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Na Boca Do Povo - Capítulo 18

 


Capítulo 18

Cena 01 – Shopping Aricanduva [Interna/Tarde]

(Parados na frente da loja, Glória tenta convencer Durant a entrar e ver as peças disponíveis).

 

DURANT: (Permanece parado na porta da loja).

GLÓRIA: O que foi, Durant? Vamos entrar! Aqui tem peças incríveis, da mais alta costura e coleção atual.

DURANT: Sabe o que é? Eu não acredito que consiga pagar nada que venda nessa loja, de longe dá para ver que é tudo muito caro. (Responde sem jeito).

GLÓRIA: Que nada! Eu tenho umas velhas conhecidas aqui, além disso já fui cliente vip, posso pedir um desconto...

DURANT: (Interrompe Glória) Vamos fazer o seguinte: Damos uma volta, vemos opções mais econômicas e caso não encontremos nada interessante, nós voltamos. Pode ser?

GLÓRIA: (Segura o braço de Durant e se apoia) Está bem, como quiser. Vamos lá!

(Enquanto Luiza Helena sente o tecido das peças, Suzana avista Glória de longe).

SUZANA: (Fala baixinho) Disfarça! A Glória Martins de Andrade e Britto está no shopping e muito bem acompanhada, saiu de braços dados com um bonitão...

LUIZA HELENA: (Olha para trás, mas não vê Glória e nem seu acompanhante) Onde? Não estou vendo?

SUZANA: (Olha na mesma direção para onde Luiza Helena está olhando) É, eles já foram... Mas vamos focar nas suas compras, você precisar experimentar essas peças! (Diz entregando uma grande quantidade de roupas).

LUIZA HELENA: (Olha impressionada) Tudo isso? Eu vou acabar vestindo todas as mulheres de São Paulo desse jeito.

SUZANA: (Empurra Luiza Helena na direção do provador) Deixa de drama, precisamos renovar o seu guarda-roupa e não sairemos desse shopping sem cumprir essa missão.

 

Cena 02 – Universidade Pereira Vasconcelos [Interna/Tarde]

Música da cena: Dona de Mim - Iza

(Imagens da cidade são apresentadas. Percorremos pelo MASP, Mercado Municipal e Avenida Paulista. Logo após, surge o campus da universidade. Betinha e o coordenador da instituição caminham pelos corredores da instituição).

 

BETINHA: (Olha para o local fascinada).

COORDENADOR: Você vai perceber logo de cara que fez uma excelente escolha, nossa universidade possui muito prestígio no mercado de ensino superior e formamos grandes profissionais. Eu vou te apresentar ao seu monitor, ele está alguns períodos a frente do curso que você irá fazer, é um aluno muito promissor. Tenho certeza de que se darão muito bem.

BETINHA: (Ouve atentamente) Claro, concordo plenamente.

COORDENADOR: (Se aproxima de um grupo de estudantes e chama Enrico) Enrico, você pode nos dar um minuto?

ENRICO: (Aproxima-se) Claro, boa tarde!

COORDENADOR: Enrico, essa é a nova aluna do curso de Design de Moda. Roberta Miranda Ferreira Lima, você será o monitor dela.

BETINHA: (Estende a mão) Olá, como vai? Muito prazer, mas pode me chamar de Betinha. É mais curto, mais fácil.

ENRICO: (Aperta a mão de Betinha) Seja bem vinda, Betinha!

COORDENADOR: Bom, agora vou deixa-la em boas mãos. Enrico, faça o favor de apresentar as demais instalações a nova aluna. Com licença! (O coordenador deixa Enrico e Betinha a sós).

ENRICO: Venha comigo, a faculdade é bem grande. Vou te mostrar todos os lugares!

BETINHA: (Acompanha Enrico).

(Enrico e Betinha caminham pela instituição enquanto se conhecem melhor).

ENRICO: Ah, você não é daqui de São Paulo?

BETINHA: Não, eu sou de Alagoas. Cheguei há pouco tempo, sempre sonhei em estudar num lugar assim. Não sabe o quanto estou empolgada...

