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Para todo sempre - Episódio 02


Episódio 2 - Livres

Era noite. Hans estava virado para um lado da cama enquanto Norma estava virada para outro. A cama deles era uma espécie de beliche construída por Hans, então João e Maria dormiam na cama de cima. Norma, concluindo que as crianças haviam dormido, decide começar o plano.

-Sabe, eu estava pensando... Que deveríamos tomar decisões drásticas com respeito à nossa situação.

-Como assim?

-O João e a Maria, mais a gente, são quatro bocas pra alimentar, e a gente não tá bem financeiramente.

-O que é que tem?

-Você não acha que seria bem mais fácil sem eles dois?

João e Maria, que estavam acordados, ficam chocados ao ouvir isso.

-Como assim? - Maria pergunta. 

-Não sei aonde ela quer chegar, mas sei que a nossa mãe nunca diria isso! - João responde baixinho. 

-Sinto falta da mamãe. 

-Eu também. 

Norma continua a conversar com Hans. 

-Quem sabe a gente poderia encontrar alguém que cuidasse melhor deles dois... - Norma diz. 

-De jeito nenhum eu vou abandonar os meus filhos, você que que pense. 

-Eu não tô falando de abandonar eles! A gente podia... Deixar eles na floresta. Todos os dias príncipes da nobreza vão caçar. Claro que um deles vai encontrar as crianças e adotá-los. Imagina, o João um príncipe, e a Maria uma princesa. 

-Eu prefiro imaginar eles comigo.

Norma começa a se descontrolar. 

-Você só pensa em si mesmo. Não vê que eu já estou magra, a dias comendo pão e água? 

-Agora quem está pensando só em si mesmo é você. 

Norma decide apelar ao drama. 

-Ó, meu Deus, quem diria que eu fosse casar e arranjar um milhão de problemas! Eu me casei pra morrer de fome! Morrer de fome! - E começa a chorar bem alto. 

-Para de chorar, vai acordar as crianças! - Hans tenta acalmar a esposa. 

-Espero que pelo menos você fique vivo, para construir três caixões, um pra mim e pras crianças, porque vamos morrer de fome, de fome! - Diz ela, jogando para fora todas as lágrimas que tem. 

-Fica calma! Tá bom... Podemos pensar em algo. 

Nora seca as lágrimas, satisfeita. 

-Sabia que você me entenderia. 

Maria, ao ouvir tudo isso, pergunta para João:

-E agora, João? 

-Não sei... Só sei que precisamos de uma ideia. E rápido. 

João olha pros lados tentando ter uma ideia. 

-Eu não quero que o papai nos abandone! 

-Já que ele prefere a esposa dele do que a gente, vamos ver o que ele vai pensar se a gente desaparecer! 

-Como assim, João?

-Espera um pouco. 

João espera alguns minutos, e quando percebe que Norma e Hans dormiram, ele diz pra Maria:

-Fica aqui! 

João desce com todo o cuidado do mundo a sua cama, e vai andando na ponta dos pés. 

João pega os dois pães que haviam restado. Depois, ele pega a chave de casa com muito cuidado pra não fazer barulho. Ele se assusta quando percebe que Norma quase acordou. 

Ele diz bem baixinho:

-Maria, desce com cuidado! 

Enquanto Maria vai descendo a escadinha, João segura a mão dela, a conduzindo. 

Maria desce. 

-João, tem certeza que quer que a gente fuja? 

-Sim, Maria. O papai precisa aprender de uma vez por todas que essa mulher não quer nem o bem dele nem o nosso. 

João e Maria dão as mãos e saem de casa, com os dois Paes na mão. 

João joga a chave dentro da casa e deixa a porta encostada. 

-João, está muito escuro! Eu tô com medo! 

-Calma, eu aprendi com o papai como fazer fogo! 

João começa a despedaçar seu pão em migalhas e deixando eles no caminho. 

-Por quê você tá fazendo isso, João? - Maria pergunta. 

-Se tudo der errado, a gente tem um plano B. A gente vai conseguir voltar. 


[Cena 2]

Jack estava deitado em sua cama. Não parava de lembrar o que havia acontecido quando voltou para casa com Liz. 

*Flashback*

-Jack, porque você voltou com a vaca? - A mãe de Jack pergunta, sem entender. 

