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Maria Flor - Capítulo 01 (Estréia)

Obra Original
Inés Rodena

Uma Novela de
Vitor Manoel de Jesus Rodrigues

 Maria Flor - Capítulo 01

Cena 01: Casa da família Muniz - Quarto/ Cozinha - Noite
Helena é a mãe de quatro crianças, Maria de 10 anos, Guilherme de 08 anos, Isabel de 05 anos e André de 02 anos. Ela vive no meio de muitas brigas com o marido Ramiro, que é um alcoolatra. Em uma noite em que o marido ainda não havia chegado do bar e seus filhos já estavam dormindo Helena abandona a família em busca de uma vida melhor, mesmo com muita dor no coração por deixar seus filhos. Ela dá um beijo na testa de cada um de seus filhos como forma de despedida.

Helena (pensando): Meus filhos eu os amo do fundo de meu coração, mas não posso continuar desta maneira. Não sou feliz assim. Espero que me perdoem algum dia.

Helena sai chorando de casa e foge em busca de uma vida melhor, deixando uma carta sobre a mesa da cozinha avisando-os de sua decisão e levando consigo uma fotografia de seus filhos.


Cena 02: Casa da família Muniz - Cozinha - Madrugada
Durante a madrugada Ramiro chega em casa bêbado chamando pela esposa.

Ramiro (Gritando bêbado) : Helena! Helena! Onde foi parar essa mulher. Quero minha comida mulher.
Maria acorda assustada e vai ver o que está acontecendo.
Maria: O que foi pai? Bêbado novamente?
Ramiro: Olha como fala comigo menina. Cadê sua mãe?
Maria: Não sei.
Maria então encontra o bilhete deixado pela mãe sobre a mesa e lê para o pai. Neste recado ela avisa que foi embora devido a vida desregrada que levava o marido e todo o sofrimento que lhe era causado.

Ramiro: Sua mãe é uma perdida. Nos abandonou. Nos deixou.
Maria: Não fale assim da mamãe.
Ramiro: Ela é uma vagabunda. Vagabunda. O que vou fazer agora? Você não tinha o direito de nos abandonar Helena, de me deixar sozinho com as crianças.

Neste instante Maria pega a vassoura e começa a arrumar a casa. Ela se lembra de uma conversa que um dia teve com sua mãe em que prometeu cuidar de seus irmãos em caso de falta da mesma algum dia.

10 anos depois…


Cena 03: Casa da família Muniz - Cozinha - Manhã
Maria está preparando o café da manhã de seus irmãos André e Isabel.
Maria: Vamos depressa. Vocês vão se atrasar para a escola.
Isabel: O que vamos levar de lanche Maria?
Maria: Levem uma fruta. E tomem essa xícara de café em casa.
Isabel: Não aguento mais essa vida de pobreza. Tudo falta na nossa casa.
André: Não fala assim Isabel. A Maria faz tudo o que pode.
Maria: Para com isso Isabel. Sei que não tem sido fácil.
Isabel: Nunca foi e tudo isso é culpa da mamãe.
Maria: Para com isso. Onde está o pai?
André: Até agora não chegou. E o Guilherme faz dias que não vem para casa.
Maria: Esses dois cada vez estão mais perdidos.
Isabel e André terminam de comer e vão para a escola. Maria por sua vez vai tentar conseguir dinheiro.


Cena 04: Vila - Lavanderia - Manhã
Maria está saindo com sua cesta de flores quando é abordada por Dona Conceição.

Maria: Bom dia Dona Conceição.
Conceição: Bom dia Maria. Saindo cedo?
Maria: Sabe como é. Tenho que vender bem hoje. Preciso do dinheiro.
Conceição: Maria sinto até vergonha de falar isso. Sabe que somos amigas.
Maria: É o aluguel, não é?
Conceição: É sim. O proprietário está cobrando os atrasados. Já são muitos meses.
Maria: Tenta segurar só mais um pouco. Eu vou conseguir o dinheiro.
Conceição: Ele me deu mais três dias. Só mais três dias. Se não vai despejá-los.
Maria: Vou conseguir.
Conceição: Você sabe que seu eu tivesse te emprestaria.
Maria: Sei disso amiga. Te agradeço por toda a ajuda.

Maria preocupada sai apressada para vender suas flores, mas antes passa na casa de sua amiga Filó.


Cena 05: Vila - Casa de Filó - Manhã
Maria entra na casa de Filó e vai conversar com a amiga.