RAFAEL: Betinha? (Diz após sair de uma sala e avista-la na companhia de Enrico).

BETINHA: Rafael! Que surpresa te ver aqui...

RAFAEL: (Sorri) Não, é? Parece que estamos destinados a nos esbarrar. Eu estudo aqui, faço arquitetura e você, veio ver algum amigo?

BETINHA: Pasme, mas eu também vou estudar aqui. Acabo de me matricular, vou cursar design de moda. Esse é o Enrico, ele será meu monitor e está me apresentando a instituição.

RAFAEL: Eu já o conheço, somos vizinhos.

ENRICO: É verdade, eu conheço o Rafa desde que éramos crianças.

BETINHA: Que mundo pequeno...

RAFAEL: Pois é... Bom, agora eu tenho que ir. Estou atrasado para a próxima aula, nos vemos depois?

Música da cena: Anjos – Gabi Luthai

BETINHA: Nos vemos depois! (Responde).

(Betinha e Rafael se abraçam em tom de despedida e ele parte para aula).

BETINHA: (Olha para trás e observa Rafael ir embora).

ENRICO: (Observa Betinha se distrair olhando para Rafael e percebe que ela está interessada nele) Se você continuar babando assim, vai inundar a faculdade...

BETINHA: (Volta a si, após um breve momento distraída) Oi? Como disse? Podemos voltar ao tour pela universidade?

ENRICO: (Estende o braço apontando a direção) Vamos lá!

 

Cena 03 – Shopping Aricanduva [Interna/Tarde]

Música da cena: Gloriosa – Gloria Groove

(Em outra loja, Durant está sentado enquanto Glória prova roupas e mostra para ele, fingindo que se importa com o presente que ele pretende dar a prima de aniversário).

 

DURANT: (Observa as roupas).

GLÓRIA: (Desfila de um lado para o outro de maneira maliciosa, tentando chamar a atenção de Durant).

DURANT: Acho que já vimos roupa demais, podemos levar aquele vestido preto que você provou, é o que mais parece com o que ela havia comentado ter gostado.

GLÓRIA: Você tem certeza? Eu posso provar muitos outros, não é incomodo algum, só de estar em sua presença já é maravilhoso.

DURANT: Sim, sim. Eu não quero abusar da sua boa vontade!

GLÓRIA: Você não está abusando, mas pode abusar de outras coisas... Basta querer! (Se insinua).

DURANT: Podemos ir ao caixa? Vamos pagar e vamos embora. (Muda o rumo da conversa).

 

Cena 04 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Tarde]

(Na mansão, Eva mal podia acreditar em que seus olhos estavam vendo naquele momento).

 

EVA: Meu Deus, eu não posso acreditar... A senhora está muito diferente, parece que saiu de um conto de fadas... Não, melhor... De uma revista de modas ou do cinema!

Música da cena: Rock Roll And Lullaby – Alexandre Poli

LUIZA HELENA: (Caminha pela sala, a imagem mostra seu corpo de baixo para cima. Notamos que ela usa sapatos scarpin pretos, calça de alfaiataria de cor azul petróleo e uma blusa de seda branca. Seus cabelos estavam ondulados e com volume, dando destaque a nova cor) Não fala essas coisas, que eu vou ficar sem graça... Ainda estou me achando esquisita, nem me reconheço quando me olho no espelho.

EVA: Pense que a senhora é um diamante, antes era uma pedra bruta e agora está sendo lapidada. Aceite, eu estou falando de verdade... Essa mudança lhe caiu muito bem, nem de longe parece a Luiza Helena que chegou acuada nessa casa.

LUIZA HELENA: Mas eu ainda sou a mesma, não quero que pensem jamais que eu perdi a essência. Eu continuo sendo a mesma Luiza Helena, como vocês. Não sou melhor que ninguém!

EVA: Isso você não precisa dizer... Caráter é uma coisa que ou a gente nasce ou nunca vai ter na vida. Você tem e nota-se isso de longe e eu posso lhe afirmar com toda a convicção desse mundo, o Demétrio não poderia ter escolhido sucessora melhor. (Diz segurando as mãos de Luiza Helena).

