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Alto Mar - Capítulo 13




ALTO MAR

 

GÊNERO WEBSÉRIE

ESCRITA POR GABRIEL PRETTO

EMISSORA RANABLE WEBS

CAPÍTULO 13

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Cena 1: Casa de Ludim/Puerto Limon/Noite/

 

Ludim está perplexo com o que acabou de ouvir. Ele começa a ficar ofegante e leva as mãos a cabeça. Lágrimas escorrem pelos seus olhos.

 

Homem (Na linha): Moço? Você ainda está aí?

 

Ludim se antena novamente e pega o telefone.

 

Ludim (nervoso): Eu...já estou indo pra aí.

 

Ludim desliga.

 

Ludim: Caralho...meu deus do céu como ele foi fazer isso meu deus! 

 

Ludim tem uma ideia.

 

Ludim: Vó...ela pode me ajudar.

 

Ludim corre pra fora de casa e bate a porta ao sair. A câmera mostra Ludim correndo pela calçada até o bordel de sua avó, que a aquela altura, já deveria estar aberto. 

 

Flashback on

 

Ludim: Escuta aqui seu velho cretino, eu vou falar só uma vez. E é uma única vez mesmo. A minha mãe NUNCA te amou. Eu também nunca te amei. 

Carlos: É assim que você me retribui? Eu te dô casa, curso, form-

Ludim: Você me deu uma vista pra favela, um trabalho de gente pobre e uma vida miserável ao lado de gente fedorenta que nem você. Você me da casa? Será que dá? Essa casa não é sua! É da minha mãe. E eu achando que trabalhando você ia me tirar desse inferno. Burro! Burro que eu sou. Não me deu casa, mas me deu uma vista pra favela. Não se incomodou em proporcionar uma vida melhor para a sua família.

Carlos: Você sabe que usando o termo ‘’gente fedorenta’’ você está indiretamente se referindo a sua mãe, não sabe?

Ludim: Ela era uma exceção. Ela não merecia a vida que levava. Você nem se deu o trabalho de procurar emprego para ajudar a esposa. Foi beber depois do óbito dela. Olha, sabe por que ela morreu? Por falta de amor. Você não deu nenhum amor à ela. Só ficou em casa atolado em cachaça!

Carlos: CHEGA!

 

Ludim começa a chorar de raiva.

 

Carlos: Olha, eu vou te dizer duas coisas. Primeiro, eu sei que eu sou um fracasso, eu sei que eu não consegui ajudar a minha esposa quando ela mais precisava, eu sei que eu estou errado em ter ido pro bar encher a cara após receber uma notícia tão trágica quanto essa, eu sei que a única coisa que eu te dei na vida foi uma vista pra favela, e olha que eu não fiz nada mais que a minha obrigação, eu sei que eu não tenho defesa alguma, mas eu amei a Elena e eu amo você. Da minha maneira fracassada eu te amo. Segundo, eu poderia deixar de te levar até o porto depois do que você fez. Mas eu não vou. 

Ludim: Você não vai nem tentar se defender? 

Carlos: Não, não vou. Porque fracassado como eu tem que só obedecer as vontades e exigências alheias.

Ludim: Ainda bem que você sabe.

 

Flashback off.

 

Ludim (nervoso): Não...não, não, não, não, não, não, não! Isso não pode tá acontecendo! Pai!

 

Ludim começa a correr ainda mais depressa.

 

Cena 2: Quarto 210/Hotel Coimbra/Noite

 

Laerte está sentado na sua cama preocupado. Alguém bate em sua porta.

 

Laerte (preocupado): Entre por favor!


Lorenzo entra.

 

Lorenzo: Tá tudo bem Laerte?

 

Laerte fecha a cara.

 

Laerte (fingindo preocupação): Aí, não tá nada bem.

Lorenzo: Você...quer falar sobre o que houve? Eu ouvi você gritando ‘’acidente’’.

Laerte: Não sei nem por onde começar. Eu fui dar uma volta e eu fui atravessar a rua. Eu não estava prestando atenção. Um carro veio na minha direção. Eu fiquei paralisado. O carro tentou desviar. Ele conseguiu, mas acabou derrapando e capotando várias vezes. Tudo por minha causa.

