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A Razão de Amar - Capítulo 16

  

 

 

A RAZÃO DE AMAR

 

Novela de João Marinho

 

Escrita por:

João Marinho

 

Personagens deste capítulo

Afonso Valadares                                                            Letícia Fernandes                                                                                                                                                                             

Branca Valadares                                                        Zilda                       

Bernardo Correia                                                        Raul Fernandes          

Celso Correia                                                             Vera Fernandes

Francisca                                                                     Horácio Duarte

Juiz

Promotor                                                                       Vilma Duarte                             

Olga Duarte

Jacinto

Jorge Correia

Madalena Correia

Marta Correia

Olímpio Vasconcelos

Otávio Correia

Parteira

 

 

CENA 01/ MANSÃO DE FAUSTO/ QUARTO/ INT./ NOITE

Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. A parteira pede para que Tereza faça mais força. A viúva de Fausto faz força. Em seguida um choro de bebê reverbera pelo quarto.

PARTEIRA – É uma menina!

A parteira coloca a menina nos braços de Tereza, que chora de alegria, ao escuta o choro da sua filha.

TEREZA – Débora será o nome dela.

PARTEIRA – Muita linda e corada a sua filha.

TEREZA (ofegante/Feliz) – Quanto tempo eu aguardei por esse dia!

Elas sorriem e ficam felizes com o nascimento da menina, que continua a chorar.

Corta para:

CENA 02/ TRIBUNAL DO JURI/ INT./ MANHÃ

Raul entra e se coloca em frente ao juiz, que faz alguns prévios e, de praxe, questionamentos.

JUIZ – Como afirmado anteriormente, nenhum dos jurados pode gesticular ou fazer algum movimento ou reação que revele discordância ou concordância com alguns dos fatos expostos, devendo então se manterem neutros durante todo o julgamento e só depositarem suas posições com relação aos fatos na urna, na sala secreta. (P/Olímpio). Agora vamos dá início aos depoimentos com o relato do delegado sobre as investigações sobre o caso. Seu nome?

OLIMPIO – Olímpio Vasconcelos.

JUIZ – Idade?

OLIMPIO – 53 anos.

JUIZ – Promete falar a verdade, sob a pena de falso testemunho?

OLIMPIO – Eu prometo!

JUIZ – Pode iniciar o seu depoimento.

OLIMPIO – As investigações começaram a partir do momento que soubemos do crime no início da noite do dia 2 de maio de 1906, uma quarta-feira. Encontramos a Vera despida na banheira, envolta numa piscina de sangue. Uma cena muito assustadora e que eu não vira em todos esses anos que eu sou delegado de polícia. Um odor exalava pela casa. E a Vera estava com muitos ferimentos pelo corpo. Os olhos estavam abertos, indicando que a vítima foi pega de surpresa.

JUIZ – Mas o crime aconteceu a tarde?

OLIMPIO – Não, a emprega disse, em depoimento, que o crime aconteceu pela manhã. E como corpo foi encontrado, confirma o que ela disse, pois, estava firme, configurando que o crime tinha acontecido por volta das 10 horas da manhã.

Corte descontinuo: Após algumas horas de depoimentos do delegado Olímpio, Zilda, a empegada, senta-se em frente ao juiz. Ele faz a ela a mesmas perguntas de praxe. Em seguida, ela começa o depoimento.

ZILDA – Tudo começou naquela manhã de 2 de maio. Raul e Vera estavam prestes a fazer uma viagem para o Rio de Janeiro. Eu entreguei o jornal a ele, porque sempre gostava de lê-lo pela manhã. Alguns segundos depois, ele entra na cozinha e pega uma faca. Tentei impedir, mas ele tem muito mais força do que eu. Então, preocupada, fui atrás de ajuda.... Foi então que eu encontrei o jardineiro Maciel. Quando subimos as escadas, já escutávamos os gritos de Dona Vera agonizando e gritando muito... foi tudo muito rápido. Quando entramos no banheiro, ela já estava morta na banheira e o Seu Raul sentado no chão, chorando e nervoso.