LUIZA HELENA: Quer me fazer chorar, mulher? Eu quero ser uma rocha nessa nova fase! Preciso ser uma presidente respeitável para honrar a escolha do Demétrio, não é mesmo? Agora me diz uma coisa... Você acha que a Betinha vai gostar dessa mudança toda?

EVA: Evidentemente! Ela jamais teria outra mãe tão linda como você.

LUIZA HELENA: (Olha para os lados assustada) Não diz isso, criatura! Alguém pode te ouvir... Mas você acha que eu fiquei bonita mesmo? (Pergunta sorrindo).

 

Cena 05 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Tarde]

(No salão do restaurante, Francesca ajudava seus colaboradores a organizar o espaço para receber seus clientes à noite que se aproximava).

 

FRANCESCA: (Se distrai polindo uma bandeja. Ao se olhar refletida, recorda os beijos que trocou com Zeca enquanto esteve presa no frigorifico).

LOLA: Francesca, sobre aquela reserva que você comentou hoje cedo, você acha melhor a mesa oito que fica bem no centro do salão ou a doze que fica próxima ao jardim de inverno? (Questiona enquanto anota informações em um bloquinho de papel).

FRANCESCA: (Distraída, não percebe que Lola está falando com ela).

LOLA: (Olha para Francesca e nota que ela está distraída, com um olhar distante) Francesca! (Repete com um tom de voz um pouco mais elevado e estalando os dedos).

FRANCESCA: Sì, belíssima! Perdão, estava distraída. O que você disse, mesmo? (Responde após voltar a si).

LOLA: (Sorri da situação) Eu percebi, parece que você estava em outra dimensão. Poderia jurar que você está com cara de quem está com borboletas no estômago.

FRANCESCA: Como borboleta no stomaco?

LOLA: Apaixonada Dona Francesca... Apaixonada! (Conclui).

FRANCESCA: Que tolice! Claro que non, io non estou inamoratta. Falando desse jeito, até parece que você já...

LOLA: (Sorri sem graça e tenta mudar de assunto) Tem razão, eu nunca me apaixonei. Mesa oito ou doze para a reserva daquele grupo que a senhora falou pela manhã?

FRANCESCA: Doze! Eles precisam provar nossa buona pasta enquanto assistem o espetáculo da lua e das estrelas em nostro jardim de inverno! (Responde esclarecendo a dúvida de Lola).

LOLA: (Anota a informação) Pode deixar, irei preparar tudo como me ensinou. Com licença! (Deixa Francesca sozinha).

FRANCESCA: (Repete o que Lola falou) Inamoratta... Onde já se viu? Io inamoratta daquele bode velho? Inamoratta... Io estou inamoratta? (Questiona a si mesma).

 

 

Cena 06 – Na Boca do Povo, Redação [Interna/Tarde]

(Ângelo já estava dentro do elevador quando as portas estavam prestes a se fechar, uma mão as impediu, fazendo com que as portas reabrissem).

 

FERNANDA: (Entra no elevador) Está descendo?

ÂNGELO: Sim! (Responde e logo em seguida as portas do elevador voltam a se fechar, enquanto os dois seguem descendo pelos andares do edifício).

FERNANDA: (Respira fundo) Corri tanto, achei que fosse perder o elevador. Estou atrasada!

ÂNGELO: Compromisso importante?

FERNANDA: Sim! Na verdade, não é nada agendado, eu resolvi por conta própria fazer uma surpresa ao meu namorado. Vou até a casa dele e convidá-lo para jantar.

ÂNGELO: O sobrinho do pintor?

FERNANDA: Ele mesmo! Do jeito que fala, parece que vivo trocando de namorado.

ÂNGELO: Me perdoe, não foi isso que eu quis dizer, muito menos te ofender. E... Já sabe onde vão?

(As portas do elevador se abrem no térreo).

FERNANDA: Comida italiana, nossa favorita. Amamos massa... E Ângelo... (Diz ao sair do elevador).

