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A Razao de Amar - Capitulo 06 (Reprise)

 

 

 

                                                                                                                    Capítulo 06

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Afonso Valadares

Branca Valadares

Celso Correia

Fausto Valadares

Irineu Rodrigues

Jacinto

Madalena ^

Marta Correia

Olímpio Vasconcelos

Raul Fernandes

Tereza Valadares

Venâncio Correia

Vera Fernandes

CENA 01/ FAZENDA CORREIA/ EXT.INT/ NOITE

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Continua o tocar o instrumental “Nova Emboscada”, de Lado a Lado. Venâncio avança em Fausto, que retira uma arma da cintura. Os dois rolam no chão. Venâncio tentado pegar a arma de Fausto; este, tentando se defender. Jacinto joga sua arma longe. Os outros jagunços vêm apartar a briga. Um estrondo de tiro é ouvido.

VENÂNCIO (gritando) – Ahhhh!

Venâncio, imóvel por Fausto está em cima dele, tenta se mexer para ver seu ferimento, mas percebe que quem está ferido é Fausto, que agoniza, suspira e falece. Ele arrastando tenta tirar o corpo de Fausto de cima dele. Se levanta com dificuldade. A firmeza das pernas se desfaz. Ele cai de joelhos no chão.

VENÂNCIO (Com os olhos cheios de lágrimas) – Ahhhhhhhh

Jacinto encosta seu ouvido no peito e não escuta nenhuma pulsação.

JACINTO (lágrimas caem de seus olhos) – Ele não está respirando. O coração não está batendo. (P/ Fausto) Fausto, me responde! Fausto! (Mexe no corpo, mas o irmão do coronel Afonso não responde). Nãooooo! (Grita, olhando para o céu).

Madalena, da janela da SALA DE ESTAR, observa uma movimentação no EXTERIOR da fazenda.

MADALENA (para Vera) – Está acontecendo alguma coisa estranha e eu vou saber o que é.

VERA – Eu vou chamar Raul!

Madalena vai ao EXTERIOR da Fazenda. Madalena vê que Venâncio vem com a roupa ensanguentada. Ela o abraça, com lágrimas nos olhos.

MADALENA (p/Venâncio) – O que foi que aconteceu? Eu escutei um grito!

VENÂNCIO – Eu avancei em Fausto para tentar me defender, mas na hora a arma disparou e o acertou.

Uma multidão se forma no EXTERIOR da fazenda. Raul vê Fausto caído no chão, baleado. Olha para Venâncio e diz.

RAUL – Mas o que foi que aconteceu aqui?

VENÂNCIO – Fausto tentou me matar!

JACINTO (levanta-se/gritando) – Não ache que isso vai ficar assim, que não vai.

VENÂNCIO (sarcástico) – Vai me matar agora?!

JACINTO – Não, porque primeiro o senhor vai apodrecer na cadeia. A morte é muito confortante! O senhor não merece o conforto.

OLIMPIO (P/ Venâncio) – Você está preso, Venâncio!

VENÂNCIO – Eu atiro para e vou preso? Que justiça é essa? Você sabe com....

OLIMPIO (interrompe) – Sei e não me intimida que você é um dos homens mais influentes da região.

Dois policiais que acompanham o delegado algemam o coronel e colocam na viatura.

VENÂNCIO – Isso não vai ficar assim!

RAUL (p/Venâncio) – Não se preocupe, que eu vou fazer sua defesa

Madalena cai no choro.

IRINEU (olhando o corpo de Fausto) – Como eu vou dizer para Tereza que o marido dela morreu?

Corta para:

CENA 02/ MANSÃO DE FAUSTO/ SALA DE ESTAR/ INT/ NOITE

Tereza desce as escadas e encontra Irineu a sua espera. Entranha que Fausto não está com ele. O jornalista está com o semblante abatido.

TEREZA (assustada) – Cadê Fausto? Onde está o meu marido?

IRINEU – Tente ficar calma, Tereza!

TEREZA – Por que tanto mistério? Aconteceu alguma coisa grave com meu marido?

IRINEU – Fausto foi ferido no peito.

TEREZA (chorando/gritando) – Como ele está? Fala!

IRINEU (emocionado/voz embargada) – Ele não resistiu!

TEREZA (chorando/gritando) – Não! Não pode ser! Me diz que isso é um pesadelo. O que será de mim agora?

IRINEU – O que me resta é lamentar. Você perdeu o seu marido, e eu perdi um grande amigo.

TEREZA (emocionada) – Tínhamos tanto para viver ainda. Maldita rivalidade entre os Valadares e os Correia. Isso não vai assim!

Corta para:

CENA 03/ CÂMARA DOS VEREADORES/ SALÃO PRINCIPAL INT./ MANHÃ

Tocar “Marcha Fúnebre”, de Frederic Chopin.

Todos os vereadores e políticos da região estão presentes no velório de Fausto. Tereza entra, emocionada, e não sai de perto do caixão. Ela beija o marido na boca.

