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A Razão de Amar - Capítulo 30 (Reprise)

  

   Capítulo 30

A RAZÃO DE AMAR 

Novela de João Marinho

Escrita por:
João Marinho 

Personagens deste capítulo
Branca Valadares                     Otávio Duarte                                                                                  Atendente                
Celso Correia                                          Lola
Jorge Correia.                                         
Madalena Correia.                                                             
Marta Correia                                          
Olímpio Vasconcelos.                            
Radialista.                                                
Letícia Fernandes
Cecília Valadares
José Jacinto - Carcará
Débora Valadares




CENA 01/ PENSÃO DO ELIAS/ SALA DE ESTRA/ INT./ NOITE 
Continuação imediata da última cena do capítulo anterior. Caracará fica surpreso com a proposta de Otávio. Ele fica, alguns segundos, imóvel e pensativo, enquanto o filho de Horácio o encara com um olhar hipnotizante. 
OTÁVIO (Olhando o seu relógio de pulso) – Eu não tenho tanto tempo para esperar. Eu tenho os meus compromissos. 
CARCARÁ – Eu não devo satisfações a você, mas ao seu sogro. 
OTÁVIO – Pelo visto, você não sabe com quem está se metendo, não é? Eu sou filho de um dos médicos mais conceituados da região; sou um dos advogados mais importantes da região, conheço o mundo. 
EDUARDO (Interrompe/ P/Carcará) – O nosso mundo nunca vai se misturar com o seu mundo.
CARCARÁ – Para mim, não importa se a pessoa é podre de rica, se fala bonito e difícil. Eu tenho uma coisa de muito valor que não tem: caráter e dignidade. 
OTÁVIO – Eu não estou com paciência para escutar conversa de ética, moral, principio e dignidade. (Mudando de assunto). Espere um pouco! 
Otávio, enquanto Eduardo e Carcará esperam para ver o que ele vai fazer. A saída dele não demora e volta com um envelope volumoso. Frente a frente com Carcará novamente. 
OTÁVIO – Eu vou dar essa última chance a você. Estou com esse envelope na mão com dinheiro suficiente para você sair até da cidade. É uma irrecusável e que qualquer pessoa na situação que você vive aceitaria. 
CARCARÁ – Você disse uma frase naquele dia no jantar, que me chamou muita atenção. Você disse que eu era um estranho e Afonso não deveria me aceitar como empregado da fazenda. Pois bem, eu vou tomar essa frase para mim. Você é um estranho para mim e não vou aceitar nada que vier de você. (Com os olhos fixos em Otávio). Primeiro, que isso que você está querendo fazer é um suborno. Segundo, que eu não sou homem de negociatas. 
EDUARDO (Interrompe/ P/Otávio) – Vamos! Nós estamos perdendo nosso tempo aqui. 
Otávio concorda com Eduardo. Os dois saem. Carcará sobe para o quarto. 
Corta para:
CENA 02/ PALMEIRÃO DO BREJO/ PRAÇA/ INT./ NOITE 
Pessoas estão sentadas na praça conversando. Letícia senta um pouco. Fazia pouco tempo que ela havia saído da escola onde ensina. Corta para Jorge vai passando no carro e vê ela sentada. Ele então estaciona o carro próximo à praça. Em seguida, desce e vai ao encontro de Letícia. 
JORGE – O que uma bela moça como você está fazendo aqui sozinho?
LETÍCIA – Estou vendo a beleza do céu. 
No momento em que eles estão conversando, passa um vendedor de algodão doce. Jorge tira algumas moedas do bolso. 
JORGE (P/Letícia) – Aceita um algodão doce? 
LETÍCIA (P/Jorge) – Aceito!
Jorge pega o algodão com o Vendedor e lhe dá algumas moedas. 
LETÍCIA – Você é muito mais cavalheiro comprando algodão doce do que cantando aquelas serenatas ridículas na frente da minha casa. 
