Capítulo
14
27/11/2018
|
uma
novela de
DIEGO
E LUÍS
Capítulo escrito e redigido por Felipe Rocha
Capítulo escrito e redigido por Felipe Rocha
CENA 01. AMBULÂNCIA.
INTERIOR. DIA
Continuação da última cena do
capítulo anterior.
O paramédico 01 comunica com o
motorista.
PARAMÉDICO
— Motorista não está chegando? Esse homem tá perdendo grande quantidade no
sangue e provavelmente se continuar assim, não vai conseguir chegar até o
hospital.
MOTORISTA
— Bom, vou tentar ir o mais ligeiro possível. O trânsito tá um caos!
PARAMÉDICO
— Vamos fazer de tudo. (ao paramédico 02) Otávio, por favor! O desfibrilador,
vamos! Rápido!
O paramédico pressiona o
desfibrilador no peito de Rogério para reanima-lo por várias vezes. A pressão
continua a cair e os batimentos cardíacos chegam até 45. Depois de várias
tentativas, Rogério abre os olhos e começa a tossir.
PARAMÉDICO
— Ah, Graças a Deus!
MOTORISTA
— Em cinco minutos chegaremos ao hospital! Uma unidade mais próxima!
PARAMÉDICO
— (ao outro paramédico) A bomba de oxigênio, ele não tá conseguindo respirar.
Rogério tenso. Ele questiona.
ROGÉRIO
— (dificuldade para respirar) Tá... tá chegando?
PARAMÉDICO
— Fique tranquilo senhor.
CORTA PARA:
CENA 02. MANSÃO SAN ROMAN.
INTERIOR. DIA
Arnaldo e Carmen discutem com
Andreia que está tensa e desesperada.
ARNALDO
— Quê isso Andreia? Pirou? Gente! Eu não tô conseguindo acreditar numa coisa
dessas! Não é possível. Você teve mesmo coragem?
ANDREIA
— Foi por uma causa justa Arnaldo. Quem é você para me julgar, hein? Sabe, eu
tô entalada até agora! Pelo menos fiz o que tinha que ser feito, agora não dá
voltar atrás. E me sinto aliviada. Por ter eliminado esse peso das minhas
costas... eu tô engasgada até agora! Cada palavra que ele soletrou que ele
disse. Ele disse bem na minha cara que não me amava mais, que tinha optado por
ser homossexual. É muito ruim você ouvir isso! Faz-me reconhecer que não valeu
a pena amar esse homem! Eu era dedicada, eu fazia tudo! E depois levo patadas.
ARNALDO
— Mas Andreia, isso foi um direito dele... e é natural!
ANDREIA
— Natural? Agora você me diz que é natural né? Nenhuma palavra de consolo!
ARNALDO
— Então agora você vai disparar ódio né? Sem mesmo ter pensado na burrada que
você fez! De qualquer forma, ele tinha direito! Tava na opção dele... e você
não pode julgar! Isso é normal cara! Tanto faz. É amor.
ANDREIA
— (tensa) Amor? Que amor o quê? Eu sabia Arnaldo! Eu sabia que você tava do
lado dele.
CARMEN
— Gente, eu não vou aguentar mais essa discussão. O Rogério tá precisando de
ajuda! Eu vou lá para o hospital.
ARNALDO
— (a Andreia) Depois a gente conversa tá, Andreia? Eu não vou deixar isso
barato não! A partir de agora eu quero ver você se tornar uma pessoa melhor.
Andreia continua a beber.
Arnaldo toma a garrafa da mão dela.
ARNALDO
— E sem bebidas. Sem dependência. Eu vou pensar no que vou fazer com você.
Andreia arranca a garrafa da
mão de Arnaldo. Ele vai embora. Andreia atira a garrafa pela porta, louca,
descabelada.
CORTA PARA:
CENA 03. CARRO ARNALDO.
INTERIOR. DIA
Carmen e Arnaldo conversam
sobre Andreia no carro, enquanto o homem está no volante.
CARMEN — Sinceramente, Arnaldo. Eu não
acredito, não consigo! A coragem da Andreia de fazer isso com o Rogério. Parece
que ela era que é a força maior. Queria ele todo só para ele. A fatia do bolo
inteira. E se tirasse um pedaço, já vinha com quatro pedras na mão.
