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LÁGRIMAS EM SILÊNCIO - Capítulo 44


 

Novela de Adélison Silva 

Personagens deste capítulo

JANA
LAURA
GIOVANA
PAULO
BEATRIZ
JORGE
FÁTIMA
KALEB
MARIA
PANDORA
DARLAN
KIRA


Participação Especial:
VINÍCIUS, RECEPCIONISTA do motel,  TURMA da suruba.


CENA 01/ INT/ BOUTIQUE DA RAVENA/ TARDE

Kaleb e Laura vão saindo da delegacia, ela agradece ele por está ajudando-a. Ele fala que ela não tem o que agradecer, ele é advogado e esse é o trabalho dele. E ele fala que se sente em dívida com ela, pelo o que aconteceu no passado. Os dois conversam sobre todos os acontecidos.

 

LAURA

- Muito obrigada, viu Kaleb? Que bom cê concordou em me ajudar. Mas oh, não se preocupe, vou pagar seus honorários tudo certinho.

 

KALEB

- A gente ver isso depois. Eu tinha que lhe ajudar, me sentia em dívida com cê. No passado acho que fui um babaca em querer te esforçar a casar comigo.

 

LAURA

- Realmente cê foi um tremenda de um babaca. Mas que bom que o tempo passa, né? Mas diga aí, o que cê fez de sua vida? Casou? Teve filhos?

 

KALEB

- Casei sim, mas não tive filhos, ainda bem. Casei com Dalila, lembra dela?

 

LAURA

- Ah meu Deus! Uma chatinha, uma insuportável que era doida por tu?

 

KALEB

(rindo)

- Ela mesmo. Meu casamento com Dalila foi um verdadeiro inferno. Ela pegava no meu pé de todas as formas que cê imaginar. Me cobrava, tinha ciúme de qualquer menina que chegasse perto de mim... E olha que sempre fui fiel, dedicado às coisas da igreja. Eu era fiel, mas ela não. Dalila é uma tremenda hipócrita, enquanto eu trabalhava ela saía pra ruas e acabava ficando com os caras. Tem gente que até diz que ela fazia programa.

 

LAURA

- Mentira? Sério mesmo Kaleb?

 

KALEB

- Os vizinhos começaram a me alertar, mas não queria acreditar, né? Até cheguei em casa um dia e me surpreendi ao ver ela com dois caras em nossa cama. Aí não tinha como, foi o fim. O bom que não tivemos filhos.

 

 



CENA 02/ INT/ COLÉGIO CENTRAL/ SALA DE AULA/ DIA

Maria está concentrada em arrumar sua mochila quando Darlan se aproxima.

 

DARLAN
 (sorrindo)
- Oi, Maria! Como cê tá? Podemos conversar um pouco?

 

Maria evita o olhar de Darlan e se afasta. Observando a situação, Pandora se aproxima de Darlan.

 

PANDORA
- Calma Darlan, é melhor dá um tempo pra ela.

 

DARLAN

- Ele deve tá ameaçando ela, Pandora. Maria não iria nos tratar assim, do nada.

 

PANDORA

- Também pensei nisso.

 

DARLAN

- Precisamos fazer alguma coisa, viu? Não podemos simplesmente assistir enquanto Maria sofre nas mãos desse cara.

 

PANDORA

- Mas tudo que temos são só desconfianças, Darlan. A gente não tem certeza de nada, e muito menos provas. Iremos fazer o quê diante disso?

 

DARLAN

- Não sei, mas temos que fazer algo. A verdade é que tô completamente apaixonado por Maria. Não dá pra ver ela me tratando dessa forma e ficar de braços cruzados.

 

PANDORA

(sem graça)

- Já notei que cê gosta muito dela.

 

DARLAN
- Eu tentei gostar do cê, Pandora. Mas ninguém manda no coração, né?

 

PANDORA

- Ei, tá tudo bem. Já superei isso.

