 13/
EXT/ RUA/ NOITE
Os carros continuam em movimento, e Fátima os
seguem. Conforme se aproximam de um motel, Fátima fica ainda mais indignada. O
carro de Jorge com Beatriz adentra o motel. Após um tempo, Fátima sai de seu
carro e se aproxima da recepção do motel.
CENA 14/ INT/
MOTEL/ RECEPÇÃO/ NOITE
FÁTIMA
(furiosa)
- Cê não tá entendendo, moça. Meu marido acaba de entrar aqui com uma amante!
RECEPCIONISTA
- Sei bem minha senhora. Mas nada
posso fazer viu? Tenho nada a ver com a vida pessoal dos clientes.
FÁTIMA
- Parabéns, viu? Onde é que tá a sororidade
feminina?
RECEPCIONISTA
- Desculpe, mas não posso fazer
nada.
Fátima se afasta e murmura sozinha.
FÁTIMA
- Mas vou dá um jeito, hoje Jorge não me escapa.
CENA 15/ INT/
CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ NOITE
Maria está sentada em sua cama, amedrontada. Paulo
entra no quarto o que deixa Maria apreensiva.
PAULO
(cínico)
- Já que cê não quer mais brincar comigo, Maria, agora vou me divertir com sua
irmãzinha.
MARIA
(suplicante com lágrimas nos olhos)
- Por favor, painho, tô fazendo tudo o que senhor me pediu. Me afastei de
Darlan e de Pandora. Por gentileza lhe peço, não machuque Pandora.
Paulo, com um sorriso sarcástico, se aproxima
de Maria.
PAULO
(irônico)
- Mas que isso? Cê sabe que não machuco ninguém, minha linda. Só dou
carinho. Agora vou lhe dizer uma coisa, viu Maria? Cê é uma ingrata. Pandora,
ao contrário, parece ter gostado muito de mim. Logo a gente vai tá vadiando por
aí.
(passando a mão pelo cabelo de Maria)
- Mas cê sabe que cê é minha
princesinha, né? E sou tô indo atrás de sua irmã e porque cê não me quer.
Maria chora, sentindo-se completamente impotente
diante das ameaças de Paulo.
CENA 16/ INT/
APT DA KIRA/ SALA/ NOITE
As duas estão sentadas no sofá enquanto
conversam.
GIOVANA
- O papo tá bom, mas já tá ficando
tarde, preciso ir embora.
KIRA
- Sério? Poxa, pensei que fosse passar a noite aqui comigo.
GIOVANA
- Eu queria muito, mas ainda não posso.
Kira toca o rosto de Giovana suavemente, seus
dedos traçando contornos delicados.
KIRA
(paciente)
- Eu lhe entendo. Esperarei o tempo que for necessário.
Giovana sorri, segura a mão de Kira, seus olhos
suplicantes.
GIOVANA
(se
declarando)
- Acredite em mim, viu? Quero isso tanto quanto cê. Mais do que cê pode
imaginar.
Kira fica emocionada com as palavras de Giovana.
Elas se aproximam lentamente e finalmente, elas se beijam pela primeira vez. Mas
Giovana se afasta com relutância.
GIOVANA
(com
pesar)
- Por favor, Kira, tenha um pouco mais de paciência comigo, ainda não podemos. Desculpe,
preciso ir agora.
Kira assente, seus olhos ainda fixos em Giovana
enquanto ela se afasta.
CENA 17/ INT/
CASA DA LAURA/ SALA DE ESTAR/ NOITE
Laura está sentada, olhar vazio, preocupada. Pandora ao seu lado.
LAURA
- Talvez se eu tivesse insistido
mais, Ravena teria me entendido que o melhor era continuar aqui. Ou cê acha que
o melhor era nós ter ido com ela?
PANDORA
- Sério mesmo que cê tá pensando
nisso? Mãe Ravena nos bloqueou minha mãe. Nem falar com ela a gente consegue. E
cê tá aí ainda preocupada com ela? Olhe minha mãe, sei que dói muito, mas precisamos
seguir em frente. Kaleb tá certo. Cê precisa contar para a polícia o que
realmente aconteceu naquela noite. E principalmente que era mãe Ravena quem
estava dirigindo o carro.
Laura olha para Pandora, seus olhos marejados.
LAURA
(com voz trêmula)
Eu sei, Pandora, eu sei... E que me preocupo com o que pode acontecer com sua mãe,
né filha?
PANDORA
- Lhe entendo não, viu? Tá aí toda
preocupada com o que pode acontecer com ela, mas não tá nem um pouco preocupada
com o que pode acontecer consigo mesma.
LAURA
- Claro que tô, né minha filha? Cê
não ver que já tô quase arrancando os
cabelos da cabeça de tanta angustia?
PANDORA
- Pois então vai pelo o certo e
conte pra polícia toda a história, do jeitinho que aconteceu. Inclusive fale
também do paradeiro de mãe Ravena. Cidade de Carinhanha, te lembra bem, né?
CENA 18/ EXT/
RUA/ EM FRENTE AO MOTEL/ NOITE
Fátima, determinada a descobrir a traição de
Jorge, se encontra em frente ao motel. Um carro se aproxima lentamente, e
Fátima, sem hesitar, se coloca à frente dele. No carro havia duas mulheres e
dois homens.
HOMEM 1
- Oxente, tá maluca, é?
HOMEM 2
(sorriso malicioso)
- Vai ver ela tá querendo participar.
Pra mim tá tudo certo.
HOMEM 1
- Pra mim também. E o que cês diz
meninas?
MULHER 1
- Toda delicinha, pode mandar
entrar.
MULHER 2
- Eita que suruba hoje vai ser boa,
viu?
Todos riem e a convidam para entrar. Fátima, pensa
por um instante e resolve entrar com o grupo. Dentro do carro, Fátima permanece
vigilante, seus olhos varrendo o ambiente, procurando desesperadamente pelo
carro de Jorge. Ela sente as mãos dos outros passageiros tocando-a, mas
resiste, rindo sem graça, focada em sua missão. O carro passa perto de um
quarto do motel. Fátima olha rapidamente e vê o toldo levantado, reconhecendo o
carro de Jorge. Seu coração dispara de excitação e raiva. Ao chegarem ao
quarto, o grupo estaciona o carro.
HOMEM 1
- Agora vem aqui, me dá um beijinho
aqui!
FÁTIMA
(se esquivando)
- Me solte! Me respeite que tô grávida!
MULHER
- Oxe, tô entendendo não. Faz o quê aqui então, vadia?
Fátima corre, deixando todos perplexos com a
situação. Ela vai até o quarto onde Jorge está, batendo na porta com força. Dentro
do quarto, Jorge e Beatriz estão completamente alheios ao caos do lado de fora.
Ele está deitado e Beatriz por cima.
BEATRIZ
- Cê pediu alguma coisa?
JORGE
- Não. E mesmo se tivesse pedido, o
serviço de quarto vem é desse lado e não pela garagem.
Jorge se enrola na toalha e vai até a porta
abrir. Ao Jorge abrir a porta Fátima entra com tudo, e acusando Beatriz.
FÁTIMA
(gritando)
- Piranha, vadia, vagabunda! Eu toda ingênua me desabafando com cê, e o cê aqui
com meu marido!
Jorge e Beatriz arregalam os olhos diante da
situação.
Obrigado pelo seu comentário!