Eles dão-se as mãos. Jorge beija a mão dela. 
JORGE – Eu faço qualquer sacrifício para ficar perto de você. 
Os olhos deles brilham ao olhar um para outro. Eles acabam se beijando. 
Corta para:
CENA 03/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT./ NOITE 
Vilma e Olga estavam conversando na sala, no instante em que Eduardo entra. A matriarca da família e a filha tomam um pouco de chá. Vilma questiona. 
VILMA – Otávio não veio? 
EDUARDO – Ele me deixou aqui na porta e disse que tinha que resolver algumas coisas, mas não me disse o que era. 
OLGA (Mudando de assunto) – Nós passamos menos de um mês viajando e parece que se passou um ano porque muita coisa aconteceu. 
EDUARDO – Realmente parece que passou um ano. (Mudando de assunto). Mas agora temos que pensar no nosso futuro. Chegou o momento de pensarmos em ter filhos. 
OLGA – Estava pensando justamente nisso. Já está mais do que na hora de nós termos um filho ou filha. 
VILMA – Bem que eu ficaria feliz com um netinho e uma netinha. De preferência, os dois. 
No instante que eles estão conversando, Horácio entra um pouco cansado. Ele se senta no sofá, com as mãos na cabeça. 
HORÁCIO – Aquele hospital está um inferno. Foram diagnosticados alguns casos de tuberculoses. 
OLGA (P/Horácio) – Isso é verdade. É até perigoso o senhor está indo lá. Já é idoso. 
Eles continuam conversando. 
Corta para:
CENA 04/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUA/ EXT.INT. / NOITE 
Otávio está dentro do carro, que está em velocidade baixa. Ao passar próximo à praça, observa Jorge e Letícia conversando na praça. Ele para um pouco para ter certeza de que se trata dos dois. Após ter certeza de que se trata de Jorge e Letícia, acelera o carro. Depois alguns poucos minutos, ele chega ao Hotel Cassino. A cena continua no INTERIOR do hotel. Ele passa pela recepção, sobe as escadas e vai ao quarto, onde dá três sutis batidas na porta. A cena continua no INTERIOR do QUARTO 6.  Otávio entra no quarto. Lola está vestida com um vestido vermelho de plumas, a sua boca está com batom vermelho, os cabelos loiros e os olhos chamativos. 
OTÁVIO – Vai para onde vestida desse jeito? 
LOLA – Estou cansada de ficar aqui sem fazer nada. Jorge não dá notícias e você também não. Até agora eu não sei o que você quer comigo? Me usar? 
OTÁVIO – Aos poucos você vai ficar sabendo. Sabe porque Jorge te abandonou? Porque ele está encantado por outra mulher. Você tem que dá um jeito de acabar com esse namoro dele. Mas hoje nós que vamos ter uma noite romântica. 
Eles se beijam e começam a se despir. Se jogam na cama. A câmera desfoca e vai se afastando. 
Corta para:
CENA 05/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES /EXT.INT. / NOITE 
A cena começa no EXTERIOR da mansão. 
Letícia se despede de Jorge. Eles dão um selinho. Jorge entra no carro e parte. Leticia entra em casa. A cena continua na SALA DE ESTAR. Raul está mexendo no rádio para sintonizar numa estação. 
RAUL (P/si) – Acho que esse rádio está quebrado. Só faz chiados. 
Raul dá um tapa no rádio, que volta a funcionar. Ele se vira para filha e percebe que ela está muito feliz. 
RAUL – Está tão feliz, filha!
LETÍCIA (Feliz) – Acho que estou apaixonada. Mas o senhor também está diferente. Nunca mais teve as crises de loucuras. 
RADIALISTA – Agora tocaremos um dos maiores sucessos de 1935. 
RAUL – Vou procurar algumas tintas. Vou me dedicar à pintura, agora. 
LETÍCIA – Que bom, meu pai. 
Eles se abraçam. 
