CENA 01: COLÉGIO/SALA DOS PROFESSORES/INT./MANHÃ
Edu ainda abismado com Lica.
EDU – Como você tem coragem de inventar uma mentira dessas?
LICA – (FINGE) Eu não posso acreditar que agora você vai negar tudo.
EDU – Eu nunca te beijei!
LICA – E todas aquelas palavras de amor que você me falou agora a pouco?
ADSON – (DESCONFORTÁVEL) Bom, professor… como eu já havia dito, só vim entregar meu trabalho.
Adson deixa as folhas em cima da mesa e vai se virando para sair, mas Edu o segura pelo braço.
EDU – Adson, por favor! Espera!
ADSON – Por favor, professor, eu preciso ir.
Edu o olha por alguns instantes e, depois o solta. Adson enfim vai embora. Lica olha tudo aquilo, desconfiada.
LICA – Olhando assim, parece que entre você e o cego existe algo a mais do que uma simples relação entre professor e aluno.
EDU – (COM RAIVA) Saia daqui!
LICA – É só uma chance que eu te peço!
Sorrindo, Lica acaricia o rosto de Edu, que a afasta.
EDU – Se não sair agora mesmo, irei tomar medidas drásticas.
Lica se dirige à porta, mas para e se vira para ele.
LICA – (SORRI) Eu posso garantir que isso não acaba aqui.
Irritado, Edu segura Lica pelo braço e a põe pra fora da sala. Ele fecha a porta e volta para a mesa, chutando a cadeira.
CENA 02: COLÉGIO/BANHEIRO MASCULINO/CABINE/INT./MANHÃ
Adson sentado no vaso, chorando em silêncio.
ADSON – E pensar que eu achava que o professor estava interessado em mim. Como fui idiota!
Ele leva a mão ao peito, aflito.
ADSON – (CHORANDO) Eu nunca senti algo tão forte por alguém. Jamais me imaginei nessa situação. Já ele não sente nada por mim além de pena.
CENA 03: COLÉGIO/SALA DOS PROFESSORES/INT./MANHÃ
Edu sentado na cadeira, pensativo.
EDU – Eu não posso ver esse menino de outra forma que não seja como meu aluno.
Ele se levanta, anda de um lado pro outro.
EDU – Tudo o que eu faço ou penso me remete a ele. Isso não pode estar acontecendo! Ele é meu aluno, e ainda é menor de idade!
Ele volta a se sentar.
EDU – Mesmo que me doa, o melhor a fazer é me afastar dele. É isso o que vou fazer!
Trilha Sonora: True Colors – Cyndi Lauper
A cena se divide: de um lado, close em Edu; de outro, close em Adson (continuação da cena anterior).
CENA 04: DELEGACIA/CELA DE PALMIRA/INT./TARDE
Palmira bate nas grades com uma caneca.
PALMIRA – (GRITA) Vocês não podem fazer isso comigo! Sou uma idosa e preciso viver o tempo que ainda me resta de vida! Isso é cárcere!
Um policial se aproxima da cela.
POLICIAL – Senhora, peço que pare com esse escândalo.
PALMIRA – Não sou mulher de jaula! Nasci livre! Me tire daqui! Preciso fazer as unhas, correr ao ar livre, beber até ficar mamada!
POLICIAL – Enquanto não pagarem sua fiança, a senhora continuará aqui.
PALMIRA – Ô dois metrão, dá essa moral pra titia. Chame o delegado, mande ele soltar e mais tarde eu trago o dinheiro.
O policial começa a rir.
PALMIRA – Tá de deboche?
POLICIAL – Não, imagina!
PALMIRA – Eu tenho contexto na Polícia Federal! Vocês tão ferrados na minha mão!
O policial se afasta. Palmira, desnorteada, se senta no chão e olha atentamente ao redor.
