Capítulo 14
- No capítulo anterior:
PORTEIRO: Bom dia senhora, posso ajudar?
CAROLINA: Bom dia lindo, tudo bem? Gostei do seu uniforme, estiloso... Então, eu estava passando ali do outro lado e tive a impressão de ver uma amiga minha que eu não encontro há muitos anos entrar nesse prédio.
PORTEIRO: Amiga? Como ela é?
CAROLINA: Ah, eu vou te descrevê-la. Ela tem mais ou menos essa altura (mostra com as mãos). Está grávida e entrou acompanhada de um homem de jeans e camisa xadrez.
PORTEIRO: Ah, você está falando da Beatriz Grimaldi! Ela trabalha aqui há muitos anos, é uma jornalista muito premiada e editora da revista.
CAROLINA: Exatamente, minha grande amiga... Beatriz Grimaldi, a jornalista.
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UIZA: E então, como sempre fui muito discreta, as pessoas passaram a não comentar sobre o assunto, pelo menos não na minha presença e nem na da Beatriz, pelo menos dessa dor a minha sobrinha foi poupada. Eu espero que os dois estejam queimando no inferno! Essaa história terminou há mais de duas décadas.
BENEDITO: Não, eu temo que essa história ainda não terminou, Luiza.
LUIZA: E o que quer dizer com isso?
BENEDITO: Que um dia a sua irmã pode reaparecer arrependida e querer recuperar o tempo perdido com a filha.
LUIZA: Isso nunca Benedito, nunca!
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INSPETORA CARINA: Você deveria ter me falado, eu teria ido te buscar no aeroporto, teria feito até umas comprinhas, tipo aquelas comidas que a senhora gosta.
LUCIANA: Não precisa se preocupar, filha... Você sabe que eu não ligo para essas coisas.
INSPETORA CARINA: E pretende ficar muito tempo no Brasil dessa vez?
LUCIANA: O tempo suficiente para reparar todos os meus erros.
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BETO: Eu percebi, vocês duas se gostam muito e a Vera me pareceu ser extraordinária, que classe, que elegância, né? Um exemplo de mulher.
BEATRIZ: Exatamente... O carro está ali, vamos!
(Beatriz e Beto entram no carro e seguem de volta para Correntes).
CAROLINA: (Observa de seu carro) Bem, agora vamos descobrir onde é que você está se escondendo meu querido maridinho.
- Fique agora com o capítulo de hoje!
Cena 01 – Ruas de Recife [Externa/Tarde]
(Carolina começa a seguir o carro de Beatriz sem ser notada).
CAROLINA: Vamos, sai da minha frente sua tartaruga. Comprou a carteira de motorista? (Reclama enquanto dirige e alguns motoristas ficam em sua frente).
(No carro de Beatriz, ela e Beto conversam enquanto voltam para casa).
BETO: Você gosta muito de trabalhar na revista, não é? Não sente falta dessa agitação de trabalhar lá e da vida agitada na cidade grande?
BEATRIZ: Sinto sim, eu amo o que eu faço. Sempre escrevi com muito amor e carrego tudo o que eu faço dessa forma, mas eu precisava desse tempo para me reencontrar, eu fiquei destruída com a morte do Orlando, eu não estava preparada para ser mãe, na verdade eu nem queria ser mãe, mas as coisas foram acontecendo e fugindo de controle, das minhas mãos...
BETO: Mas você mudou de ideia, não é?
BEATRIZ: Mudei de ideia? Sobre o que você quer dizer?
BETO: Sobre o bebê... Você vai ter a sua filha, não é?
BEATRIZ: Claro! Sabe, hoje eu me arrependo muito se por algum momento eu não quis ter a minha filha, ela é um elo que me une para sempre ao Orlando, ele sempre sonhou em ser pai, só que o sonho dele está se tornando realidade sem a presença dele. Além disso, eu já me sinto apegada à minha filha, é a certeza de que eu não estarei mais sozinha nunca. Eu jamais faria algo para atentar contra a vida dela ou a a deixaria patra trás como se fosse uma coisa descartável, como a minha mãe fez comigo. Vai ser difícil, mas eu não vou desistir.
