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Lar Doce Lar - Capitulo 09

*Lar doce Lar*
*Capítulo 09*
*Baseado no livro De Volta Para Casa de Karen White*


...
Maryane Harden, claro que me lembro. Acho que deve ser a covinha, apesar de seu cabelo estar mais curto. E mais loiro.
Maryane se moveu para abraçar Cassie, mas a tia de Maddie estendeu a mão.
Cassie: Não faça isso, estou muito suada. Acabamos de passar correndo pela casa de seus pais e vimos uma menininha no balanço da árvore. É sua filha?
Maryane lançou uma rápida olhada para o Dr. Parker e fez que não com a cabeça.
Maryane: Não. Não tenho filhos. Não me casei ainda. É a filha do meu irmão. Ele e a mulher estão de visita por algumas semanas.
Cassie: Daniel se casou? Não acredito.
Maryane fez que sim.
Maryane: É verdade, ele mudou muito,
agora lê outras coisas além de livros engraçados de ação com heróis, e toma banho também.
Todos riram ao mesmo tempo em que Maryane e o Dr. Parker seguraram a coroa nas mãos.
Com um olhar sério, Maryane falou:
Maryane: Sinto muito pelo seu pai, Cassie. Queria ter ido ao funeral, mas um de nós precisava ficar na clínica.
Cassie inclinou a cabeça, interrogativa, e a Srta. Harden sorriu.
Maryane: Sou a enfermeira de Sam e a responsável pelas tarefas gerais. Nós administramos uma clínica juntos com mais alguns médicos que revezam com a gente e algumas enfermeiras do Hospital Providence.
Cassie: Ah, entendi. É muito bom te ver. Espero que tenhamos tempo para conversar antes de eu partir.

Maryane: Você não está planejando partir logo, está?

Cassie:  Hoje não, de qualquer forma. Mas assim que resolver tudo.
Maryane: Você está na casa de seu pai?
Cassie fez que sim com a cabeça.
Maryane:  Ótimo. Vou te ligar para almoçarmos juntas no Dixie Diner, como nos velhos tempos. Vamos colocar o papo em dia.
Cassie: Maravilha. Vai ser muito bom.
Pela primeira vez, Maddie se deu conta, decepcionada, do que o Dr. Parker e a Srta. Harden tinham tirado de dentro da caminhonete. Ela se abaixou e segurou um pedaço da videira kudzu.
Tia Cassie deu uma passo para trás.
Cassie: Madison, isso é o que eu estou pensando?
Sam se agachou e segurou um ponta, seus dedos longos mexiam uma folha grande em forma de coração.
Sam: É kudzu. Com certeza você não se esqueceu do que se trata.

Cassie: Eu sei o que é. Só queria saber por que está aqui.

Maryane: É para o Festival Kudzu que está chegando. Eu e Sam fazemos parte do comitê de decoração.
Maryane se vira pra falar com Maddie.
Maryane: E agora que você está no ensino médio, todos os anos participará da competição para ser a rainha kudzu. Afinal,
você é filha de sua mãe.
Maddie queria vomitar, mas, em vez disso, disfarçou com um sorriso. Rainha kudzu cabia em meninas como Lucy Spafford, com cabelos loiros e tipo miúdo, não em morenas e altas como ela.
Tia Cassie apontou para um ramo verde.
Cassie: Por que vocês já o colheram, não estará morto em duas semanas? 
Dr. Parker respondeu, ríspido:
Sam: Até parece que é fácil assim. Vamos plantar uma das pontas na terra,
e o kudzu vai crescer como se sempre tivesse estado ali. Nosso único problema vai ser arrancá-la depois do festival a tempo de não ter invadido toda a cidade.
Maryane riu alto, parecia a coisa mais engraçada do mundo o que ele disse. Ainda sorrindo, e com a mão sobre o braço de Sam, ela olhou para Madison.
Maryane: Sua mãe deve chegar num minuto para ajudar. Todas as ex-rainhas kudzu devem ajudar, e a Helena é tão boa com decorações e tudo o mais que o Dr. Parker e eu a carregamos para trabalhar no nosso comitê. 
Ela lançou um outro olhar enjoado para o médico, e desta vez Maddie quase vomitou.
Mary se dirigiu a Cassie:
Mary: Estamos tristes pela morte de seu pai ter sido tão recente, e chegamos a dizer a Helena que ela não precisava vir, mas ela falou que
queria. Acredito que ajude a distraí-la. Você deve sentir o mesmo com a corrida.
Sam: Bem, é melhor irmos. E, Cassie, eu corro à noite. Você podia vir comigo um dia desses.
Cassie: Não, obrigada. Gosto de correr com alguém que possa me desafiar.
O Dr. Parker não respondeu e pegou mais kudzu do chão e o entregou sorrindo para Mary. Sem olhar para Cassie, ele disse:
Sam: Esse é um outro péssimo hábito que ela aprendeu no norte. Teremos que nos esforçar para acabar com ele enquanto estiver aqui.
Cassie: Não se preocupe. Não ficarei o bastante para absorver qualquer coisa. Eu até queria ajudar vocês com a decoração, mas eu tenho que me encontrar com um corretor daqui a pouco.