Corte descontinuo: Após algumas horas de depoimentos da empregada, chega a vez do jardineiro dá o depoimento. Ele, muito nervoso, senta-se em frente ao juiz. O juiz faz, inicialmente, as mesmas perguntas que fizera às testemunhas que depuseram anteriormente. O jardineiro Maciel bebe um pouco de água e começa a depor.

MACIEL (nervoso) – Estou um pouco nervoso, meritíssimo, mas é porque me dói voltar às lembranças daquele dia. Mas eu vou cumprir com o juramento de dizer a verdade.

Desaparece:

CENA 03/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ EXT. INT./ MANHÃ (FLASHBACK)

A cena começa no EXTERIOR da mansão.

Maciel poda e agua as plantas no jardim. Ele canta algumas músicas para passar o tempo, enquanto dia está muito calmo. O carteiro passa entregando os jornais, mas Maciel muito ocupado cortando as plantas, coloca em cima de um banco de pedra.

MACIEL – Depois eu leio!

Zilda então, chegando para mais um dia de trabalho, pega o jornal e entra. Maciel continua podando as folhas e cantarolando. Alguns minutos depois, Zilda aparece desesperada.

ZILDA – Maciel, Seu Raul vai matar Dona Vera!

Eles então correm. A cena continua no INTERIOR da mansão. Eles sobem as escadas com rapidez. Letícia brincando com uma boneca não percebe o que está acontecendo. A cena continua no BANHEIRO. Eles veem o corpo de Vera na banheira

MACIEL – Senhor, ouvi gritos. Está acontecendo... (Vê uma faca ensanguentada na mão de Raul)

A empregada vê Vera morta nua, morta e de bruços na banheira. A água, que se misturara com o sangue, estava vermelha. As costas, a cabeça e rosto estão com diversos ferimentos causados pelas facadas.

ZILDA (Chorando) – Que horror, Meu Deus! (P/Raul). Assassino! Assassino!

RAUL (Nervoso/ mãos trêmulas) – Ela atacou minha honra! Me traiu com meu melhor amigo!

MACIEL – Que tragédia! Vou chamar a polícia! (Fecha a porta do banheiro para que Letícia não entre).

Desaparece:

CENA 04/ TRIBUNAL DO JURI/ INT./ MANHÃ

O jardineiro termina de dá o depoimento.

MACIEL – Tudo que eu presenciei naquele dia, foi dito neste depoimento, excelentíssimo juiz. Algumas coisas eu não me lembro com tanto detalhe.

Corte descontínuo: Raul, sentado no banco dos réus, prepara-se para dá seu depoimento.

RAUL – Eu matei! E isso eu não vou negar. Matei sim. Faria tudo de novo, se fosse possível porque a ferida que ela me deixou foi maior que as facadas que eu lhe dei. A ferida que ela me deixou foi uma ferida de alma, que nunca cicatrizará. Ela me desonrou, cometeu o crime de adultério. E isso, em si, justifica as dezenas de facadas que eu lhe dei e que a feriram mortalmente. Agi por impulso porque estava perdendo o meu amor e meu grande aliado e amigo. (Chorando). Eles não podiam ter feito isso comigo. Esqueci de mencionar

Corte descontínuo: depois de algumas horas de depoimento, chega a vez do promotor de justiça.

PROMOTOR – Excelentíssimo juiz, ilustre advogado de defesa, o libelo crime acusatório decorre com exatidão dos fatos constantes nos autos que provado sem a menor sombra de dúvida que o jovem, apesar de não ter antecedentes criminais e atuar no ramo da justiça, como advogado atuante na cidade, ao pegar a arma branca tinha a intenção convicta de matar a jovem, não refletindo as possíveis consequências desse ato. Cinquenta e dois golpes que destruíram a vida de uma família, que deixou uma criança órfã de mãe.... Ou melhor, refletindo sim, porque sabia o que estava fazendo. Matou estupidamente a esposa, com golpes pelas costas, sem que ao menos a vítima tivesse chance de defesa. Isso em sim demonstra a tamanha frieza e crueldade com o que o réu agiu.