BETO: Eu vou te ajudar, estarei ao seu lado te apoiando. Protegerei você e a sua filha!
(No carro de Carolina).
CAROLINA: Sai, sai da minha frente! (Grita com o motorista da frente enquanto dirige e fala sozinha). Eu vou perder esses dois miseráveis desse jeito.
(Carolina tenta fazer uma manobra para ultrapassar o carro da sua frente, mas o carro avança e logo em seguida o sinal fica vermelho, e uma multidão de pessoas começa a atravessar na faixa de pedestres impedindo que ela continue).
CAROLINA: Droga, droga, droga... Inferno! (Esbraveja enquanto bate violentamente no volante).
Cena 02 – Ruas de Correntes [Externa/Tarde]
(Clarissa caminha pelas ruas da cidade a caminho de casa quando avista Coruja novamente perambulando pela cidade).
CLARISSA: Ora, ora, ora! Aí está você... Eu vou descobrir agora onde é que você mora. (Sem ser notada, Clarissa começa a seguir Coruja).
Música da cena: Encantada – Rafael Cortez e Sabrina Parlatore
CORUJA: (Caminha pelas ruas da cidade descalço, sujo e mal vestido, sem perceber a presença de Clarissa).
Cena 03 – Cobertura Montenegro [Interna/Tarde]
(Carolina entra em sua suíte furiosa por não ter conseguido descobrir o esconderijo do marido).
CAROLINA: E agora? O que eu vou fazer? (Fala sozinha e logo após joga sua bolsa em sua cama, mudando de expressão quando ver o celular cair fora da bolsa). Claro! Como eu não pensei nisso antes? Se a internet é a maior fonte de notícias como dizem, vamos ver o que ela me diz a respeito da minha querida amiga. (Carolina desbloqueia o celular e começa a pesquisar sobre Beatriz).
(A tela do celular é mostrada, onde pode-se ver que Carolina busca por “Beatriz Grimaldi”, logo aparecem algumas fotos da jornalista em premiações e eventos corporativos, dados pessoais como onde trabalhou, onde estudou e outras informações básicas).
CAROLINA: É, talvez isso seja um bom começo...
(Alguém bate na porta do quarto de Carolina).
CAROLINA: E agora, quem será? Eu não tenho um minuto de paz, entra! (grita).
RANGEL: (Abre a porta do quarto com o telefone fixo na mão) Desculpe incomodar senhora, mas tem uma ligação.
CAROLINA: Ligação? E quem é? Algum patrocinador querendo que eu divulgue a marca dele?
RANGEL: Não senhora, é uma mulher e disse que é uma grande amiga sua do passado.
CAROLINA: Estranho! Me dá aqui o telefone e pode se retirar, eu vou atender.
RANGEL: (Entrega o telefone e sai) Com licença!
CAROLINA: (Se certifica que Rangel saiu e atende em seguida) Alô, quem é?
MULHER: Olá Carolina, não reconhece a minha voz, querida?
CAROLINA: (Arregala os olhos e traz à tona uma expressão de pânico).
Cena 04 – Casa de Luiza [Interna/Tarde]
(Em casa, Beatriz conversa com Luiza e Beto sobre as novidades).
LUIZA: Uma menina! Que notícia maravilhosa, mais uma menininha correndo pela casa, que benção. Eu vou te ajudar a cuidar dela, não se preocupe!
BEATRIZ: Eu sei, tia. A senhora vai ser a tia-avó mais coruja que existe nesse mundo... Essa menina tá feita na vida com a senhora.
LUIZA: E já sabe o nome que vai dar a ela? Eu pergunto porque quero começar a bordar umas coisas, toalhas, mantas...
BEATRIZ: Na verdade eu estou bem indecisa sobre nomes, tinha pensado para menino, mas para menina eu estou na dúvida.
BETO: Se me permite, eu tenho uma sugestão!
BEATRIZ: Tem? E qual seria a sugestão?