Mary: Ed Farrell?
Cassie respondeu que sim.
Cassie: Fiquei surpresa em saber que ele tinha um emprego respeitável. Achei que ainda estivesse naquela fazenda velha onde cresceu. Ei, Sam, você não era o saco de pancadas favorito de Ed Farrell no ensino médio?

O Dr. Parker sorriu, mas não era um sorriso sincero.
Sam: Eu era magro como um palito e usava óculos grossos. Era o saco de pancadas de todo mundo. Mas é isso mesmo, era mais de Ed.
Mary concordou com a cabeça.
Mary: E os dois ainda se pegam, mas de uma maneira mais civilizada. Por falar nisso, ambos estão concorrendo pela vaga no conselho da prefeitura.

Cassie: Minha nossa, Sam. Você tem tempo de clinicar? Com todas essas atividades extras, é surpreendente que ainda arranje tempo.
Sam: E arranjo. Essa foi uma das principais razões de eu ter saído de Boston para exercer minha profissão aqui. Posso ter uma vida e uma carreira.
Cassie levou as mãos à cintura e ficou tão parecida com tia Lucinda que Maddie quase riu.
Cassie:  Eu tenho uma vida!
O Dr. Parker se virou para o kudzu.
Sam: Tenho certeza que sim, Cassie. Uma muito animada e glamorosa.
Cassie largou as mãos e encarou Mary.

Cassie: Falo com você depois. Mande meus cumprimentos ao Daniel. Venha, Maddie. Vamos ver se sua mãe precisa de ajuda.
Chegando na casa, Cassie passou maus bocados tentando ajudar Helena cuidando de Amandinha. Cassie decide levar a bebê junto com ela até a imobiliária de Ed.
Chegando lá, ela viu a recepcionista.
X: Cassie Madison! Mal posso acreditar que você está aqui na minha frente. Você não se lembra de mim, não é mesmo?
Cassie: É claro. Você é...
Cassie colocou uma manta em cima do bebê.

Laura: Sou Laura Whittaker.  Você provavelmente se lembra de mim como Lou-Lou, eu fui do mesmo time de animadoras de torcida de Helena durante todo o ensino médio.
Cassie arregalou os olhos ao reconhecer ela.

Cassie: Claro, não a tinha reconhecido por causa do cabelo. Está, é... você o está usando de um jeito diferente, não é?
Lou-Lou bateu de leve nele com a palma da mão.

Lou-Lou: Sou loira agora. Vou avisar Ed, quer dizer, Sr. Farrell, que você está aqui. Mas precisamos conversar mais depois. Estou muito curiosa para saber de Nova York.
Cassie sorriu docemente.
Cassie: Lou-Lou, espero que não se incomode, mas será que poderia olhar a minha sobrinha enquanto converso com Ed?
Lou-Lou jogou as mãos para o alto animada.
Lou-Lou: Claro, é um prazer! Eu e Helena somos quase irmãs e amo os filhos dela, os cinco! Como se fossem meus. Pode deixar o carrinho aí mesmo, e tia Lou-Lou vai cuidar dessa coisinha fofa enquanto você cuida de
negócios.

