Capítulo
40 (últimas semanas)
Cena 01 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Noite]
(Na biblioteca da mansão, Evandro
confronta Betinha pela informação que acabara de escutar).
EVANDRO: E então, você pode provar o que disse, garota?
BETINHA: Não se faça de ofendido, Evandro. Todos nessa casa sabem o quanto você é
um mal caráter. Além de ladrão, você é um assassino psicopata! Você é o
responsável pela morte da Suzana e do Ângelo. Não me assusta se você também
tiver matado o Demétrio, eu sei o seu maior desejo sempre foi assumir tudo
isso, afinal você foi capaz de deixar a sua própria família na miséria por
dinheiro! (Grita).
EVANDRO: Continuo insistindo que você está fazendo acusações muito graves e sem
fundamento.
BETINHA: Sem fundamentos nesse momento, mas você sabe muito bem que o Ângelo
tinha descoberto algo e por isso se livrou dele, seu assassino. Luiza, minha
irmã... Você precisa se separar desse homem, ele é muito perigoso.
LUIZA HELENA: Betinha, eu preciso que você se acalme para não falar algo
que possa se arrepender. (Diz temendo pela vida da filha).
EVANDRO: Eu já disse que não matei ninguém. Demétrio morreu porque estava doente,
Suzana foi assaltada e o Ângelo comprovou o quanto era um péssimo motorista
BETINHA: A mim você não me engana, eu vou conseguir provas ao seu respeito e se
ele não conseguiu, eu vou te colocar na cadeia e você vai apodrecer lá. Se
prepare Evandro, a sua hora está chegando.
EVANDRO: Você está me ameaçando, sua fedelha? (Questiona com raiva).
LUIZA HELENA: Chega Roberta, não diga mais nada! (Grita para que Betinha
se cale).
BETINHA: (Olha para Luiza Helena sem acreditar) Você vai defender esse homem?
Mesmo depois de tudo que eu te falei? Você vai defender um assassino? Será que
você não percebe o perigo que estamos correndo com esse homem debaixo do mesmo
teto? Você precisa se separar dele. Ou fica ele, ou fica eu... Escolha!
Cena 02 – Casa de Durant
[Interna/Noite]
(Em casa, Maria Rita fazia anotações
sobre seu casamento com Marcelo enquanto estava sentada a mesa e Durant deitado
no sofá).
MARIA RITA: Eu não pensei que um casamento iria me custar tanto
dinheiro. E olhe que pensei em preparar algo simples, mas simples que isso só
não casando. (Fala rindo com Durant).
DURANT: (Segue distraído e não presta atenção no que Maria Rita acaba de falar
com ele).
MARIA RITA: (Ao perceber que Durant não havia prestado atenção no que
ela havia dito, Maria Rita olha para trás e questiona o primo) O que foi que
aconteceu com você? Que bicho te mordeu?
DURANT: (Volta a si e olha para a prima ao se sentar no sofá) Oi! Você falou
comigo? Eu estava distraído...
MARIA RITA: É, eu percebi. Aliás, não é de hoje que você está muito
esquisito, distante. O que está acontecendo, Durant? O que te aflige? É algo
com a Luiza Helena? (Questiona).
DURANT: (Olha ao redor como se estivesse confirmando que ninguém os escutava) É
sim, uma coisa muito importante, muito séria. Algo que está pairando na minha
cabeça e que se for verdade, pode mudar muita coisa.
MARIA RITA: E o que seria?
DURANT: Eu tenho a suspeita... A desconfiança de que a Betinha pode ser minha
filha! (Comenta).
MARIA RITA: O que? (Questiona completamente surpresa).
Cena 03 – Ruas de São Paulo
[Externa/Noite]
(Pirulito corre pelas ruas do centro
de São Paulo e se esconde atrás de uma árvore para despistar Lola/Amara).
PIRULITO: Ufa, acho que ela desistiu! (Fala após recobrar o folego enquanto está
escondido atrás da árvore).
LOLA/AMARA: Te peguei, espertinho! (Diz ao surpreender pirulito e o
segurar).
PIRULITO: Não dona, não me entrega para a polícia, eles vão me jogar num orfanato.
Eu te devolvo sua bolsa, ainda está tudo aí.
