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Débora - Capítulo 13


Débora
CAPÍTULO 13

uma novela de
FELIPE LIMA BORGES

escrita por
FELIPE LIMA BORGES

baseada nos capítulos 3 a 5 do livro de Juízes

No capítulo anterior: Sísera confirma ao rei que fez com a serva tudo o que ela relatou. Jabim diz sentir um fogo nas entranhas ao ouvir isso, e obriga a mulher a espera-lo em seus aposentos. Sísera consegue adiar a entrega do primeiro relatório. Débora e Jaziel ajudam Baraque a procurar o tesouro sob a camada de areia. Nira pede uma joia a Jeboão, e só se dá por satisfeita quando ele diz que vai conseguir comprar uma. Sísera e Najara visitam, no porão de casa, o Capitão e o Primeiro Oficial, presos e amordaçados. No alto do monte, Débora encontra a sepultura de Misael. Impressionada, guarda a informação para si. Najara conta aos presos que Sísera é quem merece o cargo de Capitão do exército. Ao descobrir que foram vítimas de um plano, o Capitão os xinga. Najara oferece um punhal a Sísera e diz que é ele quem deve tirar o homem do cargo para ocupa-lo. Sísera hesita e, como forma de demonstração, Najara corta a garganta do Primeiro Oficial. Por fim Sísera pega o punhal e se aproxima do Capitão; encorajado pela mãe, ele corta a garganta do homem. Ela molha o dedo no sangue recém escorrido e faz uma mancha na testa do filho.
FADE IN:

CENA 1: EXT. BETEL – PRAÇA – DIA
Débora, Jaziel e Baraque chegam à praça. Éder, que já está ali há algum tempo, localiza-os e vem de encontro.
ÉDER
(encarando Débora) Aí está você!
DÉBORA
Shalom, Éder.
Éder para de frente para eles, claramente não está gostando daquilo.
ÉDER
Shalom, Débora. Você demorou.
DÉBORA
Demorei?! Não... Estou quase nada atrasada. Estou em cima da hora em que costumo vir do campo.
ÉDER
(olhando Baraque) O que estava fazendo com ele?
DÉBORA
O que está insinuando, Éder?
ÉDER
Responda a minha pergunta.
DÉBORA
Jaziel e eu estávamos mostrando para Baraque os arredores da cidade...
ÉDER
Os arredores da cidade...
BARAQUE
(um tanto incomodado) Era apenas isso mesmo, Éder. Bem, já vou indo. Vou comprar algo para beber. Com licença, Shalom.
Baraque se afasta e Éder, raivoso, o acompanha com o olhar.
JAZIEL
Vou deixá-los, mas ela tem razão, Éder. Até mais tarde...
Jaziel também sai. Débora olha para o noivo.
DÉBORA
Diga-me, Éder, por que tanta desconfiança, hum? O que você acha que eu faria?
ÉDER
Não é isso, sei que não ousaria me trair. Mas acontece que um homem precisa saber tudo o que sua mulher faz!
Débora respira fundo.
ÉDER
Se não for assim, se não a controlar, o que as pessoas vão pensar?!
Débora então começa a andar, e Éder a acompanha.
ÉDER
Nós precisamos conversar, Débora.
DÉBORA
Sobre o quê?
ÉDER
Sobre o nosso casamento. Precisamos marcar a data.
Débora olha para ele, mas continua a andar.
ÉDER
Vamos até lá falar com os seus pais sobre isso.
Ela não se sente confortável, mas apenas continua a caminhar.



CENA 2: INT. CASA DE NAJARA – COZINHA – DIA
Najara chega à cozinha, onde encontra Sísera secando as mãos.
NAJARA
Sísera...
Ele olha para ela.
NAJARA
Já se lavou?
Sísera faz que sim.
SÍSERA
Já...
Najara faz que sim.
NAJARA
(se aproximando) Pois bem. Agora é hora da última parte do plano.
SÍSERA
O que devo fazer?
NAJARA
Leve os dois corpos à presença de Jabim. Diga que os encontrou nas terras de Amom. Se, antes, você conseguir matar um amonita, melhor ainda. Pois aí poderá dizer que encontrou o Capitão e o Primeiro Oficial em posse do soldado inimigo, e, em confronto, o matou. Terá todas as provas corroborando com seu relato.
SÍSERA
E como explicar a morte dos dois?
NAJARA
Os amonitas são loucos... Selvagens!... Pode dizer que o soldado matou a ambos para que nem eles, nem nós ficássemos com os prisioneiros.
SÍSERA
Tem certeza de que isso dará certo, mãe?
NAJARA
(pegando nos braços do filho) Confie em mim, Sísera! Apresentar tudo isso no primeiro relatório fará você não apenas ganhar pontos com Jabim como também finalmente motivará o rei a declarar guerra contra os malditos amonitas.
Sísera faz que sim.
NAJARA
Agora vá, vá logo! Não podemos perder tempo!