TEREZA – Por que me abandonastes, meu amor?

Branca se aproxima de Tereza.

BRANCA – Força, minha querida! Quitéria não está em condições de vim.

TEREZA – Melhor assim. Ela não aguentaria passar por mais esse sofrimento. Já não basta ter um filho acamado, agora passar por esse sofrimento.

Elas se abraçam. Tereza vê Raul e Vera entrando. Eles se aproximam dela.

RAUL – Viemos em nome da família Correia e da minha família, a Fernandes, prestar todas as condolências.

TEREZA – Eu não aceito condolências do advogado do assassino de meu marido e muito menos do próprio assassino. É me torturar demais! O senhor não é bem-vindo aqui!

VERA (P/Raul / sussurra) – Vamos, meu amo, não está vendo que não somos bem-vindos aqui.

RAUL (P/Vera / sussurra) – Calma! A gente já vai. (P/Tereza). Eu vim aqui com uma boa intenção!

TEREZA (P/Raul) – De boas intenções o inferno está cheio!

Raul e Vera saem.

Corta para:

CENA 04/ CEMITÉRIO/ INT. / MANHÃ

Jacinto e alguns funcionários do cemitério ajudam a levar o caixão para o túmulo. Todos jogam foram sobre o caixão.

A música se encerra aqui.

CENA 05/ DELEGACIA/ CELA/ INT./ MANHÃ

Venâncio lê o jornal do dia.

VENÂNCIO – “Venâncio Alves Correia mostra sua verdadeira face ao assassinar brutalmente Fausto Gomes Valadares, irmão do coronel Afonso Gomes Valadares, em coma devido ao atentado arquitetado por ele também”. (Gritando). Isso é inadmissível um jornal agir com tanta frieza e irresponsabilidade como esse.

RAUL – Não se preocupe, coronel. Eu vou entrar com pedido para que o senhor possa responder ao inquérito em liberdade.

VENÂNCIO – Me solte daqui o mais rápido possível.

RAUL – Eu vou fazer o possível.

Corta para:

CENA 06/ CASA DE JACINTO/ QUARTO/ INT./ MANHÃ

Jacinto está deitado, pensativo. Madalena entra.

MADALENA – Não aguentava ficar mais longe de você?

JACINTO – Mesmo depois de descobrir que eu sou jagunço da família rival a sua.

MADALENA – Eu não dei importância para isso porque o meu amor por você é maior. Eu sonho com você todos os dias.

JACINTO – Se você realmente me ama, que largue o seu marido. Eu não quero mais dividir você com outro homem. Estou disposto a voltar para minha terra, voltar a trabalhar no campo e eu quero que você vá comigo.

MADALENA – Eu fico emocionada e feliz de você ter tomado essa decisão.

JACINTO – Eu fracassei e não quero mais que pessoas morram por minha causa. Eu tenho vergonha de entrar naquela fazenda. Afonso é muito vingativo e não vai deixar barato que eu não defendi o irmão dele. Eu fracassei!

MADALENA – Esqueça isso.

JACINTO (a beija na boca) – A minha prioridade agora é você.

MADALENA – Vou fazer o que me pediu. Vou me separar do meu marido.

Corta para:

CENA 07/ DELEGACIA/ CELA/ INT./ TARDE

Madalena entra. Venâncio a beija.

VENÂNCIO – Eu vou sair daqui logo, logo.

MADALENA – Eu queria falar algo sério. Não se esse é o lugar apropriado para esse tipo de conversa, mas o que eu tenho para falar é urgente, sério e não dá mais para esperar.

VENÂNCIO – Você me parece tão séria e apreensiva. O que é que de tão sério você tem para falar comigo?

MADALENA – Eu quero a separação!

Venâncio fica surpreso.

Corta para:


CENA 08/ DELEGACIA/ CELA/ INT./ TARDE

VENANCIO (confuso) – Mas porque isso agora?

MADALENA – Estou farta de ser deixada de lado, de viver um casamento infeliz, de viver uma relação de aparências.

VENÂNCIO – Eu não aceito isso! Nós nos amamos.

MADALENA – Nós não nos amamos mais.

VENÂNCIO – Quando eu sair daqui nós vamos ter uma conversa muito séria. Essa história está muito mal contada. Você não está se envolvendo com nenhum homem não, não é, Madalena?

MADALENA – Acho que essa não é a ocasião mais propicia para tratar deste tipo de assunto. Errei em ter vindo falar disso contigo agora.

Madalena sai. Venâncio esmurra a parede.

VENÂNCIO – Tem algo muito estranho nessa conversa de Madalena.

Corta para:

CENA 09/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE

Celso e Marta entram. Raul e Vera os cumprimentam.

RAUL – Bem-vindos à minha casa!

CELSO e MARTA – Boa noite!

Eles se sentam no sofá. A empregada entra com uma bandeja de café e oferece aos quatro. Eles aceitam.

