Débora
CAPÍTULO 11
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
escrita por
FELIPE LIMA BORGES
baseada nos capítulos 3 a 5 do livro
de Juízes
FADE
IN:
CENA 1: EXT.
MONTE – DIA
Débora, Jaziel e Baraque olham mais
uma vez para o alto paredão do monte.
DÉBORA
Acho que
não temos escolha...
JAZIEL
Francamente...
BARAQUE
É, não será
fácil... Mas quanto antes começarmos, antes poderemos estar ricos!
JAZIEL
Ou mortos.
Débora olha para o amigo com olhar
de reprovação.
BARAQUE
Vamos ter
que escalar.
DÉBORA
Pois que
seja.
JAZIEL
Está bem...
Eles sobem uma parte mais elevada
do terreno, se aproximam do paredão e começam a se preparar.
BARAQUE
Por que é
que ninguém inventou ainda alguma coisa para se subir um paredão desse com
segurança? Não concordam?
JAZIEL
É, só que
sem esforço não vale a recompensa...
Baraque parece considerar.
BARAQUE
É...
DÉBORA
Vamos,
vamos começar logo isso porque a jornada é longa.
DÉBORA
(NAR.)
Naquela
época, a minha vontade por ouro era expressiva e grande o suficiente para eu
aceitar cumprir essa tarefa quase suicida.
Guardando
objetos e pegando outros, eles estão quase prontos...
CENA 2:
INT. CASA DE NAJARA – SALA – DIA
Jeboão chega ali na sala onde está
Najara.
JEBOÃO
Pronto. A
porta do quarto de Sísera está como nova! Impecável!
NAJARA
Meus
parabéns...
JEBOÃO
Obrigado. Agora
que terminei, vou sair.
NAJARA
Sair? Para
onde?
JEBOÃO
Ora, o de
sempre... Ver os comerciantes, fazer novos clientes...
NAJARA
(desconfiada) Hum.
Jeboão vai pegando suas coisas.
JEBOÃO
Agora que
Sísera está crescendo no exército, nós teremos mais dinheiro, e poderemos
comprar um escravo, ou até mesmo pagar uma serva para cuidar da casa. Escravo
me parece mais conveniente.
NAJARA
Sim, mas
escravos podem se rebelar. Muitos tramam contra seus senhores. Nunca ouviu
sobre nobres que foram atacados durante a noite? Com o dinheiro que há de vir
poderemos pagar muito bem um servo bom e leal.
Concordando, Jeboão faz que sim
sorrindo.
NAJARA
Mas por que
quer alguém? Está pensando você que vai se livrar dos seus serviços de casa?
JEBOÃO
Tenho o meu
próprio serviço lá fora.
NAJARA
Ahn, parece
é que há outra coisa lá fora...
JEBOÃO
O quê?...
Como é, Najara?!
Najara apenas o encara.
JEBOÃO
Está
insinuando que tenho outra mulher, é isso?! Como é que um homem honrado como eu
seria capaz disso?! O pai do capitão temporário do exército!
NAJARA
Mas eu nem
mencionei-- (se interrompe) Tudo bem, Jeboão.
Najara vai até ele.
NAJARA
Foi só uma
bobeira que passou pela minha cabeça... Você me desculpa?
JEBOÃO
Rum... Acho
bom mesmo me pedir desculpas.
NAJARA
Obrigada,
meu marido.
JEBOÃO
Hum. Até
mais tarde.
NAJARA
Até mais
tarde... Tenha um bom dia.
Jeboão sorri, caminha para a porta
e sai.
Najara espera um tempo...
Então
corre para a porta e também sai.
CENA 3:
INT. PALÁCIO – JARDIM – DIA
Tranquilo, Sísera chega ao jardim
admirando a paisagem. Enquanto passa pelos servos, roça os dedos nas plantas,
molha a mão na água que corre por ali...
É quando uma das servas, carregando
uma bandeja com dois recipientes de vinho, atrai os olhares de Sísera, que diminui
os passos para admirá-la de longe.
Notando que ela está atravessando o
jardim para sair, Sísera apressa o passo e se aproxima dela.
SÍSERA
Ei... Ei,
serva!...
A serva para e olha para ele.
SERVA
Sim?...
Sísera para de frente para ela com
olhar de malícia, fazendo-a se incomodar e olhar para baixo, para as coisas que
carrega.
SERVA
Eu... tenho
que ir. Perdão, com licença.
SÍSERA
Espere.
A serva fica ali.
SÍSERA
Sirva-me.
Ela o olha... e então pega um dos
recipientes para encher a taça.