ÂNGELO: Sim? (Questiona ao ouvir seu nome).

FERNANDA: Você deveria fazer o mesmo!

ÂNGELO: (Estranha o comentário) Fazer o que?

FERNANDA: Sair, ver gente... Se apaixonar! Até amanhã... (Diz ao se despedir, logo em seguida ela vai embora e as portas do elevador se fecham novamente, agora ele descerá para o andar subterrâneo, onde está a garagem).

ÂNGELO: E quem disse que eu não estou apaixonado? (Responde sozinho dentro do elevador).


 

Cena 07 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Noite]

Música da cena: Flores no Jardim - Llari

(Imagens noturnas da cidade de São Paulo são apresentadas, surgindo logo após o bairro da Mooca. No restaurante de Francesca, Enrico, Rafael e Betinha jantam juntos. Betinha sorri das recordações da infância dos dois).

 

ENRICO: E aí ele levou sete pontos na cabeça depois que caiu da árvore...

BETINHA: Meu Deus, você era uma criança terrível. Devia deixar a sua mãe de cabelo em pé!

RAFAEL: Não é bem assim, o Enrico era bem mais levado... Ele que me metia em encrencas!

(Nesse momento, Fernanda caminha pela rua e ao olhar para o interior do restaurante, avista Rafael na companhia de Betinha).

FERNANDA: Boa noite a todos! Vocês não me convidam para jantar com vocês? (Diz ao se aproximar da mesa onde eles estão).

ENRICO: Claro, pode sentar... Junte-se a nós.

RAFAEL: Fernanda! Nem havíamos combinado, viemos direto da faculdade para cá... (Levanta-se e puxa uma cadeira para que Fernanda se acomode).

FERNANDA: (Senta-se e encara Betinha).

RAFAEL: Bom, você lembra do Enrico, não é? E ela é a Betinha, você já conhece.

FERNANDA: Conheço e conheço cada dia mais! (Responde com desdém).

BETINHA: Ou não... (Responde olhando para Fernanda).

  

Cena 08 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Noite]

(Na cozinha, Eva e os empregados se preparavam para jantar quando Luiza Helena adentrou no ambiente).

 

EVA: (Levanta-se junto dos outros empregados) A senhora deseja jantar agora? Podemos preparar algo...

LUIZA HELENA: Eu não queria jantar sozinha, a Betinha me enviou uma mensagem dizendo que ia jantar fora. Você acredita que ela já fez amigos aqui na cidade?

EVA: Os jovens de hoje em dia são assim mesmo.

LUIZA HELENA: Pois é, por isso eu não estava muito animada para jantar sozinha, mas como vocês estão aqui, vou unir o útil ao agradável e vou jantar com vocês.

EVA: Aqui? Na cozinha? (Questiona).

LUIZA HELENA: Aqui, na cozinha... Qual o problema? Por acaso vocês não são gente? Vou jantar aqui com vocês e vou querer da mesma comida. Sabe como é, eu não vou me acostumar nunca com essa comida da alta sociedade. Ela não enche barriga e eu preciso de algo que dê sustança, entendeu? (Diz sentando-se junto aos empregados).

EVA: Assim que se diz! Vou colocar um pratinho para você agora mesmo. (Sorri).

LUIZA HELENA: Capricha que hoje eu estou com fome.

Alguns momentos depois...

(Eva e Luiza Helena caminham de volta para a sala de estar enquanto conversam).

LUIZA HELENA: Eu queria tanto que a Betinha visse a minha transformação, mas vai ficar para amanhã.

EVA: Você faz sempre por onde agradar a sua filha, não é?

LUIZA HELENA: Eu faço tudo para vê-la feliz, seria capaz de dar a minha vida pela dela. Por isso fui capaz de grandes sacrifícios para continuar ao lado da minha filha, eu não sei o que teria sido de mim depois que aquele miserável me destruiu.