Filó: O que te trazes hoje aqui minha amiga?
Maria: Vim consultar as cartas. O que o destino tem para mim.
Filó: Então sente-se amiga.
Maria: Filó me conta você foi sempre cigana?
Filó: Sim. Sou uma cigana de origem Mexicana.
Maria: E como veio parar aqui?
Filó: Vim com meus pais, ainda quando criança. E nunca mais fui embora.
Maria: Estou tão preocupada. Tenho que pagar os aluguéis atrasados e ainda comprar comida para meus irmãos.
Filó: Você vai encontrar seus destino em breve Maria, muito em breve.
Maria: O que as cartas mostram Filó?
Filó: Apenas quatro luas separam você de seu verdadeiro amor.
Maria: Quatro luas? Está brincando comigo?
Filó: O homem que vai tomar conta de seu coração vai aparecer dentro de quatro luas.
Maria: Maria fica pensativa, pensando em quem será este homem.
Filó: Mas logo te aviso, este amor vai te trazer muitos problemas.
Maria: Que problemas?
Filó: Isso eu não sei. Só resta esperar.
Maria: Aí então não quero não, de problemas já estou cheia.
As duas caem na risada.


Cena 06: Casa da família Alvarez - Sala - Manhã
Do outro lado da cidade vivem os Álvarez. Uma família rica, ou pelo menos um dos membros desta família. Thiago é o dono da casa onde vivem de favor sua tia Malvina e seus primos Eduardo e Clara os quais ele odeia.

Malvina: Onde está o maldito do Thiago?
Clara: Mamãe não fale assim.
Eduardo: Verdade mamãe.
Malvina: Vocês sabem muito bem que eu o odeio. E também sabem que este sentimento é recíproco.
Clara: Não aguento mais viver deste modo. Essa guerra todo santo dia.
Eduardo: Isto vai mudar em breve. Vou me casar com a Paula e depois que me formar irei tirá-los daqui.
Malvina: Isto mesmo meu filho. Não suporto mais viver das migalhas deste homem.
Clara: Fico feliz que vai se casar irmão. Está tão apaixonado.
Eduardo: Estou mesmo. Amo a Paula com todas as minhas forças.
Malvina: O casamento será em alguns dias. Finalmente!
Clara: Vai convidar o Thiago?
Eduardo: Sim.
Malvina: Não faça isso meu filho.
Eduardo: Eduardo de uma maneira ou outra nos proporcionou viver aqui. Temos que agradecê-lo.
Malvina: Ele só nos deixa ficar aqui porque foi a vontade de seu pai, meu irmão.
Eduardo: Sei disso. Mas peço que a senhora mesmo entregue este convite a ele.
Malvina: Não me peça para fazer isso.
Eduardo: Por favor mamãe.
Malvina: Está bem meu filho. Faço isso por você.

Eduardo sai de casa para encontrar a amada em um restaurante.


Cena 07: Fazenda da família Perez - Tarde
Paula a noiva de Eduardo está montando a cavalo quando seu ex namorado chega.

Paula: O que você quer aqui?
Ricardo: Preciso falar com você.
Paula: Diga logo.
Ricardo: Fiquei sabendo que vai se casar com aquele idiota do Eduardo. Você não pode fazer isso.
Paula: Idiota é você. Irei me casar com o Eduardo, nós nos amamos.
Ricardo: Você não o ama. Gosta de mim.
Paula: Você acha mesmo que vou passar o resto de minha vida com um perdedor como você? Um pobretão filho de costureira.
Ricardo: Você não deveria apenas pensar em posição social e sim no seu coração.
Paula: Entenda uma coisa o amor só presta para uma coisa conseguir coisas boas na vida. E o que eu iria fazer ao seu lado? Costurar? Ajudar sua pobre mãe com faxina?
Ricardo: Não fale assim. Eu te amo.
Paula: Meu amor por você morreu quando eu descobri que era pobre. Agora me deixe ir. Tenho um almoço com meu noivo. Que aliás será meu marido em três dias.
Ricardo: Você não vai se casar com ele.
Paula: Me deixe em paz. Saia daqui agora ou vou chamar os seguranças.
Ricardo (pensando): Se você não vai ser minha, não será de mais ninguém. Não vai.


Cena 08: Restaurante - Tarde
Paula e Eduardo se encontram em um restaurante para tratar os últimos assuntos do casamento.
Paula: O que queria falar comigo tão urgente amor?
Eduardo: Peço que nos casemos sem separação de bens.
Paula: Por que isso meu bem?
Eduardo: É algo muito importante para mim.
Paula: Sei que faz isso pois podem pensar que está se casando comigo por dinheiro, pois meus pais são ricos. Mas sei que você me ama.
Eduardo: E é por este amor que te peço para aceitar meu pedido.
Paula: Está bem. Faço o que você me pedir.
Os dois se beijam. Após o almoço o casal de despede.

Naquele dia mais tarde…


Cena 09: Casa da família Muniz - Cozinha - Noite
Maria chega em casa e triste por não ter conseguido vender quase nada. Com o pouco dinheiro que conseguiu comprou alimentos para seus irmãos. Ela prepara o jantar. Isabel e André comem.

André: Não vai comer irmã?
Maria: Não estou com fome.

Na verdade Maria não queria comer por ter pouca comida e assim poder deixar para seus irmãos.

Isabel: Não precisa se sacrificar tanto pela gente.
Maria: Não se preocupem comigo. O importante aqui são vocês.

Neste instante Ramiro chega em casa bêbado, em um estado deplorável.

Maria (brava): De novo bêbado pai?

Continua…


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