MARÉ ALTA
CAPÍTULO 6
Criada e escrita por: Luan Maciel
Produção Executiva: Ranable Webs
CENA 01. PORTO DA AREIA. DELEGACIA. INTERIOR. NOITE
Continuação imediata do capítulo anterior. O DELEGADO PRAXEDES vem trazendo CASSIANO até a cela da delegacia. Um policial abre a cela e o DELEGADO PRAXEDES empurra CASSIANO que cai no chão da cela. Logo depois o nosso protagonista se levanta e olha para o DELEGADO PRAXEDES com muita determinação.
Cassiano — (sério) Estamos aqui sozinhos, Praxedes. Você não precisa mais fingir. Eu sei que o Gregório Assunção está envolvido nisso. E quando eu sair daqui eu vou fazer de tudo para acabar com esse império que ele acha que tem.
Delegado Praxedes — Como você é ingênuo, Cassiano. Você matou o piloto do helicóptero. Você nunca vai sair daqui.
Cassiano — Eu não matei ninguém. Seu corrupto.
Delegado Praxedes — Você deveria ter aceitado a proposta do Gregório. Sabe o que mais me intriga? É que ninguém sabe quem você é. O que você está escondendo, Cassiano?
CASSIANO chega mais perto da cela. Ele olha para o DELEGADO PRAXEDES com muita seriedade.
Cassiano — Os motivos que me trouxeram para Porto da Areia só interessam a mim. Você deveria ser a personificação da justiça, mas se tornou a banda podre da lei. Mas se vendeu, e isso é totalmente repugnante.
Delegado Praxedes — Você acha que está sendo algum tipo de herói? Ninguém nessa cidade enfrenta o Gregório Assunção e fica por isso mesmo. Você verá que não tem escolha.
Cassiano — Nem você acredita no que está dizendo, Praxedes. Mas eu não vou mais discutir.
O DELEGADO PRAXEDES e o la policiais vão saindo. A câmera mostra o olhar de CASSIANO que emana um desejo de justiça que ele pretende cumprir.
Cassiano — Eu prometo que o Gregório vai pagar por tudo o que ele fez. Eu não vou descansar enquanto a minha vingança não te ver completa.
CASSIANO está decidido a levar a sua vingança até às últimas consequências. O seu semblante é muito sério.
CORTA PARA/
CENA 02. PENSÃO DE JOSEFA. SALA. INTERIOR. NOITE
No meio da sala da pensão estão LÍVIA e JOSEFA e o clima de tensão está cada vez mais forte. Logo depois quem também chega na sala da pensão é FÁTIMA que ao ver LÍVIA em sua frente vai ficando muito preocupada. A nossa protagonista se aproxima de FÁTIMA de um jeito bem aflita.
Lívia — Eu não queria ter que vir aqui dar essa notícia. Mas o Cassiano foi preso pela morte do piloto do helicóptero. Eu tentei impedir, mas infelizmente eu não fui capaz.
Fátima — (desesperada) Isso não pode ser verdade. O Cassiano jamais faria uma coisa tão asquerosa assim. (P) Você está satisfeita, Lívia? O tanto que eu falei para o Cassiano não se aproximar de você. E olha no deu. O meu menino agora está preso.
Josefa — Você ficou louca, Fátima? Você não pode está falando sério. A Lívia não tem culpa de nada. Isso é muito justo da sua parte.
Lívia — Está tudo.bek, dona Josefa. A Fátima está certa. Tudo isso é culpa do meu avô. Mas eu não vou deixar isso barato.
FÁTIMA encara LÍVIA. Ela está com muito ressentimento.
Fátima — Você acha que não fez demais, Lívia? Eu quero que você fique longe do Cassiano está me ouvindo? Ele não merece isso.
Lívia — Eu sinto muito, Fátima. Mas eu não vou fazer isso. O Cassiano foi a melhor coisa que me aconteceu. Nem você e nem o meu avô vai me afastar dele. Eu vou fazer o que for preciso para tirar ele da cadeia.
Fátima — Você acha mesmo que pode enfrentar o seu avô? Ele é intocável. Nada pode ser feito. Eu sinto muito, mas essa é a verdade.
LÍVIA se recusa a acreditar nisso. JOSEFA apenas observa.
