Capítulo 18 (Semana Especial) –
Orlando descobre sua ligação com Beto.
- No capítulo anterior:
GUILHERME: Cicatriz? O senhor poderia lembrar qual o tipo de
ferimento? Bala, arma branca?
MÉDICO: Eu não diria ferimento, pelo tipo de cicatriz, eu diria
que foi uma incisão cirurgica.
GUILHERME: Incisão? Estranho... Do que será que ele teria sido
operado?
MÉDICO: Existem algumas possibilidades, eu sugiro algum tipo de
problema do coração, transplante...
GUILHERME: Transplante?
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BEATRIZ: Você me elogia tanto, vou acabar ficando acostumada e
isso não é bom.
Música da cena: Pecado É Lhe Deixar de Molho - Silva
BETO: (Se aproxima de Beatriz) Estar com você não tem como não
ser bom! (Beatriz e Beto se beijam novamente).
ORLANDO: (Observa a cena com expressão de ódio).
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Flashback:
(É noite, Beto está próximo da beirada de um precipício
enquanto ouve a voz de um homem gritar com ele, em seguida, ele é empurrado
rumo ao fundo do precipício e grita).
Fim do Flashback:
BETO: Não! (Assusta-se e nesse momento se olha novamente no
espelho, vendo um homem logo atrás dele, é Orlando) Quem é você? Quem é você?
(Repete insistentemente, porém Orlando não responde).
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BETO: Eu o vi, ele estava logo atrás de mim no espelho... Quem
é esse homem? O que ele quer de mim e o que eu fiz para que ele me persiga?
(Questiona ao se aproximar).
BENEDITO: Senta, precisamos conversar! (Diz ao se virar, ficando de
frente para Beto).
- Fique agora com o capítulo de
hoje!
Cena 01 – Casa de Benedito [Interna/Noite]
(Beto se senta numa cadeira de
frente para Benedito em busca de explicações).
BETO: Você consegue vê-lo, quem é esse homem e o que ele quer
comigo?
BENEDITO: A a explicação não é tão fácil como parece, é preciso que
você abra a sua mente.
BETO: Como assim?
BENEDITO: Você acredita em vidas passadas? (Questiona-o).
BETO: Vidas passadas?
BENEDITO: Eu vou explicar... (Benedito começa a falar sobre o
assunto para chegar a conclusão do que Beto precisa).
Cena 02 – Plano Astral [Externa/Manhã]
(Enquanto caminham por um jardim,
Orlando e Adelaide discutem).
ORLANDO: Eu não vou deixar a Beatriz, eu não vou para a eternidade
coisa nenhuma, estou pouco me lixando para o que você diz sobre essa história
de espiritualidade, eu vou ficar com a minha mulher e a minha filha.
ADELAIDE: Você já desencarnou, Orlando. Eu entendo como você se
sente, pessoas que tem mortes repentinas tem essa sensação de que lhe falta
algo na terra, uma missão, um propósito, mas é hora de seguir em frente, sua
história na terra se encerrou e uma nova começa a partir de agora, se você
continuar desse jeito pode ser que seu lugar na eternidade deixe de existir e
você seja condenado a vagar...
ORLANDO: (Interrompe Adelaide) Ah, sem essa! Eu não acredito
nessas baboseiras. Eu vou ficar com a minha mulher e a minha filha, será que
você não vê? Aquele cara tá roubando o meu lugar e isso eu nunca vou permitir e
não me venha com essa história de que nós temos uma ligação, nada justifica
isso.
ADELAIDE: Talvez possa não justificar porque você insiste em não
perceber que existe um grande proposito na vida perante o criador, as vezes
esse proposito atravessam grandes barreiras, vida e morte, até mesmo de uma
vida para a outra...
ORLANDO: Do que você está falando? Que loucura é essa?
ADELAIDE: Eu vou te contar, consegui permissão para isso e chegou a
hora de você saber o que te une a esse homem, tudo começou há muito tempo
atrás...
Cena 03 – Avenida Juscelino Kubitschek [Externa/Tarde]
Atenção leitor(a): A partir de agora
faremos uma viagem no tempo e regressaremos algumas décadas e vidas passadas,
as próximas cenas serão ambientadas na década de 50.
