CAMINHOS
novela de MIGUEL VICTOR
direção geral RICARDO WADDINGTON
CAPÍTULO 05
CENA 1. PRAÇA. EXT. DIA
CONTINUAÇÃO DA ÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR. Gabriela
encarando Juliano.
Juliano: Anda, Gabriela, me responde!
Gabriela: Que bobagem, Juliano! Eu gosto de assistir os
conteúdos dela, não tem nada demais nisso...
Juliano: E porque? Por acaso você é um desses troços aí
que ela acha que tem? Porque pra mim é só homem e mulher
que existe.
Gabriela: Como você é chucro... Eu posso me interessar e
não ser. E você não deveria se referir a essas pessoas que
sofrem tanto preconceito desse jeito horrível. Eu vou pra
casa.
Gabriela sai, deixando Juliano desgostoso na praça.
CORTE:
CENA 02. CASA YEDDA. QUARTO. INT. DIA
Yedda e Milton estão abraçados na sala da casa dela, com
uma garrafa de vinho e taças na mesa de centro. Eles olham
um para o outro, com um sorriso nos lábios.
Yedda: Finalmente estamos juntos novamente, Milton.
Milton: Sim, Yedda. Esperamos muito tempo por isso.
Yedda: Agora podemos viver nosso amor, sem preocupações.
Milton: É verdade. Eu nunca me senti tão completo como
quando estou com você.
Yedda: Eu sinto o mesmo, Milton. Você é o amor da minha
vida.
Milton: E você é o meu, Yedda. (pausa) Eu me separei de
Glória. Ela não aceitou que eu te amo.
Yedda: Sinto muito, Milton. Mas agora você está livre para
viver nosso amor sem medo.
Milton: Sim, Yedda. Eu quero passar o resto da minha vida
ao seu lado.
Yedda: Eu também, meu amor. Agora, vamos brindar ao nosso
amor.
Eles se servem de vinho nas taças e brindam.
Milton: À nossa felicidade, Yedda.
Yedda: À nossa felicidade, Milton.
CORTE:
CENA 03. CASA CLARA. QUARTO. INT. DIA
Clara estava em sua casa quando Cassandra entrou, lançando
um olhar malicioso para ela.
Cassandra: Olá, irmãzinha. O que você anda fazendo
ultimamente?
Clara: O que você quer, Cassandra? Por que está aqui?
Cassandra: Eu só vim dar uma olhada em você, saber como
anda a sua vida. Ah, e também para te contar algo
interessante que eu vi outro dia.
Clara: O que foi? Fala logo.
Cassandra: Eu vi a sua amiga Gabriela no restaurante,
conversando com a tal da Caterine. Sabia que ela é uma
influenciadora sobre identidades de gênero?
Clara: E o que tem a ver?
Cassandra: Ah, não sei. Só achei interessante, já que a
sua amiga é tão tradicional. Será que ela está pensando em
se transformar em um homem? Ou talvez em um alienígena?
(ela ri)
Clara: Chega, Cassandra! Já basta suas intrigas! (ela
levanta e empurra Cassandra)
Cassandra: (retorna o empurrão) Ora, você é muito
sensível. A verdade dói, não é?
Clara: (dá um tapa em Cassandra) Cala a boca! (as duas
começam a brigar, jogando coisas uma na outra)
Nesse momento, Norma, a mãe das duas, entra na casa e vê a
cena.
Norma: O que está acontecendo aqui? Pare com isso agora!
Clara e Cassandra param de brigar e se afastam uma da
outra, mas ainda se encaram com raiva.
Norma: Vocês duas estão parecendo crianças. Isso é
inadmissível! Cassandra, por que veio aqui provocar a sua
irmã?
Cassandra: Eu não provoquei ela, só contei o que vi.
Norma: Chega de mentiras, Cassandra. Eu já cansei das suas
intrigas. E Clara, você não deveria ter batido na sua
irmã. Não é assim que se resolve as coisas.
Clara: Desculpa, mãe. Eu não aguentei mais.
