ESPERANÇA
Capítulo 20
Novela criada e escrita por
Wesley Franco
CENA
1. EXT. ESTRADA – DIA
Ao
volante de seu carro, Almeida aperta os olhos contra o brilho do sol que invade
o para-brisa. Ele dirige pela estrada de terra que liga a sua fazenda até a
cidade. Perto dali escondido atrás de uma árvore, Firmino segura uma espingarda
com os olhos fixos na estrada, enquanto segue o movimento do carro com o olhar.
O carro de Almeida se aproxima e Firmino respira fundo, concentrando-se. Ele
levanta a espingarda, a mão firme, mas a respiração acelerada, e mira
diretamente no carro. Quando o carro passa diante dele, ele puxa o gatilho. O
som do tiro ecoa pela estrada vazia. A bala atinge o carro de Almeida, raspando
o metal da lataria próxima ao vidro do motorista. Almeida, no susto, vira o
volante. O carro sai do controle e guina violentamente para a direita,
arremessando-se contra uma cerca de madeira ao lado da estrada. Firmino, ao
longe, pensa que Almeida foi atingido e sem perder tempo, começa a correr pelo
mato com a espingarda ainda em mãos.
ALMEIDA (OFEGANTE) –
Que diabos foi isso?
Ainda
ofegante e assustado, Almeida olha para o lado, seu olhar ainda em choque. Le percebe
o buraco da bala na lataria, perto do vidro, e sua expressão se transforma em
raiva e compreensão ao perceber o que aconteceu.
ALMEIDA (FURIOSO) –
Covarde!
Almeida
coloca a mão sobre o peito, sentindo a adrenalina do quase acidente, com raiva
ele dá partida novamente no carro e dirige rapidamente rumo a cidade.
CORTA PARA:
CENA
2. INT. CASEBRE DE ZECA – DIA
Ezequiel
entra no casebre de Zeca seguido por três jagunços, todos de rostos sérios e
olhares impiedosos. Dolores está ao lado do fogão a lenha quando percebe a
chegada dos homens do coronel. Seu rosto empalidece, e suas mãos começam a
tremer levemente.
DOLORES (ASSUSTADA) –
O que vocês querem aqui?
EZEQUIEL –
O coronel mandou vocês saírem daqui. Pegue suas trouxas, seu marido e seu
filho, e vão embora. Essa terra não é mais de vocês!
DOLORES (DESESPERADA) –
Pra onde vamos? Não temos pra onde ir...E o Zeca ainda tá se recuperando
daquela surra, que você mesmo deu!
EZEQUIEL –
Isso não é problema meu! Cumpra logo as ordens do coronel antes que isso piore
ainda mais pra vocês.
Firmino
chega em casa, carregando a espingarda depois de ter atirado contra o coronel. Ao
ver a presença de Ezequiel e seus jagunços, seu rosto se enche de raiva.
FIRMINO –
O que você tá fazendo aqui, Ezequiel?
DOLORES –
Eles estão botando a gente pra fora, Firmino, por ordem aquele maldito do
coronel que não quer mais a gente aqui.
FIRMINO (RAIVOSO) –
Vocês não têm direito de fazer isso com minha família.
Ezequiel
dá um sorriso frio e faz um sinal para que os jagunços levantem as armas,
apontando-as para Firmino e Dolores.
EZEQUEIL –
Você quer mesmo arriscar, Firmino? Faz o que tô mandando e ajuda sua mãe a
arrumar as coisas. Vocês vão sair dessa casa hoje, vivos ou mortos. A escolha é
de vocês!
Dolores
começa a chorar, e Firmino a segura pelos ombros, sussurrando baixinho para
ela.
FIRMINO –
Não fica assim, mãe. A gente vai encontrar um jeito.
Firmino
encara Ezequiel, com ódio, mas percebe que a situação está contra ele.
CORTA PARA:
CENA
3. INT. DELEGACIA – DIA
Almeida
para o carro em frente à delegacia, ainda irritado e com o semblante carregado.
Ele sai do carro e caminha rapidamente até a entrada. Ao abrir a porta, vê o
delegado Afrânio sentado atrás de sua mesa, lendo alguns papéis. Almeida entra
com uma expressão de fúria.