 

DARLAN

- De verdade?

 

PANDORA

- Fiquei magoada no início, é claro. Mas bola pra frente, a vida continua, né?

(lembrando)

- Já sei Darlan!

 

DARLAN

- Que foi?

 

PANDORA

- Maria tem um diário, se alguma coisa vem acontecendo ela deve escrever nele. A gente precisa ver esse diário.

 

DARLAN

- Mas vai ser meio difícil agora cê entrar na casa dela, ela nem quer falar contigo. Comigo então, nem se fala.

 

PANDORA

- Precisamos contar pra mãe dela, só ela poderá pegar o diário de Maria.

 

 

CENA 03/ INT/ CASA DO JORGE/ SALA DE ESTAR/ DIA

Fátima, com uma expressão de frustração, se aproxima de Vinicius, que está concentrado em seu celular.

 

FÁTIMA

(confusa)

- Oxente, Vinícius, tô aqui tentando hackear seu pai, mas não tô conseguindo. Tá pedindo pra me conectar de novo. Vê aqui, meu filho.

 

VINÍCIUS

- Claro né, mainha. Depois daquele auê todo, painho pediu pra me ensinar a desconectar.

 

FÁTIMA

(indignada)

- E tu vai lá e ensina, é?

 

VINÍCIUS

(calmo)
- Relaxa, viu minha mãe? Conheço outro aplicativo, bem melhor. Esse aqui não só clona o celular, mas também permite ver tudo. Mensagens, chamadas, tudo mesmo. Mas já lhe adianto, é pago, viu?

 

FÁTIMA
- Mas é mesmo? E como é que cê sabe dessas tramoias todas, hein?

 

VINÍCIUS

(sorrindo)

- Acha que fico o tempo todo no celular fazendo o quê?

 

FÁTIMA

- Tô de olho no senhor, viu? Mas venha cá, me ajude aqui. Quero instalar esse aplicativo. Se seu pai pensa que vai me fazer de besta, ele tá muito enganado.



 

CENA 04/ INT/ CASA DA RAVENA/ SALA DE ESTAR/ DIA

Kaleb está sentado em uma poltrona, enquanto Laura está à sua frente.

 

KALEB

- Agora Laura, seja sincera e me diga a verdade. Era cê mesmo que tava no volante daquele carro?

 

Laura pausa por um momento, pesando suas palavras antes de responder.

 

LAURA

- Não, Kaleb. Quem tava dirigindo era Ravena, e não foi um acidente, ela atropelou Maciel porque quis.

 

KALEB

- Confesso que não me surpreendo, já suspeitava disso. Mas deixa eu lhe dizer uma coisa, é importante que cê conte direitinho essa história no julgamento.

 

LAURA

(preocupada)

- Não quero prejudicar Ravena, sei que tudo o que ela fez foi pra me ajudar.

 

KALEB

- Oh Laura, se cê não contar a verdade vai se prejudicar ainda mais. E com todo respeito, viu? Se Ravena tivesse mesmo preocupada com cê, ela não teria fugido e deixado toda responsabilidade em suas costas.

 

LAURA

- Sei bem de tudo isso. Mas me entenda, se não fosse Ravena me ajudando esses anos todo nem sei o que seria de mim.

 

KALEB

- Uma coisa não justifica outra, né Laura? Mas uma pergunta, só pra entender melhor a situação. Cê por acaso sabe do paradeiro de Ravena?

 

LAURA

- Sei não. Isso Ravena não me contou.

 

KALEB

- Olhe Laura é importante que cê diga a verdade, viu? Só assim vou poder fazer meu serviço direito e lhe ajudar.

 

LAURA

- Vá bem, vou lhe contar tudo exatamente como aconteceu...

(respirando fundo)

- Cê tá certo Kaleb, posso lhe esconder nada não. Eu sei donde Ravena tá.

