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Primeira Impressão com o Senhor X - Crítica "Páginas do Amor" - Programa 16


Saudações, mancebos, sejam bem-vindos ao Primeira Impressão desse domingo! Esqueçam por alguns minutos a apuração dos resultados do 2° turno das cidades de vocês e venham comigo!

Depois de comemorar minha absolvição do Alto Conselho com muita Poção de Lutíferas nos lares de velhos amigos, além de cavalgadas à pachóludos-campeiros pelo deserto e tiros ao alvo com nossas armas energizadas, já me encontro nesse momento em minha nave, no caminho de volta para a Terra. E é daqui que falaremos sobre a obra em questão.

E a crítica de hoje se trata de Páginas do Amor, escrita por Diego Silva e exibida no Ranable Webs. Confiram a sinopse:

Conta a história de Larissa, uma jovem do Rio de Janeiro que trabalha em uma floricultura para ajudar os pais Benito e Célia. Larissa está de casamento marcado com Antônio, um homem sem escrúpulos que a engana com sua amiga Fabiana. No dia do casamento ela é abandonada no altar e fica arrasada. Além disso, perde o pai Benito, de um problema cardíaco. Após os tristes acontecimentos, muda de cidade  com sua mãe e arruma emprego numa biblioteca, conhecendo Miguel, um homem viúvo e que também sofreu por amor. Larissa e Miguel de imediato mostram uma grande conexão, ajudando um ao outro a curar suas feridas, porém precisarão lutar contra a obsessão de Antônio, que decide perseguir Larissa ao saber da nova vida da moça.

A história contada nesse capítulo de estreia basicamente é a preparação de Larissa para seu casamento e a aproximação do “plano” do noivo Antônio e sua amante Fabiana de azedar o momento tão sonhado de nossa mocinha. Acredito que com isso podemos recapitular os principais temas que abordamos desde o início do programa, que são a apresentação de personagens e os diálogos.

É fato que de início o autor se preocupa em criar em nossas mentes, de forma eficiente, um esboço da aparência dos personagens. Quando não diz a faixa etária, o texto fornece pistas que possibilitam nossas mentes entender se ali está, por exemplo, um homem de meia idade ou um mancebo entrando na fase adulta. Porém, é só chegarmos à cena 5 que esse cuidado simplesmente cessa, um esforço que desaparece como se fosse árduo demais continuar com ele. Nessa questão, o capítulo só não vai por água abaixo graças ao número reduzido de personagens e núcleos e às ligações claras entre a maioria deles, de forma que se não tivemos uma apresentação decente de Célia e Benito por exemplo, ainda assim conseguimos imaginá-los como quase idosos ou idosos pelo fato de serem pais de Larissa, que está perto dos 30 anos.

Não costumo acessar a seção de comentários das webs que leio, mas somando 1 com 1 pude notar uma certa alusão de leitores a diálogos robóticos nessa websérie. Ao menos na estreia não notei nada disso, eles são gostosinhos de serem lidos, apesar de bastante exposição. Para quem não lembra, exposição é aquele diálogo que não faz o menor sentido acontecer, pois se trata de informações que são óbvias aos personagens que estão conversando. Como, por exemplo, quando Cláudio, pela manhã, pergunta ao irmão Antônio, com quem mora, se ele já está trabalhando àquela hora e Antônio responde que está trabalhando em home office. Ora, é mesmo? Isso é novidade para Cláudio ou para nós? Há formas e formas de se passar ao público leitor uma informação sobre o passado ou presente de um personagem sem que o mesmo praticamente vire para a plateia e faça uma declamação. A exposição no diálogo se trata de um recurso barato para informar o público de algo que o autor julga importante sabermos, mas sacrifica sem piedade a qualidade e a organicidade do diálogo. Nesse caso, ao invés de Antônio falar “Esse é o meu trabalho, faço home office, e sem ele não teria como eu me sustentar”, poderia dizer algo como “O home office, apesar de ser de casa, exige pontualidade e comprometimento. Preciso ser assim para não perder o emprego e ter como me sustentar”. Vejam como assim a questão do home office é inserida na fala de forma que Antônio não trata Cláudio como se esse não soubesse que ele faz esse tipo de trabalho. O público é que vai entender e dizer: “Ah, então Antônio trabalha em home office”. Apesar disso tudo, desses tropeços e deslizes, eles acontecem em escala muito menor que em Força de um Sonho, ou seja, no quesito diálogo há uma clara e incontestável evolução da parte do autor.

