Débora
CAPÍTULO 08
2ª fase
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
escrita por
FELIPE LIMA BORGES
baseada nos capítulos 3 a 5 do livro
de Juízes
No
capítulo anterior: Cansado de tanto sofrimento, Sangar decide ir lutar
sozinho contra os filisteus; Jaziel o acompanha para mostrar o caminho. Ao
chegarem próximos ao acampamento, Sangar não permite que o garoto o acompanhe.
Sangar invade o local e, cercado, diz ao Comandante que pretende matar a todos
e livrar seu povo da opressão. Os soldados o atacam, mas, milagrosamente, ele
bloqueia os golpes e derrota um por um. Dezenas de filisteus tentam impedi-lo,
mas são todos mortos. Uma montanha de homens pulam sobre Sangar a fim de
esmaga-lo, mas são todos feridos pela aguilhada. À beira do abismo, Sangar
derrota os últimos soldados. O Comandante avança contra, mas é desarmado,
ferido pela aguilhada e jogado no abismo. A noite cai e a festa toma conta de
Betel. Todos comemoram alegremente a libertação. Sozinha e segurando a semente
de tamareira, Débora murmura: “Como eu queria que você estivesse aqui...”.
FADE
IN:
CENA 1:
EXT. CAMPO – DIA
Lá embaixo, como que minúsculos
insetos, dois cavalos cortam o campo a toda velocidade.
Conforme a imagem vai descendo,
vamos distinguindo as figuras montadas.
DÉBORA
(NAR.)
Por um bom
tempo houve paz em minha nação, e o povo pôde novamente desfrutar das
maravilhas de nossa terra. E eu, com 18 anos, já era muito mais parecida com a
mulher que um dia viria a ser aclamada juíza.
A identidade dos dois cavaleiros
trata-se de dois jovens: DÉBORA (18 anos) e JAZIEL (20 anos). Eufóricos, tentam
a todo custo ultrapassar um ao outro.
JAZIEL
Você é tão
lenta que parece que está em um jegue! Essa já é minha!
DÉBORA
Engraçado,
até onde eu saiba, ganha o que chegar primeiro, não o que demonstra querer
chegar na hora do jantar!
JAZIEL
(alertando) Árvore!
Débora olha para frente e por muito
pouco desvia de uma árvore no caminho.
Eles continuam a corrida até que, instantes
depois, diminuem a velocidade e, antes mesmo de seus cavalos pararem, saltam
para o chão, sacam espadas e começam a duelar.
Golpes em cima, embaixo, bloqueios,
desvios, empurrões... Estão em pé de igualdade!
Porém, logo Jaziel passa uma
rasteira em Débora, que cai e solta a espada. Ele aponta a sua para o pescoço
dela.
JAZIEL
(sorrindo) Acabou.
Débora expira frustrada.
DÉBORA
Mas foi por
muito pouco.
Ele então estende a mão para ela,
que segura e se levanta.
JAZIEL
(guardando
sua espada) Devo dizer... Você está ficando boa.
DÉBORA
(sorrindo) Estarei
boa quando superar o meu mestre.
JAZIEL
Rum.
CENA 2:
INT. BETEL – RUA PRINCIPAL – DIA
Caminhando, Débora e Jaziel passam
pelo portão e entram na cidade movimentada.
DÉBORA
Para alguém
que evitava pensar em violência, e agora ensina a duelar... Quem diria...
JAZIEL
Circunstâncias...
Por elas, opiniões mudam.
DÉBORA
Foi desde
que viu Sangar acabar com os 600 filisteus, não foi?
Ela olha para ele, ele olha para
ela... Jaziel parece confirmar com um sorrisinho.
DÉBORA
Não se deve
ter prazer na violência. Será que eu preciso ensinar isso ao meu mestre?
JAZIEL
Nem venha
com essa, Débora.
Rindo,
ela continua a andar ao lado dele.
CENA 3:
INT. BETEL – TEMPLO – PÁTIO – DIA
O templo na cidade de Betel é um
complexo dividido em blocos, e entre esses há pátios com diversas plantas
ornamentais, flores perfumadas, árvores frutíferas e, em um lado, um pequeno
riacho artificial que desagua num lago exatamente no centro do complexo do
templo.
DÉBORA
(NAR.)
Nessa época
eu dividia meu tempo entre trabalho, cavalgadas, treinos com espada... e
conversas com o ancião da cidade, o senhor Aliã, acerca das coisas de Deus.