 

 

CENA 05/ EXT/ RUA/ TARDE

Pandora está parada no ponto de ônibus, olhando seu celular enquanto espera. Um taxi se aproxima lentamente. Paulo para o carro ao lado de Pandora e abaixa o vidro.

 

PAULO

(sorrindo)

- Oi! Pandora, né isso? Venha, entre, lhe dou carona.

 

PANDORA

- Obrigada, não precisa meu ônibus já tá chegando.

 

PAULO

- Deixe de bestagem menina, entre. Venha, vamos tomar um sorvete ali. Preciso muito conversar com cê, é sobre Maria.

 

Pandora franze a testa, suspeitando das intenções dele. Ela pondera por um momento, hesitante, antes de concordar.

 

PANDORA
(desconfiada)
- Vá bem, só não vou poder demorar muito, viu?

 

PAULO

- Se preocupe não, nosso papo vai ser rápido.

 

Paulo abre a porta do carro, Pandora entra com cautela, mantendo sua guarda alta, enquanto eles partem em direção à sorveteria.

 

 

CENA 06/ INT/ CLÍNICA BIO IN VITRO/ CONSULTÓRIO DE BEATRIZ/ TARDE

Beatriz está sentada à sua mesa, concentrada em seu trabalho, quando seu celular vibra com uma mensagem de WhatsApp. Ela franze a testa ao ver a mensagem e percebe que é de Jorge.

 


 


 


 


 


 


BEATRIZ

(sussurrando sozinha)

- Beatriz sua louca, o que cê tá fazendo? Oh tentação! 

 

CENA 07/ INT/ FEIRA DE SANTANA/ CASA DO JORGE/ QUARTO DO CASAL/ TARDE

Fátima está de pé ao lado da cama, mexendo em seu celular.. Seus olhos se arregalam enquanto ela processa a informação reveladora na tela do telefone.

 

FÁTIMA
(sussurrando pra is mesma)
- Então é ela? Dra. Beatriz é a amante de Jorge. E eu feito uma abestalhada desabafando com ela.

(com ódio)

- Mas não vou deixar eles ficarem juntos, mas é nunca! 

 

CENA 08/ INT/ SORVETERIA/ TARDE

Paulo e Pandora estão sentados em uma mesa na sorveteria, enquanto tomam sorvete. Pandora olha para Paulo, seus olhos mostrando uma mistura de desconfiança e curiosidade enquanto ele começa a falar.

 

PAULO
- Sabe, Pandora, eu costumava vim muito aqui com Maria quando ela era pequena. Ela adorava esse lugar.

 

Pandora, ainda cautelosa, assente, esperando descobrir o motivo por trás desse encontro inusitado.

 

PAULO
(mais sério)
- Mas o tempo passa, né mesmo? E os filhos crescem. Tudo bem que Maria não é minha filha de sangue, mas eu a amo como se fosse. E ando muito preocupado com ela, não sabe? Ela sempre foi tímida e reservada, no cantinho dela. Mas ultimamente, tenho notado que ela anda se trancando ainda mais no quarto. Não sei como me aproximar de minha filha, Pandora. Essa que é a verdade.

 

PANDORA

- Não sei onde posso lhe ajudar.

 

PAULO

- Não sei. Cê é da idade de Maria, pensei que pudesse me ajudar de alguma forma... Olhe Pandora, esse aqui que vos pede é um pai desesperado que só quer se aproximar de sua filha.

 

Pandora fica em dúvida, sem saber se deve confiar nele completamente ou não.

 

PANDORA

- Está bem, vou lhe ajudar. Não sei como, mas vou conversar com Maria.

 

PAULO
- Ficarei muito agradecido com isso, viu? Agora termine seu sorvete, como lhe prometi, vou lhe deixar em casa.

 

 

 

CENA 09/ EXT/ APT DA KIRA/ SACADA/ NOITE

Kira está de pé na sacada do seu apartamento, segurando o telefone, um sorriso radiante em seu rosto enquanto conversa com Giovana.

