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A Promessa - Capítulo 49 (Penúltimo Capítulo - REPRISE)



CAPÍTULO 49

(Penúltimo Capítulo) 

 

uma novela de 

FELIPE LIMA BORGES 


livre adaptação do livro de Rute

 

Edição da Versão Reprise por 

RAMON FERNANDES 

 

EDIÇÃO: 

Parte do Capítulo 65 ORIGINAL (SEM CORTES)   


CENA 1: EXT. BELÉM – CAMPO – DIA 

Iago, escondido atrás de uma árvore, observa um soldado conduzindo um membro da Caravana para a cidade. Espera ele passar e então avança.

Chega devagar por trás, tampa a boca do homem e finca-lhe a espada na costa; cai morto. O membro da Caravana, ao notar Iago, fica feliz, mas ele faz sinal para ele não fazer barulho. 

IAGO  Eu tenho um plano. Vou até Belém e resgatarei Segismundo e todos os outros companheiros. Mas preciso da sua ajuda. 

MEMBRO  Claro, claro! 

IAGO  Cuide o entorno. 

Iago então despe o morto e assume a roupa de soldado. Por fim coloca o capacete. 

MEMBRO  Ele estava me levando para junto de um grupo de soldados que há ali na frente. 

IAGO  Pois vamos para lá. 

Iago então segura o homem como se fosse leva-lo preso e vão. 

 

CENA 2: INT. PALÁCIO – PRISÃO – DIA 

Os feiticeiros das celas estão num intenso falatório sobre o que está acontecendo na cidade. 

MAGO  ...uma invasão! 

ASTRÓLOGO  Ouvi sobre uma batalha! 

BRUXA  Posso ouvir o barulho das espadas daqui! 

FEITICEIRA  Se for mesmo uma invasão seguida de batalha, nós estamos correndo perigo! Vocês todos sabem o que fazem com os prisioneiros do reino invadido!... 

ASTRÓLOGO  Matam a todos... 

FEITICEIRA  Exatamente. 

BRUXA  Vamos todos rogar aos nossos deuses que nos protejam! Não percamos tempo, rápido! 

Eles começam a se ajoelhar. 

ORFA  Não adiantará de nada. 

Eles a ignoram e começam a falar com seus deuses. Ela, no entanto, franze o cenho, parece se lembrar de algo... 

 

CENA 3: FLASHBACK: EXT. TEMPLO – PÁTIO – NOITE 

Estamos de volta ao segundo encontro de Rute e Malom, e Orfa e Quiliom. Esses dois, sentados, conversam. 

ORFA  Quiliom, mesmo estando aqui, em Moabe... Vocês conseguem orar ao seu Deus? Ele pode ouvi-los? 

QUILIOM  Não há nada que nosso Senhor não possa fazer, Orfa. E não há um ser humano nesse mundo que Ele não possa ouvir. Basta que a pessoa incline seu coração... com pureza e sinceridade. Não importa se ela está aqui, ou ali, ou longe... Na escuridão das profundezas ou na glória das alturas... Fale com Ele, e Ele te ouvirá. Peça com humildade e sinceridade... e Ele te atenderá. 

Orfa escuta atenta... Parece um tanto admirada. 

 

CENA 4: INT. PALÁCIO – PRISÃO – DIA 

Um brilho de esperança parece passar pelo rosto pálido de Orfa, e ela sorri. Imediatamente põe-se de joelho, estende as mãos para o alto e fecha os olhos. 

ORFA  Senhor Deus de Israel! Único e inigualável! Criador dos céus e da Terra! Todo-poderoso, regente de tudo o que há! 

A voz de Orfa sobrepõe às de todos os outros e, pouco a pouco, eles param de orar aos seus deuses e olham para ela, cujos olhos lacrimejam muito. 

ORFA  Deus dos hebreus!... Eu não sei falar Contigo!... Mas... nesse lamaçal de angústia... tive o desejo enorme de tentar! 

Todos nas outras celas a olham curiosos. 