JUIZ – Dou a palavra ao advogado de acusação.

ADVOGADO DE ACUSAÇÃO – Excelentíssimo juiz, advogado de defesa, estamos vendo aqui nesta manhã um duplo assassinato. Primeiro, o réu a mata com cinquenta e duas facadas e agora está querendo matar a memória da vítima, querendo justificar um ato injustificável e querendo desqualificar a ré. Estamos falando de uma jovem que levou cinquenta e duas facadas, sendo a maioria pelas costas e sem chance nenhuma de defesa. Estamos falando de uma mãe de família. Já imaginaram como vai ficar a filha, sem mãe e sem pai, porque eu imagino que a justiça deixará que o réu fique com a guarda da filha. Se ele foi capaz de fazer isso com a própria esposa, do que é que ele não seria capaz de fazer com a própria filha. É inadmissível quw uma lei que defende o acusado e pune a vítima. Com isso, finalizo e passo a palavra ao meritíssimo.

JUIZ – Dou a palavra ao advogado de defesa.

ADVOGADO DE DEFESA – excelentíssimo juiz, promotoria e ilustre advogado de acusação, vemos aqui a montagem de uma narrativa inverídica. O meu cliente matou? Matou! Mas matou para defender a sua honra. A mesma moça pura, de família, devota ao seu marido e sua filha não passa de uma grande mentira. Uma mãe de família não comete adultério, ainda mais com um homem casado. Uma mulher casada não engravida de outro, como essa moça pura, como foi descrita aqui. O meu cliente agiu na legítima defesa da honra.

JUIZ – Agora, os jurados irão se reunir e, em seguida, sairá o veredito final.

Alguns minutos depois.

JUIZ – O réu se levante que vai ser proferida a sentença. O réu foi condenado a 20 anos de prisão pela morte de Vera Fernandes.

Raul desaba no choro, enquanto a acusação e as testemunhas comemoram a sentença.

CENA 05/ SERTÃO DE PERNAMBUCO/ CASA DE FRANCISCA/ QUARTO/ INT./ MOITE

Letreiro mostra: Sertão de Pernambuco

Letreiro mostra: duas semanas depois.

Madalena, em cima da cama, começa a sentir as contrações. Ela grita.

MADALENA (Gritando) – Vai nascer!

Francisca entra no quarto e se prepara para fazer o parto. Madalena segura a mão de Jacinto com força, começa a suar.

FRANCISCA – Faz força!

MADALENA (Gritando) – Ai! Jesus... Aí... Jesus, me ajuda!

FRANCISCA – Faz mais força, que já está saindo!

MADALENA (Ofegante) – Aí.... Aí...

FRANCISCA – O bebê está laçado pelo cordão umbilical.

Um choro de bebê reverbera pelo quarto.

FRANCISCA – É um menino!

Madalena e Jacinto não conseguem segurar a emoção do nascimento do filho.

MADALENA – Vai se chamar Jacinto. 

FRANCISCA – Não se esqueça do “José”. O menino nasceu laçado e tem que ser batizado com “José” no primeiro nome para não morrer queimado e nem afogado.

JACINTO – O nome dele será José Jacinto Vieira.

Madalena pega o filho no braço, emocionada.

Corta para:

CENA 06/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO/ INT./ MANHÃ

Letreiro mostra: Palmeirão do Brejo.

Dia seguinte.

Branca entra em trabalho de parto. A parteira pede para que ela, que segura a mão de Afonso, faça força.

PARTEIRA 2 – Faça mais força!

BRANCA (Gritando) – Meu Deus, me ajuda! Ai!

Um choro de bebê reverbera pelo quarto.

PARTEIRA 2 – É uma menina!

Corta para:

CENA 07/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO/ INT./ MANHÃ

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. O choro da menina continua a reverberar pelo quarto.

BRANCA (Feliz) – Uma menina? Minha filha, minha Cecília!

AFONSO – Cecília Gomes Valadares.

BRANCA (P/Afonso) – A nossa filha é linda. (Coloca a filha no braço).

Os dois se emocionam com a filha.