-Olha, mamãe! Eu ganhei feijões mágicos! E ainda fiquei com a Liz! 

A mãe de Jack fica incrédula. 

-Você vive no mundo da lua! Me dá esses feijões aqui! - Ela pega os feijões e joga pra longe - Deixa que eu mesmo vendo essa vaca amanhã! 

-Mas mãe...! 

-Mas nada! Vai direto pra cama! 

Jack sai triste. 

*Fim do Flashback*

-Eu acho que eu devia parar de sonhar tanto... - Jack diz para ele mesmo. 

Jack fica sentado na cama e, ao olhar pra janela, fica espantado com o que vê. 

Os feijões eram mágicos mesmo! Eles tinham crescido em uma só noite, e cresceram até as nuvens! 

Sem nem pensar, Jack tenta abrir a janela, que está enferrujada. 

Ele usa toda sua força e quebra o vidro. 

Em seguida, ele pula no pé de feijão. 

-Vamos ver o que esses feijões tem pra mim. 

E ele começa a subir. Uma subida que demoraria a noite inteira. 



[Cena 3]

Anna estava agoniada. Estava rodando de um lado pro outro aquela hora da noite. Essa hora seus pais já estavam dormindo. 

-Eu queria brincar com o Karl. Meus pais ficam me vigiando toda hora, principalmente meu pai. Se eles não sabem, eu já sou bem grandinha. Eu já vou até visitar minha avó sozinha, que mora do outro lado da floresta. 

Anna olha pra janela. 

-Eu queria que meus pais não me incomodassem tanto. O Karl pode sair pra onde quiser. Eu quero ser que nem ele. 

Num impulso, Anna abre a janela. Ela se inclina e consegue pular. Depois ela fecha a janela. 

-Eu vou ir na casa da minha avó. Ela vai me entender! Mas tá tão escuro! 

Anna olha pra escuridão. 

-Eu nunca saí de madrugada na floresta... É só eu ir pelo caminho mais claro... 

Anna começa a andar. 

Antes, ela dá mais uma olhada para trás. 

Ela começa a entrar num caminho onde só há mata. Ela olha para os arbustos e árvores e começa a pensar que a qualquer momento pode sair um bicho selvagem de lá. 

Ela aperta o passo, até que começa a ouvir algumas vozes. 

-Será que estou louca? 

Anna vê duas sombras à frente. Ela quer voltar atrás, mas já avançou muito e não está muito longe da casa da avó. A casa da avó dela fica logo após o moinho, e Anna já consegue ver ele na sua frente. Anna avança e... 

-Ah! 

João e Maria dão um passo pra trás, assustados. João se coloca na frente de Maria. 

-É uma menina! - Maria grita para João, surpresa! 

Anna cobre o rosto com o capuz e começa a correr. João core atrás dela e a puxa, os dois caem no chão. 

-Ei! - Anna grita. 

-Porque você tá correndo? - João pergunta. Maria se aproxima. 

Anna se levanta. 

-Eu não sei se vocês são crianças mesmo. Ou são algum tipo de criatura que quer me comer.

Maria segura as mãos dela. 

-Toca na gente. Nós somos reais como você. - Maria diz. 

-Então por que eu nunca vi vocês na escola? - Anna pergunta. 

-A gente não vai porque nossa madrasta não nos leva, e nosso pai não tem tempo porque trabalha como lenhador. - João responde. 

-Hmmm. - Anna se lembra da conversa que seus pais tiveram ontem, que ela ouviu dentro do quarto. - Acho que posso confiar com vocês. Onde vocês vão essa hora? 

-Queremos dar um susto no nosso pai que estava planejando abandonar a gente. E você? - João questiona. 

-Eu quero morar com a minha avó. Eu acho que ela me daria mais liberdade, já que meus pais não me dão nenhuma. Escuta, vocês devem estar famintos. 

-Sim! - Maria diz entusiasmada, colocando a mão na barriga. 

-Venham comigo pra casa da minha avó. Tá bem perto, fica depois desse moinho. - Ela aponta pro moinho. - Vamos que vocês até me fazem companhia.

-Vamos então. - João concorda. 

Os três seguem juntos em direção ao moinho. 