ORFA  Eu sei que por muito tempo tive incontáveis oportunidades de me aproximar de Ti, por meio de Quiliom, por meio de Noemi, e até de Rute!... Mas nunca fiz, eu sei... Porém!... (chora) Porém eu vejo agora o quanto estava errada em não agir!... O quanto eu perdi!... Senhor Deus, eu suplico!: salve-me! (chora) Salve-nos a todos! Eu sei que só Tu podes nos livrar agora... 

Orfa abaixa as mãos, abre os olhos e, de joelhos, chora. Todos ali se entreolham curiosos e admirados. 

 

CENA 5: INT. PALÁCIO – CORREDOR – DIA 

Myra vem correndo lá de fora. Dá uma última olhada para a barulheira e, apressada, fecha a porta e corre pelo corredor vazio. 

 

CENA 6: INT. PALÁCIO – PRISÃO – DIA 

Myra chega à porta da prisão, onde um soldado guarda a entrada, e para quase derrapando. O homem a olha com estranheza e ela tenta assumir a postura de Sumo Sacerdotisa. 

GUARDA  Senhora Myra?... 

MYRA  Abra. 

O homem então vira para a porta para destrancá-la. Myra aproveita para, nesse instante, desembainhar a espada dele e bater em sua cabeça com o cabo. O guarda imediatamente cai desmaiado. Ela, um tanto assustada, abre a porta, pega o molho de chaves e entra. Ao vê-la, Orfa sorri emocionada. Os outros não entendem. Myra vai até a cela de Orfa e começa a abrir. 

ORFA  (emocionada) Eu sabia! Pedi a Deus por isso! 

MYRA  Deus me protegeu, Orfa. As ruas estão um caos. O exército dos amorreus é tão grande que quase todos ainda estão do lado de fora da cidade. 

Myra abre e elas se abraçam. 

FEITICEIRA  Liberte-nos! Por favor! 

ASTRÓLOGO  Nos tire daqui! 

BRUXA  Eles nos matarão! 

Todos eles pedem sem parar para que Myra os solte. Orfa então toma a frente e fala com todos. 

ORFA  Vocês acabaram de ver que há Deus em Israel. Um Deus verdadeiro. O único! 

FEITICEIRA  Se eu sobreviver hoje, nunca mais servirei a qualquer outro deus. 

FEITICEIRA 2  Faço das suas as minhas palavras. 

FEITICEIRA 3  Dedicarei minha vida ao Deus Jeová! 

BRUXA  Estou com vocês nessa. 

ASTRÓLOGO  E eu também! 

Praticamente todos ali falam apoiando a ideia. Orfa e Myra sorriem, e essa começa a abrir as celas. 

FEITICEIRA  (contente) Finalmente poderei voltar a morar em Hebrom, e não nos arredores! 

Todas as celas são abertas e todos saem e ficam ali, felizes e ansiosos. 

FEITICEIRA 2  E agora? 

BRUXA  Para onde vamos? 

FEITICEIRA 3  Como vamos sair daqui? 

MYRA  Eu os levarei para a loja de uma amiga. O problema é que é longe daqui... e teremos que passar pela batalha. 

Alguns parecem receosos. 

ORFA  Mas Deus há de nos proteger, meus amigos! 

O ânimo volta e Myra então sai. Todos a seguem rapidamente. 

 

CENA 7: EXT. PALÁCIO – ENTRADA – DIA 

O rei amorreu e diversos soldados derrubam moabitas e se aproximam do palácio. Os guardas tentam impedi-los, mas também são derrotados. Os amorreus então se aproximam da porta, onde os dois guardas apontam suas lanças e avançam. Um soldado amorreu vem correndo lá de trás, pula em um escudo segurado estrategicamente por outro, e salta no ar. Ao cair, quebra as duas lanças. Nisso, os outros homens avançam e os matam. Então abrem o portão do palácio e invadem correndo e gritando. O Capitão, que estava ali dentro, não desvia a tempo e é atropelado pela multidão de amorreus. 

 

CENA 8: INT. PALÁCIO – QUARTO DO REI – DIA 

Ainda segurando Aylla em seus braços, Zylom termina de preparar as coisas para o sacrifício. Ela, desesperada, começa a orar alto. 