LOLA/AMARA: (Segura a bolsa de volta) Calma, eu não vou fazer nada com
você. Apenas queria a minha bolsa, por conta dos meus documentos e lembranças.
Eu não vou chamar a polícia e nem você vai parar num orfanato. Não precisa
fugir correndo!
PIRULITO: Não? (Repete em tom de estranhamento).
LOLA/AMARA: Não! Onde estão seus pais, sua família? O lugar de um menino
novinho como você deveria ser a escola e não nas ruas, cometendo pequenos
delitos.
PIRULITO: Eu não tenho pais, nem família.
LOLA/AMARA: E como você se chama?
PIRULITO: Pirulito, dona!
LOLA/AMARA: Pirulito, como Pirulito? Ninguém se chama assim. Deve ser um
apelido, eu quis dizer o seu nome, nome mesmo. Entendeu?
PIRULITO: É Pirulito, dona. Eu não sei qual é o meu nome, não me lembro mais dos
meus pais.
LOLA/AMARA: (Disfarça que ficou abalada com o que o menino acaba de lhe
dizer) Você está com fome?
PIRULITO: Estou sim, senhora.
LOLA/AMARA: E o que você acha de irmos até uma lanchonete fazer um
lanchinho? Não se preocupe, será tudo por minha conta.
Cena 04 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Noite]
(Na mansão, Betinha coloca Luiza
Helena contra a parede).
BETINHA: Você não vai dizer nada, Luiza Helena?
LUIZA HELENA: Betinha, eu preciso que você se acalme. Vamos conversar!
BETINHA: Conversar? Você vai ficar do lado dele? Você prefere ficar com um cara
que eu estou te falando que é um assassino?
EVANDRO: Isso você vai ter que provar, sua fedelha mentirosa.
LUIZA HELENA: Não fala assim com ela! (Grita).
BETINHA: Pode deixar eu vou provar e em breve você estará de mudança e vai ser
para uma penitenciária de segurança máxima, agora se vocês me permitem... O ar
aqui está intragável! (Betinha caminha em direção a porta da biblioteca).
LUIZA HELENA: Espera, onde você vai? (Questiona indo atrás de Betinha).
BETINHA: Se você está optando por ficar sob o mesmo teto que um assassino, sinto
muito, mas eu não farei o mesmo. (Diz ao sair da biblioteca e começar a subir a
escada).
LUIZA HELENA: O que você quer dizer com isso? (Estranha).
BETINHA: Eu vou sair dessa casa agora mesmo e nem tente me convencer do
contrário, porque eu não vou mudar de ideia. (Dá as costas e sobe a escada
correndo).
EVANDRO: Isso sim que é uma boa notícia, você não acha? A casa vai ficar só para
nós dois! (Diz ao se aproximar de Luiza Helena).
LUIZA HELENA: Me deixa em paz, seu cretino! (Deixa Evandro falando sozinho
e sobe a escada rapidamente em busca de Betinha).
Cena 05 – Casa 1 [Interna/Noite]
(Após finalizar mais um dia do curso
que estava ministrando na casa de acolhimento, Enrico se preparava apara ir
embora quando encontrou com o Professor Thiago na rua).
PROFESSOR
THIAGO: Indo embora?
(Questiona com a chave do carro na mão e posicionando a mochila nos ombros).
ENRICO: Mofando aqui enquanto espero um
ônibus com vaga para cadeirantes. Triste realidade, mas não deve demorar!
PROFESSOR
THIAGO: Onde você
mora?
ENRICO: Na Mooca! (Responde).
PROFESSOR
THIAGO: Fica na rota
da minha casa, vem que eu te dou uma carona.
ENRICO: Sério? Não vai incomodar? Eu não
quero te atrapalhar... (Diz ao se aproximar).
PROFESSOR
THIAGO: Incomodo
algum, será um prazer poder te ajudar. Vem que eu te ajudo! (Diz ao abrir a
porta do carro).
ENRICO: Já que você insiste, quem sou eu
para recusar? (Se aproxima do carro).
PROFESSOR
THIAGO: Deixe-me te
ajudar... (Thiago coloca Enrico no colo para posicioná-lo no banco do
passageiro em seu carro e os dois se olham nos olhos fixamente. Em seguida,
Thiago o coloca sentado no banco).