 

Lorenzo: O quê?

Laerte: Sabe qual é a pior parte disso? Eu fui ajudar o motorista e sabe quem era? O Carlos. O homem no qual eu ajudei a encontrar o filho no Atena. Eu fiquei em choque e saí correndo. Deixei ele lá. Eu não quero ser preso!

Lorenzo: Como assim?

 

Laerte leva as mãos a cabeça.

 

Lorenzo: Tá...fica calmo. Eu sou sócio e estou aqui pra te ajudar. Nós vamos ver o que nós podemos faze-

 

Laerte dá um soco em Lorenzo, que cai no chão chocado.

 

Lorenzo (em choque): Que isso? Ficou louco?

 

Laerte levanta e fica de pé em frente a Lorenzo.

 

Lorenzo: Eu...acho que eu vou sair. Não precisa se desculpar. Você está nervoso demais. Eu compreendo voc-

Laerte (alterado): Você não vai a lugar nenhum rapaz! Eu tinha que te matar! Me entendeu? Te matar!

Lorenzo: O que eu fiz?

Laerte: O quê você fez? Você quer saber o que você fez?

 

Laerte tira um papel de seu bolso e o joga em Lorenzo. Esse papel é o bilhete que Vinicio fez para Lorenzo.

 

Laerte: Tá aí o que fez! Me explica isso!

 

Lorenzo fica em choque.

 

Cena 3: Bordel de Constância/Noite/

 

Constância está sentada na mesa em frente ao balcão bebendo.

 

Balconista: Vai querer mais um dona Constância?

Constância: Não. Mas eu sei que isso não é o bastante pra me fazer esquecer que esse bar está prestes a fechar.

Balconista: Não perca a fé. Tenho certeza que nós vamos contornar essa situação.

Constância: É...verdade.

Ludim: Vó! Vó!


Ludim entra no bar chamando pela avó. Ele vê Constância sentada no balcão e corre até ela.

Ludim: Vó! Ainda bem que eu te achei.

Constância: O que aconteceu Ludim? Você parece nervoso.

Ludim: Aconteceu sim vó. Acabaram de ligar do hospital dizendo que o pai sofreu um acidente e ele ta dando entrada agora. Ele tá em estado grave.

Constância: Você tem certeza?

Ludim: Absoluta.

Constância (para o Balconista): Você, chama um taxi pra mim agora, é urgente.

Balconista: Pode deixar.

 

Constância olha para o neto, que está chorando de nervoso.

 

Constância: Calma...calma, vai ficar tudo bem. Tudo irá ficar bem. Ele vai sair vivo dessa.

 

Cena 4: Quarto 210/Hotel Caribe/Noite/

 

Laerte está enfrentando Lorenzo, que está de pé em sua frente.

 

Laerte: Fala vagabundo! Eu não quero ouvir mentiras. Eu já sei que você anda se encontrando com o Vinicio. Tua máscara já caiu. Vai! Me fala! Você tá envolvido no vazamento do relatório da Atena?
Lorenzo (nervoso): Tô sim! Ele sabe muita coisa de você Laerte. Eu sei que você matou todos do Deméter de propósito e a gente tem quase certeza que por sua causa o Atena afundou. Sua máscara também já caiu. Ele tem uma amigo lá em Gijón. Ele pegou o documento e foi pra delegacia prestar queixa. Aliás eu também já sei que você matou várias outras pessoas que sabiam dos seus esquemas na Coimbra. Você é um homem falso. Uma pessoa manipuladora que só liga pra dinheiro, dinheiro sujo ainda. 

 

Laerte pega Lorenzo pelo pescoço e escora ele contra a parede.

 

Laerte: Quem é essa pessoa? Em? Me diz senão eu te mato!

Lorenzo: Não falo! Eu prefiro muito mais ser morto por uma causa honesta do que enriquecer com dinheiro sujo. Seu falso. Seu maluco! Bandido!
Laerte: CALA ESSA BOCA DESGRAÇADO!


