CAPÍTULO 5
Uma novela de Crisley
Personagens deste capítulo (ordem de aparição):
Chris
Caio
Mari
Karen
Hugo
Janice
Carol
Sílvia
Rita
Gustavo
Jamile
Janaina
Tina
Maria
Sara
CENA 1: CASA DE CHRIS/ QUARTO/ NOITE/ INT.
(Continuação do capítulo anterior)
Chris está deitado. Seu celular vibra. Ele o pega e vê a figurinha de coração que Caio mandou. Chris engole saliva. Segurando o celular com a mão direita, Chris tampa a tela com a mão esquerda.
CHRIS — Ai! Ele mandou um... (tira a mão da frente da tela) Isso é um coração. Ele me mandou um coração.
Chris desliga o celular, o coloca em cima da mesa e se cobre com o edredom.
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CENA 2: CASA DE CAIO/ COPA/ INT./ NOITE
Caio olha o celular fixamente. Mari se senta à mesa junto a Caio.
MARI — Tá esperando mensagem?
CAIO — (sorrindo) Eu? Não, não tô, não.
MARI — Esse sorrisinho bobo é praquela chata da Sara, né? É dela que você tá esperando mensagem. Bem que você podia namorar uma menina legal, mas não, tá com essa (faz careta) Sara.
CAIO — Mari, posso perguntar uma coisa?
MARI — Pode.
CAIO — É possível uma pessoa gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?
MARI — Como assim?
CAIO — Gostar, tipo, de querer namorar. É possível?
MARI — Acho que é. Eu já gostei de um monte de menino.
CAIO — Mari!
MARI — Calma, Caio. Eu nunca fiquei com nenhum menino. Não fiquei ainda, porque eu vou ficar com um monte.
CAIO — Eu duvido! Comigo aqui perto não vai mesmo!
MARI — E para de olhar esse celular, senão vai ficar com o pescoço quebrado de tanto ficar virado pra baixo.
CAIO — Boba.
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CENA 3: CASA DE KAREN/ SALA/ INT/ NOITE
Hugo e Janice estão sentados no sofá. Hugo está arrumado para ir trabalhar. Karen chega na sala e se senta com eles.
JANICE — Ei, minha filha. Quer jantar?
KAREN — Não tô com fome.
HUGO — Tão magrinha...
KAREN — Pai, você sabe que eu te amo, né?
HUGO — Eu também te amo. Quer alguma coisa?
KAREN — Que isso, pai? Pensa tão mal assim da sua filha?
HUGO — Diz o que é.
KAREN — Lembra daquelas lentes que eu queria? Aquelas que duram muito e não precisa ficar lubrificando, sabe.
HUGO — Lembro. Muito caras, né?
KAREN — Então, já que você tá trabalhando, podia comprar pra mim?
HUGO — Ainda não tenho esse dinheiro todo.
KAREN — Mas eu queria.
JANICE — Karen, a gente também queria poder te dar tudo do bom e do melhor. Infelizmente, a gente não pode.
KAREN — Eu sei... Eu vou ter que estudar com esses óculos horríveis mesmo. Não queria que ninguém me visse assim.
HUGO — Mas quem vai rir de uma princesa que nem você?
Karen simplesmente sai da sala.
JANICE — Vamos dar um tempo pra ela, Hugo. Ela tá tentando se adaptar.
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CENA 4: ESCOLA MARA TÂNIA/ EXT./ MANHÃ
Amanhece. Os alunos vão chegando. Karen, usando seus óculos fundo de garrafa, vai andando em direção à escola. De longe, Carol também vai indo em direção à escola. Carol para de andar e fica olhando Karen.
CAROL — Esses óculos... (ri) É a tosca do supermercado!
Sílvia chega ao lado de Carol.
SÍLVIA — Que foi? Falando sozinha agora, maluca?
CAROL — Olha! (aponta para Karen) É aquela menina esquisita do supermercado.
SÍLVIA — Parece mesmo. Tava bêbada, mas tá lembrada, hein.
CAROL — Mas eu vou ir lá agora antes que ela entre.
Carol e Sílvia vão em direção à Karen.
CAROL — Ei!
KAREN — Ei. Você tá na minha sala, né?
CAROL — Cala a boca! Eu nem tinha que tar aqui te dando moral, pra falar a verdade. Cê tava lá naquele supermercado, sua tosca, esquisita!
SÍLVIA — Como esquecer esses óculos podres dela?
CAROL — E esse cabelo? Como eu não me lembrei dela!?
KAREN — (triste, mas disfarçando) Acho que cês tão me confundindo. Eu não sou essa, não.
SÍLVIA — Para de fingir!
Karen começa a andar rápido para dentro da escola. Carol para na frente dela.
CAROL — Vai mesmo se fazer de otária!?
KAREN — (andando para trás) Eu.
Karen tropeça e cai. Todos olham. Carol e Sílvia riem. Rita e Gustavo chegam correndo. Enquanto Gustavo ajuda Karen a se levantar, Rita vai em direção à Sílvia e Carol.
RITA — Tem mais nada pra fazer não, Carol?
CAROL — Mais do que você, né, já que você é outra esquisita.
RITA — Não sei ela, mas eu te quebro aqui mesmo.
CAROL — Vem pra cima!
RITA — Eu só não te encho tua cara de porrada porque acho que tu não sairia viva dessa.
SÍLVIA — Que medo dela!
Rita vai em direção à Karen e Gustavo.
GUSTAVO — Cê tá bem?
KAREN — Eu tô. (Karen olha Gustavo e o reconhece)
RITA — Vamos entrar na escola. Lá dentro esses lixão não se criam.
CAROL — Vai pro inferno!
RITA — Eu vou, mas cê vai junto.
Karen, Rita e Gustavo entram na escola.