Mas o que mais me incomoda nessa estreia é um aspecto da própria trama. Se Antônio e Fabiana são apaixonados e pretendem assumir isso para o mundo muito em breve, por que é que ele continua levando adiante a história do casamento com Larissa? Talvez vocês digam que isso pode ser coisa de Fabiana, afinal ela é uma vilã. Mas a própria Fabiana diz que nem liga para Larissa, ou seja, não sente raiva, ódio ou qualquer coisa do tipo pela “amiga” de trabalho, ela simplesmente é indiferente à noiva de seu amante. É bastante curioso Antônio querer terminar tudo apenas na hora do “Sim” no altar, à frente de muita gente. Uma possibilidade é que há um plano por trás disso tudo, mas se fosse o caso, Antônio e Fabiana certamente o teriam mencionado na cena em que se encontram no bar, e isso não acontece. Outra possibilidade é que eles simplesmente querem destruir o emocional e a vida de Larissa gratuitamente, demonstrando um sadismo e sociopatia sem limites, mas, se fosse o caso, isso também deveria ter sido minimamente apontado ou aludido no capítulo. Apesar desse vazio, não deixa de haver ao longo do capítulo uma tensão crescente pelo casamento que se aproxima, porque certamente é ali que a bomba estourará, dando ao evento um aspecto de clímax. E essa é a principal força atrativa dessa estreia.

Apesar do número reduzido de personagens, alguns ainda ficam avulsos nesse capítulo, como o viúvo Miguel e seu filho Felipe e o núcleo do mancebo Alessandro e seus pais Ivan e Sandra. Embora não tenha conexão com nenhum outro personagem, Miguel protagoniza um momento verdadeiramente tocante, onde recorda da falecida esposa e pergunta ao filho se ele sente falta da mãe, ao que o pequeno diz que sim e pergunta se ela está no céu. Além de sentirmos a dor de pai e filho, o nó na garganta é bastante sólido. Já Alessandro, que aparece apenas conversando com seus pais à mesa antes de sair para a faculdade, ao menos nessa estreia é um personagem totalmente descartável. Se ele vai ter uma trama própria e importância no todo, talvez fosse melhor ser introduzido apenas nos próximos capítulos, pois sua inserção aqui quebra o ritmo da narrativa.

Quem ler esse capítulo e não souber onde a trama se passa vai precisar imediatamente de um curso de atenção, pois em todos os cabeçalhos de cenas há a indicação “Rio de Janeiro”. Gente, isso não é necessário, basta estabelecer lá no início a cidade, pois dessa forma a leitura fica maçante e cansativa. Mas, no geral, e apesar dos pesares, a estreia dessa série apresenta uma história simples, mas leve de se ler e de se acompanhar. Arrisco dizer que a trama combina mais com novela, não tenho certeza se série é o formato mais apropriado para a história a ser contada. Porém, só prosseguindo leitura para constatar esse dado. Portanto, como sempre, essa missão cabe a vocês: avancem, e descubram isso através das próximas “páginas” da série.





Série: Páginas do Amor

Autor: Diego Silva

Episódios: 13

Emissora: Ranable Webs

Clique aqui para ler o 1° episódio

Saiba mais sobre a série


    E essa foi a crítica de hoje. Como nessa volta estou tomando um caminho diferente – dica de um amigo que me revelou que nesses anos todos eles conseguiram desenvolver um novo buraco de minhoca, ainda mais rápido que aquele por onde vim –, na próxima semana já devo estar pisando em solo terráqueo, e o melhor, portando as estatuetas lindíssimas do Troféu Galáxia! Portanto, me aguardem!

   Mas agora vamos responder o comentário da semana passada. Embora nossa comentarista obviamente não seja a autora do conto, parece que ela está intimamente ligada à antologia cuja estreia analisamos naquele domingo. Vejamos:


    Eu que agradeço, Cristina. Bom, mas então havia uma lógica por trás da escolha do conto da May como o de abertura da antologia. Apesar de eu manter o ponto que critiquei sobre o aspecto “americanizado” na estreia de uma produção brasileira, entendo perfeitamente sua colocação. Talvez então fosse o seu conto o mais apropriado para abrir a antologia.... Não sei, até porque isso não é o mais importante, não é mesmo? De qualquer forma parabéns pelo trabalho, a ideia da produção é admirável! E mancebos, acho que vou precisar continuar leitura em algumas webs que critiquei ao longo do ano, são tantos pedidos dos autores e envolvidos para isso... Acho que o farei durante as férias, hehehe. Mas não me cobrem análise, hein!

    E sobre a crítica de hoje, o que acharam? Concordam, discordam? Digam nos comentários. Já leram a websérie? Digam nos comentários. Perderam o programa da semana passada? É só clicarem aqui e conferirem. Por hoje é isso. Me desejem uma viagem tranquila de volta que lhes desejo a vitória de um bom líder para a cidade de vocês. Até o próximo domingo!!!


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