-CAPÍTULO
008-
UMA
NOVELA DE MÁRIO TEIXEIRA.
ADAPTADA
POR MATEUS HENRIQUE.
NÚMERO
DE CAPÍTULOS: 70.
CENA
1/CASA DE RUBIÃO/INT./NOITE/MESA DE JANTAR.
Rubião
olha fixamente para Virgínia. Virgínia sorri para Rubião.
Rubião
(nervoso)- Saia agora, dessa casa sua meretriz. Isso aqui é uma casa de
família!
Virgínia-
Ué, meu filho! Você não pediu para uma de suas empregadas, irem até o meu
bordel pra me dar um recado. Então, fala então. Na minha cara.
Rubião-
Quem você pensa que é pra me dar ordens na minha própria casa?
Virgínia-
Sua mãe!
Rubião
(gritando)- Cala a boca! Minha mãe se chamava Leontina!
Virgínia-
Era te criou, por que o seu pai arrancou você dos meus braços.
Rubião-
Não me interessa. Vai embora daqui agora! E saia pelos fundos!
Virgínia-
Eu já vou! Por que eu tenho vergonha de ser mãe de um ser fétido como você!
CLOSE
EM RUBIÃO.
Virgínia
saí.
CLOSE
EM VIRGÍNIA.
CORTA:
CENA
2/BORDEL DE VIRGÍNIA/NOITE/INT./SALÃO.
Mimi
e Vidinha descem as escadas. Mimi vê Raposo e André entrando nesse momento.
Mimi-
Quem é aquele fidalgo?
Vidinha-
Não sei! É um cliente! Vai atendê-lo.
Mimi
se aproxima de André. Ela vai até a mesa de Raposo e André.
Mimi-
Olha o que temos aqui.
Uma
prostituta do bordel senta no colo de Raposo. Mimi senta no colo de André.
André fica com vergonha.
Mimi-
Então! E o senhor? O que faz por aqui?
André
(envergonhado)- Eu...
Raposo
(interrompendo)- Vai se divertir, André!
Mimi
leva André para um dos quartos.
CORTA:
CENA
3/CASA DO ENTENDENTE/NOITE/INT./MESA DE JANTAR.
Rubião
está com um copo de vinho na mão. Ele conversa com Anitta.
Rubião-
Anitta! Aquela senhora é uma pedinte. Ela veio aqui para pedir esmola. Então,
por favor não a deixe mais entrar aqui. Ela está proibida de entrar.
Anitta-
Entendi, senhor entendente! Pode deixar.
CLOSE
EM RUBIÃO.
CORTA:
CENA
4/RUA/EXT./MANHÃ.
Imagens
da fachada da casa do entendente.
CORTA:
CENA
5/CASA DO ENTENDENTE/NOITE/INT./QUARTO DO ENTENDENTE.
Rubião
está na cama junto com Anitta. Ele está em cima dela. Eles transam. Ele penetra
forte dentro dela. Ela geme:
Anitta
(gemendo)- Ahhh... Senhor entendente!
Rubião
saí de cima dela.
CORTA:
CENA
6/CASA DE DIONÍSIA/SALA DE ESTAR/INT./NOITE.
Rosa
se lembra das cenas de miséria que presenciou.
-FLASHBACK
ON-
CORTA:
CENA
7/RUAS DA CIDADE BAIXA/EXT./MANHÃ.
Rosa
anda pelas ruas de baixo e observa as pessoas carregando sacos, passando fome,
sede. Muitos caídos no chão. Ela vê a pobreza que tem ali.
CLOSE
NO OLHAR TRISTE DE ROSA.
-FIM
DO FLASHBACK ON-
CORTA:
CENA
8/CASA DE ROSA/INT./NOITE/SALA DE ESTAR.
Rosa
chora, passando a mão pelo rosto.
CORTA:
CENA
9/ACAMPAMENTO DE MÃO DE LUVA/NOITE/EXT./AR LIVRE.