SÍSERA
Não, esse
não.
A serva para e olha para ele.
SÍSERA
Quero do
outro vinho.
SERVA
Senhor, me
perdoe, mas o outro é apenas para os oficiais.
Sísera sorri de canto de boca por
alguns segundos... Então agarra seu braço e a puxa para perto dele com força.
SÍSERA
Você é
cega? É surda?! Não ouve as notícias?!
A mulher fica aflita nessa situação.
SÍSERA
O Capitão e
o Primeiro-Oficial estão desaparecidos há dias e agora eu é que estou
comandando o exército! E, enquanto isso, mereço todas as regalias e todos os direitos
do Capitão.
Com uma mão Sísera pega o
recipiente de vinho, e com a outra solta o braço da serva e a abraça. Vira o
vinho enquanto acaricia a costa da mulher, aflita e extremamente incomodada.
Ao beber tudo, Sísera coloca o
recipiente na bandeja e olha para ela. Sua mão continua a acaricia-la, mas
agora começa a descer pelo corpo. É quando ela tenta se desvencilhar, mas
Sísera a agarra pelos braços e a aperta.
SÍSERA
Quietinha,
quietinha...
Apesar de várias pessoas por ali,
ninguém ousa intervir. Forçadamente, ele passa a mão na costa dela e desce até
as nádegas, onde apalpa com força. Lágrimas de angústia brotam dos olhos da
serva...
SÍSERA
Ora,
chorando...
Quando
ele vai olhar os olhos dela, ela aproveita para se soltar (deixando a bandeja
cair) e correr o mais rápido que pode. Ele, sorrindo, observa-a se afastar
enquanto lambe o vinho em seus beiços.
CENA 4:
EXT. DESERTO – DIA
Um pelotão de soldados hazoritas
continua suas buscas pelo alto das dunas e com os olhares atentos para a planície
dominada pelos amonitas.
SOLDADO 1
Nada...
SOLDADO 2
Nem sinal.
SOLDADO 1
Já está
dando a hora... Vamos voltar para dar o primeiro relatório para Sísera.
O
soldado 2 faz sinal para o pelotão e eles tomam outra direção.
CENA 5:
EXT. HAROSETE – RUAS – DIA
Jeboão
caminha afoito pelas ruas. Por pouco não tropeça nas pessoas. Mas Najara não o
perde de vista, segue firme dobrando esquinas e até acelerando o passo devido à
pressa do marido.
CENA 6:
EXT. MONTE – DIA
Débora, Jaziel e Baraque, sem qualquer
proteção, escalam o paredão do monte determinados. Apesar da dificuldade e do
risco, a superfície é cheia de reentrâncias e protuberâncias que facilitam o
apoio das mãos e dos pés.
Cientes da já grande altura em que
estão, eles olham para trás, para Betel e arredores.
BARAQUE
Está
difícil... Mas a visão é linda...
DÉBORA
Esse
vento... Como é bom estar no alto... Nunca meus olhos presenciaram tamanha
beleza...
BARAQUE
Muito menos
os meus.
JAZIEL
Acho que
consigo ver minha casa daqui...
DÉBORA
Vamos...
Temos que continuar. Lá em cima será ainda mais bonito. Segurem firmes!
Então
eles voltam a olhar para frente e para cima, concentrando nos locais onde se
segurarão.
CENA 7:
INT. CASA DE NIRA – DIA
Nira e Debir estão deitados e conversando,
ela com a cabeça no peito dele.
NIRA
Já posso
imaginar... Nossa casa, pequena, mas com luxo e conforto... Minhas joias...
DEBIR
E o mais
importante: nunca mais sendo humilhados, sem ter que sofrer na mão de mais
ninguém.
NIRA
É, isso
mesmo.
DEBIR
Sabe, Nira,
acho que a fase de conquistar o velho já passou. Ele já está louco por você,
comeria pão amassado por seus pés sujos, se pedisse. Você precisa logo fazer um
pedido para ele. Um presente, uma joia... Algo que possamos vender para
conseguirmos nossas coisas.
CENA 8:
EXT. CASA DE NIRA – FRENTE – DIA
Jeboão
dobra a esquina e vem apressado na direção da casa. Lá atrás, Najara aparece e,
discreta, se aproxima também.
CENA 9:
INT. CASA DE NIRA – DIA
NIRA
Você já fez
um levantamento do quanto precisaremos para a viagem?
DEBIR
Uma parte.
Na verdade o--
Nesse instante, a porta se mexe um
pouco, e só não abre por estar trancada. Eles levam um susto e Nira salta da
cama.