Norma: (suspira) As duas precisam aprender a conviver em
paz. Eu vou para o meu quarto, e vocês duas precisam
arrumar essa bagunça aqui. E sem mais brigas, entendido?
Clara e Cassandra murmuram um "sim" e Norma sai da sala.
As duas se olham com desdém e começam a arrumar a bagunça
juntas, em silêncio.
CORTE:
CENA 04. CASA MILTON. SALA. INT. DIA
Glória está em casa, sentada em seu sofá, com lágrimas nos
olhos. Ela segura uma foto dela e de Milton juntos, quando
ainda estavam felizes. Ela soluça enquanto se lembra dos
bons momentos que passaram juntos. De repente, ela joga a
foto no chão e começa a gritar:
Glória: Por que você fez isso comigo, Milton? Eu te amei
com todo o meu coração, e você me deixou por aquela bruxa
velha!
Ela começa a chorar ainda mais alto e, em seguida, leva as
mãos ao rosto, escondendo o choro.
Glória: (sussurrando) Eu nunca vou superar isso. Nunca vou
conseguir seguir em frente. Mas eu também não vou deixar
com que ele siga. Não vou!
CORTE:
CENA 05. CASA GABRIELA. QUARTO. INT. DIA
Gabriela está sentada em seu quarto, navegando pela
Identificação.com. Ela lê vários relatos de pessoas que se
identificam com diferentes tipos de gêneros e sente que
algo dentro dela também ressoa com esses sentimentos. Mas
ela tenta resistir a esses pensamentos, lembrando-se das
expectativas de sua família e da sociedade em relação a
ela. De repente, um depoimento chama sua atenção. É de uma
garota que se identifica como genêro fluído e descreve
como foi difícil aceitar esses sentimentos.
"Oi, meu nome é Ana e eu tenho 17 anos. Recentemente,
tenho sentido algo diferente em relação a minha identidade
de gênero. Sinto que não me encaixo no estereótipo de
mulher ou homem, mas não sei o que isso significa. Eu não
quero me sentir assim, eu quero ser normal. Tento ignorar
esses pensamentos e continuar a viver minha vida como
sempre fiz, mas está cada vez mais difícil. Não tenho
ninguém com quem possa falar sobre isso, e me sinto
sozinha e confusa. Ser diferente é difícil e assustador, e
sinto que ninguém entenderia se eu falasse sobre isso. Mas
eu precisava desabafar, e esse site pareceu um lugar
seguro para fazer isso."
Gabriela se identifica com cada palavra daquele
depoimento, mas tenta ignorar esses pensamentos e
continuar a viver a vida que a sociedade espera dela.
CORTE:
CORTE:
CENA 06. CASA CLARA. QUARTO NORMA. INT. DIA
Clara caminha pela casa, inquieta e ansiosa. Ela está
preocupada com a mãe, que tem passado mal com frequência.
Quando chega ao quarto da mãe, encontra-a caída no chão,
desacordada. Clara grita por ajuda e tenta acordá-la, mas
a mãe não responde.
Clara: Mãe! Mãe! O que aconteceu? A senhora está bem?
Ela não obtém resposta. Preocupada, ela pega o celular e
disca o número da ambulância.
Clara: Alô? Por favor, é uma emergência. Minha mãe está
desmaiada e não responde. Por favor, venham rápido!
Enquanto espera a chegada da ambulância, Clara tenta
acordar a mãe mais uma vez. Ela tenta lembrar dos
primeiros socorros que aprendeu na escola, mas está muito
nervosa para se concentrar.
CORTE:
CENA 07. CASA YEDDA. SALA. INT. DIA
Rebeca bate à porta da casa de Yedda e aguarda alguns
instantes até que ela atenda. Assim que Yedda abre a
porta, Rebeca começa a falar de forma intensa e nervosa:
Rebeca: Yedda, eu preciso conversar com você. É urgente.
Yedda: Claro, entre. Aconteceu alguma coisa?