SÍLVIA — Essa aí já deu o que tinha que dar.
CAROL — Deixa ela. Deixa essazinha que o que é dela tá guardado.
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CENA 5: ESCOLA MARA TÂNIA/ REFEITÓRIO/ INT./ MANHÃ
Rita puxa Karen pelo braço e Gustavo fica para trás. Karen fica olhando para ele, mas ele logo sai do refeitório. Rita e Karen se sentam com suas amigas.
RITA — Vou apresentar minhas amigas que também vão ser suas amigas.
KAREN — Tá.
RITA — (falando e apontando para cada uma) Essa é Jamile, a atrapalhada. (ri) Essa é Janaina. Essa é Tina. Tem mais umas pessoinhas, mas não tão aqui. Tem a Mari, a Maria, que nem anda com a gente, e tem a Sara, que tá mais ocupada tentando agradar o namorado. E o seu nome é...
KAREN — Karen.
JAMILE — Oi, Karen. Eu vou te contar uma coisinha: Isso aí que a Rita tá sentindo da Sara é inveja.
RITA — Inveja!?
JAMILE — Claro, ué! Imagina ter um namorado tão perfeito quanto o Caio? (suspira) Ai, meu coração! Eu... Eu vou desmaiar! (fecha os olhos)
JANAINA — Karen, não liga pra Jamile. Essa daí se interessa só pelos ricos.
JAMILE — E você não, né, Jana?
TINA — As duas. E eu gosto mesmo é de outra coisa.
KAREN — (sem entender) De quê?
Umas olham para outras. Todas começam a rir. Karen fica sem entender.
RITA — Mais pra frente, tu vai entender. Por enquanto, tu anda com a gente, tá?
KAREN — Tá.
Karen sorri por estar com suas novas amigas.
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CENA 6: ESCOLA MARA TÂNIA/ SALA DE LÍDERES/ INT./ MANHÃ
Chris entra na sala e vê Caio sentado, lendo um livro.
CHRIS — Por que eu já sabia que cê tava aqui nessa sala?
CAIO — Será que é porque a aula não começou ainda?
CHRIS — Antes, durante e depois da aula, cê quer dizer, né? Nem de tarde, que é hora de você ficar na secretária, cê fica, né.
CAIO — Eu passo lá, trago uns papéis e fico aqui.
CHRIS — Ok. (fica em silêncio e dá um tempo) Caio...
CAIO — Fala.
CHRIS — Depois do que eu fiz...//
CAIO — Não precisa lembrar disso. Eu acho que também ficaria incomodado se alguém me agarrasse do nada, que nem na loja naquele dia.
CHRIS — É... Então, ... a gente virou, tipo, amigo?
CAIO — Por mim.
CHRIS — É que a gente tá tão próximo, né.
CAIO — Por mim a gente virou amigo.
CHRIS — Certo.
Os dois sorriem.
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CENA 7: ESCOLA MARA TÂNIA/ CORREDOR/ INT./ MANHÃ
Sara e Maria estão lado a lado conversando.
MARIA — O Chris é lindo. O Caio não é tão lindo quanto ele.
SARA — Eu discordo. Mas é cada uma com sua opinião.
MARIA — O Chris é tão fofo. Eu gosto muito de quanto ele é fofo comigo.
SARA — Eu não conheço muito bem. O Caio também é muito fofo comigo, mas não tanto, até porque fica chato isso tudo.
MARIA — Quanto mais fofura melhor. (sorri boba)
SARA — Vamos aproveitar esse tempinho pra comer um salgadinho?
MARIA — Vamos.
As duas vão andando.
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CENA 8: ESCOLA MARA TÂNIA/ REFEITÓRIO/ INT./ MANHÃ
Carol e Sílvia olham para Karen se divertindo com suas novas amigas. Maria e Sara entram no refeitório e se sentam. Sara tira um pacote de salgadinhos da mochila e as duas começam a comer. Chris e Caio entram no refeitório. Maria se levanta e os chama com as mãos. Chris e Caio se sentam ao lado delas.
MARIA — Vocês não se desgrudam mais. Novos amiguinhos.
SARA — Foi o que eu percebi.
CAIO — A gente trabalha junto, né. A gente tinha que virar amigo uma hora.
MARIA — Eu tenho certeza de que isso é coisa do Chris, porque ele é o menino mais fofo do mundo.
CAIO — E não errou. Ele disse que não tem como a gente ser só colega. Tem que ser amigo também.
SARA — Só amigo?
CHRIS — (engolindo saliva) Claro que só amigos! Mais o que seria?
SARA — Irmãos siameses, conhece? Não se desgrudam.
MARIA — Que nem eu disse. Nem fica mais comigo o Chris.
SARA — E o Caio?
CHRIS — Ai! Que melação!
MARIA — Chris, isso não é melação, é amor. Você fica tão fofo assim. Na verdade, você fica fofo de qualquer jeito.
CAIO — (falando baixo) Fica mesmo.
SARA — Que, Caio?
CAIO — Eu disse que tanta fofura assim desgasta uma relação.
MARIA — Você é muito esperto, Caio. Tenho certeza que você também é muito fofo pra Sara.
SARA — E ele é.
CAIO — Nem sabia que eu era tão fofo.
SARA — Mas você é. Prova isso.
CAIO — Como?
SARA — Com um beijo.
CAIO — Certo.
Caio e Sara se beijam. Chris olha para baixo. Maria se vira para Chris.
CHRIS — Que foi, Maria?
MARIA — Eu também quero um beijo.
CHRIS — (pega uns salgadinhos) É...
MARIA — Um beijinho. (faz biquinho)
Chris coloca salgadinhos na boca de Maria, que fica toda sem graça.
FIM DO CAPÍTULO
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