AYLLA  Senhor Deus, por favor, me livre desse mal! Salve a minha vida, Senhor! Me ajude, por favor!!! 

ZYLOM  Cale a boca!!! Cale a boca, sua maldita!!! 

AYLLA  Por favor!!! Salve-me, Senhor!!! Salve-me!!! 

Zylom então a vira de frente para ele e mete-lhe uma bofetada no rosto, fazendo-a cair no chão. 

ZYLOM  Cale a boca, sua vagabunda!!! Como ousa falar com outro deus diante de mim???!!! Diante dos deuses!!! 

AYLLA  (caída) Pode me machucar... Pode me ferir... e até me matar. Mas jamais vai tirar a fé que há em meu coração! 

ZYLOM  Ah, é?! 

Zylom a agarra, a levanta e aperta seus braços. 

ZYLOM  Pois então grite!!! GRITE!!! GRITA, SUA VAGABUNDA!!! 

Zylom dá outra bofetada nela. 

ZYLOM  GRITA MAIS ALTO!!! VAMOS!!! ALTO!!! FALE COM O SEU DEUS, SUA MALDITA!!! 

Outra bofetada. 

ZYLOM  GRITA BEM ALTO!!! EU QUERO VER SE O SEU DEUS VAI TE LIVRAR DAS MINHAS MÃOS!!! 

PÁH!!! Zylom se assusta. A porta de seu quarto é arrebentada subitamente e vários soldados, liderados pelo rei amorreu, entram ali. Rapidamente Zylom pega uma espada e a coloca no pescoço de Aylla, de novo presa em seus braços. O rei amorreu entra no quarto apontando a espada para Zylom. 

REI AMORREU  Solte a garota! 

Assustado, Zylom o encara. 

 

CENA 9: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA 

Segismundo, Tamires e outros membros, além de Abimael, aguardam ali, cercados pelos soldados. Novos capturados chegam, e Segismundo parece estranhar algo. Olha bem para um dos soldados... Franze o cenho... Percebe que é Iago. 

Iago, ao notar Segismundo olhando para ele, pisca com cumplicidade, e Segismundo sorri satisfeito. O Comandante se aproxima do Ancião. 

COMANDANTE  Agora faltam poucos. Alguns conseguiram ir longe... Mas já foram pegos. 

ANCIÃO  Ótimo. 

Discretamente, Segismundo observa Iago disfarçado de soldado. 

 

CENA 10: EXT. MOABE – RUAS – DIA 

A batalha é intensa! Golpes, cortes, gritos, violência, sangue! Caos para todos os lados!

Em uma das ruas, Myra, Orfa e os feiticeiros correm por entre os soldados moabitas e amorreus. Desviam o tempo todo de grupos de conflitos, de duelos e tudo o mais que há ali. Alguém é obrigado a se abaixar por causa de uma flecha. No entanto, nada acontece a nenhum deles, que continuam a correr. 

 

CENA 11: INT. PALÁCIO – QUARTO DO REI – DIA 

O rei amorreu e outros soldados apontam as espadas para Zylom, que mantém Aylla como refém. 

REI AMORREU  Você está cercado, Zylom! Solte a garota! 

Percebendo que não tem saída, Zylom grita! Grita, berra de raiva! Afrouxa as mãos e Aylla aproveita pra se desvencilhar dele. Os soldados rapidamente a protegem, e outros avançam e prendem Zylom. O rei amorreu olha para Aylla. 

REI AMORREU  Quem é você? 

AYLLA  (assustada) Apenas uma plebeia... Ele queria me sacrificar... 

O rei olha para Zylom, contido pelos soldados. 

REI AMORREU  Vamos. 

Os soldados levam Zylom, que deixa um último olhar em Aylla. 

REI AMORREU  Ele pagará por seus crimes. 

 

CENA 12: EXT. CASA DE LEILA – FRENTE – DIA 

Myra, Orfa e os outros vêm correndo pela rua e param na entrada da loja. 

FEITICEIRA  A batalha... Parece que acabou... 

ORFA  Viram, meus amigos?! Viram só?! Passamos por tudo isso e nenhum mal nos aconteceu! 