CENA 3: INT. CASA DE JAZIEL – SALA – DIA
Jaziel abre a porta, entra e a fecha. Cansado, vai até a mesa e se senta. Sua mãe e seu pai vêm da cozinha.
GAJA
Shalom, meu filho.
JAZIEL
Shalom...
BELTÃO
Jaziel... Precisamos falar com você...
Eles se sentam de frente para o filho.
JAZIEL
O quê, mãe?
GAJA
É sobre... ontem à noite.
JAZIEL
(entendendo) Hum.
BELTÃO
Jaziel, eu sei que você gosta de Sama... mas não dá para ela vir aqui assim, de supetão, sem nenhum aviso.
JAZIEL
Pai, a culpa foi minha. Eu disse a ela que vocês a convidaram. Sama não sabia de nada.
GAJA
Jaziel, nós a convidarmos?! Isso é um absurdo, Jaziel! Rum, quer dizer que essa moça veio aqui pensando ser uma convidada minha?! Não, não, não, não, não! Isso não pode acontecer!
JAZIEL
Mãe, qual é o problema com Sama?
GAJA
Jaziel! Não é que há um problema... É só que... É só que--
JAZIEL
(interrompendo) Mãe. Eu vejo, eu percebo, eu sinto que vocês têm uma questão com ela. Diga, que problema é esse?!
Gaja respira fundo e encara o nada, talvez pensando em como dizer. Beltão permanece quieto. Por fim ela olha para o filho.
GAJA
Jaziel, veja... Olhe para onde você está. Olhe para a nossa casa, veja o que comemos, perceba a forma como vivemos.
JAZIEL
E?
GAJA
Agora olhe para essa moça, para sua família. (pequena pausa) Jaziel, será que só seu pai e eu enxergamos?!
JAZIEL
Eu não acredito... Eu não acredito que estão falando do fato de Sama ser pobre.
O silêncio dos pais confirma o que Jaziel disse.
JAZIEL
Será possível?! Somos todos hebreus!
BELTÃO
(ríspido) Fale baixo, Jaziel!
GAJA
Você é muito novo! Não entende das coisas, não sabe de nada da vida!
BELTÃO
E nunca mais faça o que fez ontem! Espero que esteja claro pra você o que achamos disso!
GAJA
Chame Sama aqui apenas quando nós a convidarmos.
JAZIEL
Então nunca poderei chama-la!
GAJA
Talvez seja melhor assim!
JAZIEL
(levantando) Absurdo!
BELTÃO
Onde você vai, Jaziel?!
GAJA
Não mandei você se levantar!
Revoltado, Jaziel sai pisando duro. Passa pela porta, bate-a e some. Gaja e Beltão se encaram frustrados.

CENA 4: EXT. HAROSETE – ENTRADA – DIA
Os soldados hazoritas abrem o portão da cidade. De lá de dentro vêm três cavalos a toda velocidade: Sísera no da frente, e nos outros dois, soldados.
Os três passam pelo portão e tomam o deserto a todo galope.

CENA 5: EXT. CASA DE TAMAR – FRENTE – DIA
TAMAR
Casamento?!
Tamar e Elian encaram Débora e Éder, recém-chegados.
ELIAN
Nada mais justo. Já está mais que na hora de eles se casarem. Antes que as pessoas se escandalizem com um noivado longo...
Tamar percebe o desconforto e descontentamento da filha.
TAMAR
Vamos entrar... Vamos tratar disso lá dentro, por favor.
ELIAN
Vamos.
Elian entra seguido de Tamar. Éder olha para Débora e faz sinal para ela entrar na frente, mas ela não vai e faz sinal para ele ir primeiro. Ele não gosta, e entra encarando-a com desgosto.
Quando Débora finalmente vai entrar, sua prima Isabel passa ali na rua.
ISABEL
Débora!
DÉBORA
(parando na entrada) Prima!...
Isabel se aproxima.
ISABEL
Não pretendia vir aqui, mas te vi e gostaria de jogar um pouco de conversa fora... Claro, se você puder... (sorrindo) e quiser.
DÉBORA
Posso, quero e venha! Vamos, entre! Éder está aqui, mas não tem problema! É até bom que adiamos um assunto que íamos tratar...
ISABEL
Éder?... Seu noivo está aí?
DÉBORA
Sim, mas ele pode--
ISABEL
(interrompendo) Não, não, melhor não. Eu... volto outra hora, tudo bem?...
DÉBORA
Por que você fica assim sempre que falo do Éder?
ISABEL
Quê?! Não, quem disse, que isso... Não tem nada a ver o que está dizendo, prima... Eu já vou...
Encarando a prima, Débora sorri.
ISABEL
(franzindo a testa) Quê... Por que está sorrindo, Débora?! Você... devia ficar com raiva...
DÉBORA
Devia, é?
ISABEL
Sim, porque... Não, eu quero dizer... Olha, já estou indo, a gente se fala por aí. Shalom!...
Isabel se afasta, tropeça, disfarça e sai apressada. Descontraída, Débora entra.