ENRICO: Obrigado! (Diz afivelando o cinto de
segurança).
PROFESSOR
THIAGO: De nada, eu
vou colocar a sua cadeira no porta-malas e já vamos! (Thiago fecha a porta do
carro, dobra a cadeiras e vai até o porta-malas guardá-la. Em seguida, fecha a
porta e entra no veículo).
(Em seguida, o veículo segue pela
avenida rumo ao bairro da Mooca).
Cena 06 – Casa de Durant
[Interna/Noite]
(Já era tarde da noite quando Durant
se preparava para dormir enquanto conversava com Rafael).
DURANT: (Prepara-se para subir a escada
carregando um copo d’água) Eu estou indo dormir, vê se não fica aí acordado até
tarde. Não esquece de apagar as luzes, da última vez você esqueceu tudo aceso.
RAFAEL: Nossa, o senhor tá muito mandão
hoje. Não acha?
DURANT: Faça o que eu digo e não reclame.
(Alguém bate na porta).
RAFAEL: Ué, quem será essa hora? (Comenta ao
achar estranho uma visita naquele momento).
DURANT: Estranho! Só vamos saber quando
abrir... Vai lá!
RAFAEL: (Vai até a porta e antes de abrir,
tenta se certificar de quem se trata) Quem é?
BETINHA: Sou eu! (Responde do lado externo da
casa).
RAFAEL: (Abre a porta rapidamente ao ouvir a
voz da namorada) Betinha? Aconteceu alguma coisa, você nunca vem aqui essa
hora!
BETINHA: Aconteceu sim, eu saí de casa e
preciso de um lugar para ficar. Será que eu posso passar a noite aqui?
(Questiona parada na porta segurando uma bolsa).
RAFAEL: (Olha para trás e encara o tio).
DURANT: (Permanece parado na escada olhando
para os dois).
Cena 07 – Casa de Durant
[Interna/Noite]
(Betinha estava parada na porta aguardando
uma resposta. Durant e Rafael permaneceram alguns segundos estáticos com a
surpresa do pedido da jovem).
RAFAEL: É claro que pode, entra que está frio aí fora. Deixe-me te ajudar com a
bolsa! (disse segurando a bolsa para que Betinha entrasse na casa).
BETINHA: Obrigada, por um momento fiquei com medo de incomodar. Apenas não sabia
para onde ir agora.
DURANT: Betinha, nossa casa é humilde, simples, mas está à sua disposição. Não
precisa se preocupar com nada, você pode ficar aqui o tempo que precisar, sem
cerimônia.
BETINHA: É muita gentileza sua, nem sei como te agradecer. (Responde ao
adentrar).
DURANT: Agora sem querer ser inconveniente ou curioso demais, aconteceu algum
problema? Você se desentendeu com a sua irmã? (Pergunta enquanto conduz Betinha
para sentar no sofá junto com ele).
BETINHA: Digamos que sim! O clima naquela casa se tornou insustentável, nunca pensei
que diria isso, mas a minha irmã não me ouve. Parece que ela está cega por
aquele homem. Eu já tentei alertá-la diversas vezes o quanto ele é nocivo,
perigoso.
RAFAEL: Perigoso como? Quanto? (Senta-se no braço do sofá ao lado de Betinha).
DURANT: É, explica melhor. Quem sabe a gente não possa te ajudar...
BETINHA: Eu tenho motivos convincentes para acreditar que o Evandro foi o mentor,
o responsável direto pelas mortes da Suzana que era a secretária da revista e
do Ângelo. (Responde o que acha, deixando Durant completamente estarrecido).
Cena 08 – Chesca’s, Restaurante
Italiano [Externa/Noite]
Música da cena: Não Esqueço – Niara e
Pabllo Vittar
(Após oferecer uma carona de volta
para casa, Thiago e Enrico aproveitaram para conversar mais um pouco do lado de
fora do restaurante).
ENRICO: Muito obrigado mesmo pela carona, professor. Foi muita gentileza sua!
(Responde enquanto conduz a própria cadeira de rodas).
PROFESSOR THIAGO: Pode começar me chamando apenas de Thiago. Afinal somos bons
amigos, não?