Correntes, 1953
Música da cena: Chega de Saudade –
João Gilberto
(Catarina era uma humilde costureira
viúva, que com muito esforço criou seus dois filhos, Cadu e Orlando. Cadu era
um bom homem e estava conseguindo crescer na vida com seu árduo trabalho, além
de estar noivo da doce Beatriz. Enquanto isso, Orlando o filho mais novo, só
queria saber de farra e torrar o dinheiro da família com bebida e jogo).
CADU: (Atravessa a rua rapidamente para pegar o bonde que o
levaria até sua casa que ficava no centro da cidade, onde ele residia com a mãe
e o irmão).
(Na casa dos
Almeida).
CATARINA: Chegou cedo, meu filho! (Diz enquanto corta alguns
tecidos).
CADU: (Beija a mãe na testa) Sim, Dona Catarina! Hoje é dia de
comemorar.
CATARINA: E eu posso saber qual é o motivo da comemoração?
CADU: Eu fui promovido na fábrica, vou ser gerente da área de
perfumaria. Eu vou poder ajudar a senhora e sustentar a minha casa com a minha
mulher, eu estou tão feliz mamãe, essa promoção não poderia ter vindo em melhor
hora, às vésperas do casamento.
CATARINA: Que notícia boa, meu filho! Eu fico tão orgulhosa de
você, tenho certeza de que será um bom marido e um bom pai, assim como é um bom
filho. Queria tanto que o seu irmão tomasse jeito e seguisse um rumo na vida
como você.
CADU: E por falar no Orlando, onde ele está? Não me diga que
ainda está dormindo a essa hora da tarde?
CATARINA: Não, não. Ele foi ao banco, pedi para que ele pagasse
alguns recibos!
Cena 04 – Casa de Jogos [Interna/Tarde]
Música da cena: Broto Legal – Sérgio
Murillo
(Orlando observava fixamente a mesa
de jogos após perder mais uma partida depois de ter apostado o dinheiro que a mãe
havia lhe dado para pagar as contas de casa).
ORLANDO: Eu vou parar! (Diz após ver um desconhecido ficar com
todo o seu dinheiro).
ALBERTO: E porque não joga de novo? Estou sentindo que hoje é o
seu dia de sorte, me caro! (Disse o dono da casa de jogos clandestina e também
agiota).
ORLANDO: Você disse a mesma coisa na semana passada e eu também
perdi, além disso já gastei tudo o que tinha, nem sei o que vou dizer a minha
mãe.
ALBERTO: A sorte pode mudar na vida de qualquer um, com você não
foi diferente. Outra coisa, você pode jogar quantas vezes quiser, desde que
assine mais uma promissória se comprometendo a me pagar em breve, é claro.
ORLANDO: E quando pretende me cobrar?
ALBERTO: Quando julgar necessário, vai querer ou não vai? (Diz ao tirar
a promissória do bolso do paletó acompanhada de uma caneta).
ORLANDO: Está bem! (Pega a promissória e assina).
Cena 05 – Casa dos Almeida
[Interna/Noite]
(Em casa, Orlando engana sua mãe
mais uma vez).
CATARINA: Assalto?
ORLANDO: Exatamente mamãe, eu não tive como fazer nada. Eram dois
caras, eles me abordaram nas imediações do banco e me arrastaram até um beco,
lá eles me arrancaram todo o dinheiro.
CATARINA: Eu estou feliz que não tenha te acontecido nada de mais
grave, mas ao mesmo tempo eu estou preocupada, demorei para conseguir arrumar
serviço esse mês e não temos mais dinheiro sobrando, vão cortar nossa luz!
ORLANDO: Eu vou dar um jeito, mamãe! Pode ficar tranquila, tem
minha palavra.
(Cadu surge na sala arrumado e de banho tomado).
ORLANDO: Aí está ele, o irmão mais trabalhador de todos. Posso
saber aonde vai tão elegante?
CADU: Não só pode, como vai saber... Eu vou sair com a Beatriz,
vamos tomar um milkshake, não quer ir? A prima dela irá conosco.
ORLANDO: Quem? A chata da Carolina? Estou fora, ela é
completamente doida, além disso já estou de olho em outro brotinho.
CATARINA: Meu filho, que linguagem é essa? Você deveria pensar em
estudar, fazer a sua vida como o seu irmão.