CENA 06/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ EXT./ MADRUGADA 
Tocar a música instrumental “Escondidinho”, da novela Lado a Lado. Carros passeiam por toda a cidade. Homens saem do bordel. A praça está quase deserta. Otávio passa no carro. 
Corta para:
CENA 07/ MANSÃO DA FAMÍLIA DUARTE/ SALA DE ESTAR/ INT.  MADRUGADA
A sala está escura. Otávio entra devagar para não fazer barulho, mas a lâmpada. Vilma aparece. 
A música se encerra nesse ponto.
VILMA – Isso são horas de chegar em casa, meu filho? 
OTÁVIO – É.... eu estava resolvendo algumas coisas com alguns investidores. Acabei chegando um pouco. 
VILMA – Eu só espero que você não esteja mentindo para mim e nem para Cecília. Ela não merece ser enganada por você. 
OTÁVIO – Pode confiar em mim! (Mudando de assunto). Agora eu vou subir, pois estou muito cansado. 
Otávio cumprimenta a mãe com um abraço e, logo em seguida, sobe para o quarto. 
Corta para:
CENA 08/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE / EXT./ MANHà
Tocar a música instrumental “Disfarçando”. Pessoas vão passeando pelas ruas de Palmeirão do Brejo. Mulheres vão à modista, pessoas entrando no banco. A estação de trem movimentada. Raul entra numa loja de tintas. 
Corta para:
CENA 09/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE JANTAR/ INT./ MANHà
Celso e Marta já estão sentados à mesa, no instante em que Jorge desce do quarto. Ele está muito feliz e sorridente. 
JORGE (Feliz) – Estou namorando a menina mais bonita que eu já vi. 
CELSO – Espero que você não me decepcione dessa vez e que realmente seja bonita mesmo. Que não seja rameira...
JORGE – Essa eu garanto que não é rameira. É muito fina, educada, gentil. 
MARTA (Interrompe) – Que você faça bom proveito desse seu namoro. Não é porque você é meu filho não, mas essa moça teve muita sorte. 
JORGE – Agora, eu vou lá na câmara. Estou precisando resolver algumas coisas. 
Jorge sai sem tomar café. Celso e Marta continuam tomando café. 
Corta para:
CENA 10/ FAZENDA VALADARES/ CELEIRO/ INT./ MANHà
Carcará pega alguns grãos e coloca em um saco. Cecília entra no celeiro. Carcará tem um susto. 
CARCARÁ – Aí que susto!
Os dois riem. 
CECÍLIA – Estava passando por aqui e vi você entrando aqui no celeiro. 
CARCARÁ – Não é bom nós ficarmos sozinho. 
CECÍLIA – Se você está falando isso por causa de Otávio, peço para que não dê importância ao que ele fala.
CARCARÁ – Ele me subornou ontem. Queria me dá dinheiro para eu fugir. 
CECÍLIA – Eu não acredito que ele foi capaz de chegar a um nível tão baixo. Eu nunca pensei que ele fosse capaz de fazer isso. Desculpa, pelo meu namorado ter agido assim. Ele não é uma má pessoa, mas está passando por uma crise de ciúmes. Mas eu vou falar com ele agora. 
Cecília sai. 
Corta para:
CENA 11/ FAZENDA VALADARES/ ESCRITÓRIO/ INT./ MANHà
Coronel Afonso está conversando com o filho e com o genro. A empregada entra com uma bandeja de café. 
OTÁVIO – Esse seu empregado com nome de ave é muito perigoso, inteligente e esperto. Aproveita qualquer oportunidade para se dá bem. 
EDUARDO – Eu concordo completamente com Otávio. Ele não é uma pessoa de confiança. 
AFONSO – Vocês estão fazendo tempestade em copo d’água. 
Cecília entra. 
CECÍLIA (P/Afonso) – Otávio subornou Carcará. Queria dar dinheiro para que ele fugisse. 
Focar na expressão de surpresa de Afonso. 