Todos eles fazem que sim sorrindo maravilhados. 

FEITICEIRA 2  Ainda mal consigo acreditar que estamos vivos... 

Myra bate na porta da loja de Leila. 

MYRA  Leila! Leila! Abre, por favor! Somos nós! 

A porta então se abre e Leila sai para fora. 

LEILA  Graças a Deus vocês estão bem! 

Leila e Orfa se abraçam. 

LEILA  Senti tanto sua falta, Orfa... 

Orfa sorri. 

LEILA  E quem são eles? 

ORFA  Feiticeiros, magos e astrólogos que descobriram o poder do Deus de Israel! 

Leila sorri. 

LEILA  Mas uma angústia ainda aperta o meu peito... Aylla... 

Eles todos ficam ali por um tempo... até que, lá de cima, uma figura vem correndo a toda velocidade: Aylla. Leila sorri de orelha a orelha e abraça a filha com toda sua força. 

LEILA  Minha filha! Graças a Deus, graças a Deus! 

AYLLA  O Senhor nos salvou, mãe! 

Leila beija o rosto da filha várias vezes. 

FEITICEIRA  Vamos aproveitar essa aparente calmaria para cada um voltar à sua terra... 

Orfa, Myra, Leila e Aylla olham para eles. 

FEITICEIRA 3  Nunca mais deixaremos de apregoar a bondade do Senhor Deus! 

ASTRÓLOGO  Todo o meu povo saberá que há Deus em Israel! 

TODOS  Adeus! 

Rapidamente, todos ali correm na direção da saída da cidade. 

ORFA  Esperem! Ao menos digam-nos o nome de vocês! 

No entanto, na ânsia de irem embora, eles se distanciam rapidamente, a não ser duas feiticeiras, que param e olham para elas. 

FEITICEIRA 2  Eu sou Riane. 

FEITICEIRA 3  E eu Rielle. 

RIANE  Somos irmãs. 

RIELLE  Da terra de Edom! Nunca ouviu falar de nós? 

MYRA  Infelizmente não. 

ORFA  Mas agora jamais as esqueceremos. 

RIANE  Temos um irmão chamado Diego. 

MYRA  Esperem! Diego, o leitor?! 

RIELLE  Ele mesmo! 

RIANE  Não há uma obra de nosso reino que Diego não leu! 

MYRA  Eu sei quem é Diego! Conhecido por comentar todas as obras aos respectivos autores... 

RIELLE  Os autores de nosso reino o amam por isso. 

MYRA  Mandem minhas saudações ao irmão de vocês, Riane e Rielle. 

RIELLE  Mandaremos. 

RIANE  Pode deixar. 

RIANE, RIELLE  Adeus! 

MYRA, ORFA, LEILA, AYLLA  Shalom! 

RIANE, RIELLE  Shalom! 

As duas viram e saem correndo. Myra, Orfa, Leila e Aylla ficam ali, contentes. 

Mais tarde... O rei amorreu e os soldados passam por ali conduzindo Zylom com os punhos amarrados. Ele deixa um olhar de rancor para Myra e Aylla, que o encaram sérias. 

 

CENA 13: EXT. MOABE – DESERTO – DIA 

Vários soldados estão ao redor do rei amorreu e de Zylom, ainda preso, ambos à beira de uma ribanceira. 

REI AMORREU  Você destruiu minha família e meus amigos... de uma forma que rei algum faz. 

ZYLOM  Você não sabe de nada. 

REI AMORREU  Sei que você foi julgado e condenado. 

Zylom então faz barulho com o nariz em ar de zombaria. 

ZYLOM  Você acha que uma forca é capaz de me matar? 

Imediatamente o rei amorreu empurra Zylom, que cai pela ribanceira e rola batendo nas pedras e levantando poeira. Ele só para lá embaixo, machucado, de barriga para cima e olhando para o rei e os soldados. 

Um homem entrega um arco e uma flecha para o rei amorreu, que ajeita e mira em Zylom, cujos olhos arregalam um pouco. 

REI AMORREU  Covarde! 

E solta a flecha, que viaja e crava certeiramente na barriga de Zylom. 