CENA 6: INT. CASA DE TAMAR – SALA – DIA
Débora fecha a porta e vê que Éder e seus pais já estão sentados à mesa.
ELIAN
Quem era?
DÉBORA
Isabel...
ELIAN
Pois bem, sente-se, Débora. Temos que tratar esse assunto, é de suma importância. A união de minha preciosa filha com esse exemplar rapaz!
Elian, orgulhoso, bate no ombro de Éder, que sorri. Já o sorriso de Débora desaparece de seu rosto conforme ela se aproxima da mesa e se senta, ao lado de Éder e de frente para a mãe.
ELIAN
Éder, acerca do casamento, você tem algo em mente?
ÉDER
Bom, em função de minhas várias ocupações, estava pensando em realizar a união daqui a 15 dias.
ELIAN
Ótimo! Assim temos tempo de arrumar a casa de vocês e as mulheres de fazer os preparativos da festa.
Educadamente, Tamar faz que sim, mas percebe o olhar triste da filha.
DÉBORA (NAR.)
Ouvir aquele prazo foi como se ouvisse a data de minha sentença de morte...
ÉDER
(sorrindo) Fico feliz que também seja do gosto dos senhores. Esses 15 dias passarão rapidamente. (pequena pausa) Só gostaria de saber o que minha linda e amável noiva pensa acerca disso.
Todos olham para Débora.
DÉBORA
E minha opinião... tem algum peso na decisão?
Silêncio... Éder olha para Elian.
ELIAN
Bom... Infelizmente, não, mas... ficaremos contentes em ouvi-la.
DÉBORA
O que estiver bom pra vocês... estará bom pra mim.
Tamar encara a filha com grande pesar.
ÉDER
(animado) Vou começar a ver os preparativos agora mesmo. Débora...
Éder pega a mão da noiva e a beija, ela permanece sem olhá-lo.
Então ele se levanta.
ÉDER
Senhor Elian e senhora Tamar... Shalom.
TAMAR
Shalom.
ELIAN
Eu vou lhe acompanhar, meu rapaz.
Elian sai com Éder pela porta enquanto Tamar apenas observa a garota. Quando fecham a porta, Débora grita contida. Tamar nota que há lágrimas nos olhos da filha.
TAMAR
Devia ser dia de alegria...
DÉBORA
Tudo que sinto é uma vontade de sumir! Se pudesse eu me enfiava em um buraco...
TAMAR
Débora... Éder pode ser um bom marido...
DÉBORA
Mas eu não gosto dele!
TAMAR
Assim como a maioria das mulheres, você aprenderá a amá-lo.
DÉBORA
Que horror... Passar dias, semanas, meses, anos com alguém que não amo!, apenas com uma distante esperança de um dia isso acontecer...
Tamar, pesarosa, não sabe o que dizer. Dá a volta na mesa e abraça a filha, que começa a chorar.
TAMAR
Oh, meu amor...
DÉBORA
(chorando) O que eu queria mesmo, mãe... é um amor... igual o Lapidote...
Tamar solta a filha e a olha nos olhos.
TAMAR
O Lapidote? Aquele de quando você tinha só 12 anos?
DÉBORA
Sim... Quem dera ele reaparecesse...
TAMAR
Débora... Não é bom você ficar presa nisso. Já acabou, já passou... Lapidote se foi.
Débora funga enquanto encara a mãe.
TAMAR
E ainda que voltasse a aparecer, poderia ser muito diferente, hoje. Não só na aparência, mas na própria personalidade... A visão que você tem hoje é a da ainda inocente Débora, e que você alimentou todos esses anos...
Tamar limpa as lágrimas do rosto de Débora.
TAMAR
Além do mais, ele pode já ter se casado, constituído família...
Com certo medo diante dessa fala, Débora se levanta, ao que Tamar a imita.
DÉBORA
Hoje mais cedo, aquele rapaz Baraque, da tribo de Naftali... pediu que Jaziel e eu o acompanhássemos na subida do monte, atrás do tesouro que ele tanto busca...
TAMAR
Vocês subiram monte?!
DÉBORA
Sim, e--
TAMAR
(interrompendo) Débora, é perigoso!
DÉBORA
Mãe... Não achamos ouro nem prata, mas... Eu encontrei algo.
TAMAR
O quê?
Débora respira fundo.
DÉBORA
Uma caverna selada... E uma inscrição na pedra...
TAMAR
Alguém que foi sepultado--
DÉBORA
(interrompendo) Sim, mas veja o que estava escrito: “Misael. Marido honrado, pai amado e servo humilde do Deus de Israel”. (pequena pausa) Misael.
Tamar parece se lembrar...
TAMAR
Misael... Não era...
DÉBORA
O pai de Lapidote. Sim.
TAMAR
Meu Deus, então... eles estavam por perto?
DÉBORA
Estiveram, estiveram por perto, sim... Não sei o que aconteceu pra que partissem, mas nunca encontramos nenhuma pista... E agora isso... Lapidote esteve por perto, sepultou seu pai tão amável... (respira fundo) E ainda pode estar por aí, nos arredores de Betel.
TAMAR
Débora, por favor, não se meta em confusão! Não vá atrás de problema por causa disso... Imagine se seu pai ou o Éder descobrem que você está atrás do seu antigo namorado!
DÉBORA
Não vou, não se preocupe. Só fico pensando no que pode ter acontecido com o senhor Misael... E pelo que o Lapidote teve que passar, e talvez sozinho... Mas não deixei de me alegrar com a possibilidade de ele estar mais próximo do que jamais imaginei...
Por alguns segundos Tamar encara Débora...
TAMAR
Bom, eu preciso ir... Muito o que fazer.
DÉBORA
Tudo bem. Depois disso tudo, fiquei muito desanimada... Nem vou visitar o ancião Aliã. Vou é me deitar um pouco.
Triste, Tamar observa Débora indo para a escada e subindo.