BETO: Alice, como no país das maravilhas.
BEATRIZ: (Surpreende-se) Esse nome? Não pode ser, como você chegou a esse nome?
Cena 05 – Cobertura Montenegro [Interna/Tarde]
CAROLINA: (Continua em silêncio, completamente em pânico com aquela ligação).
MULHER: Eu sei que você ainda está aí e que reconheceu a minha voz. Nem pense em desligar, que eu sou capaz de aparecer na sua cobertura fantástica. Sabe o que é, eu estou precisando de uma ajudinha daquelas que só você sabe me dar.
CAROLINA: Eu não vou te dar mais nenhum centavo sua desgraçada, me esqueça...
MULHER: É melhor não me ofender e baixar a sua bolinha, minha filha. Tem muita coisa que lhe convém que fique enterrado no passado, isso inclui o seu passado ordinário. O que diriam se ele explodisse e estampasse todos os sites da internet? Você estaria arruinada, todos iriam virar as costas para você.
CAROLINA: Cale-se, eu não quero mais te ouvir...
MULHER: O que eu tenho para dizer é bem rápido, dessa vez quero desaparecer por um longo tempo. Me arrume 500 mil até amanhã à noite, mais tarde eu te ligo para te passar as coordenadas do local, me ouviu bem Carolinazinha?
CAROLINA: Vai pro inferno! (Grita e desliga o telefone).
Cena 06 – Haras Ferraz [Interna/Tarde]
(Coruja entra no alojamento onde está um dos cavalos e se acomoda, logo em seguida é surpreendido).
CLARISSA: Quer dizer que é aqui que você se esconde?
CORUJA: Não...Eu... Deixa! (Tenta fugir).
CLARISSA: Não, dessa vez você não vai fugir! (Segura Coruja).
CORUJA: Me solta, eu preciso ir.
CLARISSA: Você vai se acalmar! Eu não quero te fazer mal, menino. Eu só preciso que você me conte a verdade e me deixe te ajudar.
CORUJA: (Olha nos olhos de Clarissa e percebe que pode confiar nela) Tá certo, eu vou falar a verdade. Eu estou escondido aqui, não tenho pai, nem mãe e nem casa. Estou passando um tempo aqui...
CLARISSA: Você não tem ninguém responsável por você? Alguém do Haras sabe que você está escondido aqui?
CORUJA: Não, eu chego aqui perto de anoitecer para poder dormir e saio antes dos peões começaram a trabalhar. Por favor, não me entregue... Não quero ir para um orfanato!
CLARISSA: Eu não vou fazer nada, mas com uma condição.
CORUJA: Qual?
CLARISSA: Que a partir de agora você não minta mais para mim, quero que sejamos amigos. Eu vou te ajudar enquanto isso, posso trazer comida... Vou vendo como será. Amigos? (Estende a mão para coruja).
CORUJA: Amigos! (Aperta a mão de Clarissa).
Cena 07 – Casa de Luiza [Interna/Noite]
Música da cena: Ei, Moça - Lagum
(Beatriz escreve em seu computador, sentada numa cadeira junto a sua escrivaninha que está posicionada próximo da janela do quarto enquanto pensa em Beto).
BEATRIZ: Como podem haver tantas semelhanças? As vezes parecem ser a mesma pessoa. Será que eu estou ficando louca?
Flashback:
BETO: Se me permite, eu tenho uma sugestão!
BEATRIZ: Tem? E qual seria a sugestão?
BETO: Alice, como no país das maravilhas.
Fim do flashback
BEATRIZ: Será possível? É tão estranho...
Flashback:
(Beatriz recorda de uma noite quando seu marido ainda era vivo. Enquanto ela lia relatórios deitada na cama, Orlando comentava ao seu lado sobre filhos).
ORLANDO: Bia?
BEATRIZ: O que foi amor?
ORLANDO: Sabe, estava pensando... No dia que tivermos uma filha, eu já sei o nome que daremos a ela.
BEATRIZ: Filha? Nós já falamos sobre isso, amor...