Lívia — Eu me recuso a acreditar nisso, Fátima. Eu tenho responsabilidade nisso e eu não vó deixar o meu avô fazer o que ele deseja.
Fátima — (ponderando) Lívia…. Eu vejo em seus olhos que você ama o Cassiano. Mas nada pode ser feito agora para impedir essa injustiça. O seu avô está decidido em.scabar com a vida do meu menino.
Lívia — Eu não posso ficar aqui parada enquanto o Cassiano passa por toda essa injustiça. O meu avô vai ouvir algumas verdades.
LÍVIA sai da pensão totalmente decidida. FÁTIMA ali parada bastante pensativa. Sem que ela perceba JOSEFA sorri bastante satisfeita com o rumo da situação.
CORTA PARA/
CENA 03. MANSÃO DA FAMÍLIA ASSUNÇÃO. SUÍTE DO CASAL. INTERIOR. NOITE
CLOSE aberto em ELEANOR que está sentada na cabeceira da cama lendo um livro. A porta vai se abrindo e vemos GREGÓRIO entrar no quarto e se sentar na cama ao lado de ELEANOR. O vilão tenta tocar sua esposa de uma forma mais íntima, mas ela se recusa. GREGÓRIO fica muito nervoso. Ele se levanta da cama e a olha com ódio.
Gregório — (furioso) Era só o que ke faltava. A minha própria mulher se recusar a ser tocada por mim. Isso eu nunca vou admitir.
Eleanor — E como você queria que reagisse, Gregório? Depois de todas aquelas barbaridades que você me contou. Você sabe como eu senti? Como alguém sem valor. Isso jamais vai acontecer de novo.
Gregório — Chega, Eleanor. Cansei dessas lamúrias.
Eleanor — Eu não sei como você pode ser tão frio assim, Gregório. Depois da morte da nossa filha você nunca mais me procurou. E agora quer me tocar? Isso não vai acontecer.
GREGÓRIO extravasa de raiva. ELEANOR fica apreensiva.
Gregório — O que está acontecendo com você, Eleanor? Parece que você gosta de me provocar. Eu já mandei você parar de falar nesse assunto. Mas você não para.
Eleanor — Não é só sobre isso, Gregório. Você acha que pode fazer o que bem quiser. Nem mesmo a nossa neta você deixa em paz.
Gregório — Você acha que eu não me importo cm a Lívia? Tudo o que eu estou fazendo é justamente para proteger. Tu mandei o Praxedes prender aquele forasteiro para tirar ele do caminho da Lívia.
ELEANOR fica em estado de choque. Logo depois ela se levanta na cama e olha firme nos olhos de GREGÓRIO.
Eleanor — (sem acreditar) O que foi que você fez, Gregório? Você não percebe que rssasnduss atitudes só vão afastar a Lívia ainda mais de nós. Você não pensa.
Gregório — Não adianta você tentar me convencer do contrário. Aqui em Porto da Areia quem faz a lei sou eu. E todos devem me obedecer.
Eleanor — É isso que você quer, Gregório? Ótimo. Mas fique sozinho nessa suíte. Eu não fico mais no mesmo ambiente que você. Eu vou para o quarto de hóspedes agora mesmo.
ELEANOR são do quarto. GREGÓRIO fica com muita raiva.
CORTA PARA/
CENA 04. PORTO DA AREIA.BARCO DE SANDOVAL. EXTERIOR. NOITE
PLANO GERAL DA CENA. O barco de SANDOVAL está atracado no cais do porto. Na proa do barco estão SANDOVAL e FRANCHICO que estão prestes a sair para mais uma noite pescaria. O semblante de SANDOVAL é muito sério. FRANCHICO fica na frente dele enquanto a vela do barco é levantada e o barco começa a sair em alto mar.
Sandoval — Nós estamos saindo para mais uma noite de trabalho, Franchico. Mas dessa vez vai ser diferente. Todo o pescado que a gente pegar nós vamos vender na cidade. Esse monopólio precisa ter um fim.
Franchico — (intrigado) Você tem certeza disso, Sandoval? Se a gente fizer isso estaremos comprando a maior briga com o Gregório. Você sabe que ele não vai deixar barato.
Sandoval — E que escolha nós temos, Franchico? Todos na vila estão passando necessidade. E o Gregório não está se importando. Eu vou fazer de tudo para acabar com esse monopólio. Os pescados são nossos.