Corta para:

CENA 08/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHÃ

Celso está sentado na sala, no instante em que Herculano entra.

CELSO – Quem é você?

HERCULANO – Sou o matador que Venâncio contratou para matar o Coronel Afonso. Ele ainda está em dívida comigo. Ele não me pagou.

CELSO – E nem vai pagar, porque ele está morto

HERCULANO – Não interessa! Eu quero o dinheiro na minha mão em dois dias.

CELSO – Vou ver o que eu posso fazer.

HERCULANO (Ameaça) – Dois dias... no hotel, cassino.

Herculano sai. Celso não se intimida com a ameaça do matador.

CELSO (sussurra) – Eu nem mal te conheço, mas já vou me despedir. Eu não vou te dá o dinheiro, mas um belo presente.

Corta para:

CENA 09/ FAZENDA VALADARES/ VARANDA/ EXT./ MANHÃ

Afonso está sentado na varanda, enquanto Eduardo brinca com Cecília. Ela está no braço dele.

AFONSO – Bem que o Eduardo estava precisando de uma irmã. Agora ele não pode reclamar que é ruim viver na fazenda, que não tem amigos.

BRANCA – O nosso filho está muito feliz com a chegada de Cecília.

AFONSO – A nossa família está muito feliz.

Eduardo brinca de dançar com Cecília. Corte descontinua: Eduardo e Cecília, agora adultos, dançam.

AFONSO – Hoje faz exatamente 28 anos que Cecília nasceu. Ela e Eduardo sempre se deram muito bem.

BRANCA – Irmãos unidos!

Eduardo se aproxima do pai.

EDUARDO – Painho e Mainha, daqui há uma semana, estou devidamente formado em Direito pela Faculdade de Recife. Vou pedir a minha namorada em casamento.

AFONSO – Mas já meu filho?

EDUARDO – É com ela que eu quero viver pelo resto da minha vida.

CECÍLIA (Interrompe) – Casar, por enquanto, não está em meus planos. 

EDUARDO – Eu já tenho alguns pretendentes para você, minha irmã!

CECÍLIA – Eu quero aproveitar a vida, antes de entrar no casamento.

Eles continuam conversando.

Corta para:

CENA 10/ SERTÃO DE PERNAMBUCO/ CASA DE FRANCISCA/ INT./ MANHÃ

Letreiro mostra: Sertão do nordeste

Madalena e Jacinto saíram para pegar água. Jacinto Filho abraça a avó, que deitada, não consegue segurar a emoção.

FRANCISCA – Está chegando a minha hora, meu filho. Cuide do seu pai e da sua mãe. (Fecha os olhos).

JACINTO FILHO – Vó, a senhora não pode morrer vó. (Mexendo no corpo da avó/Gritando) Vó!



CENA 11/ CASA DE FRANCISCA/ QUARTO/ INT./ MANHÃ

Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Jacinto (pai) e Madalena entram e escutam os gritos do filho.

JACINTO PAI (gritando) – Mãe, não vá embora!

Madalena e o filho choram

Corta para:

CENA 12/ RECIFE/ MANSÃO DA FAMILIA DUARTE/ INT./ TARDE

Letreiro mostra: Recife – PE

Otávio olha a fotografia de seus pais biológicos e se emociona. Olga vê o irmão adotivo emocionado.

OLGA – Você nunca esqueceu seus pais biológicos, não é?

OTÁVIO (Emocionado) – Não tem como a gente esquecer. Mas eles ficaram no passado. A minha família é você, Horácio e Vilma.

CENA 13/ FACULDADE DE RECIFE/ PÁTIO/ INT./ NOITE

Eduardo e Otávio formam-se na mesma turma de Direito. Após o fim das solenidades, todos os alunos jogam o capelo para o alto. Eduardo e Otávio, amigos desde o início do curso vão até seus pais. O filho de Horácio vê Cecilia e a cumprimenta. Eles trocam olhares apaixonados.

OTÁVIO – Você é a moça mais bonita que eu já vi!

Focar na expressão de felicidade dos dois.

Congelamento preto e branco, emoldurado como um retrato.










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