Trilha Sonora: Feels – Calvin Harris
PALMIRA – Mas que droga! Do jeito que a justiça é lenta, já sei que não vou sair a tempo de estrear minha fantasia de oncinha no bloco da Anitta. Ai, vida difícil!
CENA 05: HOSPITAL/SALA DE ARQUIVOS/INT./TARDE
Helena vasculhando todos os armários possíveis, sem cessar.
HELENA – Eu já vasculhei todas as outras alas do hospital e até agora nada! Esse laudo do Perfeito só pode estar aqui. Mas parece que vai ser um trabalho árduo.
Ela segue checando tudo o que encontra, sem sucesso.
HELENA – Espero que Alzira tenha um motivo plausível pra tudo isso.
CENA 06: MANSÃO FORTUNA/SALA DE JANTAR/INT./TARDE
Conrado, Iza e Penélope almoçando, em silêncio.
CONRADO – Já faz muito tempo que mainha saiu. Tô ficando encucado com essa ida dela à delegacia.
IZA – Que Deus dê a graça e ela passe uns bons anos atrás das grades. Ou, pelo menos, só o tempo que eu preciso pra enxotá-la daqui.
PENÉLOPE – Amorzinho, olha só como ela tá falando da sua mãe.
IZA – Eu falo do jeito que eu quiser! E no seu lugar, queridinha, eu ficava com a boquinha bem fechada. E outra: pare com essa ladainha de amorzinho, pois o marido é meu.
PENÉLOPE – (APONTA O DEDO) Escuta aqui, você tá achando que é quem?
IZA – Abaixa esse dedo! Não ponha o dedo na minha cara!
PENÉLOPE – E se eu não abaixar? Vai fazer o quê?
Trilha Sonora: Feels – Calvin Harris
Iza respira fundo e se levanta da cadeira. Ela pega uma torta na mesa e joga na cara de Penélope.
Penélope não demora para reagir, atirando em Iza um copo de suco.
Irritadas, as duas pegam tudo o que vêem pela frente para atirar uma na outra. Conrado já vai salvando a caçarola com feijão.
CONRADO – (DESESPERADO) Pelo amor de Deus, o feijão não!
Conrado corre com a caçarola. Iza e Penélope permanecem em cena, jogando comida uma na outra.
CENA 07: CASA DE OMAR/SALA/INT./TARDE
Lica entra na casa e já vai se sentando no sofá.
OMAR – O que você está fazendo aqui?
LICA – Ué, vim tomar um banho e comer alguma coisa. Acho que pelo menos isso você não vai me negar. Ou vai?
OMAR – Já te disse que minha mãe não vai gostar nada de ver você aqui.
LICA – Vai à merda, Omar! Na hora de me pegar você não se importa com sua mãe, né?
Lica se levanta, vai à geladeira e pega uma uva.
OMAR – Lica, vai embora! Agora!
LICA – Mas que cacete! Parece que hoje todo mundo cismou de me enxotar!
OMAR – Pra você ver como é adorada.
LICA – Você é o único que não deveria me tratar assim. Lembre-se que sei muito a seu respeito. Fogueteiro de bandido!
Irritado, Omar avança em Lica, enforcando-a.
OMAR – Sei bem o tipo de garota que você é, mas mesmo assim eu não tenho medo de você. Se for preciso, eu te mato pra me ver livre de você!
LICA – (SEM FÔLEGO) Quero estar presente no dia que sua mãezinha doente bater as botas e descobrir o bandidinho de merda que você é!
Omar segue estrangulando Lica. No desespero, Lica consegue empurrar Omar, que se desequilibra, cai e bate a cabeça num móvel.
Ainda se recompondo, Lica se levanta e vai até Omar, desacordado.
LICA – Tá vendo o que você fez, idiota?
Lica estranha com Omar não reagindo. Ela toca nele, que não reage. A garota se desespera ao notar que ele não respira.
LICA – (ASSUSTADA) Isso não pode estar acontecendo! Eu matei o Omar!
CONTINUA…
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