JEBOÃO
(O.S.)
Nira! Sou
eu! Abra a porta! Jeboão!
CENA 10:
EXT. CASA DE NIRA – FRENTE – DIA
Ao
ver o marido aguardando parado na frente daquela casa, Najara se esconde atrás
de uma barraca e o observa.
CENA 11:
INT. CASA DE NIRA – DIA
NIRA
(aflita) Já vou,
Jeboão!
Nira faz sinal para Debir sair.
DEBIR
(sussurrando) Por onde?!
NIRA
(sussurrando) Não
sei!...
Debir se levanta e procura um lugar
para se esconder. Então tenta entrar embaixo da cama, mas o espaço é pequeno
demais para ele.
JEBOÃO
(O.S.)
(batendo) Nira! Abre
essa porta, mulher!
Nira parece ter uma ideia.
NIRA
A cortina!
Debir então corre para a janela e
se esconde atrás da cortina. Porém, ela não vai até o chão, e seus pés ficam
visíveis.
JEBOÃO
(O.S.)
Rápido,
Nira! Estou com pressa! Cadê você?! Abra logo essa porta!
Enquanto Debir tenta resolver a
situação de seus pés, Nira, apesar de vestida, se enrola nos lençóis e vai até
a porta. Destranca-a e abre uma frestinha.
JEBOÃO
Finalmente,
mulher! Deixe eu entrar!
NIRA
Espere!
Espere um pouquinho, Jeboão...
JEBOÃO
Por quê?!
NIRA
Eu ainda
não me vesti...
JEBOÃO
Ora, mas o
que é isso?! Você não precisa ter vergonha comigo, já nos deitamos! (forçando
a porta) Abre essa porta!
NIRA
(segurando
a porta) O quarto está todo desarrumado, meu querido... Uma bagunça!
JEBOÃO
(tentando
abrir) Sou o último nessa cidade que se importa com isso.
NIRA
Mas eu
me importo!
Jeboão a encara pela pequena
abertura.
NIRA
(sensualmente) Eu me
importo muito com você, meu Jeboão. Quero receber o meu fogo da paixão da
melhor forma possível. Da forma que ele, e somente ele, merece.
JEBOÃO
Hum...
NIRA
Por favor,
me espere, tudo bem?
JEBOÃO
Ai, ai,
Nira... Tudo bem...
Nira sorri, pisca para ele e manda
beijo.
NIRA
Já volto.
Ela fecha a porta e larga os
lençóis.
DEBIR
(desesperado) O que
faço?!
Nira olha para todos os objetos no
quarto... Então localiza um pequeno baú e corre até ele. Pega-o e o leva para
onde Debir está.
NIRA
Suba.
DEBIR
Você é
incrível!
Nira sorri. Atrás da cortina, Debir
ajeita o baú e sobe, de forma que finalmente consiga ficar totalmente
escondido.
Rapidamente Nira arruma algumas
coisas no quarto, ajeita as vestes, o cabelo e abre a porta. Afoito, Jeboão a
agarra e já vai tentando abaixar a roupa dela.
NIRA
(sendo
agarrada e beijada) Jeboão... Jeboão... Espere... Jeboão, calma...
Calma, calma, eu acordei há pouco...
Ele para e olha para ela.
JEBOÃO
Mulheres...
Sempre tão complicadas. Pensava que era só a Najara...
Enquanto ela fecha a porta, Jeboão
dá uma olhada no quarto, inclusive para o lado da cortina, mas não percebe
nada.
JEBOÃO
Essa era a
bagunça?
NIRA
Eu arrumei,
não foi?
JEBOÃO
Hum. Você é
caprichosa. (olha para ela) Assim como é linda. (se aproximando)
Você está tão linda, Nira... Não consigo resistir.
NIRA
Você
precisa entender, Jeboão, que eu sou uma mulher preciosa, só sua... Então
precisa me dar um tempinho. Para eu garantir minha preciosidade...
Nira coloca seus braços em volta do
pescoço de Jeboão e tenta virá-lo, de forma a ficar de costa para a cortina.
JEBOÃO
(sendo
virado) Durante minha vida quase não pude aproveitar mulheres jovens,
mesmo quando eu também era. E agora que sou velho, e uma se interessou por mim,
quero aproveitar até não sobrar nada.
Jeboão tenta cair na cama com Nira,
mas ela o segura e o ajeita para ficar de costa para a porta. Antes que ele
possa protestar, ela sorri.