Corta para: 

CENA 12/ FAZENDA VALADARES/ ESCRITÓRIO/ INT./ MANHà
Continuação imediata da última cena do bloco anterior. Afonso parece não acreditar no que a filha acabara de dizer. 
AFONSO (P/Cecília) – Acho que eu não entendi o que você disse, minha filha.
Carcará entra e interrompe a reunião familiar. 
CARCARÁ (P/Afonso) – Foi isso mesmo que aconteceu, coronel. Eles tentaram me subornar ontem. Queriam que eu fugisse da cidade. 
OTÁVIO – Eu tive que tomar uma atitude. 
AFONSO (P/Otávio) – Fez muito mal. 
OTÁVIO – Depois não digam que eu não avisei!
Otávio e Eduardo se levantam e sai. Em seguida, Cecília sai. 
CARCARÁ (P/Afonso) – Se precisar de mim é só chamar. 
O coronel fica pensativo, enquanto Carcará sai. 
Corta para:
CENA 13/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ EXT./ MANHà
Débora vai andando rapidamente, carregando consigo alguns livros, que ela pegou na biblioteca para ler em casa. O sol está muito forte e ela já estava suada de tanto andar, quando, num momento de distração, esbarra em um homem e cai no chão. Se trata de Álvaro, o filho de Olímpio, que vinha trazendo consigo também alguns papéis. Ele a ajuda. 
ALVÁRO – Você está bem? (Pegando os livros que caíram no chão) 
DÉBORA – Está tudo bem comigo. 
ÁLVARO – Vê se da próxima vez olha para onde andar. 
Álvaro ajuda a Débora se levantar. 
DÉBORA – Muito obrigada. Eu que estava andando distraída mesmo. 
Álvaro entrega os livros a ela. Eles trocam olhares e se despedem com um sorriso. 
Corta para:
CENA 14/ PALMEIRÃO DO BREJO/ ESTAÇÃO DE TREM/ INT./ TARDE 
Tocar a música instrumental “Disfarçando”, da novela Lado a Lado.
O trem chega na estação. Elias caminha de um lado para o outro a medida que estação vai enchendo de pessoas. Ele engraxa os sapatos de todas as pessoas que passam por ele. A sua caixa de dinheiro vai cada vez mais enchendo. Ele abre um sorriso.
A música para aqui.
Corta para:
CENA 15/ HOSPITAL JOAQUIM VALADARES/ ESCRITÓRIO/ INT./ TARDE
Otávio e Eduardo conversam, enquanto assim alguns papéis. Otávio bebe um pouco de água. 
EDUARDO – Eu nunca vi o meu pai encantado por uma pessoa como ele está encantado com esse Carcará. 
OTÁVIO – Temos que encontrar um jeito de enfraquecer essa aliança. 
EDUARDO – Não vai ser uma tarefa fácil, mas nós vamos conseguir. 
OTÁVIO – Temos que arquitetar algo para quebrar a confiança do coronel Afonso. (Se levanta). Vou precisar dar uma saída agora. Otávio sai, enquanto Eduardo continua a assinar alguns papéis. 
Corta para:
CENA 16/ MANSÃO DA FAMÍLIA FERNANDES/ QUARTO DE RAUL/ INT./ TARDE 
Raul cantarola e pincela uma tela que está pintando. Por alguns instantes ele olhava a tela para observar se estava pintando corretamente. Pela a porta entreaberta, Letícia observa, emocionada, o pai pintando. Ela entra então no quarto. 
LETÍCIA – Estou muito feliz que o senhor está se dedicando à arte, pintura. 
RAUL (Pausa a pintura) – Isso tem me feito muito bem. Quando eu estava preso era o que mais gostava de fazer. 
No instante em que eles estão conversando, Zilda entra com uma bandeja de sucos e biscoitos e coloca em cima da mesa. 
ZILDA – Lanche fresquinho. 
Zilda sai em seguida. Letícia lancha com o pai. No chão está algumas pinturas feitas por ele. Ela as observa. 