ENRICO: Está bem, eu vou tentar... Thiago!
PROFESSOR THIAGO: Eu já passei muito de carro por esse bairro e nunca tinha
parado, sem dúvidas é um lugar muito agradável.
ENRICO: Pois então já está intimado a retornar, preferencialmente quando o nosso
restaurante tiver aberto. Te ofereço um jantar por conta da casa, faço questão
de te apresentar o melhor da gastronomia italiana, va bene?
PROFESSOR THIAGO: Eu acho ótimo, pode apostar que eu voltarei. Adoro comida
italiana, massas, pizza... Só de pensar, já fico com água na boca.
ENRICO: Então não se discute, apareça que será muito bem-vindo. Bom, agora eu
tenho que ir, boa noite.
PROFESSOR THIAGO: Espera, falta uma coisa. (Chama atenção de Enrico para que
ele não abra a porta de casa ainda).
ENRICO: Falta alguma coisa? O que? (Questiona).
PROFESSOR THIAGO: Nos despedirmos direito! (Thiago beija o rosto de Enrico
lentamente). Agora sim, boa noite.
ENRICO: (Olha para Thiago surpreso com o beijo).
ÍTALO: Eu estou atrapalhando alguma coisa? (Pergunta ao se aproximar do
restaurante italiano).
ENRICO: Ítalo, o que faz aqui?
ÍTALO: Eu que pergunto! O que você está fazendo com esse daí? (Diz em tom de
ironia).
PROFESSOR THIAGO: (Não gosta da forma como Ítalo se refere a ele) Eu tenho
nome! Thiago, sou colega do Enrico na Casa 1. Como vai? (Pergunta ao estender a
mão).
ÍTALO: (Ignora Thiago) Você precisa de ajuda para subir, Enrico? Se quiser eu
posso te ajudar.
ENRICO: Eu preciso que você seja menos grosseiro, você não percebeu que o Thiago
falou com você ou ficou surdo?
ÍTALO: Não quero perder tempo com coisas insignificantes...
PROFESSOR THIAGO: Escuta aqui, meu caro. Eu não te conheço, você não me
conhece e eu acho que você já está indo longe demais. Olhe lá como fala comigo,
eu não vou admitir desrespeito.
ÍTALO: E o que você pretende fazer? (Encara Thiago).
ENRICO: Nada, ninguém aqui pretende fazer nada, porque você já está de saída, não
está? (Pergunta interrompendo Ítalo).
ÍTALO: Você está me expulsando? (Surpreende-se).
ENRICO: Eu tive um dia cansativo. Fiz fisioterapia, passei na faculdade, dei
aula na casa 1 e agora eu só quero tomar um banho e cair na cama. Thiago, muito
obrigado mais uma vez e dirija com cuidado. Até depois, boa noite! (Enrico
entra em casa e deixa os dois sozinhos).
PROFESSOR THIAGO: (Observa Enrico entrar em casa, em seguida encara Ítalo de
volta e vai até seu carro para ir embora).
ÍTALO: (Sozinho, Ítalo olha para a porta do restaurante que está fechada e em
seguida observa o carro sumir no final da avenida).
Cena 09 – Mansão Martins de Andrade
[Interna/Manhã]
Música da cena: Sampa – Caetano Veloso
(Imagens aéreas mostram o dia
amanhecendo e o sol raiando. Em seguida surgem algumas avenidas da cidade e
logo após a fachada da mansão. Eva e Luiza Helena conversavam na cozinha. A
governanta tentava consolar Luiza Helena após Betinha ter saído de casa).
EVA: É só uma fase, tenho certeza de que ela vai retornar em breve. Você vai
ver! (Diz enquanto seca alguns objetos).
LUIZA HELENA: Não sei, eu conheço a minha filha. Quando ela coloca uma
coisa na cabeça, é muito difícil tirar e agora ela cismou com o Evandro. Eu
tenho muito medo, porque eu sei que ela está certa e de que ele pode ser muito
perigoso. Eu estou completamente apavorada. Eu ligo para ela, mas ela não
atende. Eu mando mensagem, ela não responde. Eu não sei o que fazer! (Responde
enquanto tenta mexer o açúcar na xícara de chá).