ALMEIDA (FURIOSO) –
Afrânio, fui vítima de um atentado agora mesmo, na estrada vindo até a cidade,
e espero que você faça alguma coisa a respeito!
Afrânio
surpreso se levanta.
AFRÂNIO –
Calma, coronel! Me conta direito o que aconteceu.
ALMEIDA -
Eu estava dirigindo meu automóvel para vim resolver uns assuntos na cidade, quando
de repente um disparo atingiu meu carro e por pouco não me matou, perdi o controle
da direção com o susto e acabei batendo na cerca de uma dessas fazendas.
AFRÂNIO –
O senhor tem alguma ideia de quem possa ter sido? Alguém que tivesse interesse
de mata-lo?
ALMEIDA –
Tenho! Um funcionário insolente que eu tinha, o Firmino. Recentemente tive um
atrito com o pai dele que estava reunindo outros funcionários pedindo melhores
condições de trabalho, e eu ordenei que dessem uma surra nele. Certamente ele
quis se vingar, tentando me matar.
AFRÂNIO –
Vou mandar meus homens atrás dele. Não se preocupe, coronel, ele irá responder
por isso.
ALMEIDA –
Eu quero esse sujeito preso ainda hoje! E que ele aprenda que ninguém se mete
comigo e sai ileso.
CORTA PARA:
CENA
4. INT. CASA DE CANDOCA – SALA – DIA
Candoca
está sentada à maquina de costura, ajustando um vestido encomendado, enquanto
Chandra Dafni mede um tecido para cortá-lo. O silêncio é cortado pelo som das
tesouras e da máquina de costura, até que Aangislanclécia desce as escadas,
segurando uma calça com uma costura solta.
ANGISLANCLÉCIA –
Tia Candoca, minha calça descosturou aqui do lado. Você pode costurar?
CHANDRA DAFNI –
Vai ver descosturou porque você anda comendo demais. Já falei a você que se
continuar comendo feito uma porca, vai acabar rasgando tudo que vestir.
ANGISLANCLÉCIA (IRRITADA) – Eu não lhe pedir nada para você estar se metendo! Você se
acha tão perfeita por ser magra, mas está seca por dentro e por fora.
As
duas começam a discutir, enquanto Candoca tenta acalmar a situação.
CANDOCA –
meninas, parem com isso, não vamos brigar por bobagem. Dá aqui, Angislanclécia,
que eu costuro sua calça depois.
CHANDRA DAFNI –
Eu só falo pelo bem dela, tia, ela passa o dia todo comendo, outro dia eu
estava vindo da missa e ela estava na lanchonete comendo dois hambúrgueres enormes.
ANGISLANCLÉCIA –
Estava comendo com o meu dinheiro, você não tem nada a ver com isso.
A
discussão ainda continua com farpas entre as primas, até que alguém bate na
porta. Candoca olha para Chandra Dafni, que tenta ignorar.
CHANDRA DAFNI –
Vai lá, Angislanclécia, atende a porta. Eu tô ocupada.
ANGISLANCLÉCIA –
Se você teve tempo para me chamar de gorda, também tem pra abrir a porta.
Angislanclécia
sobe as escadas, emburrada. Candoca suspira e vai até a porta. Ao abrir,
encontra Leda e sua filha Mariana, que entram com um sorriso educado.
CANDOCA (SORRINDO) –
Sejam bem-vindas, Leda! Mariana! Estávamos aqui numa correria de costuras.
LEDA - Olá,
Candoca. Olá, Chandra!
CHANDRA DAFNI -
Leda, Mariana, como vão?
LEDA –
Viemos encomendar vestidos para mim e Mariana, para o natal e ano novo. Queremos
algo mais recatado.
CANDOCA –
Ah, ótimo! Já têm algum modelo em mente?
LEDA – Algo
que não siga essas modas indecentes de mostrar demais. Essa gente de hoje em dia
parece não ter mais pudor.
CHANDRA DAFNI (CONCORDANDO) – É uma pouca vergonha, esses vestidos rodados e decotados
que as mulheres tem usado hoje em dia. Que Deus tenha misericórdia!
Candoca
entrega a leda algumas revistas de moda para que folheiem. Leda e Mariana se
sentam no sofá e começam a folhear as páginas com atenção.