Corta para:
CENA 17/ FAZENDA VALADARES/ QUARTO DE CECÍLIA/ INT./ NOITE 
Cecília, Olga e Débora estão conversando no quarto. 
CECÍLIA (P/Olga) – O teu irmão e o meu irmão tentaram subornar o pobre coitado do Carcará. 
OLGA – Eu não sei que tanto eles veem de mau naquele rapaz. 
As duas interrompem a conversa ao perceberem que Débora está muito sorridente e distraída. 
DÉBORA – Hoje, pela primeira vez, eu me senti sedo cuidada. Eu esbarrei em um rapaz. Ele me acolheu como eu nunca vi um homem fazer isso. 
OLGA – Depois do casamento, todo esse pensamento vai por água abaixo. Eu estou vivendo ainda como se fosse antes do casamento. 
Elas continuam conversando. 
Corta para:
CENA 18/ PALMEIRÃO BO BREJO/ PRAÇA/ INT./ NOITE 
Jorge e Letícia conversão O filho de Celso pega nas mãos e Letícia. 
JORGE – Eu vou marcar um jantar na minha fazenda para te apresentar ao meu pai 
LETÍCIA – Estou muito ansiosa para esse momento. 
JORGE – Vou marcar para semana que vem. 
Eles se beijam. 
Corta para:
CENA 19/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE JANTAR/ INT./ NOITE 
Letreiro mostra: Uma semana depois. 
Celso e Marta estão sentados à mesa, no instante em que Jorge entra. Ele está muito feliz e um pouco nervoso.
JORGE – Hoje é uma noite muito especial. Pois encontrei a pessoa que vai ficar comigo até o fim da vida. 
Celso e Marta estão sorridentes e acompanhando o discurso do filho. 
JORGE – Nós somos responsáveis por nossas escolhas. Por isso, que escolhi que vou viver ao lado de Letícia Fernandes. 
Letícia entra na sala de jantar, sorridente. Celso e Marta ficam surpresos com o que veem. 
Focar na expressão de surpresa dos dois. 
Corta para 

CENA 20/ FAZENDA CORREIA/ SALA DE JANTAR/ INT./ NOITE 
Continuação da última cena do bloco anterior. Celso e Marta ficam surpresos e se entreolham. 
MARTA (Pensamento) – É a Letícia Fernandes filha de Vera?
Marta e Celso parecem está fazendo uma transmissão de pensamento. 
CELSO (Pensamento) – É Letícia Fernandes, filha de Vera e Raul. 
Jorge estranha o silêncio dos pais. Letícia está em silêncio, mas com o sorriso no rosto. O filho de Celso interrompe o silêncio. 
JORGE – Vocês já se conhecem? 
CELSO – Sim, ela é filha de Raul e Vera, que foram meus amigos. 
Jorge olha para Letícia e percebe que seu rosto lhe é muito familiar. 
JORGE – Realmente, me veio agora na mente algumas vagas lembranças. (Sorridente). O mundo é muito pequeno mesmo. 
CELSO – Eu não posso aceitar esse namoro. A nossa família vai ficar muito mal falada. Imagina só um filho meu se envolvida com a filha de um assassino. 
O sorriso de Letícia deu lugar ao sentimento de tristeza.
LETÍCIA (Chorando) – Eu não posso ser penalizada por uma coisa que eu não tive culpa. Eu sou filha de um assassino, mas também sou filha da vítima. Ninguém sofreu mais do que eu esses anos todos. É muito duro saber que você nunca mais terá o carinho da mãe. 
MARTA (P/Celso) – Acho que você está pegando pesado demais. Essa menina não tem culpa de nada. 
Celso, um pouco mais calmo, recua no que dissera anteriormente. 
CELSO – Acho que eu fui um pouco injusto, por está tratando você desta forma. (P/Jorge). Por incrível que pareça, é a primeira vez que você traz uma pessoa descente para dentro de casa. Eu vou atrás no que eu disse. Aceito o namoro de vocês. 