Franchico — Eu concordo plenamente, Sandoval. Nós temos que salvar a vila. Tem muito em jogo.
SANDOVAL balança a cabeça. O barco já está em alto mar.
Sandoval — E tem mais uma coisa, Franchico. Eu e o Gregório temos uma rivalidade antiga. Ele criou a minha filha que nem sabe da minha existência. Mas isso vai mudar.
Franchico — Do que você está falando, Sandoval? Você está falando da Lívia. Isso é tão surreal. Como ela não sabe que é sua filha?
Sandoval — Esse foi um acordo que eu fiz com a Eleanor. Mas eu cansei de ficar longe da minha filha. Eu vou contar toda a verdade para ela. Isso que eu vou fazer.
SANDOVAL está decidido. FRANCHICO fica em silêncio.
Franchico — Sandoval…. A Lívia não vai cai gostar nada quando ela descobrir a verdade. Você sabe muito bem disso, não é mesmo?
Sandoval — (sério) O Gregório tirou tudo de mim. Chegou agora de eu começar a reagir.
SANDOVAL está certo do que ele vai fazer. O barco continua navegando em alto mar. Até que ele some na escuridão.
CORTA PARA/
FORTALEZA, CEARÁ.
CENA 05. FORTALEZA. RUA. EXTERIOR. NOITE
A câmera acompanha BABY que vai andando pela rua da cidade totalmente sem rumo. Ela pega seu celular e começa a fazer uma ligação. Depois de alguns toques uma voz feminina pode ser ouvida do outro lado da linha. É CLARICE. BABY vai ficando mais irritada. CLARICE parece calma
NA LIGAÇÃO
Clarice — Baby….. Que surpresa em ouvir a sua voz, minha irmã. O que foi que houve? Ficou entediada com essa vida de curtição?
Baby — (escandalosa) Deixa de ironia, Clarice. Você já imaginava que eu iria ligar que eu sei. Onde está o nosso pai? Ele não podis cancelar todos os meus cartões sem avisar.
Clarice — Uma hora ou outra isso iris acabar acontecendo, Baby. O nosso pai quer que você volte para casa. É melhor você vir.
Baby — O que? Eu voltar para esse fim de mundo? Isso nunca vai acontecer. Jamais.
BABY faz silêncio. Ouve-se o som de sorriso de CLARICE.
Clarice — E como você vai se sustentar, Baby? Você sempre viveu a base do dinheiro que o nosso pai te dá. Você não tem outra escolha há não ser voltar para nossa cidade.
Baby — Que ódio…. Isso não podia acontecer.
Clarice — Para de reclamar irmãzinha. É melhor você não provocar o nosso pai. Você pode não gostar, mas aqui é onzeu lugar.
BABY fica muito nervosa. CLARICE percebe isso.
Baby — Isso só pode ser uma afronta. Mas fazer o que. Eu volto. Mas contra a minha vontade.
Clarice — (ponderando) Você está fazendo a coisa certa, Baby. Você não pode continuar levando essa vida sem responsabilidade.
BABY não diz mais nada. Ela desliga o celular.
FIM DA LIGAÇÃO
CORTA PARA/
PORTO DA AREIA, AMANHECE.
CENA 06. MANSÃO DA FAMÍLIA ASSUNÇÃO. SUÍTE DE GREGÓRIO. INTERIOR. MANHÃ
GREGÓRIO está terminando de se arrumar. Nesse momento LÍVIA e tra na suíte parecendo um furacão. Ela fica parada na frente de seu avô e olha de um jeito que nunca olhou antes. Com muita decepção. GREGÓRIO não demonstra nenhuma reação. O olhar de LÍVIA passa muita raiva.
Gregório — (ardiloso) Você já deve estar sabendo não é mesmo, Lívia? A essas horas aquele forasteiro deve estar preso. Eu bem.que te avisei que isso poderia acabar acontecendo.
Lívia — O que tem de errado com você? Você acha que pode acabar com a vida de uma pessoa inocente? Você é pior que eu imaginava. Eu vergonha de você.
Gregório — Vergonha do que exatamente, Lívia? De ter sido criada no luxo e no conforto? Você deveria ser mais grata. É uma mimada.
Lívia — Eu não vou deixar você fazer essa injustiça com o Cassiano. Está ouvindo?
