A MENINA NA PORTA
webnovela criada e escrita por: Jonny Nascimento
Capítulo 02
Val aperta os braços de Gabriele com força.
GABRIELE (impaciente) - Me solta!
VAL (psicótica) - E não adianta gritar, sua mãe não está em casa pra te defender.
GABRIELE - Defender de quê? Se na frente dela você finge que é um anjo.
VAL - Você acha mesmo que eu vou mostrar o quanto eu detesto você, na frente dela?
GABRIELE - Você é duas caras, Valéria. E eu vou acabar com isso já!
Gabriele se solta e sai correndo, fazendo com que Val vá atrás. A garota pega uma panela de pressão e acerta na cabeça de Val, que fica tonta. Gabriele abre a porta e corre pelas ruas.
Cena 2, manhã. | Cafeteria Kiss Coffee. Carol acaba de pegar a bandeja com os pedidos de um cliente. Rosana entra.
ROSANA - Bom dia meninas, reunião às 09h na minha sala.
Carol e as outras meninas acenam com a cabeça que entenderam.
09h, sala de Rosana. Todas as funcionárias da cafeteria estão sentadas em volta de uma mesa, de frente para Rosana, a chefe.
ROSANA - Bom, o que eu tenho pra falar é muito simples!
FUNCIONÁRIA 1 - Certamente quer falar sobre as situações precárias de trabalho.
ROSANA (debochada) - O que seria "precário" pra você, meu bem?
FUNCIONÁRIA 1 - Nós estamos trabalhando até depois do nosso horário, tendo algumas folgas retiradas e horário de almoço reduzido. Tudo isso, pra continuar recebendo 970 reais. Isso é menos que um salário mínimo, dona Rosana.
ROSANA - Pois se você acha isso precário, se prepare porque vamos estender nosso horário de funcionamento. Consequentemente, vocês trabalharão mais.
CAROL (revoltada) - Mas isso é um absurdo!
ROSANA - Se não quer trabalhar, porque mandou currículo?
CAROL - Porque pensei que fosse uma empresa honesta. Acima disso, tenho uma filha pra sustentar.
ROSANA - Eu nem falei a pior parte.
FUNCIONÁRIA 2 - E dá pra piorar?
FUNCIONÁRIA 1 - Claro que dá, essa mulher é uma vigarista, pode-se esperar qualquer coisa dela.
Rosana esboça um sorriso de sarcasmo.
ROSANA - Me ofender não vai aumentar o salário de vocês…
CAROL - Fala logo.
ROSANA - O salário de vocês será reduzido em 10%.
FUNCIONÁRIA 1 - Eu me demito. Chega, eu não sou escrava de ninguém!
ROSANA - Fique à vontade.
Todas as funcionárias ficam bravas com Rosana.
Cena 3, manhã | Rua estreita. Gabriele corre em direção ao trabalho da mãe, já que esperar o ônibus seria perda de tempo. Val corre atrás.
VAL (irônica/psicótica) - Cadê você, capeta mirim? É bom aparecer, porque se eu tiver que achar, vai ser pior!
Ao ouvir a voz da madrasta, Gabriele pula atrás de um amontoado de vasos de planta e flores, que decoram a casa de alguém.
VAL (irritada) - Aparece sua infeliz.
Val passa direto, e nem percebe a presença de Gabriele na rua onde estava. A criança então volta a correr, cortando por becos para não encontrar Val de novo.
Cena 4, manhã. | Na cafeteria, as funcionárias falam mal de Rosana na cara dela.
ROSANA - Podem me xingar à vontade porque aqui quem manda sou eu. Vocês precisam ser mais profissionais.
CAROL - E a senhora precisa estudar história. A escravidão já acabou!
FUNCIONÁRIA 2 - Eu vou te processar se você cumprir com essas ideias. Você e essa cafeteria falida vão pro beleléu e se ver com a justiça.
ROSANA - Processa, quero ver ter dinheiro pra pagar advogado.
FUNCIONÁRIA 2 - Realmente, você não pagou meu salário.
Uma outra funcionária entra e interrompe a conversa.
FUNCIONÁRIA 3 - Com licença dona Rosana. Lá fora tem uma menininha procurando pela Carol.
ROSANA - Vai lá Carol.
Carol sai. Ao chegar na área da cafeteria, Carol se depara com Gabriele. Aos prantos e ofegante, já que estava correndo, ela abraça a mãe.
CAROL - Aconteceu alguma coisa, minha filha?
GABRIELE (desesperada) - Foi ela mãe, ela tentou me matar.
CAROL (nervosa) - Ela quem?
GABRIELE - A Valéria mãe, ela queria tirar minha vida, eu escutei no telefone. Olha, olha o que ela fez no meu braço.
Gabriele mostra marcas de agressão de Val, quando ela pegou seu braço com violência.
CAROL - Que marca é essa no seu braço, filha?
GABRIELE - Ela me bateu e eu fugi, por favor acredita em mim.
Na mesma hora, Val chega na cafeteria e vê Gabriele com a mãe.
VAL (fingida) - Gabriele, querida, finalmente te encontrei.
CAROL (revoltada) - Eu posso saber quem deixou você bater na minha filha?
Val encara Carol, que está na frente de Gabriele, em sinal de defesa.
CONTINUA…
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