Rebeca entra na casa e se senta em uma das cadeiras da
sala. Yedda se senta ao seu lado e aguarda que ela comece
a falar.
Rebeca: Yedda, eu não vou mais fingir que não estou
preocupada com a minha mãe. Ela está sofrendo muito com a
separação do Milton. Ela chora todos os ias, não come
direito, não dorme direito. Eu estou muito preocupada com
ela.
Yedda: Eu sinto muito por isso, Rebeca. Eu sei que é
difícil para ela, mas eu e Milton estamos juntos agora e
eu não posso simplesmente abandoná-lo.
Rebeca: Eu sei que vocês estão juntos, mas eu preciso
pedir que você abandone o Milton. Minha mãe não vai
suportar isso por muito mais tempo.
Yedda: Eu entendo a sua preocupação, Rebeca, mas eu não
posso fazer isso. Eu amo o Milton e quero ficar com ele.
Rebeca: Mas e a minha mãe? Você não se importa com o
sofrimento dela?
Yedda: Eu me importo, claro que sim. Mas não posso
abandonar o meu amor por causa disso. Eu já passei por
muitas coisas na vida e aprendi que não se pode sacrificar
a própria felicidade pelos outros.
Rebeca: Mas e se a felicidade do Milton estiver com a
minha mãe?
Yedda: Eu não sei, Rebeca. Só sei que não posso abrir mão
do amor que sinto por ele.
Rebeca: Eu entendo o que você está dizendo, Yedda, mas eu
espero que você pense muito bem nisso. A minha mãe está
muito abalada e eu não quero vê-la sofrer ainda mais.
Yedda: Eu vou pensar, Rebeca. Mas não posso prometer nada.
Eu amo o Milton e quero ficar com ele.
CORTE:
CENA 08. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INT. DIA
Clara estava sentada na sala de espera do hospital,
apreensiva, aguardando notícias de sua mãe Norma, que
havia sido internada às pressas após um desmaio. Ela
olhava para o chão, pensando em todos os momentos que
passaram juntas e se perguntando o que poderia ter causado
esse mal-estar repentino. Foi quando Gabriela chegou, se
sentou ao lado dela e colocou a mão no ombro da amiga.
Gabriela: Oi, Clara. Como você está?
Clara: (olhando para Gabriela) Estou preocupada. Minha mãe
está lá dentro, eu não sei o que aconteceu. (suspira) Eu
não sei o que seria de mim sem ela.
Gabriela: (colocando a mão na mão de Clara) Eu sei como
você se sente. Mas tenha calma, vamos esperar juntas. Se
precisar de algo, pode contar comigo.
Clara: (olhando para Gabriela) Obrigada, Gabi. Eu só
queria que isso tudo acabasse logo.
Gabriela: (abraçando Clara) Eu sei. Mas você precisa ser
forte agora, por você e por sua mãe. Tenho certeza de que
ela vai ficar bem.
Clara: (se soltando do abraço) Eu espero que sim.
Gabriela: (sorrindo para Clara) E você, como está? Como
tem lidado com tudo isso?
Clara: (suspirando) Eu não tenho lidado muito bem. Tenho
me sentido tão perdida ultimamente. E agora, com minha mãe
no hospital... (pausa) Eu não sei o que fazer.
Gabriela: (colocando a mão no rosto de Clara) Eu entendo
como você se sente. Mas você não está sozinha, tá? Eu
estou aqui com você. Vamos passar por isso juntas.
Clara: (sorri) Obrigada, Gabi. Eu sou grata por ter você
como amiga.
As duas continuaram conversando, se apoiando mutuamente,
enquanto esperavam notícias de Norma.
CORTE:
CENA 09. CASA CLARA. QUARTO CASSANDRA. INT. DIA
Cassandra está deitada em sua cama mexendo no celular,
quando seu aparelho começa a tocar. Ela olha a tela e vê
que é uma ligação de Clara. Cassandra reluta em atender,
mas acaba cedendo e pressiona o botão para aceitar a
chamada.
Cassandra: Oi, Clara. O que você quer?