Laerte dá um soco em Lorenzo, derruba ele no chão e fica em cima dele.

 

Laerte: Eu vou acabar com a tua raça seu filho da puta!

Lorenzo: Me solta!
Laerte: Perdeu o medo de morrer é? Então aguente as consequências!

 

Laerte começa a dar socos em Lorenzo.

 

Laerte (socando Lorenzo): Vagabundo! Golpista! Desgraçado! Eu achava que podia confiar em você! Burro que eu fui! Você é que nem aquele moleque daquele Vinicio. Um pobre coitado! Só se aproximou de mim por interesse! Seu falso! Eu vou te matar! Tá entendo? Eu vou te matar!

Lorenzo: Me mata mesmo! Me mata! Ai você vai pra trás das grades que é onde você merece estar!
Laerte: Cala essa boca desgraçado!


Alina entra no quarto e vê Laerte em cima de Lorenzo.

 

Alina: Que isso Laerte? Laerte! Laerte pelo amor de deus! Sai de cima dele! Para com isso! Para!

 

Alina tira Laerte de cima de Lorenzo e segura o homem.

 

Laerte: Miserável! Eu vou acabar com você seu miserável. 

Lorenzo: Acaba! Acaba mesmo! Eu prefiro muito mais a pobreza do que enriquecer trabalhando para alguém sujo como você.

Laerte: Cala a boca seu filho da puta! Volta aqui que eu vou acabar com você!

Alina: Laerte! Por favor!
Lorenzo: Você tá descontrolado porque você sabe que em breve você vai ser desmascarado. Teu império já caiu a muito tempo. Me aguarde apenas. Me aguarde.

Laerte: EU VOU ACABAR COM VOCÊ! EU VOU TE MATAR! EU VOU TE MATAR!

Alina: Sai daqui Lorenzo! Sai daqui! Para com isso Laerte.


 

Lorenzo sai do quarto e corre para fora do hotel.

 

Alina: O que aconteceu aqui?

Laerte: Ele tirou a máscara Alina! Ele tava trabalhando com o Vinicio esse tempo todo!


Cena 5: Hospital de Puerto Limon/Madrugada/

 

Constância e Ludim estão entrando no hospital procurando por Carlos. 

 

Ludim: Tá...agora cadê ele? Será que ele tá bem? Ele precisa estar bem. Ele deve tá muito mal.

Constância: Calma…calma. Ele deve estar sob cuidados médicos a essa altura.

Médico (no corredor): Com licença! Ele precisa passar! 

 

Médicos levando Carlos em uma maca passam pela frente de Constância e Ludim.

 

Ludim: Pai?

 

Ludim começa a seguir a maca.

Ludim (desesperado): Pai! Pelo amor de deus! Pai! Pai! O que vocês vão fazer com ele? Pelo amor de deus! Ele vai ficar bem? Ele não pode morrer assim

 

Um médico para e segura Ludim pelos ombros.

 

Médico: Você é filho dele? 

Ludim: Sim. Sou filho dele. Que que vocês vão fazer com ele? 

Médico: Tá. Senhor, eu preciso que você fique calmo. Qual o seu nome?

Ludim: Ludim.

Médico: Tá bom Ludim, me escuta. O seu pai sofreu lesões gravíssimas durante o acidente e precisa ser operado imediatamente.

Ludim: Como assim lesões? 

Médico: Não tenho muito tempo pra falar agora. Logo trago mais informações.

Ludim: O quê?

Médico: Com licença.

 

O médico se retira. 

 

Ludim: Pera ai, onde você vai? Volta aqui pelo amor de deus!

 

O médico entra por uma porta e Ludim começa a chorar. Constância se aproxima do neto.

 

Constância: Ludim, seu pai é um homem forte. Ele já passou por situações muito piores do que essa. Ele vai sair dessa.

Ludim (preocupado): Deus queira.

Constância: Ele vai sim.

 

Cena 6: Farmácia/Puerto Limon/Madrugada/

 

Paola está comprando um indicador de semanas.

 

Atendente: Aqui está seu recibo senhora.

Paola: Obrigado.