CORTA PARA:
CENA
5. INT. ESTAÇÃO DE TREM – PLATAFORMA – DIA
Homero
está na plataforma com um semblante ansioso, ele consulta seu relógio de pulso,
ajeita a lapela de seu terno e olha para o horizonte de onde o tem surge ao
longe, avançando lentamente. Quando a locomotiva para uma enxurrada de
passageiros começa a descer, até que ele avista uma figura conhecida:
Constância, elegante, com um chapéu de abas largas e um sorriso tímido. Homero,
com um brilho nos olhos, se apressa em sua direção.
HOMERO (SORRINDO) –
Finalmente, meu amor!
Homero
abraça Constância calorosamente e a beija com carinho.
CONSTÂNCIA (SORRI) –
Ah, Homero, estou tão feliz por estar aqui. Finalmente cheguei à cidade onde
vou viver com você.
HOMERO – Você
vai gostar de Esperança, eu tenho certeza. E mal posso esperar para o nosso
casamento, ver você aqui parece um sonho.
CONSTÂNCIA –
Eu também, meu amor. Vamos, quero conhecer cada cantinho dessa cidade que você
tanto fala, do seu lado.
Os
dois sorriem um para o outro, mãos entrelaçadas, e se afastam da plataforma,
caminhando lado a lado enquanto Homero fala sobre a cidade com entusiasmo.
CORTA PARA:
CENA
6. INT. MANSÃO DE MATTEO – SALA – DIA
Matteo chega em casa com um sorrio estampado no rosto e as
roupas ainda úmidas, os cabelos bagunçados pelo vento e pela água. Ele assobia
enquanto entra e encontra Flávio sentado na sala, com um livro nas mãos.
FLÁVIO (CURIOSO) –
Matteo, pelo seu estado e esse sorriso no rosto, acho que não foi só banho de
rio que você tomou, hein?
MATTEO (RINDO) –
Eu estive com a Camila, padrinho, e tudo o que senti por ela, todo aquele amor,
reacendeu no instante em que nos vimos. Dessa vez, não vou deixa-la escapar.
Vou me casar com ela!
FLÁVIO (ARQUEANDO UMA SOBRANCELHA) – Você não se esqueceu de que está noivo da Flora, não é? Sei
que a distância e a viagem dela pela Europa parecem dar essa liberdade, mas o
noivado ainda é um compromisso, Matteo. O pai da Flora foi um grande amigo meu,
tenho um apreço por ela e não gostaria que você brincasse com algo tão importante.
MATTEO – Eu sei,
padrinho. Antes de sair de São Paulo, deixei uma carta para ela explicando a
mudança para Esperança, tentei telefonar para o hotel que elas ficariam
hospedadas na Suíça, mas não consegui falar com ela. Mas você tem toda razão,
preciso resolver isso de uma vez. Preciso ser honesto com a Flora, e a Camila
merece que eu esteja totalmente livre para amá-la.
FLÁVIO – Bom,
então trate de terminar com a Flora de maneira justa. Assim você e a Camila
poderão seguir sem qualquer sombra do passado.
CORTA PARA:
CENA
7. EXT. GENEBRA – RUAS – DIA
Em
um táxi pelas ruas de Genebra, Flora, uma linda jovem branca de cabelos
castanhos e olhos azuis, e Patrícia uma senhora por volta dos 50 anos muito bem
vestida, olham pela janela, observando a cidade.
PATRÍCIA –
Essa herança, filha, é o que vai nos salvar. Desde que seu pai morreu, e nos
deixou falidas, tudo se tornou uma luta, e já gastamos tudo o que tínhamos para
estar aqui.
FLORA (SUSPIRA) –
Eu sei, mamãe. Só espero que resolvamos isso logo. Essa viagem se estendeu
tempo demais, e eu mal posso esperar para voltar ao Brasil e rever o Matteo. Já
deixei ele tempo demais livre de mim.
PATRÍCIA –
Tudo valerá a pena, Flora. Quando tivermos o dinheiro que seu pai guardava no
banco aqui na Suíça em nossas mãos, nossa vida vai mudar, voltaremos ao mesmo
patamar que tínhamos antes.
O
táxi para em frente ao banco. Patrícia paga o motorista, e elas entram, sendo recepcionadas
por uma funcionária que a conduz pelo luxuoso hall. Patrícia, que domina o
francês, entrega os documentos à recepcionista com um olhar confiante.