CENA 7: INT. CASA DE TAMAR – QUARTO DE DÉBORA – DIA
Débora entra em seu quarto.
Vai até o baú... Abre-o.
Enfia a mão lá no fundo e pega algo que tira para fora: a semente de tamareira presa a um cordão. Passa a ponta de seu dedo sobre as iniciais gravadas dos dois lados...
Então vai para sua cama e deita. Encarando o teto, ela aperta a semente com a mão e as lágrimas brotam de seus olhos...

CENA 8: INT. HOSPEDARIA – SALÃO – DIA
No salão da hospedaria, Jaziel e Sama estão sentados em uma das mesas, com um copo de vinho para cada. Há poucos clientes por ali, e o homem atrás do balcão cochila tranquilamente.
Sama encara Jaziel, que não tira os olhos de seu vinho.
SAMA
(preocupada) Jaziel, por que você não me conta o que está acontecendo?!...
JAZIEL
Não é nada, Sama...
SAMA
(desconfiando) É algo de casa? São seus pais?...
Jaziel não reage... Então, por fim, faz que sim.
Cuidadosa, Sama elabora outra pergunta.
SAMA
É sobre... mim?
Jaziel levanta os olhos e a encara.
JAZIEL
Sim.
Sama não consegue esconder sua aflição e olha para o lado, mas logo Jaziel pega as mãos dela e as segura firme.
JAZIEL
Apesar disso, você não tem que se abalar nem um pouco! O importante, o que realmente importa, meu amor, é que eu gosto de você! É que nós nos amamos!
SAMA
Jaziel, como você acha que poderemos ficar juntos sem a bênção e o apoio da família?!
Ele abre a boca, mas não consegue responder... Lágrimas começam a surgir dos olhos dela.
SAMA
O que eu mais quero é ficar com você... Mas a cada dia que passa... as coisas parecem mais difíceis... mais impossíveis...
JAZIEL
Você está exagerando, Sama...
SAMA
Acha mesmo, Jaziel?
Jaziel não responde. Depois de um silêncio, ele a olha fixamente nos olhos.
JAZIEL
Eles ainda vão perceber quão boa moça você é. Ótima para o filho deles, a melhor possível! Tenho certeza de que tudo vai dar certo!
Ele a abraça, e ela retribui.
JAZIEL
Eu te amo.
Abraçados, ela chora bastante...
Parte do dia se passa...
Mais tarde, quando Jaziel e Sama já não estão ali, Baraque bebe em outra mesa enquanto analisa o pergaminho. Franze a testa...
Então se levanta e vai até o dono, que desperta assustado.
BARAQUE
Senhor, escute... Há aqui em Betel a casa dos anciães?
DONO
Sim, claro!
BARAQUE
E... onde ela fica?!
Enquanto o homem explica, Baraque quase não contém o sorriso animado.