 

A câmera mostra Paola saindo da farmácia, indo em direção a um posto próximo e entrando no banheiro feminino. Ela está com um rosto preocupado e estressado. Ela entra num cubículo e se prepara para fazer o teste de gravidez. Ela começa a chorar silenciosamente.

 

Paola (desesperada): Não...não...não...não...não pode ser...não por favor...não.

 

Flashback On

 

Gallego está escorando Paola na parede.

 

Paola: Me solta pelo amor de deus! Me solta!

Gallego: Hum...aqui não tem muita privacidade. Vamos...aqui nesse quartinho. Aqui é perfeito.

 

Gallego arrasta Paola até o quarto de faxina

 

Gallego: Não se preocupe Paola. A noite tá só começando. Se aquele seu marido é fraco na cama, eu vou resolver esse problema.

Paola: O que é que você quer fazer comigo garoto? Pelo amor de deus!

Gallego: Primeiro de tudo, pare de berrar e tira a roupa.

Paola: O que…

Gallego: Tira a roupa, eu falei!
Paola: Não…

Gallego: Me obedece, se não as coisas vão ser piores pra você, querida.

 

Paola, soluçando, tira todas as suas roupas.

 

Gallego (se aproximando): Agora fique calma.

Paola: Por favor Gallego. Eu sou uma mulher casada. Eu não posso transar com outro ho-

 

Gallego dá um tapa em Paola, vira e escora ela de costas pra parede, tampa a boca dela com sua mão e começa a penetrá-la. Paola geme de desespero enquanto Gallego se diverte. A câmera foca sobre o rosto assustado de Paola.

 

Flashback off.

 

Paola está com os olhos fechados  rezando silenciosamente para que não esteja grávida. Ela também está chorando.

 

Paola (sussurrando): Por favor...por favor...por favor.

 

O indicador de semanas apita. Paola pega ele e olha para o indicador. Ela fica com os olhos arregalado e deixa o aparelho cair no chão.

 

Paola (em pânico): Não, não, não, não, não. Não! Isso não pode tá acontecendo! Não!


Imagens de Paola sendo estuprada piscam na tela enquanto ela grita desesperadamente.

 

Paola: Me deixa em paz! Me deixa em paz! Me deixa em paz! 

 

Paola sai do cubículo e corre para fora do banheiro.

 

Paola (desesperada): Me deixa em paz! Me deixa em paz

Cena 7: Quarto 210/Hotel Caribe/Madrugada/

 

Laerte está sentado na cama falando com Alina sobre o acontecido.

 

Laerte (irritadíssimo): Como é que ele teve coragem! Quem é que ele pensa que é pra me enfrentar! Quem ele pensa que é! Quem? Filho de um puta! 

Alina: Você pode me explicar com mais calma o que exatamente aconteceu aqui?

Laerte: Eu fingi que estava abalado quando ele entrou no quarto. Contei pra ele do acidente e ele foi me consolar. Aí que dei o soco. Ele se fez de tapado até que eu mostrasse a porra do bilhete pra ele. Aí ele tirou a máscara. Disse que já sabia de um monte de podres meus e me chamou de sujo. Eu não admito que façam isso comigo.

Alina: Tá. Então agora a gente já sabe que o Lorenzo passou pro lado do Vinicio a muito tempo. Agora o que você quer fazer?

Laerte: Ele disse o nome do maluco que roubou o documento. Um tal de Andres. E...eu sinto que ele está mais perto do que a gente pensa.

Alina: E...o que você vai fazer quando você encontrar ele.

Laerte (irritado): Você quer saber o que eu vou fazer quando eu encontrar ele? Eu vou matar ele! Eu vou fazer ele se arrepender de ter brincado comigo!

 

Cena 8: Ruas/Puerto Limon/Madrugada/

 

Lorenzo está caminhando pelas ruas todo ferido da surra que levou de Laerte. 