À sombra de uma árvore frondosa estão
sentados, cada um em uma cadeira, Débora e um homem vestido de azul e branco e
com uma longa barba prateada, o ancião ALIÃ (60 anos). Nos arredores, anciães e
servos circulam tranquilamente pelo pátio.
DÉBORA
Eu ainda
não consigo entender como é que o povo aceitou que Eúde, um homem canhoto,
fosse juiz. Não que eu veja algum problema nisso, mas quase ninguém gosta dos
canhotos.
ALIÃ
Eúde foi
escolhido pelo próprio Deus. O povo aceitá-lo era só uma questão de tempo.
Débora faz que sim.
ALIÃ
Mas há algo
notável nisso, uma coisa interessante, Débora.
Débora presta atenção.
ALIÃ
Por ser
canhoto, Eúde era alguém improvável. O último a quem as pessoas procurariam
para os libertar e os liderar. E quem é que justamente acabou livrando-os das
mãos dos moabitas?
Ela dá um sorrisinho.
ALIÃ
Deus gosta
dessas coisas. De usar dos improváveis, daqueles que são rejeitados. Veja
Sangar: um simples pastor que, usado por Deus, derrotou 600 homens e nos lidera
há 6 anos.
DÉBORA
Tem razão...
ALIÃ
Deus não
escolhe os capacitados... Mas capacita seus escolhidos.
O semblante de Débora é de paz e
admiração.
DÉBORA
Ah, a
conversa está tão boa... Mas eu preciso ir, senhor.
De repente
o semblante dela muda para desânimo.
DÉBORA
Éder vai em
casa me ver...
Eles se levantam.
ALIÃ
Mesmo
depois de todos esses meses... você ainda não gosta do rapaz?
DÉBORA
Não. Nem um
pouco. Nunca senti nada por ele. Na verdade eu nem sei se ele gosta mesmo de
mim...
Aliã franze a testa.
DÉBORA
Com o apoio
do meu pai, ele sempre está tentando impedir que eu dê minhas opiniões. E nem é
sobre a vida deles ou de outros, mas da minha própria! Querem fazer todas minhas
escolhas por mim... É frustrante!...
Por seu semblante é possível notar
que Aliã lamenta a situação.
ALIÃ
Você...
ainda pensa em--
DÉBORA
(interrompendo) Sim. Sim,
não posso negar. (pequena pausa) É estranho... Eu tinha só 12 anos...
Mas não consigo esquecê-lo. E já tentei várias vezes. Ainda guardo a semente de
tamareira... Aquela de que falei há um tempo.
Aliã faz que sim.
DÉBORA
(pensando
longe) Seja lá onde estiver, Lapidote deve estar bonito, servindo a
Deus... e, quem sabe... casado.
ALIÃ
Como
pretende sair disso, Débora? Pois de fato é uma situação muito complicada.
DÉBORA
Não sei...
Peço apenas que o senhor continue orando por mim.
ALIÃ
Claro,
claro! E, se e quando eu tiver um conselho, pode ter certeza que lhe darei.
Nesse momento um servo do templo se
aproxima deles.
SERVO
Shalom. Com
licença, você é Débora?
DÉBORA
Shalom.
Sim, sou eu...
SERVO
O juiz
Sangar pediu para vê-la, Débora. Está aguardando-a em sua casa.
DÉBORA
Certo.
Muito obrigada.
O servo faz uma reverência para
eles e sai.
ALIÃ
Vá, minha
filha. Amanhã continuamos nossa conversa.
DÉBORA
Shalom,
senhor Aliã.
ALIÃ
Shalom.
Débora
faz uma reverência com a cabeça, dá meia volta e sai pelo pátio.
CENA 4:
EXT. BETEL – PRAÇA – DIA
Débora atravessa a movimentada
praça quando uma garota se aproxima correndo: é sua prima SAMA (22 anos).
SAMA
Débora! Ai,
que bom que eu te encontrei aqui!
DÉBORA
Sama... Mas
o que é isso? (rindo) Calma, prima...
SAMA
Desculpe,
eu... nem te saudei... Shalom.
DÉBORA
Shalom...
SAMA
(rindo) Desculpa,
é que... estou atrás do Jaziel... Sabe para onde ele foi?
DÉBORA
Nós nos
separamos por ali. Eu fui para o templo e ele seguiu por aquela rua.
SAMA
Ah, que
bom. Obrigada, prima! Shalom!
DÉBORA
(achando
graça) Shalom...
Sama
sai apressada e Débora continua sua caminhada.