CENA 9: EXT. DESERTO – DIA
No alto de uma duna, Sísera desce de seu cavalo. Os outros dois soldados estão ao lado, já de pé.
SODLADO 1
(apontando) Veja, senhor.
Sísera olha e nota, a algumas dezenas de metros dali, um soldado amonita fazendo a guarda de uma região.
SÍSERA
Já sabem o que fazer.
Então o soldado 2 pega uma flecha, coloca no arco, e mira: atira! A flecha corta o ar a altíssima velocidade até fincar no peito do amonita, que cai instantaneamente.
Pouco depois, eles arrastam o corpo até ali, colocam-no sobre um dos cavalos, cobrem-no com um tecido, e montam para voltar.

CENA 10: EXT. BETEL – RUAS – DIA
Débora caminha tranquilamente por uma das ruas da cidade. Tudo está tranquilo, tudo está normal, a não ser pelo fato de que não há ninguém por ali. Ninguém, a não ser uma figura logo à frente, um garoto menor que ela, parado de costas.
DÉBORA
Oi...
Mas o garoto não vira para trás, pelo contrário, toma outra rua e some.
DÉBORA
Espere!
Débora corre até a outra rua, onde para subitamente, pois ele está ali, olhando-a com um bonito sorriso: é Lapidote, na idade em que ela o conheceu, 14 anos. Débora franze a testa.
DÉBORA
Lapidote?...
LAPIDOTE
Oi, Débora.
DÉBORA
Você... O que está fazendo aqui?... Eu senti... muita saudade... Por que você se foi?! Por que me deixou?!
LAPIDOTE
Eu voltei, Débora. Você não está feliz?
DÉBORA
Sim, estou... Claro... Você... não cresceu, Lapidote. (sorrindo) Agora sou mais velha que você...
LAPIDOTE
Mas é claro que eu cresci. Basta olhar direito.
Débora franze a testa e, num piscar de olhos, Lapidote se transforma em um rapaz de 20 anos.
DÉBORA
Você está... lindo...
Lapidote se aproxima dela.
LAPIDOTE
Eu senti muito a sua falta, Débora. Nunca a esqueci.
Ela o encara apaixonada, e os lábios de ambos se aproximam... Antes que possam se tocar, um barulho: TOC TOC TOC TOC TOC!

CENA 11: INT. CASA DE TAMAR – QUARTO DE DÉBORA – DIA
Deitada, Débora abre os olhos e rapidamente se senta na cama. Está confusa e um pouco tonta.
TOC TOC TOC!
SAMA (O.S.)
Débora? Está aí?
DÉBORA
Entre!
Débora se levanta e a porta se abre: Sama entra.
SAMA
Licença... Sua mãe disse que eu podia subir...
Débora sorri.
DÉBORA
Claro, entre...
Sama fecha a porta.
SAMA
Você está bem, prima? Seus olhos estão molhados, está suada...
DÉBORA
Não, eu estou bem sim, foi só uma indisposição...
Sama nota a semente de tamareira na cama.
SAMA
O que é isso?
Débora olha e se assusta. Rapidamente pega a semente, mas já não tem como esconder. Olha para Sama, que observa com curiosidade.

CENA 12: INT. CASA DE NAJARA – SALA – DIA
Sísera abre a porta e os dois soldados entram carregando o embrulho, que é o corpo do soldado amonita. Najara desce a escada e os nota.
NAJARA
Vamos, coloquem ali, rápido.
Sísera fecha a porta e os homens colocam o embrulho no chão ao lado da mesa.
NAJARA
(para Sísera) Você os pagou bem?
SÍSERA
O suficiente para 7 noites de muita cerveja e meretrizes.
Concordando, os dois soldados sorriem para Sísera e Najara. Essa então se aproxima do embrulho. Observa-o enquanto rodeia também os dois soldados. Eles não prestam atenção, mas Sísera percebe quando sua mãe para atrás dos dois homens e, disfarçadamente, saca seu punhal. Ele fica quieto, mas observa atento. No olhar de malícia de Najara, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:

No próximo capítulo: Sama desabafa com Débora sobre Jaziel, e Sísera apresenta o primeiro relatório ao rei Jabim.




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