Cena 01/Igreja/Int/Noite
Pedro e Jeferson.
Pedro – O que você quer, Jeferson?
Jeferson – Vim te dar um aviso, Pedro: dá o fora dessa cidade, desaparece, ou você vai se Arrepender amargamente se continuar aqui.
Pedro – Eu nasci aqui, Jeferson. Minha família mora aqui...
Jeferson – Ninguém sentiu sua falta, Pedro. Você estando aqui ou não, não fez diferença Pra ninguém.
Pedro – O que você teme, Jeferson? Qual é seu medo?
Jeferson – Eu não tenho medo.Muito menos de você.
Pedro – Então? Não entendo sua razão pra vir me falar isso.
Jeferson – Sua presença faz o passado vir à tona. Um passado que está morto e enterrado. E eu não quero isso.
Pedro – Não existe nada mais entre mim e a Rebeca. O tempo passou.Cada um seguiu Com sua vida. Eu me tornei padre.../
Jeferson – Mas continua sendo homem. Tem desejos, vontades, pensamentos, que podem Ser mais fortes do que ter se tornado padre.
Pedro – Eu e a Rebeca não temos nada. Não pode existir nada entre eu e ela. Sou um Padre, Jeferson. O que existiu entre nós passou. Como aquela frase do pensador Heráclito:
“nunca podemos entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, Não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou”.
Eu e a Rebeca não Somos mais as mesmas pessoas. Tudo o que vivemos, ficou no passado. E cada um agora Está escrevendo uma nova página no livro de nossas vidas.
Jeferson – Só espero que assim seja, Pedro. Pro seu bem. Pois a Rebeca é minha. E não Vou aceitar perde-la pra você e nem pra ninguém!
Jeferson vai embora. Pedro fica pensativo.
Pedro – Eu também espero, Jeferson!
Cena 02/Terreiro/Tenda/Int/Noite
Meirinho jogou os búzios pra Rebeca e está lendo o que eles querem dizer. Rebeca Ansiosa.
Rebeca – Então, Meirinho. O que os búzios estão dizendo?
Meirinho – Seu coração, seus pensamentos, estão muito confusos, Rebeca.
Rebeca – O que eu devo fazer?
Meirinho – Existem dois homens na sua vida. Mas você está ligada a apenas um deles. Uma ligação eterna, inquebrável, mas cheias de percalços, de pedras e espinhos, que vai Colocar o que existe entre vocês a prova.
Rebeca – É o Pedro, não é?
Meirinho – Você sabe muito bem quem é esse homem. (t) Mas não se preocupe, filha. Iemanjá está com você, do seu lado. Ela vai te projetar e te guiar em seu destino!
Fusão para:
Cena 03/Praia/Ext/Noite
Rebeca vem caminhando em direção ao mar.
Música: Sexy Yemanjá – Victor e Léo.
Rebeca para e fica observando as ondas. Lua cheia no céu estrelado. Rebeca tira sua roupa, fica pelada. Respira fundo, olha pro céu e começa a entrar no mar. Rebeca se
banha.
Efeito: o mar fica iluminado. Tempo.
Cena 04/Casa Patrício/Quarto Jeferson/Int/Noite
Jeferson entra furioso. Bate à porta com força. Anda de um lado pro outro.
Jeferson - Não vou perder a Rebeca. Ela é minha. A mulher que eu amo e com quem vou me casar!
Jeferson vai até seu guarda-roupa, pega uma caixa velha e senta na cama. Abre e vemos uma garrucha meio enferrujada. Jeferson tira-a da caixa e fica segurando.
Jeferson - Até que a morte nos separe...
Cena 05/Igreja/Int/Noite
Pedro está ajoelhado rezando. Momento.
Pedro - Amém!
Cena 06/Casa Rufino/Sótão/Int/Noite
Rufino dá um tapa no rosto de Eva.
Eva - Pode me bater até sua mão cair, Rufino. Eu vi meu filho. Eu vi o Pedro, com esses olhos que já chorou tanta por estar longe do meu filho. E isso você não vai tirar de mim. Não vai!
Rufino - Devia era te matar. Acabar com sua vida miserável!
Eva - Você não faria isso comigo. Sabe por que? Por que você gosta de me ver sofrer. Sente prazer com meu sofrimento.
Rufino - Você não sabe o que diz.
Eva - E digo mais, você me ama, Rufino.
Rufino - (reage) Como é?
Eva - Você nunca me esqueceu como a mulher que tirou sua virgindade e por quem você
se apaixonou, com quem teve um filho, com quem poderia ter formado uma família, se
não fosse esse homem doente, que distorce a religião, pra enxergá-la do jeito que lhe convém.
Rufino - (grita) Cala a boca sua herege. Para de falar besteira. Tenho é pena da sua alma.