NIRA
Eu sou tão
apaixonada por você... Antes de cairmos no nosso ninho de amor quero
beijá-lo... Quero sentir o seu cheiro, cheiro de homem! O cheiro que me
alucina, que me faz ter fantasias inenarráveis!
Jeboão então a beija no pescoço e
passa suas mãos pelo corpo dela. Atrás, Debir afasta a cortina um pouco e vê
Nira sendo agarrada por Jeboão e lhe fazendo sinal para sair. Ela acaricia o
cabelo de Jeboão para ter o controle de sua cabeça enquanto Debir desce do baú,
caminha a passos silenciosos para a saída, abre a porta e sai; nisso, um
pequeno barulho. Antes que Jeboão olhe e desconfie, Nira age.
NIRA
AAAIII...
JEBOÃO
(confuso) O que foi
isso? Está bem?!
NIRA
O quê?...
Não posso expressar as sensações que você me causa?...
JEBOÃO
Não, é que
me pareceu--
NIRA
Não gosta
que eu me expresse, é isso, Jeboão?
JEBOÃO
Não, não,
não diga uma coisa dessa... Você é minha deusa, pode fazer o que bem quiser!
Por estar mal fechada, a porta se
abre com o vento.
JEBOÃO
Mas não na
frente do povo. Vou fechar.
NIRA
Eu fecho.
Minha obrigação de mulher.
Nira corre até a porta e, antes de
fechá-la, vê Debir ali fora encarando-a. Jeboão chega à porta e também vê o
homem.
JEBOÃO
O que você
quer?! Por que está olhando para ela?!
DEBIR
Não estou
olhando para ela, estou apenas passando pra ir para a minha casa.
JEBOÃO
Pois fique
longe dessa casa!
Jeboão
então bate a porta e olha para Nira; ela o abraça.
CENA 12:
EXT. CASA DE NIRA – DIA
De
trás de sua barraca, Najara não consegue ver quem está lá dentro além de Debir
ali fora. Confusa e pensativa, ela se levanta e sai.
CENA 13:
INT. PALÁCIO – SALA DE SÍSERA – DIA
Sísera lê um pergaminho quando dois
soldados entram na sala.
SÍSERA
Finalmente...
Espero boas novas no primeiro relatório.
SOLDADO 1
Senhor,
apesar de termos andado pelas áreas mais prováveis que nos passou, não
encontramos nada. Nenhum sinal do Capitão ou do Primeiro Oficial.
Sísera faz que não e respira fundo.
SÍSERA
Tem
certeza? Nenhum tecido, nenhuma peça de cavalaria, nada ligado aos amonitas?!
SOLDADO 2
Infelizmente
não, senhor.
SÍSERA
Pois bem.
Continuem as buscas e, para otimizarmos, suspendam os relatórios
intermediários.
SOLDADO 2
Entendido.
SÍSERA
Retornem
apenas ao final da busca diária.
SOLDADO 1
Com
licença.
Eles saem e Najara entra.
SÍSERA
Mãe?! Que
surpresa a senhora por aqui...
NAJARA
Mas que
cara é essa, Sísera?
SÍSERA
(indo
fechar a porta) São os soldados, mãe. Não corresponderam ao nosso
plano. Pensei que, na ânsia de darem resultados, encontrariam qualquer coisa
que pudéssemos ligar os dois desaparecidos aos amonitas.
Najara, no entanto, olha para todo o
cômodo.
NAJARA
É uma bela
sala...
SÍSERA
Mãe...
NAJARA
Ah, claro...
SÍSERA
Vou ter que
dar essa notícia ao rei.
Najara parece pensar... Pensar...
Então tem uma ideia. Mas fala de outra coisa.
NAJARA
Sabe, meu
filho, eu gostei muito do tratamento diferente que deram à mãe do Capitão
temporário.
Sísera sorri.
SÍSERA
Pois é, a
gente acaba viciando... Sente-se.
Najara senta e ele vai para sua
cadeira atrás da mesa.
NAJARA
No entanto,
Sísera, eu não quero continuar sendo apenas a mãe do Capitão temporário, mas do
Capitão do exército de fato!
SÍSERA
Isso vai
acontecer, mãe.
NAJARA
Quero que
aconteça muito antes do que você pensa. O ideal é que o primeiro relatório para
o rei seja ótimo, excelente, que entregue resultados!
SÍSERA
Difícil,
visto que não tenho nada!
NAJARA
Mas você
pode ter se esperar mais um pouco.
SÍSERA
Não
entendo...
NAJARA
Vamos
retornar para casa. Ao porão, mais especificamente.
SÍSERA
(entendendo) Hum...