CENA 5:
EXT. DESERTO – DIA
Morros relvados, montanhas
rochosas, vales espinhosos, planícies vastas, vegetações áridas...
DÉBORA
(NAR.)
A paz de
fato foi até poucos meses atrás, pois agora já se ouviam boatos distantes
sobre casos de violência. Uns falavam dos edomitas, outros de uma nova ascensão
dos filisteus, mas ainda era tudo muito nebuloso. O que não imaginávamos é que
a ameaça que se enraizava e crescia ao norte de Israel seria muito pior que a
dos filisteus, transformando a desses em, praticamente, um governo justo e
amigável.
CENA 6:
EXT. HAZORETE – DIA
Na gigantesca planície está
localizada uma grande cidade, fortificada ao redor de um morro em cujo topo
está um imponente palácio.
DÉBORA
(NAR.)
Esta é a
cidade de Harosete, capital do reino de Hazor. Uma região, acima de tudo,
estratégica.
CENA 7:
INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA
É um salão vasto, de paredes altas,
escuras e com tapeçarias adornando-as. Nobres discutem e tramam negócios atrás
dos gordos pilares, mas o rei JABIM (40 anos), assentado sobre o trono, fala
com uns 5 soldados (de couraças na cor cinza) parados aos pés da escadinha que
leva ao rei.
JABIM
Já é o
terceiro! Terceiro dia em que o seu Capitão e o Primeiro Oficial não
comparecem à minha presença! Vocês é quem deveriam encontra-los!
Os soldados permanecem em silêncio.
O rei Jabim pega uma taça de vinho e a vira de uma vez.
JABIM
Vocês estão
rumando direto ao fracasso. E o reino de Amom nos espremendo a cada dia mais. Como
vamos nos livrar dessa sem o cabeça do exército?!
Um dos soldados ergue a mão e o rei
olha para ele.
SOLDADO
Com
licença, meu senhor, mas e se esse sumiço do Capitão e do Primeiro Oficial
tiver relação com os próprios amonitas, que podem tê-los sequestrados
estrategicamente?
Uma chama parece ter se acendido na
mente de Jabim, que então pensa nessa hipótese.
Por fim, olha para o soldado, que
aguarda em posição.
JABIM
Qual é o
seu nome, soldado?
SOLDADO
Sísera,
soberano. O nome do teu servo é Sísera.
JABIM
E então,
Sísera, o que você sugere?
SÍSERA
Caso o meu
rei queira e permita, posso liderar um pequeno pelotão a fim de estender as
buscas até próximo do reino de Amom.
Jabim sorri
levemente, claramente gostou da ideia.
JABIM
Não. Eu
quero que lidere diversos pelotões e os leve para lá.
Sísera faz uma reverência.
SÍSERA
Agradeço a
confiança, meu senhor. Será uma honra para mim.
JABIM
Mas antes
você deve montar um plano de estratégia e me apresentar até amanhã.
SÍSERA
Entendido,
meu rei. Farei isso.
Sísera faz outra reverência.
SÍSERA
Com
licença.
Jabim
faz sinal com a cabeça e o soldado Sísera deixa os outros e sai. Jabim
observa-o se afastar.
CENA 8:
INT. CASA DE NAJARA – SALA – DIA
A porta se abre e Sísera entra
falando alto. Uma mulher tece tranquilamente ali na sala.
SÍSERA
Adivinhe,
senhora Najara, adivinhe só quem foi escolhido pelo próprio rei Jabim para
praticamente liderar o exército de Hazor!
A mulher, chamada NAJARA (50 anos),
deixa seu serviço, se levanta e se aproxima feliz de Sísera.
NAJARA
Pelos
deuses! Pelos deuses, Sísera! Ah!...
Najara segura as mãos dele.
NAJARA
Isso é
mesmo verdade?!
SÍSERA
Sim, mãe! A
mais sublime das verdades!
NAJARA
Ah, meu
filho, eu sabia que isso ia acontecer!
SÍSERA
Mas é
temporário.
NAJARA
(brava) É nada!
Já sem a euforia de segundos atrás,
Najara encara o filho.
NAJARA
Você é quem
pensa, mas não é temporário! Isso, Sísera, é o início! Apenas o início! Nosso
plano está dando certo, e você agiu muitíssimo bem!
Sísera sorri para a mãe.
NAJARA
Se o resto
do plano também der certo, e vai dar, em breve você não será mais apenas
um soldado, e sim o novo Capitão do exército de Hazor!
Sísera faz que sim.