ARNALDO — É isso mesmo minha mãe, eu também
tô surpreso viu. Mas isso não vai ficar assim. Você vai ver. Eu vou tomar
providências.
CARMEN — Só espero que essas providências
sejam justas, Arnaldo! Eu até que entendo a Andreia, mas ela é um exemplo de
preconceito! Imagina se ela for até o apartamento do Hugo e tirar satisfação
com ele.
ARNALDO — Espere mãe, espere o que vai
acontecer. Ela nunca mais vai encostar um dedo no Rogério e no Hugo.
CARMEN — Eu só acho que a gente devia
encaminhar ela para uma clínica psiquiátrica. Ela tá precisando de um
tratamento sério. Tá bebendo compulsivamente. E aquelas bebidas estão
modificando ela. Quem sabe não seja a hora de a gente procurar uma ajuda para
ela? Pelo menos fazer uma caridade!
ARNALDO — Não sei, mas é agora que eu começo
a acreditar naquela teoria, que vaso ruim não quebra!
Arnaldo pega seu celular e faz
uma ligação misteriosa.
CORTA PARA:
CENA 04. HOTEL. SUÍTE 40.
BANHEIRA. INTERIOR. DIA
A banheira cheia de espumas.
Fabían e Catarina se divertem a tomar uma taça de uísque. Os dois estão
abraçados e ouvem Estrela Blue – Simone Mazzer.
CATARINA
— Sabe ficar com você é tão bom? Eu me esqueço até de todos os problemas! E
ainda com essa música.
FABÍAN
— Também. Você foi a melhor coisa que já me aconteceu nessa vida. Mais do que
aquela Maria Clara. Não sei como eu pude gostar daquela pessoa!
CATARINA
— Mas não vamos pensar no passado, vamos somente divertir, nessa banheira! Toda
espumada. Sempre tive esse sonho, se deixasse eu passava o dia inteiro.
FABÍAN
— Tô sentindo você muito acomodada. Eu diria que está aproveitando do meu
dinheiro... é? (aos beijos com Catarina).
CATARINA
— Não, longe de mim. Longe de uma pessoa humilde como eu.
FABÍAN
— Cuidado para não beber muito e se intoxicar igual minha irmã Andreia.
CATARINA
— Fabían, sabe que eu te acho fofo e engraçado às vezes... falando mal da sua
própria irmã.
FABÍAN
— Claro... Andréia é uma alcoólatra. Eu arriscaria a dizer que ela pode fazer
uma bobagem a qualquer hora e não é imprevisível, viu?
O telefone de Fabían toca.
FABÍAN
— Alá, tá vendo. Não falei? Deve ser mais uma bobagem. Esquisito o Arnaldo me
ligando.
Fabían atende.
FABÍAN
— Alô...
Fabían reage ao escutar um caso
revelador através da ligação.
FABÍAN
— (apressado) Ok, ok! Tô indo agora.
Fabían desliga o celular.
CATARINA
— Meu amor, onde você vai? Não me deixe aqui, está tão bom! Podemos nos
divertir, eu posso fazer o que você gosta! Vamos aproveitar o nosso dia.
Fabían nervoso grita com Catarina.
FABÍAN
— (agressiva) Será que você não percebeu que eu tenho uma coisa para resolver?
Me deixa! Esse dia para mim já foi! Ainda bem que eu não perdi meu tempo com
você, porque eu tenho um assunto muito sério a resolver.
Fabían vai embora.
Catarina atira uma taça de
vinho pela porta.
CATARINA
— (nervosa) Cafajeste! Ordinário! Ele me paga.
CORTA PARA:
CENA 05. HOSPITAL. RECEPÇÃO.
INTERIOR. DIA
Arnaldo e Carmen na sala de
espera desesperados, a espera do médico. Arnaldo bebe muitos copos de água consecutivos.
Ele dá uma volta no corredor, nervoso. Em seguida, começa a suar e tira a gravata.
ARNALDO
— Ah, eu não aguento mais... quanto suspense Meu Deus? Será que apesar de
tantas tragédias, a gente não vai ter nenhuma notícia boa?