EVA: Luiza Helena, filha...  Porque você não deixa esse ressentimento todo no passado, vive essa nova fase e aproveita para recomeçar? Você não acha que esse é o momento ideal para colocar o fim nessa mentira e revelar para a Betinha que ela é a sua filha? Depois disso, você poderia procurar esse homem que tanto te fez mal e se livrar desse peso e desse rancor que te persegue há anos.

LUIZA HELENA: Eu tenho tanto medo de confessar a verdade a Betinha. E se ela me rejeitar? Eu morreria! Antes eu não contei porque o meu pai me impediu e depois poque eu tive medo. Eu tenho medo, na verdade... A Betinha sempre quis ter uma mãe bonita, vaidosa, que a levasse para passear e lhe propiciasse coisas boas, mas tudo isso nos foi privado...

EVA: Mas agora o tempo passou, você se tornou uma mulher linda e agora tem tudo para proporcionar a sua filha tudo o que a vida não permitiu antes. Tente encontrar uma brecha, o momento ideal para contar a verdade. Tenho certeza de que tudo irá se encaixar quando a verdade vir à tona.

LUIZA HELENA: (Fica pensativa após os conselhos de Eva).

 

Cena 09 – Umbu-Cajá, Restaurante Italiano [Interna/Noite]

(Zeca recebe o pagamento de alguns clientes no caixa e após eles irem embora, ele percebe Enrico sentado em uma das mesas com o olhar distante).

 

ZECA: Itinho, tá tudo bem meu filho? (Pergunta ao se aproximar).

ÍTALO: (Permanece com o olhar distante).

ZECA: Ítalo, que bicho te mordeu? (Fala mais alto).

ÍTALO: Oi! Desculpa painho, nem vi que o senhor estava aí. O que foi que o senhor disse?

ZECA: Eu estranhei, você aqui sozinho e com essa cara de paisagem, até parece o seu tio quando está pensando na bonitona... Espera aí! Você estava fazendo a mesma cara do seu tio, você também está apaixonado meu filho? (Pergunta após se sentar ao lado do filho).

ÍTALO: Eu? Eu não... (Disfarça).

ZECA: Vamos filho, não confia mais no seu pai? Quem é ela? Me conte!

ÍTALO: Eu não estou apaixonado, é sério. Só estou cansado, estava pensando num trabalho da faculdade que eu tenho que fazer. O senhor ainda vai precisar de mim aqui no restaurante?

ZECA: Trabalho da faculdade, é? Sei! Não vou precisar, não. Pode ir descansar, meu filho.

ÍTALO: Eu vou indo então, boa noite! (Levanta da cadeira, beija a cabeça do pai e vai para casa).

ZECA: Eu te conheço meu filho, você está diferente... (Sorri enquanto fala sozinho e depois, involuntariamente lembra de quando beijou Francesca). Porque essa carcamana não sai da minha cabeça? Eu hein!

 

Cena 10 – Casa de Durant [Interna/Noite]

(Durant serve um pouco de vinho do porto em pequenos cálices para ele e Glória).

 

DURANT: Esse vinho me faz lembrar aos meus avós. Minha avó sempre dizia que temos que tomar um cálice desse uma vez por dia, ela dizia que era bom para a saúde. (Entrega o cálice para Glória).

GLÓRIA: Muito sábia a sua avó. (Pega o cálice).

DURANT: Sobre o que você estava falando mesmo, antes do vinho? (Senta-se no sofá ao lado de Glória).

GLÓRIA: Ah, sim... Sobre a suposta irmã do meu irmão, você tinha que ver... Mal se apoderou do dinheiro do Demétrio e já está achando que tem o rei na barriga. Perdeu a suposta humildade dela da noite para o dia, está extremamente soberba, mas uma hora ela vai cair desse pedestal e eu estarei logo aqui.

DURANT: Você não gosta mesmo dessa mulher, não é?

GLÓRIA: Nenhum pouco! Mas vamos mudar de assunto? Não quero continuar falando dessa mulherzinha. Prefiro fazer outras coisas!

DURANT: Tipo o que?

GLÓRIA: Tipo isso... (Beija Durant).