NAJARA
Eu vou lhe
fazer o pão de mel que você tanto gosta. Sente-se, sente-se! Você merece, meu
filho! Capitão do exército, ah, se merece!
SÍSERA
Com leite,
minha mãe!
NAJARA
Claro,
claro! Pão de mel com leite, meu filho!
E
sorri de novo para ele, que senta à mesa. Najara começa a preparar os
ingredientes.
CENA 9:
EXT. CASA DE TAMAR – FRENTE – DIA
Enquanto TAMAR (40 anos) poda
algumas das plantas em frente à sua casa, ELIAN (43 anos) varre o chão.
ELIAN
Até agora
nada de Débora...
TAMAR
Ainda é
cedo, Elian. Não se preocupe...
ELIAN
Éder está
vindo. O que vou dizer a ele se ela não estiver aqui? (nota alguém se
aproximando) E foi só dizer...
ÉDER (25 anos, alto, magro e loiro)
vem da rua e para.
ÉDER
Shalom,
senhores!
ELIAN,
TAMAR
Shalom...
ÉDER
Débora
está?
ELIAN
Ahn, bem,
na verdade, não. Ela ainda não chegou...
ÉDER
Não
chegou?...
Elian,
preocupado, dá de ombros. Éder, claramente insatisfeito, olha para o movimento
da rua. Elian olha para Tamar como quem diz: “Eu não disse?”.
CENA 10:
INT. CASA DE SANGAR – SALA – DIA
Não é uma sala cheia de coisas,
parece haver apenas o essencial, como uma mesa com utensílios de cozinha e um
forno e fogão à lenha com poucas panelas. No fundo fracamente iluminado há uma
cama, da qual Débora se aproxima devagar. O homem ali deitado, aparentemente
doente, é SANGAR (61 anos), que mexe quase que apenas os olhos para a ver
garota.
SANGAR
Débora...
Que prazer revê-la...
DÉBORA
Eu recebi o
recado, senhor.
SANGAR
Por favor,
sente-se...
Débora se senta numa cadeira ao
lado da cabeceira da cama.
DÉBORA
Me disseram
que quer falar comigo...
SANGAR
Sim, eu
quero... Como pode ver, minha filha, estou muito doente. Apesar de poucos, acho
que os anos como juiz de Israel me consumiram...
DÉBORA
Eu
imagino... Hebreus de todas as tribos vêm todos os dias lhe consultar... Tantos
problemas para resolver, decisões para tomar... Nenhuma grande decisão não
podendo ser feita antes do seu aval... É muito peso. Eu sinto muito, senhor
Sangar.
SANGAR
Mas você
precisa se preparar, Débora, pois eu estou partindo...
Débora franze a testa, não entende.
DÉBORA
Perdão,
mas... do que o senhor está falando?
SANGAR
Eu vejo em
você... um brilho... uma luz diferente... Enquanto o povo, a cada dia que
passa, se aproxima mais de como era na época da dominação filisteia, você,
Débora, se aproxima mais do nosso Deus. Eu sei que você sempre conversa com o
ancião Aliã acerca das coisas dos céus...
DÉBORA
(os olhos
brilhando) Eu amo fazer isso. Falar da história do nosso povo, do nosso
relacionamento com Deus...
SANGAR
E eu já não
tenho o vigor que tinha no início da minha carreira de juiz. E conforme vou
definhando, aumentam os boatos vindos dos extremos do país, das tribos da
fronteira...
Débora o olha com muita atenção.
SANGAR
Eu sei que
é Deus quem levanta os juízes... Mas não me admiraria nem um pouco... caso
fosse você a próxima escolhida.
DÉBORA
Eu?!
Sangar faz que sim devagar, e ela fica
muito confusa.
DÉBORA
Mas como?!
Eu... sou mulher...
SANGAR
Eúde era um
canhoto, e eu apenas um pastor.
DÉBORA
Mas homens!
SANGAR
Antes de
qualquer característica, Débora, há Deus.
Ela abre a boca, mas não encontra
palavras...
DÉBORA
Não sei o
que dizer, senhor...
SANGAR
Apenas
continue assim, sendo essa garota maravilhosa. Fiel e leal ao nosso Senhor. Eu
sei que, independente de juízo, de cargo, Deus tem grandes planos para você.
Um
tanto emocionada, Débora faz que sim sorrindo.
CENA 11:
EXT. BETEL – RUA – DIA
Ao localizar Jaziel, Sama corre até
ele.
SAMA
Jaziel!