EVANDRO: Ah, vocês estão aqui... Até que enfim as encontrei! (Diz ao entrar na
cozinha).
LUIZA HELENA: O que você quer? Nos atormentar um pouco mais?
EVANDRO: Depende do seu ponto de vista! Eu vim até aqui apenas fazer um
comunicado, para que depois não digam que eu sou malvado e estou agindo sorrateiramente.
Vou contratar novos empregados para essa casa!
EVA: Novos empregados? Mas eu sempre cuidei disso e já temos gente o
suficiente para suprir as necessidades da mansão.
LUIZA HELENA: Eu ainda não entendi o motivo também...
EVANDRO: (Sorri) Culpa minha, acho que não fui claro o suficiente. Não estou
contratando ninguém para fazer serviço da mansão. Eu estou contratando gente da
minha confiança para vigiar vocês, para me manterem informados de cada passo
que vocês darão. Assim, eu fico assegurado de que ninguém vai aprontar!
LUIZA HELENA: Cada dia que passa você fica mais louco, doente! Agora além
de me fazer prisioneira, vai me manter vigiada todo o tempo? (Questiona).
EVANDRO: Vai ser melhor assim, meu amor. Confie no seu maridinho! Bem, agora eu
vou até a revista, tenho um dia cheio hoje. Passar bem! (Diz ao pegar uma maçã
na fruteira e em seguida sair para o trabalho).
EVA: Maldito canalha! (Esbraveja ao perceber que Evandro se afastou).
LUIZA HELENA: Eva, eu tive uma ideia. Eu vou precisar da sua ajuda!
EVA: Ajuda? Com o que?
LUIZA HELENA: Vamos aproveitar que o Evandro saiu e que esses novos
empregados ainda não chegaram e vamos até a Betinha, tenho praticamente certeza
onde ela pode estar nesse momento. Eu preciso saber se a minha filha está bem.
Você topa me ajudar?
EVA: Claro que sim, por você eu faço tudo, menina.
LUIZA HELENA: Eu vou pegar a minha bolsa e nos encontramos na garagem, não
demoro! (Diz ao deixar a cozinha correndo).
Cena 10 – Flat de Ângelo
[Interna/Manhã]
(Após estacionarem o carro na frente
do edifício onde Ângelo morava, a delegada e o inspetor foram até a portaria).
INSPETOR ERIBERTO: (Mostra o distintivo ao porteiro) Polícia, estamos aqui investigando
sobre Ângelo Vasconcelos, um morador desse edifício.
PORTEIRO: Sim, ele morava aqui. Era um homem muito gentil e educado, sempre falava
com os funcionários do edifício e nos tratava de igual para igual. Uma pena ter
morrido tão jovem assim.
DELEGADA RAQUEL: Como era a rotina dele? Ele costumava sair muito, receber
visitas, chegar tarde? (interroga o porteiro).
PORTEIRO: Não, que eu me lembre não. Ele sempre era de casa para o trabalho, nunca
o vi nem com uma namorada. Ele sempre foi muito discreto!
INSPETOR ERIBERTO: Tem certeza? Você nunca viu ou reparou algo estranho ou
diferente? Tente se esforçar e lembrar melhor.
PORTEIRO: (Tenta forçar a memória) Não, a única coisa de diferente é que ele
recebeu uma visita de uma moça há alguns dias, mas ela nem chegou a entrar. Os
dois conversaram lá fora e depois saíram no carro dele. Ela tinha chegado de
táxi!
DELEGADA RAQUEL: Ótimo, isso pode ser útil. Você consegue descrever essa
moça? Como ela era?
PORTEIRO: Eu não lembro com muitos detalhes. Talvez consiga algo no circuito de
monitoramento de segurança!
DELEGADA RAQUEL: Perfeito! Chama a pessoa responsável por essa atividade de
monitoramento aqui de condomínio que nós vamos avaliar essas imagens.
PORTEIRO: Sim senhora, só um momento. Eu vou ligar para o síndico descer! (Diz ao
pegar o telefone).
DELEGADA RAQUEL: (Olha para Eriberto) Talvez a gente comece a desenrolar esse
novelo agora! Vamos torcer, vamos torcer.
