CENA 01: PRAIA. EXTERIOR. NOITE
Continuação imediata do capítulo anterior. Clima constrangedor entre Ana, Helena e Celso.
ANA – (com a voz embargada) Mãe? Celso?
HELENA – Ana... Eu...
CELSO – Ana... Nós…
Ana não quer ouvir explicações. Ela sente uma onda de emoções dominando-a e uma crise de choro começa.
ANA – (chorando) Como vocês podem fazer isso? Vocês têm noção do que estão fazendo?
HELENA – Ana, eu...
Ana balança a cabeça em descrença, incapaz de acreditar no que está acontecendo.
ANA – Celso, eu confiava em você! E você, mãe... Como pôde? A falta de vergonha na cara é o que mais me assusta...
CELSO – Eu sinto muito, Ana. Não foi minha intenção te machucar.
Ana se afasta, abraçando a si mesma enquanto chora, sentindo-se traída e magoada.
ANA – Eu não acredito que vocês fizeram isso... Na praia, onde costumávamos passear juntos.
Celso percebe o impacto de suas ações e também se sente culpado.
CELSO – Ana, foi um erro. Eu me arrependo muito.
ANA – Isso não é certo, nem justo. Vocês não pensaram em mim?
Ana respira fundo, tentando se acalmar, mas a dor ainda é evidente em seu rosto.
ANA – Eu não quero mais saber de vocês. Não quero ver vocês juntos. Eu vou embora.
Sem esperar resposta, Ana vira-se e caminha em direção à saída da praia, deixando Helena e Celso com seus sentimentos de arrependimento. Os dois olham para ela com pesar.
CELSO – Eu acho que ela tem razão. O que fizemos não foi certo.
Helena abaixa a cabeça. Os dois ficam em silêncio.
CENA 02: RESTAURANTE. INTERIOR. NOITE
O restaurante é aconchegante, com luzes suaves que criam uma atmosfera romântica. André e Marina estão sentados à mesa, desfrutando de um jantar agradável e descontraído. Conversam por horas, perdendo a noção do tempo enquanto se envolvem cada vez mais um no outro.
ANDRÉ – Marina, você tem um jeito especial. É muito fácil conversar com você.
MARINA – Obrigada, André. Eu também sinto uma conexão especial quando estou com você.
O clima entre os dois é leve e descontraído, e eles compartilham um olhar repleto de cumplicidade.
CENA 03: MANSÃO PAULA. QUARTO MIRIAM. INTERIOR. NOITE
Paula passa em frente ao quarto de Miriam e ouve um barulho de choro baixo, a jovem está sofrendo com o tratamento da leucemia. Comovida, a mulher entra no quarto e vai até a cama da filha, deitando ao lado dela e a envolvendo em seus braços.
MIRIAM – Eu queria que meu pai estivesse aqui…
A tristeza no olhar de Miriam é visível e a decepção no rosto de Paula com Fernando é nítida.
CENA 04: APARTAMENTO MARINA. SALA. INTERIOR. NOITE
André e Marina chegam à casa dela após um encontro divertido e cheio de conexão. Os dois parecem relutantes em se despedir.
ANDRÉ – Foi realmente uma noite incrível, Marina.
MARINA – Eu que agradeço por ter me feito esse convite. Foi muito especial.
Eles ficam olhando um para o outro, sentindo a atração e a química entre eles.
ANDRÉ – Bom, acho que é hora de ir embora.
(Música de fundo: Love Love - Gilsons)
Marina parece hesitante por um momento, mas toma coragem para fazer um pedido.
MARINA – André... você quer ficar? Passar a noite comigo?
André olha para Marina com um misto de surpresa e prazer. Ele percebe o convite dela e o interesse mútuo que existe.
ANDRÉ – Eu adoraria.
Marina sorri e pega André pela mão e leva para o quarto.