CARMEN
— Eu creio que sim. Porque eu confio na minha santa. Tô rezando com o terço, já
peguei várias vezes, ela vai fazer milagre! Pode ficar tranquilo. Vejo que está
mais nervoso que eu.
ARNALDO
— Claro né, claro! Você acha que eu vou esbanjar para os outros minha
felicidade num momento tão triste desses? Olha, tem hora que eu começo a
pensar, desde que a gente saiu da casa da Andreia... onde o Hugo tá metido
nessa história toda? Porque sabemos bem que notícia ruim corre rápido. Pensar
que meu irmão sacrificou a vida por causa dele é uma tortura para mim! Antes
sozinho do que mal acompanhado.
CARMEN
— Ah, meu filho, não se encha de ódio. Não deixe que essa raiva preencha seu
coração e o faça tomar atitudes precipitadas. Será mesmo que ele ficou sabendo?
Acho melhor ligarmos para ele, para confirmar!
ARNALDO
— Desculpe. Falei de cabeça quente. Não vai se repetir mais.
Arnaldo tem uma crise de nervos
e chuta a parede. Uma das enfermeiras questiona.
ENFERMEIRA
1 — O que está acontecendo? O senhor tá precisando de ajuda? Vejo que está
bastante nervoso.
ARNALDO
— Não tô precisando de nada, absolutamente nada! (nervoso) Só estou esperando
um veredito do médico. O ultimato, quer dizer. E por favor, vá lá saber se ele
já terminou, que tá botando pressão na gente!
ENFERMEIRA
1 — Sim senhor. Mas acalme-se e sente-se. Vamos ficar sossegados até o doutor
chegar, ouviu? Eu vou pegar um calmante para você.
CARMEN
— Vai, Arnaldo. Vai. Me dá aí esse celular. Porque do jeito que você está vai
até assustar o coitado do Hugo.
Arnaldo entrega o celular para
Carmen.
Carmen liga para Hugo. Ele
atende.
Ligação
HUGO
— Alô!
CARMEN
— Alô Hugo! Tá tudo bem? Tá podendo falar?
HUGO
— Dona Carmen? A senhora me ligando.
CARMEN
— Olha eu vou ser breve e objetiva. No momento estamos no hospital. É o
Rogério.
HUGO
— (preocupado , lágrimas) O Rogério? Não vai me dizer que...
CARMEN
— Venha para o hospital agora Hugo. Eu vou te contar tudo. (desligando)
HUGO
— (nervoso) Dona Carmen, não! Peraí, Dona Carmen?
Encerra-se a ligação.
Carmen comenta com ARNALDO.
CARMEN
— Pronto, o recado já está dado! Agora é só esperar.
CORTA PARA:
CENA 06. MANSÃO SAN ROMAN.
INTERIOR. DIA
Enrico discute com Andreia.
ENRICO
— Pirou, Andreia? Olha a sorte que o Arnaldo ligou para mim, viu! Como você foi
capaz de fazer uma coisa dessas, de arruinar sua própria vida?
Andreia continua dando
gargalhadas malignas.
ENRICO
— Eu não estou entendendo
todas essas risadas.
ANDREIA — Ah, como vocês são
tolos! Não estão vendo minhas risadas? Meu ar de felicidade. Eu tô feliz.
Porque eu me libertei de um peso nas costas que eu carregava. Uma dúvida, uma
sombra terrível. E pior, vocês sabem que eu tive motivos.
ENRICO — Mas você não teria
o direito de fazer isso. Agora vai passar o resto dos seus dias da cadeia.
ANDREIA — Na cadeia? Ah, então é você que vai me denunciar né?
Você está metido nisso até o pescoço! E você também, Vicente?
VICENTE
— (indaga) Eu?
ANDREIA
— Sim, vocês todos. E vão assumir a culpa por mim!
ENRICO
— Andreia, você tá ficando louca né? De qualquer forma o que fez tá feito, não
tem como você escapar. Mas eu não entendo, como você ser consegue feliz
destruindo a vida alheia?