Ascensão
vem vindo, enquanto todos conversam. Mão de Luva se levanta com seu charuto nas
mãos e cumprimenta Ascensão.
Mão
de Luva- Ascensão? Você por aqui?
Ascensão-
Eu vim te avisar, pra você ficar esperto e deixar de lado essa história de
tentar ganhar ouro à respeito da moça!
Mão
de Luva- E por que está dizendo isso, Ascensão?
Ascensão-
Se descobrirem que a filha de Tiradentes está viva, ela e o pai dela vão ter
direito a julgamento. Já você vai parar na ponta de uma corda. Fique esperto!
CLOSE
EM MÃO DE LUVA.
Ascensão
vai embora.
CORTA:
CENA
10/BORDEL DE VIRGÍNIA/INT./NOITE/SALÃO.
Virgínia
se aproxima da mesa de Raposo. Ele está agarrado à duas meninas.
Raposo
(bêbado, sorrindo)- Olha meninas, eu já estou velho. E eu também vim aqui pra
procurar outra coisa.
Ele
avista Virgínia.
CLOSE
EM RAPOSO.
CLOSE
EM VIRGÍNIA, COM UM SORRISO.
CORTA:
“INTERVALO COMERCIAL”: “ESTAMOS APRESENTANDO”: “JOAQUINA”:
CORTA:
“VOLTAMOS A APRESENTAR”: “JOAQUINA”:
CENA
11/BORDEL DE VIRGÍNIA/NOITE/INT./QUARTO DE VIRGÍNIA.
Virgínia
e Raposo conversam sobre Rosa.
Virgínia-
Quantos anos ela tinha?
Raposo
(tossindo)- Não dá pra mentir pra você mesmo, hein?
Virgínia-
Não dá!
Raposo-
Ela tinha seus 7/8 anos. Por aí!
Virgínia-
E você que nunca respondia as minhas cartas?
Raposo-
Cartas? (PAUSA)- Aquilo era documentos assinados para mais um levante de
conspiração.
Virgínia-
Muitos dos nossos amigos morreram no exílio. Tiradentes, enforcado!
Raposo-
É, mas não existe nenhuma acusação contra minha filha!
Virgínia-
Mas, toda a descendência de Tiradentes foi amaldiçoada. Rosa é filha dele...
Raposo
(interrompendo-a)- Rosa é minha filha. Carrega o meu nome!
Virgínia-
Se você diz! Ela pode ser a salvação. A liberdade está nas mãos dela!
Raposo
(nervoso)- Minha filha não vai ser uma conspiradora. Nunca!
Virgínia-
Ela que decide! Ela é mulher feita. Joaquina!
Raposo-
Rosa! O nome dela é Rosa. E pro seu bem... Se afaste dela! Ou terá em mim, um
inimigo!
Raposo
saí, pisando fundo.
CLOSE
EM VIRGÍNIA.
CORTA:
CENA
12/BORDEL DE VIRGÍNIA/QUARTO DE MIMI/INT./NOITE.
Mimi
se aproxima de André que está sentado. Ela começa a tirar toda a roupa. Seus seios
volumosos aparecem. André envergonhado, diz:
André
(envergonhado)- A senhora é bela como uma flor!
Mimi-
O senhor também!
Mimi
se aproxima.
André
(envergonhado)- O que a senhora está fazendo?
Mimi-
Eu já tirei a roupa! Pode começar.
André-
Não será preciso.
Mimi
(nervosa)- O senhor tem nojo de mim, não é?
André
se levanta. Mimi se prepara para ir embora.
André-
Não... Não! Claro que não. Só quero que fique um pouco para conversar comigo.
CLOSE
EM MIMI.
Mimi
se aproxima de André e ela pega sua mão e a coloca em seus seios. Ele os
aperta.
CLOSE
EM ANDRÉ.
CORTA:
CENA
13/ENTENDÊNCIA/INT./MANHÃ.
Rosa
e Rubião conversam, enquanto bebericam um chá.