PATRÍCIA (EM FRANCÊS) –
Bonjour, nous avons une clé pour le coffre de mon mari. (Bom dia, temos uma chave
para o cofre do meu marido.)
RECEPCIONISTA (EM FRANCÊS) – Bien sûr, Madame. Suivez-moi, s’il vous plaît. (Claro,
senhora. Por favor, me acompanhem.)
Elas
seguem a recepcionista até chegarem a uma sala de cofres de segurança. A
funcionária lhe entrega uma pequena chave dourada e indica um cofre específico.
Patrícia se aproxima, coloca a chave e a gira, e Flora a ajuda a abrir a
gaveta. Ao puxarem a gaveta, se deparam com o vazio total.
PATRÍCIA (EM CHOQUE) –
Mais...il n’y a rien ici! (Mas...não há nada aqui!)
RECEPCIONISTA –
Je suis désolée, madame. (Sinto muito, senhora)
Patrícia
cobre a boca com a mão, horrorizada, enquanto Flora encara o vazio em desespero
PATRÍCIA –
Filha...estamos falidas. Sem esse dinheiro, não temos nada.
FLORA (EM CHOQUE) –
Agora não temos outra escolha, a única saída para nós é mantermos o meu casamento
com o Matteo, só ele pode nos ajudar agora.
PATRÍCIA –
Esse casamento é a nossa única salvação! Vamos voltar ao Brasil, você precisa
se casar com o Matteo o quanto antes.
Elas
trocam um olhar decidido antes de fecharem o cofre vazio.
CORTA PARA:
CENA
8. EXT/INT. CASA DE HOMERO – SALA – DIA
Homero
e Constância descem do carro, e Constância olha ao redor, encantada com cada
detalhes. Eles entram na casa, e se deparam com Dirce, que estava à espera do
casal.
DIRCE (SORRINDO) –
Bem-vinda, Dona Constância. Me chamo Dirce, estou às suas ordens.
CONSTÂNCIA (SORRI) –
Obrigada, Dirce. A casa é encantadora e muito bem cuidada, tenho certeza que
você faz um ótimo trabalho.
HOMERO – E
será ainda mais bonita com o seu toque, minha querida. Sinta-se à vontade para
mudar o que desejar.
Constância
segura as mãos de Homero, tocadas por suas palavras.
DIRCE –
Preparei o quarto de hóspedes para a senhora ficar até o casamento. Vou levar
suas malas, e se precisar de qualquer coisa, por favor, me chame.
Dirce
pega as malas e sobe as escadas com passos leves, enquanto Homero e Constância
ficam sozinhos na sala. Ele a puxa suavemente para perto.
HOMERO (SORRINDO) –
Em dois dias, você será minha esposa.
CONSTÂNCIA (EMOCIONADA) -
Mal posso acreditar que esse dia está chegando. Estou tão feliz por estar aqui
e construir minha vida ao seu lado.
Eles
trocam um beijo apaixonado.
CORTA PARA:
CENA
9. EXT. CASEBRE DE ZECA – DIA
Zeca,
apaixonado em uma bengala improvisada, caminha lentamente, ainda visivelmente
debilitado após a surra. Dolores segura uma sacola com seus poucos pertences,
seu rosto demonstra bastante tristeza. Firmina, ao lado deles, carrega o pouco
que resta para a família, mas seu olhar transparece a revolta. Alguns metros
atrás, os jagunços do Coronel Almeida observam de braços cruzados, com olhares
de deboche e satisfação. De repente, o som de uma viatura policial quebra o
silêncio, parando abruptamente em frente ao casebre. O Delegado Afrânio e um
policial descem do veículo.
AFRÂNIO –
Firmino, você está preso pela tentativa de assassinato do Coronel Almeida.
FIRMINO (INDIGNADO) –
Preso? Eu nunca tentei matar o coronel! Ele está inventando essa história para
se vingar de mim!
Dolores
corre até Firmino, estendendo as mãos para impedir Afrânio.
DOLORES (EM DESESPERO) –
Por favor, delegado, não faça isso! Meu filho é inocente! Ele estava comigo o
tempo todo, ele jamais faria uma coisa dessas.
