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Casamento às Cegas - Capitulo 06



CENA 01: COLÉGIO/SALA DOS PROFESSORES/INT./MANHÃ

Edu ainda abismado com Lica.

EDU – Como você tem coragem de inventar uma mentira dessas?

LICA – (FINGE) Eu não posso acreditar que agora você vai negar tudo.

EDU – Eu nunca te beijei!

LICA – E todas aquelas palavras de amor que você me falou agora a pouco?

ADSON – (DESCONFORTÁVEL) Bom, professor… como eu já havia dito, só vim entregar meu trabalho.

Adson deixa as folhas em cima da mesa e vai se virando para sair, mas Edu o segura pelo braço.

EDU – Adson, por favor! Espera!

ADSON – Por favor, professor, eu preciso ir.

Edu o olha por alguns instantes e, depois o solta. Adson enfim vai embora. Lica olha tudo aquilo, desconfiada.

LICA – Olhando assim, parece que entre você e o cego existe algo a mais do que uma simples relação entre professor e aluno.

EDU – (COM RAIVA) Saia daqui!

LICA – É só uma chance que eu te peço!

Sorrindo, Lica acaricia o rosto de Edu, que a afasta.

EDU – Se não sair agora mesmo, irei tomar medidas drásticas.

Lica se dirige à porta, mas para e se vira para ele.

LICA – (SORRI) Eu posso garantir que isso não acaba aqui.

Irritado, Edu segura Lica pelo braço e a põe pra fora da sala. Ele fecha a porta e volta para a mesa, chutando a cadeira.

CENA 02: COLÉGIO/BANHEIRO MASCULINO/CABINE/INT./MANHÃ

Adson sentado no vaso, chorando em silêncio.

ADSON – E pensar que eu achava que o professor estava interessado em mim. Como fui idiota!

Ele leva a mão ao peito, aflito.

ADSON – (CHORANDO) Eu nunca senti algo tão forte por alguém. Jamais me imaginei nessa situação. Já ele não sente nada por mim além de pena.

CENA 03: COLÉGIO/SALA DOS PROFESSORES/INT./MANHÃ

Edu sentado na cadeira, pensativo.

EDU – Eu não posso ver esse menino de outra forma que não seja como meu aluno.

Ele se levanta, anda de um lado pro outro.

EDU – Tudo o que eu faço ou penso me remete a ele. Isso não pode estar acontecendo! Ele é meu aluno, e ainda é menor de idade!

Ele volta a se sentar.

EDU – Mesmo que me doa, o melhor a fazer é me afastar dele. É isso o que vou fazer!

Trilha Sonora: True Colors – Cyndi Lauper

A cena se divide: de um lado, close em Edu; de outro, close em Adson (continuação da cena anterior).




CENA 04: DELEGACIA/CELA DE PALMIRA/INT./TARDE

Palmira bate nas grades com uma caneca.

PALMIRA – (GRITA) Vocês não podem fazer isso comigo! Sou uma idosa e preciso viver o tempo que ainda me resta de vida! Isso é cárcere!

Um policial se aproxima da cela.

POLICIAL – Senhora, peço que pare com esse escândalo.

PALMIRA – Não sou mulher de jaula! Nasci livre! Me tire daqui! Preciso fazer as unhas, correr ao ar livre, beber até ficar mamada!

POLICIAL – Enquanto não pagarem sua fiança, a senhora continuará aqui.

PALMIRA – Ô dois metrão, dá essa moral pra titia. Chame o delegado, mande ele soltar e mais tarde eu trago o dinheiro.

O policial começa a rir.

PALMIRA – Tá de deboche?

POLICIAL – Não, imagina!

PALMIRA – Eu tenho contexto na Polícia Federal! Vocês tão ferrados na minha mão!

O policial se afasta. Palmira, desnorteada, se senta no chão e olha atentamente ao redor.