CADU: Tudo no tempo dele, tenho certeza de que ele terá um
futuro brilhante, não é irmão?
ORLANDO: Sim, pode apostar que sim.
Cena 06 – Boliche [Interna/Noite]
Música da cena: La Bamba – Ritchie
Valens
(Cadu e Beatriz trocam um beijo
apaixonado enquanto são observados por Carolina, a prima da moça, que também
está ali a pedido dos pais dela, para que ela não fique mal falada).
BEATRIZ: Eu te amo, não vejo a hora de me tornar sua esposa!
CADU: Eu também te amo e o que mais quero é te fazer a mulher
mais feliz do mundo.
BEATRIZ: (Beija Cadu mais uma vez) Bem, agora vou até o toalete,
retocar o pó de arroz. Vem comigo prima?
CAROLINA: Não, prefiro ficar aqui, observando as pessoas jogar e
dançar.
BEATRIZ: Está bem, não me demoro! (Diz Beatriz, saindo em seguida
da mesa).
CAROLINA: Minha prima é realmente uma mulher de muita sorte! (Diz
após olhar para Cadu fixamente).
CADU: Porque diz isso?
CAROLINA: Ah, você é muito atraente e está crescendo muito rápido
no trabalho, logo se tornará um empresário de muito prestígio. Qualquer mulher
gostaria de estar ao seu lado, qualquer uma! (Carolina pousa sua mão sobre a de
Cadu, que logo retira a mão debaixo da dela, constrangido o comentário).
(Ao sair do banheiro, Beatriz é surpreendida).
Música da cena: Only You (And You Alone) - The Platters
ORLANDO: (Puxa Beatriz pelo braço e a beija bruscamente de
surpresa).
BEATRIZ: (Afasta-se de Orlando e lhe dá uma bofetada) O que pensa
que está fazendo? Eu vou me casar com o seu irmão, que por ventura está há
poucos metros da gente, me respeite!
ORLANDO: Você sabe muito bem que era comigo que deveria se casar,
não é?
BEATRIZ: Você só pode estar louco! Eu amo o seu irmão e nada, nem
ninguém irá me separar dele, entendeu? Fique longe de mim, longe! Não volte a
insistir nisso, eu nunca te dei esperanças, eu não te vejo como homem. (Beatriz
volta para a mesa e deixa Orlando sozinho).
(Beatriz senta-se novamente ao lado de Beto, sem perceber
que Carolina estava dando em cima do seu noivo).
CADU:
Está tudo bem, amor? Você voltou tão
séria.
BEATRIZ:
Não foi nada, somente uma dor de
cabeça repentina.
ORLANDO:
Será que nessa mesa tem lugar para
mais um ocupante?
CADU:
Orlando? Você disse que não queria
vir, que surpresa. Sente-se!
ORLANDO:
Ah, eu mudei de ideia! (Diz ao se
sentar olhando fixamente para Beatriz).
(A banda do local começa a tocar a música “How Deep Is
Your Love” e alguns casais se juntam para dançar na pista de dança).
Música da Cena: How Deep Is Your Love – Maria Augusta
BEATRIZ:
Nossa música! (Diz olhando para
Cadu).
CADU:
Me concede a honra dessa dança,
minha noiva e futura esposa? (Estende a mão para Beatriz).
BEATRIZ:
Claro que sim! (Segura a mão de Cadu
e os dois vão até a pista de dança).
(Cadu e Beatriz começam a dançar e logo chamam a atenção
de todos pela sintonia que existe entre eles. Carolina e Orlando os observam
com ciúmes).
Cena 07 – Casa de Jogos
[Interna/Noite]
Música da cena: Broto Legal – Sérgio
Murillo
Meses depois...
ORLANDO: Por favor, só mais uma partida!
ALBERTO: Não insista, só quando você me pagar o que deve. Já
ultrapassou sua cota, vou ter que cobrar as promissórias. Você está me devendo
50 mil cruzeiros! Eu vou ter que cobrar da mamãezinha, já que você não tem onde
cair morto.
ORLANDO: Não, a minha mãe não. Deixa-a fora disso, ela não pode
saber que eu estou gastando tanto com jogos.