ORLANDO: (Interrompe) Eu sei que você vai mudar de ideia um dia, mas voltando ao assunto... No dia que tivermos uma filha, quero que ela se chame Alice, como na história e o país das maravilhas.
Fim do flashback
BEATRIZ: É melhor eu me deitar antes que eu acabe enlouquecendo...
Cena 08 – Cobertura Montenegro [Interna/Noite]
(Carolina está deitada em sua cama com uma máscara de olhos para que a claridade não a incomode).
DORALICE: Eu posso entrar, senhora? Está dormindo?
CAROLINA: (Levanta e retira a máscara) Já entrou, não é? E se eu tivesse dormindo, você também teria me acordado com essa sua voz de taquara. O que é agora, sua inútil?
DORALICE: É a mesma mulher no telefone que não diz o nome, ela ligou durante toda a tarde e disse que não vai parar de ligar até a senhora atender.
CAROLINA: (Para e pensa por alguns instantes até responder) Me dê o telefone, eu vou resolver esse problema de uma vez por todas.
DORALICE: (Entrega o telefone fixo e fica parada).
CAROLINA: Está esperando o que, otária? Vamos, suma, desinfeta, desapareça! (Esbraveja).
DORALICE: Também não precisa ofender! (Sai do quarto e deixa Carolina sozinha).
CAROLINA: Eu já falei para você não me ligar mais... (Responde ao atender a ligação).
MULHER: Escuta aqui você, sua pilantra. Eu já me cansei de você tentar me fazer de burra, ouviu? Eu quero meu dinheiro até amanhã, vou te passar o endereço de onde você vai entregar a encomenda... Anota aí!
CAROLINA: Você só pode está ficando louca, eu não tenho como conseguir tanto dinheiro assim da noite para o dia.
MULHER: Eu não quero saber, se vira! Ou você me paga amanhã a noite ou sua história suja vai estampar tudo que é noticiário de fofoca, sua cretina. Anota logo a droga do endereço! (grita).
CAROLINA: (Anota o endereço que a mulher informa).
Cena 09 – Ruas de Correntes [Externa/Noite]
(Eulália toma um pouco de ar na janela de seu quarto quando vê Severino e Israel chegarem ao cabaré de Cissa).
EULÁLIA: Pouca vergonha, lá se vão para o antro da perdição ter desfrute com esse bando de quenga. Tenha misericórdia meu Deus... Além disso, minha mãe está equivocada, eu não estou interessada no grosseirão! (Fala sozinha e em seguida fecha a janela de seu quarto).
(No cabaré de Dona Cissa)
DONA CISSA: Boa noite, senhores! Podem se acomodar, o show vai começar daqui a pouco. Bebem alguma coisa?
SEVERINO: Cerveja gelada!
DONA CISSA: Vou providenciar, um momento.
(Severino senta-se, porém Israel continua de pé).
SEVERINO: Pode sentar, homem. Tá fazendo o que em pé?
ISRAEL: Eu vou procurar uma pessoa, não me demoro... (Israel caminha pelo cabaré).
(No quarto de Serena).
SERENA: (Termina de se maquiar em sua penteadeira quando ouve batidas na porta) Está aberta, pode entrar...
ISRAEL: Eu atrapalho? (Questiona ao entrar).
Música da cena: Cremosa – Banda Uó
SERENA: Israel, você aqui? Que surpresa...
ISRAEL: Eu vim te ver e quero ter uma noite inesquecível!
Cena 10 – Cobertura Montenegro [Interna/Noite]
(Carolina desce a escada apressadamente e vai até a biblioteca).
CAROLINA: Eu preciso resolver isso, essa mulher não pode abrir o bico! (Carolina abre o cofre, em seu interior pode-se ver muitos maços em dinheiro, alguns estojos de jóias e um revólver. Carolina então retira o revólver do interior do cofre). Eu vou te calar, só não disse como! (Diz enquanto manuseia a arma).
A câmera foca em Carolina segurando o revólver, a cena congela e o capítulo encerra com o a tela azul da cor do céu.
Trilha Sonora Oficial, clique aqui.
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