CELSO – Essa mansão é muito bonita. O que você pensa em fazer com ela, quando for para o Rio de Janeiro?

RAUL – Eu vou vender.

CELSO – Ontem foi bem agitado com a morte de Fausto e tudo que aconteceu. Peço até desculpas e nome da família Correia pelo ocorrido. A festa era para comemorar a sua despedida, mas infelizmente aconteceu aquilo.

RAUL – Até que a situação de Venâncio não é complicada. Ele pode responder ao processo em liberdade porque não tem antecedentes criminais. A chance de ele ser condenado é praticamente nula. Primeiro, que ele é influente; segundo, que a arma de onde partiu o tiro está em nome do Fausto, reforçando a tese da legitima defesa.

CELSO – Bem que eu queria que ele ficasse alguns anos para aprender a ser gente. Papai dava tudo ele. Sempre teve tudo. Não fui eu que sofri. Mas mesmo assim fico feliz pela notícia.

VERA (interrompe) – Eu não estou me sentindo bem. Vou subir.

MARTA (P/Vera) –Você está pálida. Deixa que eu te ajudo. Já passei por isso. São coisas da gravidez.

Marta se levanta e ajuda Vera a ir para quarto.

CELSO – Amanhã visitarei o meu irmão. 

RAUL – Amanhã ele já deve estar de saída.

Eles continuam a conversar.

Corta para:

CENA 10/ MANSÃO DA FAMILIA FERNANDES/ QUARTO/ INT./ NOITE

Marta ajuda Vera a se deitar na cama.

MARTA – Já passei por isso que você está passando. Numa situação idêntica. Sei muito bem a sensação de estar com um homem, mas apaixonado por outro.

VERA (estranhando) – O que você está insinuando?

MARTA – Não adianta esconder. Eu sei muito bem que a senhorita anda se encontrando às escondidas com Venâncio.

VERA – Desculpe, mas eu não sei do que você falando.

MARTA – Como eu já disse, não adianta esconder. Eu sei muito bem da sua relação com Venâncio. Ele te trata como me tratava quando eu me relacionava com ele. Não precisa ficar com medo. Eu não estou aqui para te julgar, te criticar, te ofender nem nada, nem vou dizer para Madalena nada, porque eu não sou disso. Estou aqui para te estender a mão. Eu tive o mesmo medo e a incerteza que você está tendo quando tive o primeiro filho. Venâncio não queria assumir. Celso assumiu tive mais um filho, agora com Celso, e estamos felizes.

VERA – A minha incerteza é que eu não sei quem é o pai. Venâncio disse que não ia assumir de nenhuma.

MARTA – Quer um conselho? Fique longe dele. Venâncio é um homem muito perigoso. Invente qualquer desculpa, mas fique longe dele.

Vera reflete.

CENA 11/ PALMEIRÃO DO BREJO/ EXT./ MANHÃ

Tocar a música “Maracatu Atômico”, de Nação Zumbi

O dia amanheceu ensolarado. Planos da cidade. Pessoas na praça, passeando nas ruas, carruagens passando próximo à igreja.

CENA 12/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ EXT./ MANHÃ

Venâncio entra acompanhado de Raul e de Celso. Madalena está a sua espera.

MADALENA – Nós temos muito a conversar.

VENÂNCIO – Eu não me separar. Eu já disse!

MADALENA – Eu estou apaixonada por outro homem!

CELSO (irônico/interrompe) – Está vendo, Raul. Essa que é uma família direita, pura!

VENÂNCIO (P/Celso / gritando) – Cala a boca, que a conversa não é com você.

MADALENA – Se você tem o direito de se esfregar com qualquer uma que encontra na esquina, eu também.

VENÂNCIO (dá um tapa no rosto de Madalena) – Olha como você fala comigo, sua vagabunda!

MADALENA (gritando) – Não pense que isso vai ficar assim, Venâncio Correia.

RAUL – Calma, gente! Vocês estão muito nervosos. Não vão resolver nada desse jeito.

MADALENA – Eu não fico mais um minuto aqui.

RAUL – Melhor assim. Depois vocês conversam. Vocês estão esquecendo do Otávio. Ele é criança. Vai sofrer muito com tudo isso.

VENÂNCIO – Não te agradeci ainda, mas obrigado pelo que fez por mim. Não sei nem como recompensar.

RAUL – Não precisa agradecer. Eu fiz pela nossa amizade!

CENA 13/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO/ INT./ MANHÃ

Letreiro mostra: Alguns dias depois

Branca se olha no espelho. Coloca um colar no pescoço.

BRANCA – Lembra de quando você me deu esse colar, Afonso?

Afonso abre os olhos vagarosamente, mexe os dedos.

AFONSO (pausadamente e com muita dificuldade de falar) – Branca!

Branca não segura as lágrimas

Focar na expressão de felicidade de Branca.

Congelamento preto e branco, emoldurado como um retrato.









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