GREGÓRIO olha para LÍVIA com muito desprezo.
Gregório — Porque você ainda insiste em defender esse Cassiano? Você não está vendo que ele é um assassino? Ele é muito perigo.
Lívia — Eu amo o Cassiano. Nada vai mudar isso.
Gregório — Isso é o que nós vamos ver, Lívia. Eu vou fazer da vida dele um verdadeiro inferno. E você ainda vai me agradecer por tudo isso.
LÍVIA fica muito abalada. Lágrimas escorrem por seus olhos.
Lívia — (decepcionada) Sabe qual é o seu problema, Vô? Você acha que o seu dinheiro é mais importante que tudo. Mas você está enganado. Espero que você não se arrependa muito tarde dos seus erros.
Gregório — Me arrepender? Você só pode estar brincando, Lívia. Isso nunca vai acontecer.
Lívia — Então a nossa conversa acabou aqui. Você não é o homem que eu pensei que fosse. Pode esquecer que teve uma neta.
LÍVIA sai da suíte totalmente abalada. A câmera agora mostra o olhar de ódio presente em GREGÓRIO.
CORTA PARA/
CENA 07. CASA DE ZÉ BATALHA E ONDINA. QUARTO DE ANA ROSA. INTERIOR. MANHÃ
O FOCO da cena está em ANA ROSA que está dormindo profundamente. A porta do quarto vai se abrindo e ZÉ BATALHA entra demonstrando uma raiva presente em seu olhar. Ele abre a janela do quarto e o sol entra com bastante força fazendo com que ANA ROSA acorde. Ela olha para seu pai que não está nenhuma paciência.
Ana Rosa — O que você está fazendo em meu quarto tão cedo assim, pai? Eu ainda nem me vestir direito. Deixa eu dormir mais um pouco.
Zé Batalha — É o cúmulo mesmo. Você faz o que você fez e ainda quer dormir. (P) Arrume as duas coisas agora mesmo, Ana Rosa. Eu quero você fora da minha casa. Anda logo.
Ana Rosa — Você não pode estar falando sério, pai. Eu não tenho para onde ir. Não faz isso.
Zé Batalha — (nervoso) Pensasse nisso antes de ter feito o que você fez, Ana Rosa. Você é a maior decepção da minha vida.
ZÉ BATALHA não esconde a tristeza que ele está sentindo. ANA ROSA se levanta da cama de baby Doll. Ela olha com muita raiva para ao seu próprio pai. Ele apenas a olha.
Ana Rosa — Você quer que eu vá embora da sua casa? Nada me faria mais feliz. E deixa eu te dizer uma coisa. Eu sinto nojo de ser filha de um homem tão comum igual você.
Zé Batalha — É isso mesmo que você pensa de mim, Ana Rosa? Eu lutei por muitos anos no meu barco para te dar uma boa vida. Eu sei que não foi o suficiente. Mas eu só lamento que a sua mãe pense que você tem conserto.
Ana Rosa — É outra idiota. Acredita em cada história que eu invento. É uma mulher digna de pena. Mas fazer o que ela é assim mesmo.
ZÉ BATALHA fica muito nervoso. Ele dá um tapa em ANA ROSA. A vilã não gosta nenhum pouco dessa atitude.
Zé Batalha — Você nunca mais fale assim da sua mãe. Ela é uma boa mulher e não merece toda essa falta de respeito. Você me ouviu?
Ana Rosa — Essa foi a última vez que você levantou a mão para me bater. Você entendeu, pai?
Zé Batalha — Eu já disse o que eu queria te falar, Ana Rosa. Quando eu voltar eu espero que você não esteja mais aqui. É seu último aviso.
ZÉ BATALHA sai do quarto. A câmera se aproxima de ANA ROSA que fica fora de si. É visível o ódio em seu olhar.
CORTA PARA/
CENA 08. PORTO DA AREIA. CASEBRE. INTERIOR. MANHÃ
O homem RIBEIRINHO está andando de um lado para o outro demonstrando estar muito impaciente. Logo em seguida ouvimos o barulho de um carro chegar até o local. Em questão de segundos vemos TOM entrar no casebre e o vilão tem um envelope em suas mãos. Ele despeja o conteúdo do envelope e vemos que se trata de milhares de dólares.