Ele olha para ela.
JAZIEL
Meu amor,
até que enfim!
Eles se abraçam e sorriem um para o
outro.
SAMA
Que
saudade...
JAZIEL
Não via a
hora de poder apreciar esse rosto, esse olhar doce só pra mim...
Sama sorri e dá nele um rápido
beijo na boca. Olham para os lados para ver se ninguém notou, e saem rindo e de
mãos dadas.
SAMA
Acho que
vou ter que calcular certinho o tempo que passa comigo e o que passa com minha
prima, hein...
JAZIEL
Rum, antes
você nem queria falar comigo, então virei amigo da Débora.
Sama ri.
SAMA
Eu é que
fui boba de perder tempo...
JAZIEL
Escute,
minha linda, vá jantar hoje à noite lá em casa. Já ia me esquecendo de dizer,
mas minha mãe pediu que eu te convidasse.
SAMA
Sua mãe
mandou você me convidar?
JAZIEL
Sim...
SAMA
Tem certeza,
Jaziel?
JAZIEL
Claro, por
que não?
SAMA
Hum.
JAZIEL
E então?
Você vai, não é?
SAMA
Se ela me
chamou... Não posso recusar um convite da sogrinha.
Jaziel sorri.
JAZIEL
Ótimo!
Feliz,
Sama o encara.
CENA 12:
EXT. BETEL – CAMPO – DIA
Uma figura montada em um cavalo
para ao avistar, logo à frente, Betel. Vira o resto do conteúdo de seu odre
enquanto aprecia a cidade. Um pouco de água escorre pelo queixo e cai em suas
vestes surradas.
HOMEM
Betel... A
casa de Deus. (pequena pausa) Então é aí onde está o maior tesouro do
mundo...
Ele sorri.
HOMEM
Seja
bem-vindo, Baraque.
Baraque
então guarda o odre e retoma a cavalgada rumo a Betel.
CENA 13:
EXT. CASA DE TAMAR – FRENTE – DIA
Cansado de esperar, Éder vira para
Elian e Tamar.
ÉDER
Senhores,
com licença. Vou ver se a encontro.
ELIAN
Tudo bem...
Éder sai rapidamente.
ELIAN
Espero que
Débora não me arranje problemas.
TAMAR
Débora não
é disso.
ELIAN
Rum.
CENA 14:
EXT. BETEL – PRAÇA – DIA
Débora caminha apressada pela praça
quando esbarra em um homem, e quase cai.
BARAQUE
Perdão,
moça...
DÉBORA
Imagine, eu
é que estava apressada e nem vi nada...
BARAQUE
Tudo bem...
Débora sorri.
DÉBORA
Com
licença.
BARAQUE
Espere...
Ela para e o olha.
BARAQUE
Já que
estamos nos falando, será que não pode me dar uma informação?
DÉBORA
Claro... O
que deseja saber?
BARAQUE
Essa é a
praça principal da cidade? Não há outra maior?
DÉBORA
Não, não, é
a principal e única de Betel.
BARAQUE
Ótimo...
DÉBORA
Você não é
daqui... Procura algo específico?
BARAQUE
Oh, sim,
procuro justamente por essa praça.
DÉBORA
(sorrindo) Então a
encontrou.
BARAQUE
(sorrindo) Parece que
sim... Vou fazer uma escavação bem aqui.
O sorriso
de Débora se dissipa e ela franze a testa.
DÉBORA
Quê?!
Escavação? E por quê?!
BARAQUE
Me desculpe,
mas não posso dizer... Eu falei que vou escavar porque, afinal de contas, todos
verão.
Perto dali, Éder localiza Débora,
nota-a conversando com Baraque, fecha a cara e se aproxima apressadamente.
DÉBORA
E como
pretende fazer isso? Você vai precisar de uma permissão do juiz Sangar...
BARAQUE
Sim, mas conseguirei
isso assim que consultá-lo.
Éder chega ali.
ÉDER
Débora!
Ela olha para ele.
DÉBORA
Éder...
Éder, desconfiado e com uma certa
raiva aparente, olha dela para Baraque.
ÉDER
O que está
fazendo aqui? Quem é esse?!
Débora olha para Baraque e de volta
para Éder, que aguarda sua resposta. No semblante frustrado de Débora, IMAGEM
CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:
No próximo capítulo: Najara diz a Sísera que desconfia que seu
marido está tendo um caso fora, e o clima esquenta entre Éder, Débora e
Baraque.
Obrigado pelo seu comentário!