O vento sopra forte. 

[Cena 4]

Jack finalmente sobe. Ele se impressiona ao ver o que tem em cima do pé de feijão. 

É um mundo cheio de nuvens, com o céu rosa e vibrante. Ele salta do pé de feijão e pula nas nuvens, se espreguiçando.

-Jack! - Ele se levanta ao ouvir essa voz tão particular que o chamou. 

Ele se espanta ao ver um homem. 

-Me ajude, meu filho! 

-Papai? 

-Me ajude... O gigante me aprisionou! Eu quero ser livre, quero ter você e sua mãe de volta! Me ajuda! 

-Papai...

O pai de Jack começa a desaparecer. 

-Papai! - Jack tenta correr. 

Então Jack percebe que está caindo das nuvens e começa a gritar. Logo.... 

Jack acorda com um grito. 

-Ah! 

Jack está em sua cama. Ele estava sonhando. Ele olha pela janela. 

-Eu fui enganado! Aqueles feijões não eram mágicos! 

Jack abre a janela e pula pra fora, furioso. 

Ele pega os feijões e joga pra longe. Depois ele os alcança e os recolhe novamente. 

-Eu vou conseguir fazer com que minha mãe tenha algo pra comer! Não vou mais decepcionar ela! Eu tenho que ir pra vila e conseguir um trabalho. Talvez eu até encontre aquele comerciante e tire satisfação com ele. Eu vou agora pra chegar bem cedinho! 

Ele coloca os feijões no bolso e sai caminhando. 

[Cena 5]

Anna chega com João e Maria em frente a casa de sua avó. 

-Que lindinho esse lugar! - Maria diz animada. 

Anna bate na porta, mas não ouvem nada. 

-A essa hora ela já deve estar dormindo! - João explica. 

Anna bate mais forte. 

De lá de dentro, a avó de Anna acorda. 

-Quem é? 

-Sou eu vovó, a Anna. 

-Eu sou velha mas não sou besta! 

-Sou eu mesma vovó! - Anna insiste. 

-Acho que ela não vai acreditar tão fácil... - João alega. 

-Qual é seu apelido, então? - A idosa esperta questiona. 

-Chapeuzinho vermelho! - Anna responde. 

A senhora fica sem entender. 

-Não pode ser a Anna. - Ela diz pra si mesmo. 

Ela se levanta da cama e vai abrir a porta, se surpreendendo ao ver a neta. 

-Vovó! - Anna abraça a neta. - João, Maria, essa é a minha avó Clarice. 

-O que está acontecendo? - Clarice pergunta confusa. 

[Cena 6]

Jack caminha exausto, com frio e fome. 

-Finalmente... Finalmente cheguei no vilarejo. 

Ao ver várias casinha uma do lado do outro, Jack simplesmente se senta na frente de uma. Encosta a cabeça no chão e começa a dormir. 

De dentro da casa, um homem abre a cortina e vê Jack deitado no chão da rua. 

-Veja isso, querida. - Ele diz para a esposa. 

-Meu Deus, coitadinho! O que será que aconteceu com ele? 

O homem sai pra fora. Pega Jack no colo, sem acordá-lo. Os feijões acabam caindo do bolso de Jack e vão parar no chão. O homem leva Jack para dentro da casa. 

Ele coloca Jack deitado no sofá 

A filha do casai sai correndo e vai falar com a mãe. 

-Mãe, quem é esse menino? - Ela pergunta. 

-Jully, você devia estar dormindo! Vá pro seu quarto! - A mãe ordena. 

-Não mãe, eu ouvi as vozes de vocês e acordei, e agora quero saber quem é esse menino. 

Jack, que está dormindo, acorda com o barulho e estranha ao ver o casal e a menina. 

-Oi, quem é você? - Jully pergunta, bem curiosa. 

-Eu... Me chamo Jack. 

-Jack, o que você estava fazendo na rua essa hora? - O pai da menina pergunta. 

-Aconteceu alguma coisa? - A mulher questiona também. 

Antes que Jack pudesse responder, Jully diz a ele:

-Meu nome é Jully, mas pode me chamar de Cachinhos Dourados! - Ela fala, enquanto aponta para seus cachos loiros e brilhantes como o sol. 


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