 

KIRA

(ao telefone)

- Gih, que saudade! Que bom que cê ligou, viu? E quando cê vai aparecer?

 

GIOVANA

(off)

- Vou aparecer mais cedo do que cê possa imaginar, minha linda. E, aliás, adoro quando cê veste esse vestido.

 

KIRA

- Esse vestido? Jura que cê gosta? Oxe, mas como...?

 

Kira fica confusa por um momento, antes de olhar para baixo, surpreendendo-se ao ver Giovana logo abaixo da sacada.

 

KIRA
(atônita)
- Cê tá é aí embaixo?

 

Giovana, com um sorriso travesso, pergunta provocativamente.

 

GIOVANA
(divertida)
- Oh mulher, vai me deixar aqui embaixo mesmo?

 

KIRA

(sorrindo)

- Claro que não! Sobe logo sua bandida! 

 

CENA 10/ INT/ CASA DA JANA/ COZINHA/ NOITE

A cozinha está agitada, com Jana mexendo nas panelas com pressa, preparando o jantar. Maria está ao lado, cortando algumas verduras. Paulo entra na cozinha, chamando a atenção de Jana.

 

JANA
 (apressada)
- Oi meu amor! Que bom cê já chegou. Tô aqui avexada com umas panelas no fogo, menino.  Mas a janta já tá quase pronta, viu?

(virando-se para Maria)

- Termina de cortar isso aí filha, e já pode jogar aqui dentro. Ainda vai trabalhar hoje, Paulo?

 

PAULO

- Vou sim, ver se consigo umas duas corridas pra fechar meu dia... Ah, encontrei sua irmã, Maria.

 

Maria fica subitamente tensa ao ouvir a menção a Pandora.

 

PAULO

(sorrindo)
- Pandora é uma menina de fibra, bonita, inteligente. Olhe, gostei muito dela, viu? Até a convidei pra tomar sorvete, lá naquela sorveteria que cê gosta.

 

JANA

(sorrindo)

- Oxente, e foi mesmo? E porque não levou Maria com cês?

 

PAULO

- Mas eu chamei, não foi Maria? Ela que não quis sair comigo. Pois Pandora não pensou duas vezes, foi toda animada.

 

JANA

(sorrindo)

- Daqui a pouco cê tá adotando Pandora como sua filha também.

 

MARIA

(saindo chateada)

- Já coloquei os legumes na panela, viu minha mãe? Tô indo pro meu quarto.

 

JANA

- Oxe! Acho que ela ficou foi com ciúme do cê, viu Paulo?

 

PAULO

(sorriso cínico)

- Será? Vou lá levar um dedinho de prosa com ela.

 

 

CENA 11/ EXT/ RUA/ EM FRENTE DA CLÍNICA BIO IN VITRO/ NOITE

Beatriz vai saindo do carro e se aproxima do carro de Jorge.

 

BEATRIZ

- Cê é mesmo um abusado, viu seu indecente? Não era cê mesmo que disse não iria mais me procurar, porque agora tava levando seu casamento mais a sério.

 

JORGE

- E não devia mesmo, mas quem resiste aos seus encantos, Beatriz? Tô aqui louco de tesão, doidinho pra lhe ter de novo em meus braços.

 

BEATRIZ

- Oxente, e quem disse que vou contigo?  Queria me ver, não queria? Pois então, já viu. Agora vá cuidar de sua mulher que ela tá precisando de tu.

 

JORGE

- Vamos esquecer Fátima por um momento? Venha cá, venha. Entre no carro vamos ali vadiar um tiquinho.

 

BEATRIZ

- Se sua pegada não fosse tão boa, juro que resistia um pouco mais. Essa será a despedida, viu? Não me tente mais.

 

Beatriz entra no carro de Jorge e os dois partem.