ALBERTO: Pensasse nisso antes, negócios são negócios e eu não
estou aqui para perder. Você sabe muito bem o que acontece com as pessoas que
não me pagam, não sabe?
(Mais tarde, enquanto caminhava de volta para casa a pé,
Orlando fora abordado por alguns capangas de Alberto que lhe deram uma surra
violenta. Ao chegar em casa, ele entra sorrateiramente pela janela, de modo que
sua mãe não veja chegar em casa machucado).
CADU: O que é isso? O que aconteceu com você? (Diz ao levantar
após ouvir o barulho causado por Orlando ao pular a janela).
ORLANDO: Foi...
CADU: (Interrompe o irmão antes mesmo dele começar a se
justificar) Pense muito bem no que vai dizer! Eu não vou acreditar como a mãe
sempre acredita nas suas lábias, eu não vou cair na história de assalto
novamente. Quero saber a verdade, em que rolo você está metido, Orlando?
ORLANDO: Não, eu vou dizer a verdade. Eu perdi dinheiro no jogo e
estou devendo dinheiro a um agiota, eles me deram uma surra porque eu não sei
como faço para pagar, eles ameaçaram vir fazer a cobrança aqui em casa, mas a
nossa mãe não pode saber.
CADU: Quanto você está devendo? Eu vou te ajudar a pagar.
ORLANDO: 50 mil cruzeiros! Eu assinei umas promissórias e foi
virando uma bola de neve.
CADU: 50 mil cruzeiros? Você ficou louco? Como vamos pagar tudo
isso?
ORLANDO: Você precisa me ajudar irmão, não me deixe sozinho. Eu
estou jurado de morte, sou muito jovem para morrer assim.
CADU: Calma! Eu ainda não sei o que vou fazer, mas irei te
ajudar a sair dessa, não se preocupe.
Cena 08 – Ateliê da Modista
[Interna/Tarde]
Música da cena: How Deep Is Your
Love – Maria Augusta
(Beatriz gira em frente ao espelho e
dança enquanto experimenta seu vestido de noiva).
CLARISSA: Ficou lindo, não foi? (Diz enquanto observa Beatriz se
olhando encantada).
LUCIANA: Um verdadeiro primor, você é uma modista com mãos de
fada. Não acha também, minha irmã?
LUIZA: Certamente, Luciana. Tenho certeza que minha sobrinha
será a noiva mais linda do ano de toda São Paulo. Não vejo a hora da minha
filha encontrar alguém e se casar também. (Diz olhando para Carolina).
CAROLINA: Não espere por isso, mamãe. Não são todas que possuem a
mesma sorte da Beatriz! (Olha para a prima com inveja).
BEATRIZ: Uma semana, falta apenas uma semana para que eu me torne
a Senhora Almeida, não estou cabendo em mim de tanta felicidade.
CAROLINA: (Fala consigo mesma em pensamento) Tomara que esse
casamento não se realize, prefiro vê-lo morto do que casado com essa mosca
morta. Faria qualquer coisa para que esse casamento não acontecesse, inclusive
vender a minha alma. (Conclui).
Cena 09 – Casa dos Almeida
[Interna/Tarde]
(Orlando está prestes a entrar em
casa quando Alberto e seus capangas se aproximam).
ORLANDO: O que fazem aqui? (Diz e logo em seguida é segurado por
dois capangas).
ALBERTO: Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vai até
Maomé. Cada meu dinheiro seu patife?
ORLANDO: Eu vou te pagar, mande esses brutamontes me soltarem.
(Catarina abre a porta e percebe que algo de errado está
acontecendo).
CATARINA: O que significa isso? O que está acontecendo aqui
Orlando?
ALBERTO: (Faz sinal para que os seus capangas soltem Orlando).
ORLANDO: Nada mamãe, foi só uma brincadeira entre amigos, não é?
ALBERTO: Sim, entre amigos.
Eu já estou indo, em breve eu volto para tomar um café e conhecer a senhora um
pouco mais, vamos rapazes. (Diz para logo em seguida ir embora).
(No quarto de Cadu e Orlando).
CADU: Isso é grave, muito grave. Você por um acaso pensou se a
mamãe descobre? Ela cairia dura de tanto desgosto, toda essa situação está
insustentável, temos que dar um basta nisso de uma vez por todas.