ANDREIA
— (nervosa) Todos esses anos eu fui traída... e o pior fui trocada por uma
mercadoria que sei lá... nem tinha nota fiscal! Eu fui feita de burra, de
idiota... você tá entendendo? E eu lá toda dedicada pensando que era amor
correspondido! Mas agora eu vejo mesmo que o romance é uma tragédia. Igual
aquelas obras de Shakespeare, Romeu e Julieta, várias... Tudo tragédia! Eu
repito! Tragédia! Começa bem, a gente pensando que vai ser feliz o resto da
vida... E depois recebe uma patada. Foi o que eu recebi, me chutaram pelo
balde, uma chutada inesperada... (chora) Agora... minha vida acabou! Eu não
tenho mais ninguém, tá entendendo? Eu tô sozinha! Pelo menos você tem a Maria
Clara, filhos. O relacionamento deu certo, depois de todas as investidas do
Fabían. A família tá formada. (chorando ainda mais) E eu não tenho mais nada a
não ser a roupa do próprio corpo, essa casa, as minhas bebidas. Todos os goles
de vinho que eu tomo esperando que os minutos passem, esperando que eu receba
pelo menos, um sinal de felicidade, de que ainda há esperança para viver. A
minha alma está sombria, Enrico. Sombria. Não é mais aquela de antes. Agora ela
é outra. Uma alma vingativa, uma alma que guarda rancor, uma alma cinzenta! E
infelizmente, eu vou ter que carregar esse carma para o resto da vida... mas
dizem né que a gente tem que ser forte. Então se eu tô feliz com isso, se eu
acho que foi bem para mim, eu tenho que me orgulhar por isso... agora eu vou
ficar aqui, sentada nesse sofá, esperando uma confirmação lá do alto do divino,
que o meu fim está próximo... que eu me perdi num vale sombrio e que um dia eu
vou reconhecer que eu era feliz, mesmo sendo enganada!
Enrico e Vicente emocionados.
ENRICO — Eu tô sem
palavras... realmente depois desse estado, eu percebo, você não quer
demonstrar... mas no fundo, no fundo se sente arrependida. Bom Andreia, lamento
por cultuar esse sentimento de vingança. Mas se sua alma está perdida, está
sombria, foi você que está colhendo o que plantou. É nessa hora que eu começa a
acreditar nesse ditado.
VICENTE — De qualquer forma
Andreia, eu vou salvar sua pele sim... cadê a faca?
ENRICO — Não, Vicente. O que
você vai fazer?
Andreia entrega a faca a Vicente.
VICENTE — Enrico, nós temos
que enterrar, porque a qualquer hora essa prova vai aparecer.
ENRICO — Mas Vicente, suas
digitais... tira a mão daí.
VICENTE — Não Enrico, se a
Andreia tá falando que a gente tá metida nisso até o pescoço, vamos acreditar
nisso. (a Andreia) Andreia, minha querida, estamos com você! Pegue uma pá e uma
luva. Vamos enterrar essa faca!
Em seguida, Andreia sente contrações na barriga. Vicente a ajuda
a sentar.
VICENTE
— Calma aí Andreia vai senta aqui!
ENRICO
— É vejo que temos mais um sinal de gente nascendo na filha! Carmen San Roman
já deve estar pronta para receber seu sangue, Andreia!
Andreia surpresa com a escolha do nome. Os dois sorriem um para
o outro.
VICENTE — Vem Andreia, vamos
subir, eu te ajudo!
CORTA PARA:
CENA 07. CASA DE GUSTAVO. INTERIOR. DIA
Dulce e Gustavo conversam.
DULCE — Saiba que me alegra
muito ver que você já está recuperado após todos os contratempos, não é? Sinto
você cada vez mais forte mais disposto a batalhar!
GUSTAVO — Sabe que eu também
acho? Ainda mais que eu arrumei um novo passatempo! Artesanato.
DULCE — Você também gosta?
Acho isso muito esdrúxulo, esquisito. Porque eu só achava que era mulher que
gostava.
GUSTAVO — Nada disso, minha
cara Dulce. Às vezes não tenho nada para fazer e fico aqui. Já penso em abrir
uma loja. Quem sabe não seja uma hora de a gente formar uma dupla, hein?
DULCE — Ótimo! Tenho todas
as ideias. Vamos ter várias encomendas, eu garanto!