CORTE RÁPIDO:
André e Marina estão deitados na cama, trocando olhares intensos e carinhosos. A paixão entre eles é evidente. Os dois se aproximam e se beijam, iniciando uma noite de amor, que é ao mesmo tempo intensa e delicada. O desejo entre eles aumenta gradualmente, enquanto se entregam ao momento. (Música encerra)
CENA 05: COBERTURA HELENA. SALA. INTERIOR. NOITE
(Música de fundo: Instrumental - Dramas de Helena)
Helena abre a porta da casa e entra, com uma expressão cansada e reflexiva. A luz fraca da sala ressalta os detalhes da mobília antiga, lembrando-a de tempos passados. Ela caminha pelo ambiente, tocando levemente em objetos que guardam memórias de sua história.
HELENA – Nada é mais como há trinta anos atrás…
As lembranças do passado inundam a mente de Helena, e ela se senta no sofá, sentindo uma onda de emoções a dominar. As lágrimas começam a escorrer pelo rosto de Helena, lembrando-se dos momentos felizes que compartilhou com seu marido. Ela olha em volta, notando como a casa parece mais vazia agora. Ela abraça uma almofada próxima, buscando conforto em meio à saudade que a consome. As lágrimas continuam a cair, mas Helena se permite sentir a dor, sabendo que essas lembranças preciosas ainda a conectam ao que foi e ao que permanece em seu coração.
CENA 06: RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
Amanhece. Pessoas andando na praia, começando o seu dia.
CENA 07: COMPANHIA DE TEATRO. INTERIOR. DIA
(Instrumental encerra) O salão de ensaio está animado e movimentado. André, Marina, Bárbara, Rose, Daniel e outros figurantes estão ensaiando suas cenas para a peça. O clima é de empolgação e dedicação.
ANDRÉ – Vamos repetir a cena do segundo ato mais uma vez. Lembrem-se das marcações e das falas.
MARINA – Vamos arrasar nessa cena, pessoal!
Os ensaios continuam com energia, e os atores se entregam às suas personagens, buscando aperfeiçoar suas atuações. Enquanto ensaiam, Vicente entra no salão com um sorriso misterioso no rosto.
VICENTE – Pessoal, parem um instante! Tenho uma surpresa para vocês.
Todos os atores param de ensaiar e olham para Vicente curiosos.
ANDRÉ – O que é a surpresa, Vicente?
VICENTE – Vocês vão amar! Eu organizei uma atividade especial para vocês. Vamos sair daqui por um tempo e nos divertir um pouco. Uma van está nos esperando no estacionamento.
Todos os atores ficam animados com a notícia e trocam olhares empolgados.
MARINA – Isso é incrível! Para onde vamos?
VICENTE – Ah, isso é uma surpresa! Vocês vão descobrir quando chegarmos lá. Vamos logo, a van está esperando!
Os atores se apressam em arrumar suas coisas, animados com a perspectiva de uma atividade especial. Eles deixam o salão de ensaio.
CENA 08: APARTAMENTO GABRIELA. INTERIOR. DIA
Jéssica está ajudando Gabriela a se alimentar. A campainha toca. Lourdes chega na sala e vai até a porta atender. Helena aparece.
LOURDES – Helena! Que surpresa boa.
HELENA – Tudo bom, dona Lourdes?
LOURDES – Tudo sim. Entre, minha querida.
Helena entra no apartamento e ao se aproximar da sala de jantar, surpreende-se ao ver Jéssica, que fica tensa ao encarar a ex-patroa. Gabriela nota a presença da amiga.
GABRIELA – Que bom te ver, Helena.
JÉSSICA – Tudo bom, dona Helena?
HELENA – O que essa garota tá fazendo aqui?
GABRIELA – A Jéssica veio me fazer companhia.
HELENA – Como se não bastasse todo o mal que ela te causou, você ainda a recebe em sua casa?
GABRIELA – Helena, se essa for a conversa, é melhor você parar por aqui e ir embora. Não vou admitir que traga esse assunto à tona de novo, pois Jéssica e eu já conversamos e passamos uma borracha nessa situação.
HELENA – (conformada) Tudo bem. Você sabe o que é melhor para a sua vida, eu não vou me intrometer.
GABRIELA – Então sente-se à mesa e se junte a nós. Quer comer alguma coisa?
HELENA – Não…
Helena pendura sua bolsa na cadeira, arrasta ela e se senta, ficando de frente para Jéssica e ao lado de Gabriela. O clima não é dos melhores.