 

Flashback off

 

Laerte: Fala vagabundo! Eu não quero ouvir mentiras. Eu já sei que você anda se encontrando com o Vinicio. Tua máscara já caiu. Vai! Me fala! Você tá envolvido no vazamento do relatório da Atena?
Lorenzo (nervoso): Tô sim! Ele sabe muita coisa de você Laerte. Eu sei que você matou todos do Deméter de propósito e a gente tem quase certeza que por sua causa o Atena afundou. Sua máscara também já caiu. Ele tem uma amigo lá em Gijón. Ele pegou o documento e foi pra delegacia prestar queixa. Aliás eu também já sei que você matou várias outras pessoas que sabiam dos seus esquemas na Coimbra. Você é um homem falso. Uma pessoa manipuladora que só liga pra dinheiro, dinheiro sujo ainda. 

 

Laerte pega Lorenzo pelo pescoço e escora ele contra a parede.

 

Laerte: Quem é essa pessoa? Em? Me diz senão eu te mato!

Lorenzo: Não falo! Eu prefiro muito mais ser morto por uma causa honesta do que enriquecer com dinheiro sujo. Seu falso. Seu maluco! Bandido!
Laerte: CALA ESSA BOCA DESGRAÇADO!


Laerte dá um soco em Lorenzo, derruba ele no chão e fica em cima dele.

Flashback off.

 

Lorenzo: Ah, Laerte...pode ter certeza que logo logo você vai pra trás das grades, que é onde você mereçe estar.

Paola (berrando): Me deixa em paz!


Paola passa pela frente de Lorenzo e cai no chão.

 

Lorenzo: Moça? Você tá bem?

Paola: Não! Não! Não!

Lorenzo: Não o quê?

Paola: Por favor! Não deixa ele! Não! Não por favor.

 

Lorenzo olha para trás para ver se alguém está perseguindo Paola, mas não vê ninguém.

 

Lorenzo: É...você...quer que eu te leve pro hospital?

Paola: O quê?

Lorenzo: Te levar pro hospital. Você não parece bem.

Paola: Faz o que quiser comigo! Só tira isso dentro de mim! Por favor!

Lorenzo (confuso): Tá...levanta. Vamos lá.

 

Lorenzo ajuda Paola a se levantar e a caminhar até o hospital

 

Cena 9: Casa de Paola/Madrugada/

 

Keylor está sentado no sofá. Ele não consegue dormir. Leonor desce as escadas e vê o irmão.

 

Leonor: Tá acordado ainda mano?

Keylor (preocupado): Eu que te pergunto. Você não foi dormir ainda]?

Leonor: Eu fui sim. Mas eu senti vontade de ir ao banheiro.

Keylor: Mas o banheiro é lá em cima.

 

Leonor fica quieta por uns segundos. Ela solta um suspiro

 

Leonor: Ai. Tá bom. Eu não consigo dormir. Estou preocupada com a mamãe. Ela ainda não chegou.

Keylor: Senta aqui um pouco.

Leonor: Quê?

Keylor: Senta aqui um pouco. Eu preciso falar com você.

 

Leonor obedece e se senta ao lado do irmão.

 

Leonor: Diga.

Keylor: Olha, eu sei que vai ser um pouco estranho eu perguntar isso, mas é necessário. Você não tem reparado em algo estranho com a mamãe? Eu...uns dias atrás encontrei ela chorando no quarto. Ela me disse que achava que estava grávida.

Leonor: Como grávida? Grávida do papai.

Keylor: É...eu acho que é isso. Só que tem uma coisa estranha nessa história. Ela parece que...sei lá...tá escondendo alguma coisa. E parece que é uma coisa um pouco...grave.

 

Cena 10: Quarto 72/Hotel La Sirena/Madrugada/

 

Andres e Vinicio estão conversando. Andres está preocupado e Vinicio anda de um lado para o outro. 

 

Vinicio: Olha...eu acho que tem alguma coisa errada com o Lorenzo.

Andres: Por quê?

Vinicio: Ele disse que ia me ligar por essa hora.

Andres: Tá, mas quem sabe ele tenha se enrolado e não pode te ligar agora.

Vinicio: Ele é uma pessoa super pontual Andres. Será que…

 

Os dois se olham preocupados.