Ribeirinho — Eu estou vendo que está levando a sério o nosso acordo, Tom. Mas eu estou achando que tem pouco dinheiro nesse envelope para ser 5 milhões. Quanto tem aí?
Tom — 10 mil dólares. É tudo o que um chantagista igual você merece. E se dê por satisfeito. Você não vai ter mais nada.
Ribeirinho — Esse não foi o combinado, Tom. Você quer mesmo que a Lívia saiba do seu caso com a Ana Rosa? Eu conto tudo para ela.
Tom — Isso não tem mais importância. A Lívia já descobriu toda a verdade. Mas esse dinheiro é para você ficar calado quanto aos meus planos. Espero que você fique quieto.
O RIBEIRINHO fica incomodado. TOM o olha com desprezo.
Ribeirinho — Isso não passa de uma miséria. Eu quero mais. Eu quero mais. Você tem muito a perder Tom. Vai querer arriscar?
Tom — Você não sabe com quem está se metendo. Ninguém me ameaça e fica por isso mesmo. Está me ouvindo? É melhor você pegar esse dinheiro e sumir.
Ribeirinho — Eu vou pegar esses 10 mil dólares como parte do dinheiro que você me deve. Se não me der o que eu pedi o Gregório vai saber que o diretor de confiança dele está o roubando. O que ele vai fazer com você, Tom?
O RIBEIRINHO começa a contar os dólares. Ele fica totalmente vulnerável. Nesse momento TOM tira uma faca de sua cintura e o atinge nas costas e ele cai no chão.
Ribeirinho — (agonizando) O que foi que você fez, Tom? Seu desgraçado…. Eu vou morrer.
Tom — Você deveria ter aceitado a minha proposta. Mas deixou a sua ganância falar mais alto. Se isso te consola. Eu nunca iria te dar esse dinheiro. Quando você descobriu sobre isso você assinou a sua morte.
TOM sorri de um jeito diabólico. O RIBEIRINHO cai morto no chão. Logo depois TOM limpa a faca e ele vai embora.
CORTA PARA/
CENA 09. VILA DOS PESCADORES. CASA DE ENRICO E AÇUCENA. INTERIOR. MANHÃ
AÇUCENA está na beira de um simples fogão de lenha terminando de passar um café. Logo em seguida ENRICO entra dentro de casa totalmente transtornado. Ele bate na mesa com muita raiva. AÇUCENA lhe entrega um copo de café e ele nem olha nós olhos de sua mulher.
Enrico — Esse café está horrível, mulher. Nem para isso você serve. (P) Já não basta eu ter passado a noite toda em alto mar e não ter conseguido absolutamente nada. Tudo isso é culpa do Franchico. Ele vai se ver comigo.
Açucena — Você não cansa dessa guerra contra o Sandoval e o Franchico? Os pescadores deveriam se unir para sair dessa situação.
Enrico — Você agora quer me ensinar como eu devo levar a minha vida? Era só o que je faltava mesmo. Eu nem deveria te ouvir.
Açucena — Tudo bem, Enrico. Não digo mais nada.
ENRICO fica ainda mais nervoso. AÇUCENA fica em silêncio.
Enrico — Tudo de ruim que está acontecendo comigo é culpa daqueles infelizes do Sandoval e do Franchico. Mas eu sei exatamente o que eu vou fazer.
Açucena — Do que você está falando, Enrico? Porque você não esquece essa história? Você está falando mal de pessoas que só querem o nosso bem. Isso não é justo.
Enrico — Justo? Sabe o que não é justo, Açucena? Que eu continue nessa vida miserável enquanto o Sandoval e o Franchico acham que são melhores que eu. Compreendeu?
AÇUCENA fica de cabeça baixa. ENRICO está nervoso.
Enrico — Eu vou me vingar do Sandoval e do Franchico. Eles vão se arrepender do que fizeram comigo. Isso eu prometo.
O olhar de ENRICO é de muita raiva. Ele sai de casa com muita pressa. AÇUCENA vai se sentindo muito humilhada.