NAJARA
Veja, se
resolvermos aquele problema, e trata-lo como resolvido pelos amonitas, você
terá um excelente primeiro relatório. E o que já está ótimo, vai para as
nuvens!
SÍSERA
Entendo,
mas o primeiro relatório está marcado para agora!
NAJARA
Ora,
Sísera, dê uma desculpa! Que os soldados não vieram, ou que você suspendeu...
SÍSERA
Qual a
justificativa para se suspender?!
NAJARA
Crie uma.
Você é inteligente, Sísera!
Sísera então tenta pensar em
algo... Mas logo sua mãe agarra um pergaminho e uma pena e começa a escrever
energeticamente. Tendo terminado, entrega para ele, que lê.
SÍSERA
Mas isso é
ótimo! Acho que convencerá Jabim.
NAJARA
Perfeito.
Também recomendo que você compre o silêncio dos soldados, ou então uma versão
de declaração.
SÍSERA
Certo.
Muito bem. Acho que está tudo encaminhado, então.
Najara faz que sim.
SÍSERA
No entanto,
a senhora veio aqui por outro motivo...
NAJARA
Sim...
Sísera, você se lembra da desconfiança que eu estava tendo do seu pai?
SÍSERA
Claro...
NAJARA
Pois bem...
Hoje ele saiu e eu o segui. Foi para uma casa. Ele demorou a entrar, parecia
que alguém lá dentro não estava preparado para recebe-lo. E não vi nele o
comportamento respeitoso que tem com clientes ou outros comerciantes, na
verdade parecia querer abrir a porta à força.
SÍSERA
(interessado) Hum...
NAJARA
Depois saiu
um homem de lá, nunca o vi... E só. Não consegui ver mais nada.
SÍSERA
Muito
estranho...
NAJARA
Eu vim para
te pedir que, quando tiver um tempo, investigue isso para mim. Dê uma olhada em
quem mora lá, e se é mesmo uma casa... Eu vou te passar o local.
SÍSERA
Pode
deixar, mãe. Vou conferir sim.
NAJARA
Obrigada,
meu filho. Agora vá à presença do rei. Eu estarei te esperando na saída do
palácio para irmos resolver a situação do porão.
SÍSERA
Certo.
CENA 13:
INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA
Sentado em seu trono, Jabim olha
com certa indignação a aproximação apressada de uma serva, a mesma assediada
por Sísera. Logo atrás, outro servo corre falando.
SERVO
Meu senhor,
por favor, queira perdoar-me!... Ela estava afoita para vê-lo, passou por mim,
não consegui segurá-la!...
Chorando, a serva para aos pés do
trono e o rei olha para ela.
JABIM
Por que
entrou à minha presença dessa forma, serva?
SERVA
(fungando e
limpando os olhos) Aconteceu... algo grave, meu senhor... Fui
importunada... por um dos soldados... que bebeu do vinho que não lhe convém...
e se aproveitou de mim...
Jabim a encara. Atrás dela, Sísera
chega silenciosamente e prestando atenção no que ela conta.
SERVA
E ele
também dizia... dizia que tinha um cargo maior do que realmente tem... Mas eu o
conheço de vista... É apenas um soldado... (pequena pausa) Ele... não me
respeitou, senhor... Não me respeitou nem um pouco... Nem como serva, nem como
mulher...
JABIM
E o soldado
a quem se refere, que fez tudo isso, por acaso é esse que está atrás de você?
A serva então olha para trás e vê
Sísera parado e olhando para ela. Assustada, vira para o rei.
SERVA
Sim! Sim,
meu rei! É ele, foi esse homem quem fez tudo isso!
Sísera olha
para o rei, que encara a mulher chorando.
CENA 14:
EXT. MONTE – DIA
A escalada é cada vez mais dolorida,
e Débora, Jaziel e Baraque, já quase no topo do monte, se esforçam para
alcança-lo.
BARAQUE
Falta
pouco!...
Força, concentração,
determinação... E eles finalmente alcançam suas mãos na superfície plana.
DÉBORA
Chegamos!
Jaziel é mais ágil e consegue subir
primeiro. Então ajuda Débora e depois Baraque.
Sujos e respirando ofegantemente,
os três dão uma olhada na paisagem... Mas nada comentam, pois estão curiosos em
saber do tesouro. Então viram para a superfície do topo do monte. No semblante
cansado, mas contemplativo dos três, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:
No próximo capítulo: Nira pede
uma joia para Jeboão. Débora encontra algo surpreendente no monte. E Sísera e
Najara decidem resolver o segredo que escondem no porão de casa.
Obrigado pelo seu comentário!