ABERTURA:
CORTE:
CENA 09: TEATRO. INTERIOR. DIA
O grupo composto por André, Marina, Bárbara, Rose, Daniel, Vicente e alguns alunos, chega animado e empolgado ao teatro onde irão apresentar "Mamma Mia". O ambiente está repleto de energia, com pessoas correndo de um lado para o outro, preparando os últimos detalhes para o espetáculo.
VICENTE – Aqui estamos! O teatro onde tudo acontecerá.
MARINA – Mal posso esperar para subir ao palco e dar o nosso melhor!
BÁRBARA – Vai ser incrível! Estamos todos juntos nessa.
ROSE – Com certeza! Temos ensaiado muito e agora é hora de brilhar.
Daniel, Vicente e os alunos também expressam sua empolgação e entusiasmo. Eles se aproximam do palco, olhando para o imponente cenário que se estende à frente. FADE OUT
CENA 10: PASSAGEM DE TEMPO
(Música de fundo: Vai Levando - Miucha & Tom Jobim)
FADE IN + TAKES:
Jéssica indo visitar Gabriela todos os dias, dando alegria para sua vida;
Miriam passando mal após algumas sessões de quimioterapia;
Helena, cansada, tocando a agência sozinha;
Os ensaios de Mamma Mia cada vez mais avançados;
Ana com enjoos cada vez mais frequentes.
Um mês depois…
CENA 11: TEATRO. INTERIOR. DIA
André, Marina, Rose e Bárbara estão nos bastidores do teatro, provando seus figurinos para o espetáculo "Mamma Mia". A tensão está no ar, mas a animação e a empolgação são evidentes nos rostos de todos. (Música encerra)
ANDRÉ – Nossa, é difícil acreditar que o dia finalmente chegou.
MARINA – Sim, mal posso acreditar que tudo que ensaiamos vai se tornar realidade hoje.
Rose e Bárbara concordam, sentindo o mesmo nervosismo e ansiedade. Nesse momento, alguns dos alunos, Vicente, Daniel, Ana e Ilana entram nos bastidores, trazendo consigo uma atmosfera de celebração e apoio.
ALUNO 1 – Vamos arrasar lá em cima!
VICENTE – Estamos todos torcendo por vocês!
O grupo de amigos e alunos se reúne em um abraço coletivo, expressando o apoio mútuo e o carinho que compartilham.
ANDRÉ – Obrigado, pessoal. Vocês fazem parte disso tudo.
MARINA – Vocês nos ajudaram a chegar até aqui.
A empolgação e a determinação estão evidentes no olhar de todos. A união do grupo fortalece a confiança uns nos outros.
CENA 12: RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
Anoitece. Pessoas voltando para suas casas, a movimentação na praia ficando ainda menor.
CENA 13: TEATRO. INTERIOR. NOITE
O teatro está lotado, nenhuma cadeira vazia e a plateia demonstrando-se ansiosa pelo início do espetáculo. André, Bárbara e Marina olham por trás da cortina, ficando surpresos com a quantidade de pessoas.
ANDRÉ – Nós vamos nos apresentar pra esse tanto de gente?
BÁRBARA – Pelo visto, sim…
MARINA – A ansiedade tá me matando!
Os três respiram fundo.
CENA 14: MANSÃO DE PAULA. INTERIOR. NOITE
Paula está na sala, sentada no sofá. A porta da residência é aberta e Fernando entra carregando suas malas. Paula nota e logo se levanta do sofá, encarando-o.
FERNANDO – Cheguei!
PAULA – Já era hora. Precisamos ter uma conversa séria!
Fernando sente-se intimidado. Paula é imponente.
CENA 15: TEATRO. INTERIOR. NOITE
As luzes estão apagadas e a cortina fechada. Em questão de segundos, a cortina é aberta e o público vai à delírio. Uma luz ilumina Marina no meio do palco.
MARINA (Sophie) – I HAVE A DREAM A SONG TO SING TO HELP ME COPE WITH ANYTHING
IF YOU SEE THE WONDER OF A FAIRYTALE
YOU CAN TAKE THE FUTURE EVEN IF YOU FAIL
Ela segura três envelopes, os quais beija e vai encaminhando as cartas, enquanto lê os nomes que estão escritos.