 

Andrés: Se o Laerte estiver com ele…

Vinicio: As chances dele ter revelado o plano são altas. Se isso tiver acontecido, a gente tá fudido.

Andres: Fica calmo, é cedo para que você afirme isso.

 

Cena 13: Sala de espera/Hospital de Puerto Limon/Madrugada

 

Ludim e Constância estão preocupados esperando por notícias de Carlos.

 

Ludim: Tá demorando. Será que aconteceu alguma coisa de ruim com o meu pai vó?

Constância: Não pense assim. Cirurgias são demoradas assim.

Ludim: Aquele médico idiota cagão de merda. Não me disse nada sobre o quadro de saúde do meu pai. Eu sou filho dele! Eu tenho direito de saber!

Constância: Não se estresse à toa meu neto. Só precisamos esperar.

Ludim: Eu sei vó. Eu sei. Não adianta se estressar mesmo sabendo que o verdadeiro culpado por isso sou eu.

Constância (confusa): O quê?

Ludim: É tudo culpa minha, vó. Tudo culpa minha.

Constância: Meu neto, eu não estou te entendendo.

Ludim (deprimido): Tudo que ele sempre me fez foi me dar amor, me dar carinho, me dar casa, me dar comida, me dar trabalho, me dar educação. E como eu retribuía? Jogando pedra nele. 

Constância: Não seja tão duro consigo mesmo. Você não tinha como saber que isso ia acontecer.

 

Cena 14: Estradas/Puerto Limon/Madrugada/

 

Lorenzo está levando Paola para o hospital.

 

Lorenzo: Nós já estamos chegando. Têm alguém pra quem eu possa ligar? Seu marido? Seus filhos? Talvez seus país?

Paola (desesperada): NÃO! NÃO POR FAVOR NÃO LIGA PRA NINGUÉM. SÓ TIRA ISSO DE MIM POR FAVOR! TIRA ISSO DE MIM! ME MATA SE FOR O CASO! SÓ TIRA ISSO DE DENTRO DE MIM!
Lorenzo (confuso):...ok. Agora fique calma. Já chegamos no hospital. Os médicos vão te ajudar.

 

Lorenzo e Paola entram no hospital.

 

Paola (desesperada): Tira isso de mim! Tira! Tira de mim! Por favor! 

 

Uma médica vê Paola e corre até ela.

 

Médica: Está tudo bem com você moça. Aconteceu alguma coisa.

Lorenzo: Eu achei ela na rua. Ela tava desesperada. Ela não consegue falar direito. Só fica dizendo pra ‘’tirar isso dela’’;

 

A médica nota os hematomas no rosto de Lorenzo.

 

Médica:...você...se envolveu em uma briga? Você está ferido. Quer atendimento?

Lorenzo: Eu vejo isso depois. Só peço que ajudem ela.

Médica: Tá bom. Vou levá-la para um quarto.

 

A médica pega Paola e a leva para um quarto.

 

Cena 15: Sala de espera/Hospital/Puerto Limon/Madrugada/

 

Constância e Ludim estão esperando por notícias de Carlos. Ambos estão muito nervosos. O médico de Carlos chega e os dois ficam de pé. 

 

Ludim: Doutor, como está meu pai? 

 

Ele fica em silêncio por um tempo e suspira.

 

Ludim: Vamos logo seu incompetente! Responda a minha pergunta! Como está meu pai?

Constância: Ludim, por favor.

Médico: Nós operamos seu pai...mas infelizmente...ele sofreu uma grave fratura no seu cérebro durante o acidente. Ele teve um dano serrisimo na sua medula espinal, e nesse momento...ele está paralisado e em estágio vegetativo. Sinto muito.

Constância (chorando): Ai meu deus do céu.

Ludim (chocado): Meu pai...ta aleijado?

Médico: Sim, infelizmente.

 

Ludim começa a chorar e abraça a sua vó. Ele chora compulsivamente, expondo toda sua culpa. 

 

Cena 16: Quarto 72/Hotel La Sirena/Madrugada/

 

Vinicio está tentando dormir em sua cama. Ele está deitado no travesseiro com o rosto preocupado.