CORTA PARA/
CENA 10. MANSÃO DA FAMÍLIA ASSUNÇÃO. SALA DE ESTAR. INTERIOR. MANHÃ
A câmera mostra LÍVIA descendo as escadas da mansão. Assim que ela chega na sala de estar lela acaba se encontrando com ELEANOR que está olhando para sua neta que está visivelmente triste e abalada. ELEANOR segura as mãos de LÍVIA e elas se sentem no sofá da sala
Eleanor — Eu já soube de tudo que aconteceu, Lívia. O seu avô está ficando fora de controle. Ele não pode continuar faze de isso. Isso precisa ter um fim o quanto antes.
Lívia — (abalada) Eu tentei conversar com o meu avô. Mas parece que ele não quer entender.
Eleanor — Eu fiquei ciente que você terminou o seu relacionamento com o Tom, minha neta. Você tem certeza do que você quer?
Lívia — Tenho sim, Vó. Faz muito tempo que eu não amo o Tom. E eu também me apaixonei pelo Cassiano. Espero que isso não seja um problema. Que a senhora não pense igual só meu avô.
ELEANOR esboça um sorriso. Ela olha com ternura para LÍVIA. logo depois ELEANOR se levanta do sofá.
Eleanor — E como eu poderia te recriminar, Lívia? Se isso te faz feliz disso é o que importa. Afinal de contas a história se repete. O seu pai também era pobre. E a sua mãe enfrentou tudo para ficar em ele.
Lívia — Eu não sabia disso, Vó. Eu nunca imaginei que os meus pais tinham passado pela mesma coisa que eu estou passando.
Eleanor — O seu avô me proibiu de te contar isso, Lívia. Mas eu não ne importo mais com o Gregório quer. A sua felicidade é o que importa. Eu quero te ver feliz.
LÍVIA esboça um sorriso. Ela e ELEANOR se olham.
Lívia — Você não sabe como é bom ouvir isso de você, Vó. É tão bom saber que você está me apoiando. Isso me deixa mais tranquila.
Eleanor — Eu sempre vou te apoiar, Lívia. Nada que aconteça vai conseguir mudar isso.
Lívia — Eu vsei que o meu avô vai fazer de tudo para me separar do Cassiano. Mas eu nunca vou desistir. Eu quero ser feliz junto dele.
LÍVIA se levanta do sofá. Ela e ELEANOR se abraçam.
CORTA PARA/
CENA 11. CASA DE ZÉ BATALHA E ONDINA. QUARTO DO CASAL. INTERIOR. MANHÃ
CLOSE em ANA ROSA que entra no quarto de seus pais de um jeito bem ardilosa. Ela vai até o guarda roupa e o abre. Logo em seguida ANA ROSA tira uma caixa de sapatos e encontra um enorme quantia em dinheiro. A vilã sorri enquanto vai contando o dinheiro. Ela está satisfeita.
Ana Rosa — (ardilosa) Vocês acharam mesmo que eu iria sair dessa casa sem nada? Como vocês são inocentes. Eu sempre saio por cima.
ANA ROSA volta a coloca a caixa de sapato no guarda roupa. Ela olha para o dinheiro com um brilho nos olhos.
Ana Rosa — A partir de agora eu vou ter uma nova vida. Chega dessa miséria insuportável.
ANA ROSA guarda o dinheiro. Ela sai do quarto sorrindo.
CORTA PARA/
CENA 12. PORTO DA AREIA. CAIS. BARCO DE SANDOVAL. EXTERIOR. MANHÃ
O barco de SANDOVAL está chegando até o cais do porto. Dentro do barco estão SANDOVAL e FRANCHICO que estão muito contentes com a noite de pescaria que eles tiveram. A câmera mostra que o barco está cheio de peixes. FRANCHICO está bem pensativo. SANDOVAL percebe.
Sandoval — O que você tem, Franchico? Tem horas que eu estou percebendo que você está estranho. Aconteceu alguma coisa?
Franchico — (respirando fundo) Eu sinto muito, Sandoval. Mas eu não consigo deixar de pensar se vender os nossos pesxafos ha cidade é a melhor idéia. Eu estou em dúvidas. O Gregório pode querer se vingar.
Sandoval — Eu sei que você está preocupado, Franchico. Mas eu preciso que você venda todos esses peixes na cidade. Os nossos companheiros de pescaria precisam disso.
Franchico — Você tem razão, Sandoval. Nós precisamos reverter esse quadro contra o Gregório. Essa guerra ainda não acabou.
SANDOVAL concorda. FRANCHICO vai caminhando para sair do barco. Quando de repente SANDOVAL o aborda.