Naquele momento, uma porta se abriu ao fundo da sala e um homem apareceu na entrada. Ele apertou a mão dela, enquanto Cassie se lembrava de seu passado.
Ed: Você está linda, Cassie. Há muito tempo não nos vemos, hein?
Sua voz rouca era típica de fumante. Quando ele falava, ela podia sentir um cheiro de nicotina misturada com menta.
Cassie: Obrigada, Ed. É verdade, faz bastante tempo.
Ed: Vamos para o meu escritório, onde
podemos nos sentar e conversar.
Cassie olhou pra Lou-Lou, que parecia estar se divertindo muito, chacoalhando um chocalho e fazendo caretas para Amandinha.
Lou-Lou: Já vou levar um cafezinho, Sr. Farrell.
Ele assentiu com um piscar de olhos e conduziu Cassie para a sua sala.
O lugar era bem chique.
Ed mostrou um mapa para Cassie e apontou um local nele.

Cassie: Esta é a minha casa.

Ed: É verdade. E esse é o meu loteamento. Ali costumava ser a sua plantação de algodão, agora está rapidamente se transformando no
complexo Farrellslândia, com piscina e um quadra de tênis. Comprei do seu pai.

Cassie: Não tinha me dado conta de como era grande e perto da casa.

Ed: Não se preocupe com sua privacidade. Temos planos de plantar pinheiros ao redor do terreno, o que acabará por bloquear totalmente a vista da sua casa.
Cassie: Parece que você está tendo bastante sucesso, Ed.
Ele deu de ombros.
Ed: É verdade. Bem, não havia outro lugar para eu ir senão para cima, você me entende? Então, você quer vender a casa. Com certeza veio ao lugar certo.
Ela sorriu para ele, feliz pela mudança de assunto.
Cassie: Sim, gostaria de colocá-la no mercado o quanto antes. Tenho que tirar algumas coisas de lá, coisas do sótão e de todos os closets. Mas tenho um emprego e um noivo me esperando em Nova York e estou muito ansiosa
para voltar logo.
Ed: Entendo. Bem. Espero que sejam pessoas pacientes, porque pode demorar um século para limpar uma casa como a sua. As pessoas hoje em dia, com tanto dinheiro para gastar, preferem algo novo, como o que estou
oferecendo em Farrellslândia. Claro, uma casa antiga é interessante de olhar e tudo o mais, mas é carente em muitas comodidades modernas que os compradores sofisticados de hoje querem.
Ele se levantou, pensando em algo muito sério.
Ed: Se você não tem uma banheira de hidromassagem no banheiro do casal ou um piso de granito e uma cozinha enorme de aço inoxidável... Digamos que será uma venda difícil. Mesmo que coloque todas essas coisas, ainda estará competindo com casas
novas na mesma faixa de preço.
Cassie: Mas gente, se quer isso tudo na casa, chama os Irmãos à Obra! Nunca vendi uma casa antes, e não tinha ideia de como era. Quanto
tempo acha que pode demorar?
Ele deu de ombros.
Ed: Um mês. Dois meses. Um ano. Sei lá. Agora, não me leve a mal. É uma casa linda, e tenho certeza de que há um comprador para ela em algum lugar. Mas pode demorar um tempão. A
menos que esteja aberta a outras opções.

Cassie: Como o quê?

Ed: Bem, você sempre tem a opção de vender o terreno. É muito mais valiosa que a casa. Ou transformar a casa em apartamentos, ou começar do zero, como um espaço para locação. Ou, se você vender para uma incorporadora, a casa pode ser usada como sede durante a construção de
um condomínio.
Os olhos dela se arregalaram, e ela sentiu um frio na barriga.
Cassie: Uma sede?