 

Flashback On

Lorenzo: Ai tem tudo. O nome do navio, a situação atual da embarcação, os tripulantes, peso, tamanho, tudo o que for necessário para ajudar na investigação.

Vinicio: Isso é mais do que perfeito. Isso é excelente. Já to imaginando a cara dele quando isso tiver em todos os canais de TV e jornais. Ai...vai ser maravilhoso ver a reação dele.

Lorenzo: Eu não celebraria tanto assim não.

Vinicio: Por quê?

Lorenzo: Ele é um homem muito poderoso e muito esperto. Eu tenho certeza que ele já tem uma carta na manga para usar se o sigilo for quebrado. A questão é qual é essa carta. Outra coisa, eu acho que a gente tinha que pensar no que vai acontecer depois que isso virar notícia.

Vinicio: Eu já tenho umas idéias em relação a isso. A mídia vai cair em cima dele obviamente, as famílias vão se comover, equipes de resgate vai navegar pela rota do navio que nem loucas em busca da embarcação e eu tenho certeza que ele vai tentar se fazer de inocente. E dependendo da situação do Atena, se ele tiver afundado por exemplo, eu tenho certeza que as consequências vão ser bem mais severas pra ele. Mas ele provavelmente vai fazer de tudo para atrapalhar as investigações. E talvez as coisas fiquem complicadas pra você.

Lorenzo: Por quê?

Vinicio: Se você dizer alguma coisa tentando ajudar o Laerte, considerando que ele realmente for preso ou que alguma ação legal seja tomada contra ele, você pode ser considerado pela lei como um cúmplice dele.

Lorenzo: Então o que eu devo dizer?

Vinicio: Não diga nada! Pelo menos, nada até chegar a hora certa. Alguma pergunta? 

Lorenzo: Não. Mas eu tenho medo o que vai acontecer com o seu colega se o Laerte realmente descobrir que foi ele que vazou isso.

Vinicio: Ele sabe se cuidar. Bom, eu preciso ir. Meu voo sai daqui a pouco. Eu volto em dois dias. Eu vou te deixar esse papel com o meu número. Qualquer coisa você me liga.

Flashback Off

 

Vinicio: Deus...se o Laerte realmente tiver feito algo de grave contra o Lorenzo...proteja-o.

 

Cena 17: Quarto 43/Hospital de Puerto Limon/Madrugada/

 

Uma enfermeira está tentando atender Paola. Ela ainda está em desespero.

 

Enfermeira: Senhora, peço que fique calma. Os médicos já estão chegando e vão te ajudar. Você está segura.

 

A câmera foca no rosto de Paola, que está ofegante. De repente, a imagem mostra o quarto através do rosto da protagonista. O ambiente está se enchendo de água.

 

 

Paola fica ainda mais ofegante. A câmera foca sobre a enfermeira, que está confusa.

 

Enfermeira: Senhora...está tudo bem com você?

Paola (extremamente nervosa): Não...não...não, não, não, não, pelo amor de deus não. PELO AMOR DE DEUS! NÃO! ME TIRA DAQUI! ME TIRA! ME TIRA DAQUI! ME TIRA DAQUI! SOCORRO.

 

Paola tenta se levantar da maca, mas a enfermeira a segura.

 

Enfermeira: Moça, fique calma.

Paola: SOCORRO! SOCORRO! ME TIRA DAQUI POR FAVOR! ME TIRA! ME TIRA! SOCORRO!

Médicos chegam desesperados ao quarto e vêem Paola se debatendo na cama tentando se levantar. Eles a seguram e a tranqüilizam.

 

CENA 17: Hotel Caribe/Quarto 210/Amanhecer/

 

Alina e Laerte estão deitados na cama. Laerte está sem camisa e Alina está só de sutiã e calcinha. Laerte não conseguiu dormir. Ele se senta na cama e Alina acaba acordando.

 

Alina (sonolenta): Hm...já acordou...amor?

Laerte: Não me chame de amor. Não aqui. Ninguém pode saber que eu tenho um romance com uma funcionária. Se não a coisa vai ficar pior do que já ta. E não. Eu não me acordei agora. Não consegui dormir essa noite.

