Saudações, queridos leitores
mancebos! Sejam bem-vindos a mais um programa dominical Primeira Impressão!
Como estão?!
E é nesse vai-e-vem de frio e
calor que iniciamos o programa de hoje, estão preparados? Se não estiverem, preparem
o lanche, apoiem bem a bebida, se segurem e venham comigo.
A crítica de hoje é sobre A
Marca do Primogênito, escrita por Anderson Silva, Gabo Olsen e Marcos Vinicius
e exibida na WebTV. Confiram a sinopse:
“Graças ao livro criado
pelas gerações passadas, os irmãos Alexandre e Caíque vão se aventurar pelo
mundo em busca de colocarem um ponto final na maldição que foi lançada por
Serafine. Após perder seu amado, vendeu sua alma para o rei do inferno em troca
de ceifar a vida de vários descendentes de Caim. Até porque Alexandre ama mais
do que tudo o seu irmão caçula, e não há nada nesse mundo que o fizesse
matá-lo.”
A premissa dessa série é uma
das mais instigantes que já chegaram até meu conhecimento no Mundo Virtual,
pois trata de um homem, Alexandre, que quer fazer de tudo para a maldição que
acompanha sua linhagem há milênios não se cumprir mais uma vez através da morte,
onde ele deve matar seu irmão caçula Caíque, a quem tanto ama. A origem dessa
maldição vem do primeiro assassinato da humanidade, em que Caim, corroído pela
inveja, mata seu irmão Abel, ambos sendo os primeiros filhos de Adão e Eva. Acontece
que Serafine, uma bruxa apaixonada por Abel (e aqui a trama da série parte para
caminhos originais, pois não há bruxa nessa parte da Bíblia), arrasada pela
perda do amado, invoca uma maldição em Caim e em toda sua eterna descendência.
Bem, uma vez que a trama
escolhe começar lá no ato do cânone bíblico, é muito estranho que a legenda de
início indique que estamos em 200 a.C.. Se o que temos de mais novo do Velho
Testamento data de cerca de 400 a.C., como Caim e Abel, lá do início de tudo, viveram
em 200 a.C.? Talvez tenha sido um erro que passou pela revisão dos 3 autores e
eles queriam mesmo era colocar 2.000 a.C.. Seria mais aceitável, mas ainda
assim não faria muito sentido com o tempo descrito na Bíblia. E isso precisa
ser levado em conta já que o universo e a mitologia da série assumem como verídica
a narrativa bíblica.
Em uma trama como essa, onde
os dilemas dos personagens são parte importantíssima da estrutura narrativa, é essencial
que os mesmos sejam cuidadosamente tratados pelo texto. E disso não podemos
reclamar nessa estreia – “Piloto” (será mesmo que foi um episódio submetido à aprovação,
justificando assim o título “Piloto”?) –, que não só desenvolve bem o trio
central, Caíque, Alexandre e Ayla, a namorada de Caíque, como os apresenta adequadamente
em relação às suas aparências. Temos a idade exata e um vislumbre geral do
corpo, sem precisarmos de fotos de atores para imaginarmos como são aquelas
figuras; o texto dá conta do recado. Curioso também a escolha que os autores
fazem para os nomes dos 2 protagonistas: Alexandre, nome que podemos dizer que
alude a Abel, e Caíque, que lembra muito Caim. A diferença é que Alexandre é o
mais velho, o primogênito condenado pela maldição a matar o caçula, que aqui é Caíque.
Será essa uma jogada que os autores estão guardando na manga e que culminará em
uma reviravolta mais adiante na série? Ou não passa de um easter egg
inofensivo? Quem acompanhar verá.
O que não funciona muito bem
é a história própria de Alexandre, que é apresentado em uma busca por uma certa
bruxa enquanto mata demônios de séries de TV de baixo orçamento, já que esses
seres são, em sua aparência, homens comuns. Não que soe como uma trama paralela
sem relação com a premissa da série, pois, apesar de demorar, descobrimos que
isso é parte da busca de Alexandre por desfazer a maldição, e que a tal bruxa
tem relação com a do início, Serafine. Mas esse negócio de demônios soltos por
aí com aparência humana lembra muito as fases mais entediantes e genéricas da
série americana Sobrenatural. Que nos próximos episódios os autores, através do
texto, façam uma abordagem que aproveite melhor essas figuras do que aparentemente
será feito.
Os diálogos são bem escritos,
são parte da bem-sucedida construção de personagens citada, mas não deixam de
apresentar momentos, no mínimo, questionáveis, como Caíque apenas e tão somente
apenas indignado por ver o irmão matar dois “homens”, sendo que Alexandre na
verdade salvou sua vida e a vida de sua namorada Ayla, que seria brutalmente
assassinada, com requintes de crueldade. Tudo bem questionar o ato frio do irmão,
mas cadê o alívio, o mínimo de gratidão? Não passou credibilidade e verossimilhança.
Mas os autores também demonstram um conhecimento de audiovisual que não só embeleza o episódio como o faz se materializar na frente do leitor, substituindo o fundo branco com letras pretas por imagens vívidas e claras, o que faz desse texto, em termos de conteúdo, um autêntico roteiro audiovisual que poderia muito bem ser levado a um set de filmagens para ser produzido e gravado. Bem, e isso seria ótimo, pois quem dera essa instigante premissa, reforçada com ótimos personagens e diálogos competentes, além de uma mitologia interessante, alcançasse também o grande público.
Série: A Marca do Primogênito
Autores: Anderson Silva, Gabo Olsen e Marcos Vinícius
Capítulos: 02 (em exibição)
Emissora: WebTV
Clique aqui para ler o 1° episódio
Agora me digam: o que
acharam dessa websérie? Já a leram? Concordam ou não com a minha opinião? E
quanto à crítica de hoje? Digam tudo nos comentários.
Agora vamos ver o que disse
o autor da obra criticada no programa anterior. Autor esse que, inclusive, é um
dos 3 autores da websérie de hoje. Vejamos:
Que bom que gostou da crítica, querido. Eu que agradeço! E é interessante que haverá outras versões dos personagens, pois isso me lembra, entre outras coisas, a série Dark (para ficar em algo mais recente), que em sua produção se saiu muito bem com tal abordagem. Que essa temática nos episódios seguintes continue clara e instigante como foi nessa estreia que analisamos. Parabéns e continue assim!
E, apesar de eu normalmente
responder nos programas seguintes apenas os autores das obras criticadas nos
anteriores (apesar de ser sempre muito grato por todos os comentários),
hoje responderei o onipresente (em termos de Primeira Impressão) Diego, que
disse algo relevante à maioria de nós. Vejamos:
Como pude me esquecer, não é
mesmo?! E ainda depois de tantos anos! Bem, mas antes tarde do que nunca! Faço
das palavras do Diego as minhas: feliz Dia do Escritor a todos vocês que
transformam em palavras as belezas e malezas da vida, a todos que fazem das
letras sobre papel sua arte, sua bela arte. E, Diego, muito obrigado! A você
meu Feliz Dia do Escritor exclusivo! Continue sempre fazendo o que gosta, e chegará
longe, mancebo.
Bom, e se alguém tiver
perdido o programa anterior, basta clicar aqui para lê-lo. E se quiserem
alguma obra criticada no programa, basta pedir na seção de comentários, tudo
bem?
Por hoje é isso. Fiquem na paz, permaneçam seguros e até o próximo programa!
Obrigado pelo seu comentário!