Cena 11 – Na Boca Do Povo, Redação
[Interna/Tarde]
Música da cena: Um Pôr Do Sol Na
Praia – Silva e Ludmilla
(Imagens externas da cidade são
apresentadas, percorremos pela Avenida Paulista, MASP, Avenida São João, Beco
do Batman e Rua 25 de Março. Em seguida surge a fachada do prédio onde fica instalada
a redação da revista).
EVANDRO: (Para de consultar as finanças quando ouve vozes alteradas se aproximar
da sua sala) Que feira livre é essa?
MARIA RITA: A senhora não pode entrar...
GLÓRIA: (Invade a sala de Evandro) Eu já entrei, mosca morta. Você não é paria
para mim, se toca.
MARIA RITA: Desculpe senhor! Ela foi logo entrando, não tive como
evitar.
EVANDRO: Tudo bem, eu vou atender essa senhora. Pode nos deixar a sós, por
gentileza.
MARIA RITA: Sim senhor, com licença! (Diz ao deixar a sala de Evandro).
GLÓRIA: (Olha ao redor da sala) E não é que você voltou para a sala da
presidência? Você é rápido, hein?
EVANDRO: Agora que você já teve os seus dois minutos de barraco, pode me dizer o
que está fazendo aqui? (Pergunta com um semblante de extrema seriedade).
GLÓRIA: Como o que eu estou fazendo aqui? Eu vim te cobrar o que me prometeu. Eu
quero a minha parte e vou logo adiantando, não vou aceitar mixaria. Quero um cheque
com no mínimo seis dígitos.
EVANDRO: (Dá uma grande gargalhada).
GLÓRIA: Não entendi, eu contei alguma piada?
EVANDRO: Eu estou rindo dessa sua cara de mendiga, que por ventura continuará
sendo cara de pedinte. Eu não vou te dar nenhum centavo. Entendeu? Nenhum
centavo!
GLÓRIA: Como? Que brincadeira é essa? Você ficou doido? Eu sei muitas coisas ao
seu respeito que convém ocultar. Tá pensando que a pescadora cheirando a
camarão vai querer ficar do lado de um bandido como você? (Esbraveja).
EVANDRO: Blefe, tudo blefe. Você não passa de um inseto que fica zanzando em
volta da carniça para se aproveitar da podridão, acontece que você não esperava
que alguém mais esperto fosse aparecer e esmagasse esse inseto. Esse alguém sou
eu! Eu te usei, nunca te amei. Me casei com você por interesse, sempre tive
nojo de você e te achei uma idiota. Nem pra ser mulher você serve! Agora você
acha mesmo que vai me passar a perna? Faça-me o favor!
GLÓRIA: (Com os olhos cheios de lágrimas, tenta não desmoronar na frente do
inimigo) Você vai se arrepender do que está fazendo.
EVANDRO: Não enche o saco! Você fala tanto da pescadora, está se tornando mais
chata que ela. Eu vou repetir, não vou te dar mais nenhum centavo. Agora dê
meia volta, caso contrário eu vou chamar a segurança para te expulsar e te
jogar na rua como uma boa cadela que você é. Fui claro agora?
GLÓRIA: Vingança é um prato que se come frio e você, não perde por esperar o
menu. A degustação será por minha conta! (Sai da sala em seguida e fecha a
porta com violência).
EVANDRO: Cadela... (Volta a checar os extratos financeiros da revista como se
nada tivesse acontecido).
Cena 12 – Casa de Durant
[Interna/Tarde]
(Durant estava preparando suas novas
telas para a exposição que aconteceria em breve, quando ouviu alguém bater na
porta).
DURANT: Essa casa está parecendo um hotel, não para de chegar gente... (Diz ao
descer a escada e ir em direção a porta. Em seguida ele abre a porta e se
surpreende com a visita).
Música da cena: O Ar Que Eu Respiro –
Dienis
LUIZA HELENA: Eu sei que a Betinha está aqui, eu posso falar com ela? É
importante.
DURANT: (Olha para Luiza e fica sem palavras parado na porta, completamente sujo
de tinta).
A imagem foca em Durant parado na
porta. A cena congela e vira uma capa de revista.
Obrigado pelo seu comentário!