ORLANDO: Não sei mais o que fazer, de onde vou tirar tanto dinheiro?
CADU: Agora que você pensou nisso? (Cadu vai até a cômoda e de
seu interior, recolhe um volumoso envelope). Eu conversei com a Beatriz e ela
abriu mão de comprarmos a nossa própria casa, pelo menos agora no início do
casamento, esse dinheiro eu juntei para que comprassemos o nosso próprio lar,
mas eu resolvi te dar, pague esse agiota e se livre dele de uma vez por todas.
Não quero mais saber de você jogando e nem arrumando encrencas, entendido?
(Entrega o envelope ao irmão).
ORLANDO: Nunca mais! Eu vou te pagar cada cruzeiro, pode apostar.
Cena 10 – Casa de Jogos
[Interna/Noite]
(Orlando vai até a casa de jogos
quitar suas dívidas com Alberto).
ALBERTO: Mas o que significa isso? Uma brincadeira?
ORLANDO: Não, claro que não. Eu estou te pagando e vim buscar as
promissórias que assinei, não quero mais encrencas!
ALBERTO: Mas aqui só tem 50 mil cruzeiros...
ORLANDO: É o que eu te devo, não?
ALBERTO: (Retira um revólver de sua gaveta e coloca em cima da
mesa) Você é burro ou o que? Por um acaso não leu as promissórias? Existe um
adicional caso você atrasasse, ou seja, você ainda me deve 20 mil cruzeiros.
ORLANDO: Mas eu não tenho como conseguir mais dinheiro, é tudo o
que eu tenho.
ALBERTO: (Se aproxima de Orlando e esfrega o revólver no rosto dele)
Eu não quero saber, te dou uma semana para me pagar tudo o que deve ou eu vou
atrás de você, te mato, acabo com a sua família e coloco fogo naquele pardieiro
que vocês moram no centro, entendeu?
Cena 11 – Igreja Nossa Senhora da
Conceição [Interna/Manhã]
Música da cena: How Deep Is Your
Love – Maria Augusta
(Chega o dia do casamento de Cadu e
Beatriz. Aos poucos os convidados lotam seus assentos na igreja, logo a noiva
chega e a cerimônia).
PADRE ROBERTO: Beatriz Grimaldi, é de sua livre e espontânea vontade
estar aqui em matrimônio com Carlos Eduardo de Almeida?
BEATRIZ: (Olha para Cadu apaixonada e logo em seguida responde)
Sim, padre!
PADRE ROBERTO: Carlos Eduardo de Almeida, é de sua livre e espontânea
vontade estar aqui em matrimônio com Beatriz Grimaldi?
CADU: (Também olha para a noiva de maneira apaixonada e logo em
seguida responde) Sim, padre.
(Beatriz entrega o buquê a sua mãe, Luciana e a cerimônia
continua. Luiza se emociona e deixa escorrer algumas lágrimas, tanto quanto
Catarina que também está em pé junto ao altar. Carolina que está ao lado da mãe
e da tia, não consegue disfarçar seu descontentamento. Orlando segue torcendo
para que Beatriz desista de casar com seu irmão e descubra que gosta dele na
verdade. Padre Roberto abençoa as alianças com água benta).
PADRE ROBERTO: Bem, antes das alianças. Existe alguém nesse recinto que
seja contra esse casamento? Que fale agora ou cale-se para sempre.
(Nesse momento Alberto e seus capangas invadem a igreja,
por conta disso logo atraem a atenção de toda a igreja).
LUCIANA: (Comenta com Luiza) Quem serão esses?
LUIZA: Amigos da família é que não são, que homens
mal-encarados.
CATARINA: Veja Orlando, seus amigos do outro dia!
(Cadu e Beatriz olham para trás e percebem a presença dos
homens desconhecidos. Cadu logo retorna seu olhar para o irmão e percebe que a
visita indesejada tem a ver com ele).
CADU: Orlando, isso não é o que eu estou pensando, é?
ORLANDO: Calma, eu vou resolver! (Orlando desce do altar e vai ao
encontro de Alberto, para que ele vá embora). O que fazem aqui? Hoje é o
casamento do meu irmão.
ALBERTO: Eu disse que se você não fosse me pagar, eu iria acabar
com você, não disse? Vou cumprir a promessa na frente da sua família! (Tira uma
arma da cintura e aponta para a cabeça de Orlando).