 

Cena 11 – Ruas da Mooca [Interna/Noite]

Música da cena: Jeito Sexy - Sambô

(Maria Rita caminha pelas ruas da Mooca apressada, pois sabe que irá se atrasar para o local onde faz ponto).

 

MARCELO: Tigresa! (Chama por Maria Rita).

MARIA RITA: (Se assusta) Tigrão... O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar no restaurante com o seu irmão?

MARCELO: Eu dei uma escapada, queria te ver e te acompanhar até o seu trabalho. Só assim fico sabendo onde é o posto que você trabalha.

MARIA RITA: Me acompanhar? (Questiona sem graça).

MARCELO: É, fico preocupado com você andando essas horas na rua, é perigoso.

MARIA RITA: Eu entendo, mas não precisa se preocupar. Eu sei me virar!

MARCELO: Eu faço questão, minha gata. É dois pulos, eu vou e volto, só assim passamos mais tempos juntos.

MARIA RITA: Hoje não é um bom dia para isso, eu estou atrasada e o meu chefe vai chamar a minha atenção. Se ele me ver chegando na sua companhia, ele vai pensar que eu me atrasei porque estava namorando. Bom, eu vou lá! Amanhã nos vemos, tchau tigrão... (Beija Marcelo e vai embora em seguida, sem dar chances dele continuar insistindo).

MARCELO: (Estranha a recusa de Maria Rita, em seguida atravessa a rua e volta para o restaurante).

 

Cena 12 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Manhã]

Música da cena: Um Pôr Do Sol Na Praia – Silva e Ludmilla

(O dia amanhece ensolarado na capital paulista, os termômetros urbanos apontam a temperatura acima dos 28 graus, conforme as pessoas transitavam pelas ruas. Imagens aéreas ressaltam os grandiosos arranha-céus da cidade. Logo em seguida, surge a fachada da Mansão).

 

BETINHA: (Aplaude) Eu não estou acreditando... Não é a mesma pessoa! Dá só mais uma voltinha? (Pede para que a irmã mostre mais uma vez o look que está usando para ir trabalhar, as duas estavam na sala de casa).

LUIZA HELENA: (Gira mais uma vez) Você gostou mesmo?

BETINHA: Está linda, mana... Vai arrasar muito naquela revista!

LUIZA HELENA: E você nem me contou como foi na faculdade, você gostou?

BETINHA: Se eu gostei? Eu amei! Sinto que agora a minha vida vai tomar rumo e eu prometo te dar menos trabalho.

LUIZA HELENA: Eu tenho muita fé que você vai crescer muito na vida e será muito feliz. Bem, agora eu vou trabalhar... Tenho muito o que aprender na revista, você também terá muito orgulho de mim um dia. (Luiza caminha em direção a porta).

BETINHA: Não vai se despedir como fazia quando eu era criança? Não vai me dar um abraço? (Questiona).

LUIZA HELENA: (Para de caminhar quando ouve Betinha recordar o passado e se emociona. Em seguida, vira-se e fica de frente a irmã novamente) Claro, como nos velhos tempos! Vamos nos dar uma chance? De sermos mais compreensivas uma com a outra, de sermos amigas como fomos um dia? Você é muito importante para mim, Betinha. (Abraça Betinha calorosamente).

BETINHA: Eu concordo, vamos recomeçar tudo isso. Bom, agora já está ótimo de abraço, pode ir trabalhar agora... Você sabe que eu não sou muito melosa.

LUIZA HELENA: Eu sei bem sim, ajudei a te criar. Até mais tarde, beijo! (Luiza Helena vai embora).

BETINHA: (Observa a irmã sair, em seguida ela caminha em direção a escada para ir até seu quarto, trocar de roupa e ir para a faculdade).

FERNANDA: (Aproveita que a porta ficou aberta e entra na mansão) Eu posso trocar uma palavrinha com você?

BETINHA: (Fica imóvel nos primeiros degraus da escada e olha para Fernanda).

 

A imagem foca em Betinha parada na escada. A cena congela e vira uma capa de revista.


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