Sou um instrumento que Deus está usando, para tentar purifica-la.
Eva - Não sei o que você pretende fazer comigo. Mas sei que você nunca vai me esquecer. Sempre estarei em suas lembranças, pensamentos, como a mãe do seu filho!
Rufino encara Eva. Fica mexido com tudo o que ela lhe diz. Até que vai embora.
Cena 07/Casa Rufino/Cozinha/Int/Noite
Narcisa chega a cozinha. Escuta barulho.
Narcisa - Quem tá aí?
Meio receosa, Narcisa acende a luz. Para sua surpresa, Beatriz está sentada em frente a geladeira aberta, se lambuzando com o pudim.
Narcisa - É você? (risos) Comendo pudim...
Beatriz- Delicioso...
Narcisa - Gosta de doce?
Beatriz responde “sim” com a cabeça. Corta para Beatriz sentada na mesa, comendo uma
compota, servida no prato por Narcisa.
Narcisa - É assim que se tem que comer. Eu mesma quem fiz. Adoro fazer doces.
Beatriz- A senhora é muito boa. Deus gosta de pessoas como a senhora.
Cena 08/Casa Rufino/Escritório/Int/Noite
Rufino entra transtornado.
Rufino – Desgraçada!
Rufino se serve de uma dose de uísque, que bebe de uma golada só e depois joga o copo Na parede.
Cena 09/Casa Rufino/Cozinha/Int/Noite
Narcisa e Beatriz.
Narcisa – Obrigada! Mas me diga uma coisa: como você se chama.
Corta para Rufino chegando na cozinha. Ele fica escutando a conversa.
Beatriz- Anja Beatriz.
Narcisa – (surpresa) Anja? Não entendi. É seu nome?
Beatriz – Sou uma anja. Foi Deus quem me mandou aqui pra Terra com uma missão.
Corta para Rufino.
Rufino – (estranha) Anja? Missão?
Cena 10/Casa Patrício/Quarto Jeferson/Int/Noite
Jeferson está na janela, observando a enorme lua cheia no chão. Ele se mostra enfeitiçado,
Atraído pela lua de uma maneira intensa. Jeferson desperta do transe que entrou, ao escutarBatida na porta.
Jeferson – Entra.
Patrício entra.
Patrício – Vim saber como você está, filho.
Patrício olha a caixa, onde Jeferson guarda sua garrucha, em cima da sua cama. Jeferson Percebe o olhar de Patrício e se preocupa.
Patrício- Que caixa é essa?
Jeferson, rapidamente, pega a caixa.
Jeferson – Nada, pai. É coisa minha... (t) Já estava indo dormir. Só vou tomar um banho. Amanhã tudo volta ao normal. Temos que tocar nossa vida.
Patrício – Sinto que nesse cidade, nada mais será como antes.
Jeferson – Por que o senhor acha isso?
Patrício – Nada filho. Deixa pra lá...
Patrício beija o rosto de Jeferson.
Patrício – Dorme com Deus!
Patrício vai embora. Jeferson espera um pouco, até abrir a caixa e verificar se está tudo Certo com sua garrucha.
Jeferson – Você ainda vai me ser muito útil!
Cena 11/Casa Turíbio/Quarto Basileu/Int/Noite
Basileu está no seu notebook, conversando com Tina.
Tina – Estou morrendo de saudade, meu amor.
Basileu – Tá nada. Aposto que já me esqueceu... (risos)
Tina – Nunca, seu bobo! Vou te amar pra sempre!
Basileu – Vou ficar aqui te esperando. Vem logo!
Cena 12/Casa Turíbio/Quarto casal/Int/Noite
Turíbio e Felipa estão deitados. Mas apenas Turíbio dorme. Felipa está acordada. Ela Levanta, olha pra Turíbio e saí do quarto.
Cena 13/Casa Turíbio/Quarto Basileu/Int/Noite
Felipa passa pelo quarto. A porta está entreaberta. Basileu dorme, de bruços. Felipa fica Lhe observando, até que cria coragem e resolve se aproximar mais. Felipa fica perto de Basileu. Seus olhos percorrem todo o corpo do belo jovem. Momento. Quando Felipa Aproxima suas mãos pra tocá-lo, Basileu, sentindo a presença de alguém no seu quarto, Acorda de rompante, virando-se pra ela.
Basileu – (assustado) Felipa? Que você tá fazendo aqui?
Cena 14/Jandaia/Ruas/Ext/Noite
Rebeca vem dirigindo seu jipe. Pedro acaba de fechar a igreja e caminha em direção à sua Casa. O caminho dos dois se cruzam, no momento em que Pedro deixa seu terço cair no Chão. Rebeca freia bruscamente, quase em cima dele. Momento. Corta para:
FIM DO CAPÍTULO 18
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