Alina (sarcástica e se levantando): Ai, que estupidez. Eu já fiz de tudo o que eu pude pensar pra fazer você relaxar. O que mais você quer...docinho? Posso te chamar assim, não é.

Laerte: Nem assim. E você não pode fazer nada pra acalmar. Eu sou vou baixar a bola quando eu ver aquele cretino do Lorenzo de cara na terra a sete palmos do chão.

Alina: Quem sabe...voltar pra Gijón ajude? Você deve estar estressado de tanta pobreza. Quem sabe você pode até encontrar o Andrés. Que tal?

 

Laerte se levanta

 

Laerte (furioso): Quer saber o que eu acho? Se eu pudesse eu nem vinha aqui. Nem vinha! Tenho que perder a minha paciência, a minha dignidade e o meu respeito por causa daquela merda de bando de marinheiro. Por mim podiam se afogar todos. Não! Podiam explodir. Sem falar que eu vou perder meu dinheiro com essa merda de indenização. Mas que Caralho! E sobre o Andrés...eu não sei como explicar isso...mas...eu tenho a fortíssima impressão que ele tá mais perto do que a gente imagina. Eu não duvido que ele está na cidade. O Lorenzo deve ter ido encontrar  com ele.

 

Laerte fica em silêncio por um tempo.

 

Laerte: Já sei. Alina, eu preciso que você investigue pra onde o Lorenzo foi. Por que se ele ainda estiver em Puerto Limon, eu tenho certeza que ele vai estar com o Andrés. Tenho certeza!
Alina: ...e o que você vai fazer quando ach-

Laerte (exaltado): Eu vou matar ele! E ai de você entrar no meu caminho também! Por que eu te quebro, vagabundo de merda. Pelo menos de cama é boa.

 

Alina fica visivelmente ofendida.

 

Laerte: Você me entendeu?

Alina:..entendi.

 

Cena 18: Casa de Paola/Manhã/

 

Keylor e Leonor estão tomando café da manhã. Eles estão preocupados por causa de        Paola, que ainda não chegou em casa.

 

Leonor: Keylor, eu não sei se quero ir pra escola. Tô preocupada com a mãe. Será que aconteceu algo com ela?

Keylor: Ai, não sei. Mas você vai pra escola sim. Eu vou sair daqui a pouco e vou procurar por notícias dela. Qualquer coisa eu chamo a polícia.

Leonor: Isso não é hora pra brincadeira

Keylor: Eu não estou brincando. Isso já ta estranho demais.

Leonor: Tá...bom, eu já vou indo. Tchau mano. Se cuida.

Keylor: Tchau.

 

Os dois se abraçam

 

Keylor: Boa aula.

 

Leonor sai de casa e Keylor fica sentado na mesa. Ele está com o rosto preocupado e cansado.

 

Cena 19: Sala de Espera/Hospital de Puerto Limon/Manhã/

 

Constância e Ludim estão sentados nos bancos. Ambos estão muito cansados e abalados. O médico de Carlos aparece e os dois se levantam.

 

Constância:...então...como ele está, doutor?

Médico: Ele está se recuperando da cirurgia. Logo vocês poderão ver ele. E em breve também quando ele acordar, eu terei de lhe informá-lo de sua tetraplegia.

 

Constância suspira fundo.

 

Constância: Eu entendo.

Ludim: Doutor...se o senhor não se incomoda...a gente...queria saber se tem alguma forma de fazer com que meu pai se sinta bem nessa condição ou se existe algum tipo de...meio da gente manter ele. Talvez ele possa ficar no hospital, ou a gente pode levar ele pra casa.

Médico: Ludim, na condição de seu pai e considerando a idade dele, dificilmente ele deixa esse hospital. Nós ainda não temos certeza se houveram mais fraturas graves Mas...ele pode ficar aqui.  Só que eu preciso lhe informar, isso ira custar muito caro.

Ludim (surpreso):...quanto mais ou menos?

Médico: Uns 800 mil cólons.

 

Ludim fica perplexo.

 

FIM DO CAPÍTULO



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