CORTA PARA:
CENA 08. FRENTE DA MANSÃO SAN ROMAN. INTERIOR. DIA
Fabían andando de carro pela rua da Mansão San Roman. Ele dá ré
ao ver Enrico e Vicente saindo da mansão, e em seguida, decide seguir eles,
vagarosamente.
CORTA PARA:
CENA 09. CASA DE MÔNICA. INTERIOR. DIA
Mônica e Lúcia tomam um gole de vinho.
MÔNICA — Muitas pessoas já
me perguntaram porque tomo vinho a essa hora! A essa hora do campeonato, num
dia desses! E eu arrisco a dizer que se deixar tomo até a garrafa inteira, um
por dia. Ouvi dizer que garante longevidade.
LÚCIA — Só você mesmo para
acreditar nesses boatos. Para mim toda bebida alcoólica faz mal, mesmo que haja
comprovação científica. É teimosia.
MÔNICA — Acho que sua
terceira idade já tá chegando antes do previsto. Pelo visto está mais teimosa.
LÚCIA — É eu acho que sim,
mas ainda tem homens olhando para mim!
MÔNICA — E eu não tenho
ninguém para beijar meus pés.
LÚCIA — Hoje está difícil de
conseguir, amiga. Um príncipe encantado só naqueles filmes. Então, agora me
diga e o seu caso com o Enrico, como é que ficou?
MÔNICA — Acabou antes mesmo
de ter começado. É aquela teoria antiga. Dizem que a segunda vez é sempre
melhor, mas eu não acredito. O Enrico foi um dos meus preferidos, um homem com
quem eu queria deitar a minha vida toda.
LÚCIA — Mas você fala como
se não quisesse correr atrás?
MÔNICA — Eu? Correr atrás? É
claro que eu quero. Pensa que eu desisti? Olha eu até hoje não sei como é que o
Enrico preferiu ficar com aquela sem graça da Maria Clara. Eu tenho muitas
qualidades a mais, tenho alto astral. E também eu tenho inveja dela por ser
disputada por tantos homens. Por que eu tive essa infelicidade? Mas eu ainda
garanto. Do jeito que as coisas andam, o Fabían vai sugar a Maria Clara para
ele, vai tentar de novo e eu fico com o Enrico, todinho meu!
Mônica dá sua última cartada bebendo o último gole.
CORTA PARA:
CENA 10. TRILHA. MATAGAL.
INTERIOR. DIA
Planos de Fabían seguindo o
carro onde está Vicente e Enrico em baixa velocidade no matagal. Tudo escuro.
Vazio. Estrada com defeitos. Fabían sem entender.
FABÍAN
— Onde será que esses dois
estão indo? De qualquer forma, é hoje que eu pego o Enrico!
CORTA PARA:
CENA 11. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA
O médico comunica sobre o
estado de saúde de Rogério.
HUGO
— E aí Doutor? Ele
sobreviveu? Tá tudo bem com ele?
CARMEN — Como foi à
cirurgia? Correu tudo bem?
ARNALDO — Vamos doutor, eu
não aguento mais essa cara de suspense.
MÉDICO
— Acalmem os ânimos, acalmem
o emocional! Olha, por vias das dúvidas, é uma das primeiras e raras situações
em que um paciente consegue... (pausa)
Todos nervosos.
MÉDICO — (retoma, sorrindo)
Conseguem sobreviver a uma facada! É isso mesmo! Podem comemorar! Rogério já
está disponível e pode receber visitas. Mas sem extravagâncias.
CORTA PARA:
CENA 12. HOSPITAL. 5° ANDAR. QUARTO 201 A. INTERIOR. DIA
Hugo, calmo, abre a porta do quarto. E fecha sem fazer nenhum
barulho sequer. Ao mesmo tempo, com o coração saltando pela boca e com medo.
Ele vai se aproximando vagarosamente de Rogério. Ele sorri, começa a se
emocionar, até que com muita dificuldade encosta a mão no rosto do homem e
começa a acaricia-lo. Rogério abre os olhos assustado, mas ao se deparar com
Hugo, se sorri. Os dois emocionam. Hugo começa a chorar.