Dali de cima, todos o observam agonizar... e morrer. 

 

CENA 14: EXT. DESERTO – DIA 

No meio do deserto, um grupo de mercadores aguarda ao lado de uma fileira de escravos, unidos por uma corda que amarra suas mãos e segue para o próximo atrás. A maioria homens, cansados, machucados, fracos... 

As carroças dos outros mercadores, que levam Neb e o dono, chegam ali e eles os descem. 

MERCADOR 1  Junte-os aos outros! 

Os mercadores seguram firmes seus chicotes. Dois deles puxam Neb e o dono e amarram suas mãos com a corda da fileira. 

NEB  Senhor, por favor, tenha piedade desse homem! Olhe a idade dele-- 

Neb é interrompido com um soco no rosto e cai para trás. O mercador o levanta com rispidez. 

MERCADOR 2  Cala a boca, seu imbecil! 

E mete-lhe três chicotadas na costa...

E depois também no dono, que cai de joelhos. 

MERCADOR 1  Vamos! 

A fila começa a andar, mas o dono não se levanta a tempo e é arrastado. 

NEB  Deixe-me ajuda-lo, senhor. Precisamos levantar! 

Mas um deles percebe e se aproxima com o chicote. 

MERCADOR 2  Vai fazer corpo mole, velhote?! 

Uma e outra chicotada. 

NEB  Calma, senhor! Calma, eu ajudarei meu companheiro! (para o dono) Vamos, senhor, segure no meu braço. 

Com dificuldade, o dono segura o braço de Neb e se levanta. 

MERCADOR 1  Vamos!!! Andando!!! 

E a fileira de escravos é levada. 

 

CENA 15: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA 

Enquanto os soldados e os membros da Caravana aguardam na praça, os belemitas ao redor também esperam pela resolução. Entre eles, Jurandir e Diana estão de frente para Josias. 

JURANDIR  Eu... agradeço por ter aceitado falar comigo, Josias. 

Josias faz que sim. 

JURANDIR  Eu fui um tolo. Um completo tolo. Apesar da minha idade, não aprendi nada. 

Josias mantém os olhos em Jurandir, que se esforça para falar. 

JURANDIR  Eu o julguei por meio de preconceitos... Mas agora vejo o quão tolo fui. 

Diana parece muito contente e aliviada pela atitude do pai que, de repente, ajoelha diante de Josias, que fica confuso. 

JURANDIR  Obrigado! Obrigado, Josias, por ter salvo minha vida e a de minha filha! Obrigado! 

JOSIAS  Senhor... 

JURANDIR  E peço encarecidamente que me perdoe! Perdão, Josias, perdão! Sou um velho tolo, nem pedir perdão eu sei... 

JOSIAS  (tocado) Levante-se, senhor Jurandir... 

Jurandir se levanta. Josias, fitando-o nos olhos, sorri e o abraça. Diana também sorri e limpa uma lágrima. 

JOSIAS  Eu te perdoo. 

Emocionado, Jurandir derrama lágrimas... Então se soltam. 

JOSIAS  Agora nossas famílias podem acabar com o conflito. 

Jurandir faz que sim energicamente. 

JURANDIR  Pois então que seja por meio de uma união! 

Diana, interessadíssima, se aproxima mais. 

DIANA  Meu pai... o senhor está dizendo... de meu casamento com Josias? 

JURANDIR  Sim... Sim. 

Diana sorri para Josias de orelha a orelha. 

JURANDIR  Não quero ser um entrave. Vocês têm minha autorização, minha bênção... seu direito. Que casem no amor do Senhor e sejam felizes. 

Tremendamente contentes, Josias e Diana se abraçam fortemente enquanto Jurandir limpa as lágrimas de seu rosto. 

DIANA  Eu nem acredito que isso está mesmo acontecendo! 

JOSIAS  Vejam, o Ancião vai falar... 

Então, juntos, eles se aproximam de onde estão Noemi, Rute, Boaz e Tani, que olha simpática para Diana e Josias, mas com olhar feio para Jurandir. 

DIANA  (para Tani) Você vai querer falar com o meu pai depois. 