SANDOVAL — Espera um momento, Franchico. Eu quero que você reserve uma quantia desse dinheiro da venda dos peixes e leve para o Enrico. Eu sei que ele e a esposa estão passando necessidade.
Franchico — Você tem certeza disso, Sandoval? Depois de tudo o que aconteceu ontem? O Enrico não passa nenhuma confiança.
Sandoval — Nada foi comprovado contra ele, Franchico. E além do mais a Açucena não tem culpa de nada. É melhor assim.
FRANCHICO percebe que SANDOVAL está certo.
Franchico — Está bem, Sandoval. Irei fazer isso.
FRANCHICO sai do barco. SANDOVAL fica sozinho com os seus pensamentos. A câmera mostra seu jeito sério.
CORTA PARA/
PORTO DA AREIA, MOMENTOS DEPOIS.
CENA 13. PORTO DA AREIA. CASA DE REPOUSO. JARDIM. EXTERIOR. MANHÃ
Em plano aberto podemos ver diversos pacientes andando pelo jardim da casa de repouso. Sentada em uma cadeira está LENITA que continua com a foto de CASSIANO em suas mãos. Para o seu desespero GREGÓRIO vem andando lentamente em sua direção. Ela fica apavorada.
Gregório — (frio) Lembra de mim, Lenita? Quantos anos a gente não se vê, não é mesmo? (P) De quem é essa foto na sua mão? Ah é… Esse é o seu filho. Pena que ele morreu.
Lenita — Você está enganado, Gregório Assunção. Eu sei que o meu filho está vivo. Eu não sei onde ele está, mas ele está vivo. Vivo!
Gregório — Mesmo depois de quase 30 anos e você ainda se agarra nessa esperança? Isso é de certa forma admirável. Quem mandou você se meter na onde não foi chamada.
Lenita — Eu não fiz nada de errado. Eu só queria que você pagasse pela morte da sua filha. Ela não merecia morrer daquele jeito.
GREGÓRIO se abaixa. Ele olha para LENITA com fúria.
Gregório — Sabe porque você não é mais uma ameaça para mim, Lenita? Porque todos pensam que você é uma louca. Ninguém iria acreditar em nada do que você falasse.
Lenita — Você destruiu a minha vida, Gregório. E tudo isso por causa de que? De dinheiro? Poder? E meu filho aí da está perdido por aí.
Gregório — Pare de se enganar, Lenita. Ele está morto. E nada vai mudar essa realidade.
Lenita olha para GREGÓRIO. Ela o encara com firmeza.
Lenita — (se enchendo de coragem) É aí que você se engana, Gregório. Antes de você mandar colocar fogo na minha casa eu entreguei o meu filho para uma conhecida. Ele está vivo.
Gregório — Você fez o que? Sua desgraçada. Isso não vai adiantar de nada. Eu vou descobrir onde ele está. E eu vou matar ele.
Lenita — (firme) Eu não tenho mais medo das suas ameaças, Gregório. Agora o meu filho é um homem feito. Ele pode se decfender de você. Nada que você faça vai adiantar.
GREGÓRIO fica muito furioso. Ele vai embora da casa de repouso muito contrariado. LENITA esboça um sorriso.
CORTA PARA/
CENA 14. CASA DE TOM. SALA DE ESTAR. INTERIOR. MANHÃ
TOM está se servindo um copo de conhaque. Ele não diz absolutamente nada, mas o seu semblante toda a sua frieza. Nesse momento a campainha de sua casa toca. Ele vai na direção da porta e a abre. ANA ROSA entra com sua mala e tudo deixando TOM totalmente furioso e fora de si.
Tom — Eu posso saber o que significa isso, Ana Rosa? Eu não me lembro de ter te convidado para ficar em minha casa. Eu quero explicação agora mesmo sua infeliz.
Ana Rosa — (cínica) Isso não vem ao caso agora, Tom. Eu quero saber quando é que você vai dar um fim naquela sonsa da Lívia? Ela tem que pagar pela humilhação que ela.me fez passar ontem. É o mínimo que ela merece.
Tom — Eu tenho um plano. Mas você vai ter que ajudar. Mas antes disso eu tenho que dar um susto naquele infeliz do Cassiano. Isso é tudo culpa dele. Ele vai me pegar.