ZECA (DESESPERADO) –
Vocês não podem fazer isso...ele não fez nada.
AFRÂNIO –
Firmino, pelo bem dos seus pais, é melhor você não resistir. Será preso por bem
ou por mal, você escolhe.
O
policial algema Firmino, enquanto Zeca e Dolores imploram em vão. Os jagunços
sorriem com sarcasmo, enquanto Firmino é levado até a viatura. Ele lança um
último olhar para seus pais, como uma despedida amarga, antes de ser empurrado
para dentro do carro.
CORTA PARA:
CENA
10. EXT – ESTRADA DE TERRA – NOITE
Já
é noite, e a estrada de terra em meio ao campo está deserta, iluminada apenas
pelo farol de um automóvel estacionado à beira estrada. Dentro do carro, Matteo
aguarda ansioso. Logo ele vê ao longe Camila, que caminha em passos rápidos,
envolva de um manto. Ao vê-la, ele abre um sorriso radiante e sai do carro para
encontrá-la.
CAMILA –
Desculpa a demora, precisei esperar que todos dormissem para conseguir sair.
MATTEO – Não precisa
se desculpar, meu amor. Eu esperaria por você a vida inteira.
Eles
se olham por um momento antes de se beijarem. Matteo a conduz até o carro, e
eles entram. Ele dá partida, e o carro começa a se mover por uma estrada que
corta um campo deserto. De repente, uma forte chuva começa a cair, tornando a
estrada escorregadia e a visibilidade quase nula.
MATTEO (CONCENTRADO) –
A tempestade está forte demais...é perigoso continuar. Vou parar o carro!
Ele
estaciona, e o som das gotas grossas de chuva batendo no tento do carro
preenche o silêncio. Camila suspira, olhando para o céu pela janela embaçada.
CAMILA (DESPAONTADA) –
Acho que nosso plano de ver as estradas não vai dar certo hoje.
Matteo
se aproxima de Camila com um sorriso sedutor.
MATTEO –
Podemos aproveitar o momento de outra forma.
SONOPLASTIA ON:
CLOSE TO YOU – CIDIA E DAN
Ele
a beija, e o clima entre os dois se intensifica. Matteo desce suavemente a alça
do vestido de Camila, e ela permite, sorrindo. Ele beija seu pescoço, e
lentamente, eles se entram ao momento. A chuva forte continua caindo, cobrindo
o vidro embaçado, enquanto o carro permanece estacionado na estrada deserta.
CORTA
PARA:
CENA
11. EXT. ESTRADA DE TERRA – DIA
Os
primeiros raios de sol começam a surgir, iluminando o campo ao redor do carro
estacionado. Dentro do carro, Camila desperta, deitada sobre o peito de Matteo.
Ele a observa despertar com um sorriso tranquilo, enquanto passa as mãos pelo
cabelo dela.
SONOPLASTIA OFF
MATTEO – Bom
dia, meu amor.
CAMILA (SORRI) –
Bom dia, Matteo.
MATTEO – Você
proporcionou a melhor noite da minha vida.
Camila
se afasta suavemente e olhara para Matteo.
CAMILA –
Agora mais do que nunca preciso estar ao seu lado. Depois dessa noite, eu quero
estar com você para sempre.
Matteo
segura o rosto de Camila com as duas mãos.
MATTEO – E eu
quero o mesmo, Camila. Ontem me fez ter ainda mais certeza de que é ao seu lado
que eu quero viver.
Eles
se beijam suavemente, enquanto o sol ilumina o carro e a estrada vazia.
CORTA PARA:
CENA
12. EXT. CIDADE DE ESPERANÇA – DIA
SONOPLASTIA ON: QUEM
SABE ISSO QUER DIZER AMOR – MILTON NASCIMENTO
Tomada
de vários pontos da cidade de Esperança, mostrando o dia a dia da cidade, as paisagens
nos campos e a vida pela cidade.
DIAS DEPOIS
SONOPLASTIA OFF
CORTA PARA:
CENA
13. INT. CASA DE HOMERO – SALA – DIA
Homero
está diante de Dirce que ajusta os detalhes de seu terno, ele parece calmo, mas
está cheio de expectativas. Dirce, com um vestido simples e elegante, termina
de ajeitar a gravata do patrão.