Tani estranha, dá uma olhada para Jurandir, olha para Diana sorridente e de volta para o Ancião. 

ANCIÃO  Povo de Belém!!! 

A praça silencia. 

ANCIÃO  Como podem ver, finalmente capturamos o chefe do grupo criminoso foragido há 10 anos! Eis aqui Segismundo! 

O povo vaia... 

ANCIÃO  Agora!... Agora todos os capturados serão encaminhados a Hebrom para serem julgados. Conhecedor das leis que sou, acredito que, pela gravidade dos crimes que cometeram, serão condenados ao apedrejamento ou à prisão perpétua. 

Burburinho entre o povo. 

ANCIÃO  As carroças que os levarão já estão na porta da cidade. Agradeço pelas orações e pelo empenho de todo o povo! Graças ao bom Deus, finalmente o pesadelo chegou ao fim. Agora, que os soldados os encaminhem às carroças. Um de cada vez, por razões de segurança. 

Então um soldado pega um homem da Caravana e o leva dali. Depois de um espaço de tempo, vai outro. Depois, Tamires é pega. Ao passar pelo povo, ela sorri para Noemi. 

TANI  Que mulherzinha... 

E vai. Então um soldado se mexe intentando se aproximar de Segismundo, mas Iago, disfarçado, é mais rápido e entra na frente. Finge ficar confuso, mas o Ancião faz sinal. 

ANCIÃO  (para Iago) Vá você mesmo, está mais perto. 

Iago então se aproxima de Segismundo e o guia para fora da praça. O povo olha para Segismundo com raiva e desprezo. Eles caminham, caminham, se distanciando da praça... 

SEGISMUNDO  (sussurrando) Ideia genial a sua, Iago! Vou recompensá-lo por isso! Agora vamos... Lá fora a gente foge, sem os outros, mesmo. Só precisamos encontrar Gael... Estou preocupado com ele. 

IAGO  Gael está morto. 

Por uns instantes, Segismundo caminha em silêncio. 

IAGO  O Assassino o matou. (pequena pausa) Eu o matei. 

Segismundo dá uma olhada confusa para Iago. 

SEGISMUNDO  Do que está falando?! 

IAGO  Eu me lembrei de tudo. Descobri a verdade sobre Maya e então decidi acabar com a Caravana. Foi um prazer imenso fazer isso aos poucos, com o terror aumentando em vocês a cada novo ataque. 

Segismundo, apesar de continuar a caminhar, está preocupadíssimo. 

IAGO  Gael me contou que foi você o mandante, isso pouco antes de eu sentir o maior prazer da minha vida ao mata-lo. 

Sem escolha, Segismundo continua sendo levado pelo soldado Iago. 

SEGISMUNDO  Lá fora cuidarei de você. 

IAGO  Não haverá “lá fora” para você. 

De repente, Iago saca seu punhal e o finca com toda sua força em Segismundo, cujos olhos, fixos em Iago, se arregalam. 

IAGO  (raivoso) Isso... foi por Maya. 

Na praça, todos estranham eles pararem. 

ANCIÃO  Por que pararam?... Estão de frente... Conversando?! 

Então Iago arranca o punhal cravado, segura-o ainda mais firme e enfia de novo nas entranhas de Segismundo, que, de tanta dor, abre a boca mas não emite som. 

IAGO  E isso é pelo meu filho! 

Iago torce o punhal cravado em Segismundo, que então berra de dor. 

COMANDANTE  Retaliação!... Detenham aquele soldado!!! 

Dois arqueiros imediatamente miram em Iago que, a tempo, vira o corpo de Segismundo para se proteger com ele. Uma, duas, três flechas cravam na costa de Segismundo, que desaba pesadamente na rua. Desprotegido, Iago olha para a praça quando uma flecha o atinge no peito. Ele desequilibra e cai. 

Expira... e morre.

O povo ao redor está agitado e aflito...

Ao lado, Segismundo, cuspindo sangue, encara Iago morto... Ele tosse, agoniza... Percebe os soldados se aproximando ao redor e os cercando...

Então morre. IMAGEM CONGELA. 

 

CONTINUA...

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