 

 

CENA 12/ INT/ CARRO DE FÁTIMA/ NOITE

Fátima está dentro de seu carro, parado do outro lado da rua, só observando o movimento dos dois. Ela mantém uma distância segura enquanto os segue.

 

 

CENA 13/ EXT/ RUA/ NOITE

Os carros continuam em movimento, e Fátima os seguem. Conforme se aproximam de um motel, Fátima fica ainda mais indignada. O carro de Jorge com Beatriz adentra o motel. Após um tempo, Fátima sai de seu carro e se aproxima da recepção do motel.

 

CENA 14/ INT/ MOTEL/ RECEPÇÃO/ NOITE

 

 

 

FÁTIMA

(furiosa)
- Cê não tá entendendo, moça. Meu marido acaba de entrar aqui com uma amante!

 

RECEPCIONISTA

- Sei bem minha senhora. Mas nada posso fazer viu? Tenho nada a ver com a vida pessoal dos clientes.

 

FÁTIMA

- Parabéns, viu? Onde é que tá a sororidade feminina?

 

RECEPCIONISTA

- Desculpe, mas não posso fazer nada.

 

Fátima se afasta e murmura sozinha.

 

FÁTIMA
- Mas vou dá um jeito, hoje Jorge não me escapa.

 

 

CENA 15/ INT/ CASA DA JANA/ QUARTO DA MARIA/ NOITE

Maria está sentada em sua cama, amedrontada. Paulo entra no quarto o que deixa Maria apreensiva.

 

PAULO
(cínico)
- Já que cê não quer mais brincar comigo, Maria, agora vou me divertir com sua irmãzinha.

 

MARIA
(suplicante com lágrimas nos olhos)
- Por favor, painho, tô fazendo tudo o que senhor me pediu. Me afastei de Darlan e de Pandora. Por gentileza lhe peço, não machuque Pandora.

 

Paulo, com um sorriso sarcástico, se aproxima de Maria.

 

PAULO
 (irônico)
- Mas que isso? Cê sabe que não machuco ninguém, minha linda. Só dou carinho. Agora vou lhe dizer uma coisa, viu Maria? Cê é uma ingrata. Pandora, ao contrário, parece ter gostado muito de mim. Logo a gente vai tá vadiando por aí.

(passando a mão pelo cabelo de Maria)

- Mas cê sabe que cê é minha princesinha, né? E sou tô indo atrás de sua irmã e porque cê não me quer.

 

Maria chora, sentindo-se completamente impotente diante das ameaças de Paulo.

 

CENA 16/ INT/ APT DA KIRA/ SALA/ NOITE

As duas estão sentadas no sofá enquanto conversam.

 

GIOVANA

- O papo tá bom, mas já tá ficando tarde, preciso ir embora.

 

KIRA
- Sério? Poxa, pensei que fosse passar a noite aqui comigo.

 

GIOVANA
- Eu queria muito, mas ainda não posso.

 

Kira toca o rosto de Giovana suavemente, seus dedos traçando contornos delicados.

 

KIRA
 (paciente)
- Eu lhe entendo. Esperarei o tempo que for necessário.

 

Giovana sorri, segura a mão de Kira, seus olhos suplicantes.

 

GIOVANA
 (se declarando)
- Acredite em mim, viu? Quero isso tanto quanto cê. Mais do que cê pode imaginar.

 

Kira fica emocionada com as palavras de Giovana. Elas se aproximam lentamente e finalmente, elas se beijam pela primeira vez. Mas Giovana se afasta com relutância.

 

GIOVANA
 (com pesar)
- Por favor, Kira, tenha um pouco mais de paciência comigo, ainda não podemos. Desculpe, preciso ir agora.

 

Kira assente, seus olhos ainda fixos em Giovana enquanto ela se afasta.

 

 

CENA 17/ INT/ CASA DA LAURA/ SALA DE ESTAR/ NOITE

Laura está sentada, olhar vazio, preocupada.  Pandora ao seu lado.