Ana Rosa — Isso eu não vou deixar você fazer, Tom. No Cassiano você não pode tocar. Ouviu?
ANA ROSA está muito decidida. TOM a encara com frieza.
Tom — Não vai me dizer que você se apaixonou por esse idiota, Ana Rosa? Como você é patética. Você é igual a Lívia.
Ana Rosa — Nunca mais me compare com aquela sonsa da Lívia. Ela não é nada comparada comigo. O Cassiano vai ser só meu.
Tom — Olha só para você, Ana Rosa. Implorando carinho e atenção de quem não se importa com você. Você é mais idiota que eu pensei.
TOM vai ficando descontrolado. ANA ROSA o provoca.
Ana Rosa — (séria) Se você não fizer nada para se livrar da Lívia eu mesmo irei fazer. Você está entendendo? Eu quero ver ela destruída.
Tom — Eu já te falei, Ana Rosa. A Lívia ainda precisa ficar viva. Se você fizer alguma coisa eu juro que eu acabo com a sua raça.
Ana Rosa — Essas suas ameaças não me colocam medo, Tom. Não se esqueça que você está nas minhas mãos. Eu vou acabar com a Lívia e você não vai poder fazer nada.
ANA ROSA sorri maliciosamente. Ela pega o copo de conhaque das mãos de TOM. O vilão fica furioso.
CORTA PARA/
CENA 15. DELEGACIA. CELA. INTERIOR. MANHÃ
A câmera mostra que CASSIANO está sentado dentro da cela e de cabeça baixa. A câmera gira mostrando LÍVIA entrando na delegacia. CASSIANO seus olhos e o seu semblante muda radicalmente ao ver LÍVIA vindo na direção da cela. Ele se levanta e vai ao encontro de LÍVIA.
Cassiano — (surpreso) Lívia…. Você não deveria estar aqui. Se o seu avô souber que você está aqui eu nem sei o que ele pode fazer com você. Eu sinto muito por tudo isso.
Lívia — Eu não vou a ligar nenhum, Cassiano. Eu estou onde eu preciso. Do seu lado
Cassiano — Lívia…. Você precisa acreditar em mim. Eu não matei o piloto do helicóptero. Quando eu vi que o helicóptero iria cair em alto mar eu lutei pelo controle do helicóptero. A morte do piloto foi um simples acidente.
Lívia — (sorrindo) É claro que eu acredito em você, Cassiano. Eu sei que você jamais seria capaz de fazer isso. Tudo isso é culpa do meu avô. Ele acha que pode mandar ele mim. Mas fazer essa covardia com você é inadmissível. Ele não pode fazer isso.
O DELEGADO PRAXEDES se aproxima sorrateiramente.
Delegado Praxedes — Eu sabia que você iria acabar aparecendo, Lívia. (P) Você sabe que está visitando um assassino, não é mesmo? Você precisa tomar cuidado. Ele é muito perigoso.
Lívia — Você não cansa de falar sempre a mesma coisa? Eu sei que o meu avô mandou prender o Cassiano. Você não tem vergonha?
Cassiano — Delegado…. Pir favor não faz nada com a Lívia. É tudo isso que eu lhe peço. Ela não tem nada haver com isso. Seja razoável.
O DELEGADO PRAXEDES muda seu semblante. CASSIANO e LÍVIA ficam se olhando em total silêncio.
Delegado Praxedes — Eu juro que eu queria ajudar. Mas o líder que o Gregório exerce nessa cidade é grande demais para alguém tentar ir contra. Vocês não sabem do que ele é capaz de fazer quando é confrontado.
Lívia — (séria) Eu não vou me prostar diante de toda essa injustiça. Isso não vai ficar assim.
Cassiano — Lívia…. Você é uma mulher tão incrível. Mas eu estou com medo das consequências de tudo isso. Você precisa ir embora.
Ana Rosa — Entenda de uma vez por todas, Cassiano. Eu não vou a lugar nenhum. Eu quero ficar com você. Nada mais me fará feliz.
CASSIANO fica sem palavras. Ele e LÍVIA seguram as mãos um do outro. A troca de olhares deles é muito intensa.
A imagem congela na troca de olhares de CASSIANO e LÍVIA. Aos poucos uma onda invade a tela dando efeito e encerrando o capítulo.
Obrigado pelo seu comentário!