Jorge e Letícia se beijam felizes. 
Corta para:
CENA 21/ PALMEIRÃO DO BREJO/ RUAS DA CIDADE/ EXT./ MANHà
Tocar a música “Disfarçando”, de Lado a Lado. Pessoas passeando na rua. Pessoas indo à igreja. Carros passeando por toda a cidade. A praça aglomerada de gente. 
A música para aqui.
Corta para:
CENA 22/ MANSÃO DE FAUSTO/ SALA DE ESTAR/ INT./ MANHà
Cecília e Débora estão conversando, enquanto tomam café. Débora mostra alguns livros que pegara na biblioteca. 
DÉBORA – Estou lendo neste momento o livro Senhora, de José de Alencar. É uma história de amor muito interessante. 
CECILIA (Interrompe) – Por falar em história de amor, você viu aquele rapaz depois daquele dia. 
DÉBORA – Não, depois daquele dia não o vi mais. 
CECÍLIA (Mudando de assunto) – Daqui há alguns dias é o aniversário de meu pai. 
DÉBORA – Eu não cheguei a passar o aniversário com ele. Quando ele morreu, a minha mãe nem sabia que estava grávida de mim. 
CECÍLIA – Eu não sei como é, mas deve ser muito uma pessoa crescer sem a presença da mãe ou do pai. 
Elas continuam conversando e tomando café. 
Corta para:
CENA 23/ FAZENDA VALADARES/ ESCRITÓRIO/ EXT.INT.  / TARDE 
Letreiro mostra: Uma semana depois. 
Otávio observa pelo buraco da porta que Afonso está no escritório. Ele observa que o sogro abre um cofre e retira uma gargantilha dele, colocando o objeto em cima do seu birô. O filho de Horácio se esconde atrás, até perceber que o coronel foi para a varanda. Ele entra no escritório, que não estar com a porta trancada. A cena continua no INTERIOR do escritório; Ele pega a gargantilha de ouro e coloca no bolso. Sai então do escritório. A cena continua no corredor. No instante em que ele sai, encontra Carcará. 
OTÁVIO – Carcará, eu queria te pedir desculpas por tudo que fiz contra você. Aceita o meu pedido de desculpas?
CARCARÁ – Aceito. 
Otávio se aproveita de um momento de distração de Carcará e coloca a gargantilha no bolso da calça dele. 
Corta para:
CENA 24/ FAZENDA VALADARES/ SALA DE ESTAR/ INT./ TARDE 
Afonso, vendo que já estão todos presentes, começa e discursar.
AFONSO – Hoje não é só uma data que marca o meu aniversário de nascimento, mas também uma data que marca o meu aniversário de casamento. Há 50 anos, eu oficializava o meu matrimonio com Branca. Por isso comprei um presente muito especial para ela. Eu vou pegar agora em meu escritório.
 Afonso vai ao escritório. Alguns segundos depois, ele volta exaltado. 
AFONSO (Branca) – Alguém roubou o presente que eu ia dar a Branca.
Otávio abre um sorriso cínico, enquanto Eduardo disse. 
EDUARDO (P/Afonso) – Nunca aconteceu isso antes aqui. Deve ter sido algum dos empregados. 
Todos os empregados da fazenda ficam de pé na frente do coronel para serem revistados. Eduardo fica incubo de revistar os empregados. Ele revista um a um, até que chega a vez de Carcará ser revistado. 
CARCARÁ – Eu não sou ladrão.
Eduardo revista Carcará, até que encontra um volume suspeito no bolso traseira da calça de Carcará. Encontra uma gargantilha.
EDUARDO (Mostrando a joia para o pai) – É esse o presente, pai?
Afonso não consegue acreditar no que está vendo. 
EDUARDO – Seu querido empregado é um ladrão!
Focar na expressão de surpresa de Carcará. 
Congelamento preto e branco emoldurado como um retrato. 

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