 

LAURA

- Talvez se eu tivesse insistido mais, Ravena teria me entendido que o melhor era continuar aqui. Ou cê acha que o melhor era nós ter ido com ela?

 

PANDORA

- Sério mesmo que cê tá pensando nisso? Mãe Ravena nos bloqueou minha mãe. Nem falar com ela a gente consegue. E cê tá aí ainda preocupada com ela? Olhe minha mãe, sei que dói muito, mas precisamos seguir em frente. Kaleb tá certo. Cê precisa contar para a polícia o que realmente aconteceu naquela noite. E principalmente que era mãe Ravena quem estava dirigindo o carro.

 

Laura olha para Pandora, seus olhos marejados.

 

LAURA
(com voz trêmula)
Eu sei, Pandora, eu sei... E que me preocupo com o que pode acontecer com sua mãe, né filha?

 

PANDORA

- Lhe entendo não, viu? Tá aí toda preocupada com o que pode acontecer com ela, mas não tá nem um pouco preocupada com o que pode acontecer consigo mesma.

 

LAURA

- Claro que tô, né minha filha? Cê não ver que já tô  quase arrancando os cabelos da cabeça de tanta angustia?

 

PANDORA

- Pois então vai pelo o certo e conte pra polícia toda a história, do jeitinho que aconteceu. Inclusive fale também do paradeiro de mãe Ravena. Cidade de Carinhanha, te lembra bem, né?

 

 

CENA 18/ EXT/ RUA/ EM FRENTE AO MOTEL/ NOITE

Fátima, determinada a descobrir a traição de Jorge, se encontra em frente ao motel. Um carro se aproxima lentamente, e Fátima, sem hesitar, se coloca à frente dele. No carro havia duas mulheres e dois homens.

 

HOMEM 1

- Oxente, tá maluca, é?

 

HOMEM 2

(sorriso malicioso)

- Vai ver ela tá querendo participar. Pra mim tá tudo certo.

 

HOMEM 1

- Pra mim também. E o que cês diz meninas?

 

MULHER 1

- Toda delicinha, pode mandar entrar.

 

MULHER 2

- Eita que suruba hoje vai ser boa, viu?

 

 

Todos riem e a convidam para entrar. Fátima, pensa por um instante e resolve entrar com o grupo. Dentro do carro, Fátima permanece vigilante, seus olhos varrendo o ambiente, procurando desesperadamente pelo carro de Jorge. Ela sente as mãos dos outros passageiros tocando-a, mas resiste, rindo sem graça, focada em sua missão. O carro passa perto de um quarto do motel. Fátima olha rapidamente e vê o toldo levantado, reconhecendo o carro de Jorge. Seu coração dispara de excitação e raiva. Ao chegarem ao quarto, o grupo estaciona o carro.

 

HOMEM 1

- Agora vem aqui, me dá um beijinho aqui!

 

FÁTIMA

(se esquivando)

- Me solte! Me respeite que tô grávida!

 

MULHER
- Oxe, tô entendendo não. Faz o quê aqui então, vadia?

 

Fátima corre, deixando todos perplexos com a situação. Ela vai até o quarto onde Jorge está, batendo na porta com força. Dentro do quarto, Jorge e Beatriz estão completamente alheios ao caos do lado de fora. Ele está deitado e Beatriz por cima.

 

BEATRIZ

- Cê pediu alguma coisa?

 

JORGE

- Não. E mesmo se tivesse pedido, o serviço de quarto vem é desse lado e não pela garagem.

 

Jorge se enrola na toalha e vai até a porta abrir. Ao Jorge abrir a porta Fátima entra com tudo, e acusando Beatriz.

 

FÁTIMA
 (gritando)
- Piranha, vadia, vagabunda! Eu toda ingênua me desabafando com cê, e o cê aqui com meu marido!

 

Jorge e Beatriz arregalam os olhos diante da situação.






 



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