MARINA (Sophie) – Sam Carmichael… Bill Austin… e Harry Bright. Boa sorte!
CENA 16: COBERTURA HELENA. SALA. INTERIOR. NOITE
Helena está sentada sozinha em sua casa, o ambiente silencioso revela a solidão que ela vem sentindo. Ela segura o celular em suas mãos e começa a rolar a tela, deparando-se com várias publicações sobre a peça "Mamma Mia". As redes sociais estão repletas de fotos e vídeos dos amigos e familiares durante a apresentação, e Helena sente um aperto no coração ao perceber que não esteve presente naquela noite tão importante.
HELENA – Eu deveria ter ido…
Ela continua olhando as publicações, vendo o sorriso nos rostos de todos, e se arrepende profundamente de não ter apoiado seus entes queridos nesse momento especial. As lágrimas escorrem pelo rosto de Helena, e ela se sente consumida pela tristeza e solidão.
CENA 17: TEATRO. CAMARIM. INTERIOR. NOITE
As figurinistas terminam de ajustar o figurino de Rose. Vicente surge de trás de uma cortina.
VICENTE – Rose, prepara. Está na hora da Donna entrar no palco!
Close no rosto de Rose, com uma apreensão visível.
CENA 18: MANSÃO DE PAULA. INTERIOR. NOITE
Paula está visivelmente furiosa diante de Fernando.
PAULA – Finalmente você resolveu dar as caras…
FERNANDO – Eu estava resolvendo questões do meu trabalho!
PAULA – Ah, claro, porque o seu trabalho vem sempre primeiro que a sua família.
FERNANDO – A vida é feita de escolhas, Paula.
PAULA – E a sua escolha foi abandonar a sua filha doente durante um mês. Um mês, Fernando!
FERNANDO – Como tá o quadro dela?
PAULA – Agora vai fingir que se importa?
FERNANDO – É claro que eu me importo com a saúde da minha filha!
PAULA – Não é o que você deixa transparecer.
Fernando respira fundo, tentando manter a calma.
FERNANDO – Paula, eu não tive opção.
PAULA – Às vezes eu me questiono: será mesmo que você estava trabalhando? Ou será que você agora tem uma nova "outra família"?
FERNANDO – Meu Deus do céu, eu acho que essa doença da Miriam tá te fazendo delirar/
Paula, sem nem pensar duas vezes, dá uma bofetada no rosto de Fernando.
PAULA – CALA ESSA BOCA! A nossa filha precisa de um transplante de medula!!! Ela não está aguentando esse tratamento!!!
FERNANDO – E por que você não faz essa porra de transplante?
PAULA – Porque eu não sou compatível, Fernando! Você muito provavelmente também não.
FERNANDO – E qual é a solução?
PAULA – NÃO SEI, FERNANDO! NÃO SEI! Eu só sei que tô movendo mundos e fundos pela nossa filha. (P) A gente podia… a gente podia tentar ter outro filho.
FERNANDO – Como assim???
PAULA – A criança teria muito mais chances de ser compatível com a Miriam e salvaria a vida dela!
FERNANDO – Não. Isso não vai ser possível.
PAULA – Por que não? POR QUE NÃO???
Descontrolada, Paula parte para cima dele e começa a bater em seu peitoral.
PAULA – Nem pra salvar a sua filha, você quer fazer esforço!!!
FERNANDO – Para, Paula!!! Se controla!
Fernando segura ela pelos braços, imobilizando-a.
FERNANDO – Não tem como a gente ter outro filho!!!
PAULA – Por que não?
FERNANDO – Vai me dizer que esqueceu o que me fez fazer depois que eu te engravidei da Miriam? Se esqueceu, eu faço questão de te lembrar. (P) Você me obrigou a fazer vasectomia para que eu nunca engravidasse a Ilana!
Paula cai em si e, aos poucos, se solta dos braços do marido, sentando no sofá, arrasada. Ao fundo, podemos visualizar Miriam, perplexa diante da revelação. Paula e Fernando olham para trás e notam a presença da filha, que está com lágrimas nos olhos.
ENCERRAMENTO:
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