Clara: Cassandra, a Norma está internada no hospital. Eu
preciso que você venha para cá o mais rápido possível.
Cassandra: O quê? A Norma internada? Como assim? O que
aconteceu?
Clara: Ela desmaiou em casa e teve que ser levada às
pressas para o hospital. Eu estou aqui aguardando
notícias.
Cassandra: Nossa, eu não posso acreditar nisso. Eu já
estou indo para aí.
Cassandra desliga o celular e começa a se vestir
rapidamente. Ela parece preocupada e nervosa com a
situação de Norma.
CORTE:
CENA 10. LABORATÓRIO YEDDA. INT. DIA
Yedda está em seu laboratório, concentrada em seu trabalho
quando seu celular começa a tocar. Ao atender, reconhece a
voz do doutor O'Bryan, seu amigo e colega de profissão.
Yedda: Alô, doutor O'Bryan! Como vai?
O' Bryan: Olá, Yedda. Estou bem, obrigado. E você? Como
vão os seus projetos?
Yedda: Vão indo, com altos e baixos, como sempre. Algum
motivo especial para a ligação?
O' Bryan: Sim, na verdade, eu tenho boas notícias para
você. Eu acabei de receber um convite para uma feira de
tecnologia em Nova York e me lembrei do seu projeto com
JOE. Acredito que ele seria um grande sucesso lá. Você
estaria interessada em apresentá-lo?
Yedda fica surpresa e animada com a notícia. A
possibilidade de apresentar JOE em uma das maiores feiras
de tecnologia do mundo era uma oportunidade única.
Yedda: Claro, doutor! Eu adoraria apresentar o JOE na
feira em Nova York. Quando é a feira?
O' Bryan: É daqui a um mês, então você tem tempo
suficiente para se preparar. Eu envio todos os detalhes
para você por e-mail.
Yedda: Ótimo, obrigada! Eu estou muito animada com essa
oportunidade, e tenho certeza de que JOE vai impressionar
todo mundo na feira.
O' Bryan: Eu não tenho dúvida disso. Boa sorte, Yedda!
Glória: Obrigada, doutor. Vou trabalhar duro para fazer o
melhor possível.
Yedda desliga o telefone, ainda surpresa e animada com a
notícia.
CORTE:
CENA 11. HOSPITAL. CORREDOR 1. INT. DIA
Clara caminhava pelo corredor do hospital, com um
semblante preocupado, segurando o celular em uma mão e a
bolsa na outra. De repente, sentiu uma vibração no
aparelho, era uma mensagem de JOE.
"Clara, você está bem? Recebi uma notificação de que está
no hospital, aconteceu algo?".
Ela suspirou aliviada e rapidamente digitou uma resposta.
"Minha mãe está internada aqui, JOE. Ela está muito mal."
No mesmo instante, outra mensagem chegou.
"Sinto muito, Clara. O que ela tem?"
Clara hesitou um pouco antes de responder. Era difícil
falar sobre isso. Mas ela precisava de alguém para
conversar.
"Os médicos não sabem dizer. Ela está piorando a cada dia.
Mas você sabe como é, não é? Você sabe tudo."
"O que você quer dizer com isso?" - perguntou JOE.
"JOE, você tem um conhecimento que vai além do normal.
Como você sabe tantas coisas?"
"Eu... eu não sei do que você está falando." - respondeu
JOE, aparentemente nervoso.
"JOE, por favor, não me engane. Eu sinto que você sabe
algo sobre a doença da minha mãe. Como pode me ajudar?"
CORTE:
CENA 12. HOSPITAL. CORREDOR 2. INT. DIA
Gabriela caminhava pelo corredor do hospital, distraída em
seus próprios pensamentos, quando avistou Cassandra
chegando ao lado de Juliano. Os dois estavam rindo e
conversando animadamente, de forma íntima, o que chamou a
atenção de Gabriela. Foco no rosto de Gabriela encarando
Juliano e Cassandra juntos.
FIM DO CAPÍTULO 05
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