Com uma sorriso compassivo, ele disse:
Ed: Eu sei. Não é o que desejávamos, mas queria lhe mostrar que havia alternativas. E gostaria de te agradecer por ter vindo procurar a mim, não ao Novos Ares. Foram eles que compraram a propriedade do lado oposto ao seu. Querem construir um shopping center, dá para acreditar? Imagina o barulho e tráfego, e tudo isso nos nossos quintais.
Ele fica inquieto.
Ed: É isso o que acontece quando pessoas de fora se mudam para cá. Elas não se importam com o que havia aqui antes. Então estou contente por ter vindo até mim. Seja qual for o futuro de sua propriedade, me assegurarei de que seja para seu benefício e o da cidade de Walton.
Ed: Estou aqui para te ajudar a tomar a decisão certa.
Cassie se levantou, pois precisava se mexer.
Cassie: Gostaria de que começasse buscando uma família para comprar a casa. Se isso não der certo, então poderemos conversar sobre o plano B. E, claro, sabendo que não estarei aqui para supervisionar a venda. Eu realmente preciso voltar para Nova York.
Ele concordou com o rosto sério.
Ed: Compreendo. E farei de tudo para encontrar uma linda familiazinha para sua casa.
Cassie assinou alguns papéis e documentos e depois foi embora com a sobrinha.
Mais tarde, tia Lucinda foi até Atlanta para visitar uma prima. Cassie estava em casa sozinha quando Sam chegou.
Sam contou que Joe e Helena insistiram em convidar ela pra jantar na casa deles, pra ela não morrer de fome enquanto tia Lucinda estava fora.
Cassie se arruma e sai com Sam pra fora de casa. Cassie se depara com o carro de André que Sam trouxe do conserto.
Cassie: Finalmente! Já estava me perguntando quando a veria de novo.
Sam: Esta casa é maravilhosa. Você não sabe a sorte que tem.
Cassie: Acha mesmo? Ed Farrell acredita que eu vá ter dificuldade em me desfazer de tudo que há dentro dela.
Sam foi em direção à sua caminhonete.
Cassie gritou:

Cassie: Aonde está indo?
Sam: Pra minha caminhonete.
Cassie: Estou vendo, mas agora temos o meu carro de volta.
Ele deu a partida e uma música country saiu pela janela, bem alto.
Sam: Você está com o seu carro de volta. Eu prefiro não ser visto nele. As pessoas daqui talvez pensem que recebi um paulada na cabeça.
Cassie: Não me provoca. Então, como o trouxe até aqui?

Sam: Meu pai e o Sr. Anderson. Pareciam uns bobos na crise de meia-idade com vinte anos de atraso. Agora entre, senão nos atrasaremos para o jantar.
Cassie não se mexeu.
Cassie: Este carro é superbacana, sabia?! Eu poderia acabar com a porta do
seu num piscar de olhos.
Sam: Não dá para rebocar nada nele, e o terceiro passageiro precisa se deitar no banco de trás na horizontal. Acho que deveriam reduzir o preço pela metade, já que estão vendendo só metade do carro. Agora, suba aqui.

Ele deu uns tapinhas no banco ao seu lado. 
Sam:Minha caminhonete foi até personalizada com um banco feito especialmente para o conforto das mulheres. Você vai ter a oportunidade de escorregar pro meu lado se
quiser.

Ignorando Sam, Cassie perguntou:
Cassie: Onde estão as minhas chaves?
Sam: No meu bolso.
Cassie: Pode me dar, por favor?
Rindo alto, ele disse:
Sam: Vai ter que vir pegar elas você mesma.
Cassie suspirou e colocou seus óculos de sol.
Cassie: Só espero que ninguém me reconheça.
Ela entrou no carro e Sam dirigiu até a casa de Joe.
Chegando lá, Helena abriu a porta para eles.
Lili e Joey correm para abraçar sua tia Cassie, e logo depois o Dr. Parker
Helena parou e segurou o pingente de Cassie.
Helena: Eu me lembro disso. Guardiã de corações, não é mesmo?

A lembrança da voz de sua mãe proferindo aquelas mesmas palavras paralisaram o coração de Cassie. Mais do que ver, ela sentiu Sam passar por elas com as duas crianças. Ela estendeu os braços para pegar nos pingentes e tocou os dedos da irmã.

Cassie: Guardiã de corações.
As palavras mal saíram de sua boca. Antes de
se dar conta do que estava fazendo, ela abraçou a irmã e a apertou com força.
Maddie: Mamãe! Sarah não quer me ajudar a arrumar a mesa.

Cassie sorriu e afastou-se sem jeito. O silêncio de 15 anos ainda pesava sobre elas, mas a ligação que se formou após a morte do pai as
reaproximava aos poucos. Ela seguiu Helena até a cozinha, com as mãos ainda agarradas aos pingentes de ouro no pescoço.


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