DIRCE (SORRINDO) –
Finalmente chegou o dia do casamento, hein seu Homero?
HOMERO – E eu
já estou ficando nervoso, Dirce. Parece até que é a primeira vez que estou
casando.
Antes
que Dirce possa responde, a campainha soa na casa. Dirce se apressa até a porta,
quando abre, seu rosto se ilumina ao ver Fernando. Ele e Dirce trocam um abraço
afetuoso.
DIRCE (EMOCIONADA) –
Meu menino! Olha só para você, um rapaz! Que saudades que eu estava de você.
FERNANDO (EMPOLGADO) –
Dirce! Que bom te ver de novo! Você continua a mesma, sabia? Doce como sempre.
E agora eu já não sou mais um menino, sou um homem feito.
Eles
riem, e Fernando olha para dentro, notando Homero, que já se aproxima com um
sorriso de satisfação e orgulho ao ver o filho.
HOMERO (ABRAÇANDO FERNANDO) – Fernando! Você veio mesmo! Que bom que vou ter a sua
presença filho, nesse momento tão importante para mim.
FERNANDO (SORRINDO) – Eu
não podia deixar de vim, e eu vim para ficar, agora que serei juiz da comarca,
voltarei a viver aqui. E onde está a minha futura madrasta? Ainda não a
conheci.
HOMERO –
Agora só vai conhecer no altar, ela já foi ao salão para se arrumar.
DIRCE –
Então, vamos? Quem tem o direito de chegar atrasada é a noiva, não o noivo.
Homero,
Fernando e Dirce riem juntos e seguem para a igreja.
CORTA PARA:
CENA
14. EXT. DELEGACIA – DIA
A
facha da delegacia está guardada por dois policias de expressão séria. Zeca e
Dolores, ambos com roupas simples e gastas, se aproximam, visivelmente
desgastados e preocupados, mas com um olhar de determinação.
DOLORES (SUPLICA) –
Pelo amor de Deus, moço. A gente só quer ver nosso menino. Ele tá preso aí
injustamente, tudo o que queremos é entender o que tá acontecendo.
POLICIAL –
Não pode. Ordens são ordens, vocês não podem entrar.
ZECA – Mas ele
é nosso filho! Ele tá sendo acusado de uma coisa que não fez! Tá há dois dias
preso aí dentro, pelo menos deixe a gente ver ele!
POLICIAL –
Já disse que não pode. Agora saiam, antes que arrumem mais problema.
Nesse
momento, Henrique observa a cena ao passar pela calçada, ele se aproxima.
HENRIQUE –
Perdão, eu vi que vocês estão tentando entrar na delegacia, mas não conseguem.
Vocês precisam de ajuda?
Dolores
olha para Henrique, hesitante.
DOLORES –
Meu filho...Firmino...ele tá preso, mas ele é inocente. Estão acusando ele de
ter tentado matar o coronel Almeida, mas isso é mentira, é tudo uma armação
porque meu marido ousou a contrariar o coronel pedindo melhores condições de
trabalho. A gente só tá aqui tentando ver ele.
HENRIQUE –
Eu sou jornalista, posso ajudar a contar a história de vocês. Mas preciso saber
mais do acontecido.
Dolores
e Zeca olham para Henrique com gratidão, e ele os escuta atentamente enquanto
contam toda a história. Henrique anota com seriedade tudo o que ouve.
CORTA PARA:
CENA
15. INT. IGREJA – DIA
A
igreja está repleta de amigos, familiares e convidados de Homero, todos
vestidos à altura da ocasião. No altar, Homero espera ansioso, enquanto ao seu
lado está Fernando, que observa tudo com uma expressão leve e curiosa. Ao lado
do noivo, estão os padrinhos, Coronel Almeida e Dorotéia. Os músicos começam a
tocar a marcha nupcial e todas as cabeças se voltam para as portas da igreja,
que se abrem lentamente, revelando Constância. Ela está radiante, com um vestido
branco elegante e um véu delicado. Fernando observa a noiva, e seu rosto muda
ao reconhece-la: Constância é a mesma mulher que conheceu e por quem se
apaixonou em São Paulo.
FERNANDO (SUSSURRANDO EM CHOQUE) – É ela!
Constância
também o vê, e o reconhece, seus olhos se arregalam.
FIM DO CAPÍTULO
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