(Quando os convidados percebem que Alberto está armado,
logo começa uma gritaria. Alguns convidados começam a fugir pelas saídas
laterais da igreja, tornando o casamento um verdadeiro caos. Cadu que estava de
joelhos, levanta-se e vai ao encontro do irmão, para ajudar a resolver a
situação).
CADU: Quem é ele, Orlando? O que ele está fazendo no meu
casamento?
ORLANDO: Cadu, esse é o dono da casa de jogos e agiota de quem eu
falei.
CADU: Isso eu já percebi, você não pagou sua dívida com o
dinheiro que eu te dei?
ALBERTO: Ora, vejo que o seu irmão não lhe contou tudo. Ele foi
até a minha casa e acertou parte da dívida, como não completou, eu vim acertar
minhas contas com ele e vai ser agora.
CATARINA: (Temendo que o pior aconteça, grita).
BEATRIZ: Mas o que é isso? Eu vou até lá!
LUCIANA: Não minha filha, é muito perigoso... Deixe que eles se
resolvam, vai ficar tudo bem! (Luciana segura Beatriz).
ALBERTO: Eu disse que ia te matar, se você não me pagasse. Não
disse? Vou cumprir a minha promessa. (Alberto destrava a arma).
CADU: Você não vai matar ninguém! (Cadu parte para cima de
Alberto e os dois começam a brigar, enquanto Cadu tenta desarmá-lo, a arma
dispara algumas vezes atingindo o teto e um dos vasos de decoração da igreja.
Após conseguir o poder da arma, Cadu acerta alguns socos em Alberto).
PADRE ROBERTO: Chega de confusão, vocês estão na casa de Deus, parem com
essa briga.
ORLANDO: (Separa a briga e tira o irmão de cima de Alberto).
CADU: Tem razão padre, chega de confusão. Hoje é o dia do meu
casamento, vamos dar continuidade... Os cavalheiros já estão de saída! (Cadu se
recompõe e alinha o terno, caminhando com Orlando de volta ao altar).
ALBERTO: (Levanta-se do chão furioso) Me dá! (Grita com um de seus
comparsas que lhe entrega uma arma).
CATARINA: Cuidado Orlando! (Grita).
ALBERTO: (Grita e atira contra Orlando).
CADU: (Percebendo que o irmão corre perigo, se lança em sua
frente e é atingido no peito).
BEATRIZ: Não! (O grito de Beatriz ecoa em todos os cantos da
igreja).
(Alberto foge da igreja com seus comparsas e Cadu cai no
chão, sendo amparado por Orlando, enquanto agoniza).
BEATRIZ: Cadu, meu amor... Fica comigo, não morre... Eu te amo,
fica comigo, fica comigo, por favor não me deixa... (Beatriz se aproxima
bruscamente do corpo de Cadu e o coloca em seu colo, sujando todo o seu vestido
de sangue).
CAROLINA: Eu vou buscar ajuda! (Corre em direção à rua).
CADU: (Já com bastante dificuldade para falar) Eu te amo... Vou
te amar pra sempre, você me fez o homem mais feliz do mundo, um dia nós iremos
nos reencontrar. Eu te amo... (Ao concluir, Cadu não resiste aos ferimentos e
morre nos braços de Beatriz).
CATARINA: (Desmaia e é socorrida por Luiza e Luciana).
BEATRIZ: Não, não... Cadu! (Grita desesperada ao perceber que seu
noivo acabara de morrer).
Cena 12 – Plano Astral
[Externa/Manhã]
Atualmente - 2020
(Orlando fica completamente
transtornado com a toda a história que Adelaide acabara de lhe contar).
ORLANDO: Não posso acreditar nessa história, não pode ser real...
ADELAIDE: Não tive outra saída a não ser lhe contar. Em uma vida
passada, Cadu deu a vida dele para lhe salvar, nessa você perdeu a sua para
salvar a dele. O coração dos dois está interligado há muitos anos!
A câmera foca em Orlando
transtornado com a história de seu passado, a cena congela e o capítulo encerra
com o a tela azul da cor do céu.
Trilha Sonora Oficial, clique aqui.
Trilha Sonora 1950, clique aqui.
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