ROGÉRIO — Hugo pensei que
não vinha. Como ficou sabendo que eu tava nesse estado? Não terminamos! Eu não
estou entendendo. Será que tudo isso é uma imaginação? Será que você meu amor tá
aqui mesmo comigo? Nessa hora. Parece tão real. Ver você. Corpo carnal.
HUGO — Rogério acalme-se.
ROGÉRIO — (desesperado) Eu
não suportar Hugo, não me deixe, por favor. Eu não vou conseguir. Você é minha
razão de viver. Sabe? Eu sinto que... que eu apaguei o meu brilho depois que
você sumiu da minha vida de uma vez por todas... desde que a gente colocou um
ponto final do noivado, eu não sou mais o mesmo. Eu não me sinto mais completo.
Eu não sinto aquela vontade de viver, que eu tinha antes. Aquela vontade de
formar uma família com você... ter filhos. Eu sei que nesse momento eu tô
chorando, meu coração tá saltando pela boca, mas eu tô falando tudo isso, é porque
eu te amo meu amor! Eu te amo, eu quero ficar com você, o resto dos meus dias. Diga-me
uma coisa. Prometa. Prometa para mim, para sempre que a gente vai ficar juntos.
Eu, eu não posso te perder mais uma vez!
HUGO — Oh meu amor eu também
te amo! Eu também sentia que desde a época que a gente tava junto, minha
felicidade era só você... Agora mesmo que eu chego à conclusão que fomos feitos
um para o outro. E eu gostaria de te pedir perdão, perdão por eu ter sido tão
burro, por eu não ter enxergado isso!
ROGÉRIO — Hugo, eu terminei
com a Andreia... eu quase perdi a vida, mas não entendo o motivo da nova
chance. Eu quase faleci.
HUGO — Eu sei meu amor, eu
sei. Eu sei o motivo da nova chance. Foi para nos unir. Eu e você.
Hugo pega na mão de Rogério.
HUGO
— Eu prometo para você que a partir de hoje eu serei o homem mais feliz ao seu
lado! Até o resto dos meus dias.
Hugo e Rogério chorando. Os dois vão se
aproximando devagarinho, até darem um beijo. Em seguida, Arnaldo e Carmen que
invadiram o quarto apressados, batem palmas.
CORTA PARA:
CENA 13. MANSÃO SAN ROMAN. QUARTO ANDREIA.
INTERIOR. DIA
Andreia sentindo dor. As contrações começam a
aumentar na barriga e ela grita de dor. Até que tenta se levantar, mas se
esbarra no criado e algumas fotos caem. Então Andreia, caminha até a sala e
desmaia.
CORTA PARA:
CENA 14. TRILHA. MATAGAL. INTERIOR. DIA
Enrico e Vicente param o carro. Eles descem
com a pá, luvas e um pano. Fabían espia tudo atrás da árvore, rindo. Enrico e
Vicente escolhem um local para cavar um buraco. Vicente entrega as luvas para
Enrico.
VICENTE
— Pronto, você vai cavar.
ENRICO
— Eu? Ah não Vicente. Eu não tenho fôlego para fazer isso. É melhor você. Não
foi o combinado?
VICENTE
— Enrico, não vamos enterrar ninguém. É só uma faca. Agora deixe de bobagem e
cave logo! Antes que anoiteça.
Fabían comemora e tira fotos atrás da árvore.
Em seguida, pega o celular e liga para polícia.
FABÍAN
— Alô polícia...
Depois de algum tempo...
Enrico coloca a faca e termina de cavar. Em
seguida, a polícia, invadindo o Matagal flagra os dois.
POLICIAL
— Senhor Enrico e Vicente. Polícia Federal. Os senhores estão presos por
assassinato! Algemem-os, por favor.
VICENTE
— Não, não. Não é nada disso que você tá pensando policial. É só...
Enrico avista Fabían lá longe, entrando no
carro.
ENRICO
— Alá, Vicente, é ele! É ele.
VICENTE
— Ele quem Enrico?
ENRICO
— (trêmulo) Fabían!
Closes alternados entre Enrico e Vicente.
CORTA PARA:
FIM
Obrigado pelo seu comentário!