Trilha Sonora: Feels – Calvin Harris

PALMIRA – Mas que droga! Do jeito que a justiça é lenta, já sei que não vou sair a tempo de estrear minha fantasia de oncinha no bloco da Anitta. Ai, vida difícil!

CENA 05: HOSPITAL/SALA DE ARQUIVOS/INT./TARDE

Helena vasculhando todos os armários possíveis, sem cessar.

HELENA – Eu já vasculhei todas as outras alas do hospital e até agora nada! Esse laudo do Perfeito só pode estar aqui. Mas parece que vai ser um trabalho árduo.

Ela segue checando tudo o que encontra, sem sucesso.

HELENA – Espero que Alzira tenha um motivo plausível pra tudo isso.

CENA 06: MANSÃO FORTUNA/SALA DE JANTAR/INT./TARDE

Conrado, Iza e Penélope almoçando, em silêncio.

CONRADO – Já faz muito tempo que mainha saiu. Tô ficando encucado com essa ida dela à delegacia.

IZA – Que Deus dê a graça e ela passe uns bons anos atrás das grades. Ou, pelo menos, só o tempo que eu preciso pra enxotá-la daqui.

PENÉLOPE – Amorzinho, olha só como ela tá falando da sua mãe.

IZA – Eu falo do jeito que eu quiser! E no seu lugar, queridinha, eu ficava com a boquinha bem fechada. E outra: pare com essa ladainha de amorzinho, pois o marido é meu.

PENÉLOPE – (APONTA O DEDO) Escuta aqui, você tá achando que é quem?

IZA – Abaixa esse dedo! Não ponha o dedo na minha cara!

PENÉLOPE – E se eu não abaixar? Vai fazer o quê?

Trilha Sonora: Feels – Calvin Harris

Iza respira fundo e se levanta da cadeira. Ela pega uma torta na mesa e joga na cara de Penélope.

Penélope não demora para reagir, atirando em Iza um copo de suco.

Irritadas, as duas pegam tudo o que vêem pela frente para atirar uma na outra. Conrado já vai salvando a caçarola com feijão.

CONRADO – (DESESPERADO) Pelo amor de Deus, o feijão não!

Conrado corre com a caçarola. Iza e Penélope permanecem em cena, jogando comida uma na outra.

CENA 07: CASA DE OMAR/SALA/INT./TARDE

Lica entra na casa e já vai se sentando no sofá.

OMAR – O que você está fazendo aqui?

LICA – Ué, vim tomar um banho e comer alguma coisa. Acho que pelo menos isso você não vai me negar. Ou vai?

OMAR – Já te disse que minha mãe não vai gostar nada de ver você aqui.

LICA – Vai à merda, Omar! Na hora de me pegar você não se importa com sua mãe, né?

Lica se levanta, vai à geladeira e pega uma uva.

OMAR – Lica, vai embora! Agora!

LICA – Mas que cacete! Parece que hoje todo mundo cismou de me enxotar!

OMAR – Pra você ver como é adorada.

LICA – Você é o único que não deveria me tratar assim. Lembre-se que sei muito a seu respeito. Fogueteiro de bandido!

Irritado, Omar avança em Lica, enforcando-a.

OMAR – Sei bem o tipo de garota que você é, mas mesmo assim eu não tenho medo de você. Se for preciso, eu te mato pra me ver livre de você!

LICA – (SEM FÔLEGO) Quero estar presente no dia que sua mãezinha doente bater as botas e descobrir o bandidinho de merda que você é!

Omar segue estrangulando Lica. No desespero, Lica consegue empurrar Omar, que se desequilibra, cai e bate a cabeça num móvel.

Ainda se recompondo, Lica se levanta e vai até Omar, desacordado.

LICA – Tá vendo o que você fez, idiota?

Lica estranha com Omar não reagindo. Ela toca nele, que não reage. A garota se desespera ao notar que ele não respira.

LICA – (ASSUSTADA) Isso não pode estar acontecendo! Eu matei o Omar!

CONTINUA…

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