Rosa-
Ontem fui até a cidade baixa.
Rubião-
A senhora não deveria ter ido lá. Há 2 anos atrás, houve um surto de “bexiga”,
por aquela região.
Rosa-
Varíola! (ela o corrige)- E o senhor sabe que já temos a cura pra essa doença.
Rubião
(sorrindo)- Vejo que a senhorita é bem informada.
Rosa-
Eu sempre tento. Mas, o que o senhor pensa em fazer a respeito?
Rubião-
A senhorita deveria perguntar a seu pai. Afinal de contas, aquelas terras estão
no nome dele.
CLOSE
EM ROSA, ESPANTADA.
CORTA:
CENA
14/CASA DE DIONÍSIA/INT./MANHÃ/SALA DE ESTAR.
Raposo
toma um suco para curar o porre. Dionísia e ele conversam.
Dionísia-
Você viu a alcoviteira?
Raposo-
Vi e pedi que ela ficasse longe de Rosa.
Rosa
entra nesse momento.
Rosa-
E por que quer que ela fique longe de mim?
Raposo-
Por que ela é prostituta!
Rosa-
Mas, em uma cidade sempre tem uma casa de tolerância e uma igreja. Meu pai, “a
virtude não vive sem o pecado”.
Raposo
ri e Dionísia a repreende.
Dionísia
(espantada)- Rosa! Isso é uma blasfêmia!
Rosa
(p/Raposo)- Aproveitando que eu te encontrei de pé, meu pai, eu gostaria de te
perguntar se aquelas terras da cidade baixa são suas?
Raposo-
São! Por quê?
Rosa-
Por que pelo que vi ontem, as pessoas que vivem lá, vivem como ratos. Não tem o
que comer o que beber, passam fome...
Raposo-
Eu não posso fazer nada!
Rosa-
Eu quero administrar aquelas terras? Quero transformar aquele lugar em um lugar
produtivo!
Raposo
bebe o suco e diz:
Raposo-
Não!
Ele
saí.
Dionísia-
Cada hora, você tem uma idéia diferente.
CLOSE
EM ROSA.
Em
seguida, ela saí.
CORTA:
CENA
15/CASA DOS FARTOS/INT./MANHÃ/QUARTO DE BRANCA.
Luzia
entra no quarto de Branca. Ela não a encontra.
Luzia
(chamando-a)- Branca?
Ela
percebe a cama desarrumada de Branca.
CLOSE
EM BRANCA.
CORTA:
CENA
16/IGREJA/MANHÃ/INT.
Xavier
e Branca se beijam atrás do confessionário. Branca geme de prazer.
Branca-
Você não tem medo do pecado?
Xavier-
Como você é linda!
Eles
se beijam intensamente.
CENA
17/ESTRADA/CARRUAGEM/INT./MANHÃ.
Rosa
e André conversam dentro da carruagem.
André-
Pra onde estamos indo?
Rosa-
Conhecer as terras do nosso pai.
André-
Essa carruagem balança muito.
Rosa-
A gente devia ter vindo de cavalo.
André-
Sabe muito bem que não cavalgo.
CLOSE
EM ROSA, RINDO.
CORTA:
CENA
18/PRAÇA/EXT./MANHÃ.
Virgínia
e as meninas do bordel oferecem alimentos aos pobres.
Virgínia-
Vamos, meninas!
A
carruagem de Rosa para ali perto. Rosa desce. André vem logo atrás. Virgínia
encara a carruagem e se emociona ao ver Rosa. Um pobre pede esmola a Rosa e ela
dá e sorri para ele.
Virgínia-
Joaquina?
Rosa
se assusta. Ela se vira e vê Virgínia.
Rosa-
Por que me chama de Joaquina?
CLOSE
EM VIRGÍNIA, EMOCIONADA.
CLOSE
EM ROSA, ASSUSTADA.
Congela
com uma tinta vermelha que pinta o rosto de Joaquina (Rosa).
FIM DO OITAVO CAPÍTULO...
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