Feitiço do Amor - Capitulo 10 ( Reprise)
Edição : Capítulo 14
Capítulo escrito e redigido por Felipe Rocha
CENA 01. AMBULÂNCIA. INTERIOR. DIA
Continuação da última cena do capítulo anterior.
O paramédico 01 comunica com o motorista.
PARAMÉDICO — Motorista não está chegando? Esse homem tá perdendo grande quantidade no sangue e provavelmente se continuar assim, não vai conseguir chegar até o hospital.
MOTORISTA — Bom, vou tentar ir o mais ligeiro possível. O trânsito tá um caos!
PARAMÉDICO — Vamos fazer de tudo. (ao paramédico 02) Otávio, por favor! O desfibrilador, vamos! Rápido!
O paramédico pressiona o desfibrilador no peito de Rogério para reanima-lo por várias vezes. A pressão continua a cair e os batimentos cardíacos chegam até 45. Depois de várias tentativas, Rogério abre os olhos e começa a tossir.
PARAMÉDICO — Ah, Graças a Deus!
MOTORISTA — Em cinco minutos chegaremos ao hospital! Uma unidade mais próxima!
PARAMÉDICO — (ao outro paramédico) A bomba de oxigênio, ele não tá conseguindo respirar.
Rogério tenso. Ele questiona.
ROGÉRIO — (dificuldade para respirar) Tá... tá chegando?
PARAMÉDICO — Fique tranquilo senhor.
CORTA PARA:
CENA 02. MANSÃO SAN ROMAN. INTERIOR. DIA
Arnaldo e Carmen discutem com Andreia que está tensa e desesperada.
ARNALDO — Quê isso Andreia? Pirou? Gente! Eu não tô conseguindo acreditar numa coisa dessas! Não é possível. Você teve mesmo coragem?
ANDREIA — Foi por uma causa justa Arnaldo. Quem é você para me julgar, hein? Sabe, eu tô entalada até agora! Pelo menos fiz o que tinha que ser feito, agora não dá voltar atrás. E me sinto aliviada. Por ter eliminado esse peso das minhas costas... eu tô engasgada até agora! Cada palavra que ele soletrou que ele disse. Ele disse bem na minha cara que não me amava mais, que tinha optado por ser homossexual. É muito ruim você ouvir isso! Faz-me reconhecer que não valeu a pena amar esse homem! Eu era dedicada, eu fazia tudo! E depois levo patadas.
ARNALDO — Mas Andreia, isso foi um direito dele... e é natural!
ANDREIA — Natural? Agora você me diz que é natural né? Nenhuma palavra de consolo!
ARNALDO — Então agora você vai disparar ódio né? Sem mesmo ter pensado na burrada que você fez! De qualquer forma, ele tinha direito! Tava na opção dele... e você não pode julgar! Isso é normal cara! Tanto faz. É amor.
ANDREIA — (tensa) Amor? Que amor o quê? Eu sabia Arnaldo! Eu sabia que você tava do lado dele.
CARMEN — Gente, eu não vou aguentar mais essa discussão. O Rogério tá precisando de ajuda! Eu vou lá para o hospital.
ARNALDO — (a Andreia) Depois a gente conversa tá, Andreia? Eu não vou deixar isso barato não! A partir de agora eu quero ver você se tornar uma pessoa melhor.
Andreia continua a beber. Arnaldo toma a garrafa da mão dela.
ARNALDO — E sem bebidas. Sem dependência. Eu vou pensar no que vou fazer com você.
Andreia arranca a garrafa da mão de Arnaldo. Ele vai embora. Andreia atira a garrafa pela porta, louca, descabelada.
CORTA PARA:
CENA 03. CARRO ARNALDO. INTERIOR. DIA
Carmen e Arnaldo conversam sobre Andreia no carro, enquanto o homem está no volante.
CARMEN — Sinceramente, Arnaldo. Eu não acredito, não consigo! A coragem da Andreia de fazer isso com o Rogério. Parece que ela era que é a força maior. Queria ele todo só para ele. A fatia do bolo inteira. E se tirasse um pedaço, já vinha com quatro pedras na mão.
ARNALDO — É isso mesmo minha mãe, eu também tô surpreso viu. Mas isso não vai ficar assim. Você vai ver. Eu vou tomar providências.
CARMEN — Só espero que essas providências sejam justas, Arnaldo! Eu até que entendo a Andreia, mas ela é um exemplo de preconceito! Imagina se ela for até o apartamento do Hugo e tirar satisfação com ele.
ARNALDO — Espere mãe, espere o que vai acontecer. Ela nunca mais vai encostar um dedo no Rogério e no Hugo.
CARMEN — Eu só acho que a gente devia encaminhar ela para uma clínica psiquiátrica. Ela tá precisando de um tratamento sério. Tá bebendo compulsivamente. E aquelas bebidas estão modificando ela. Quem sabe não seja a hora de a gente procurar uma ajuda para ela? Pelo menos fazer uma caridade!
ARNALDO — Não sei, mas é agora que eu começo a acreditar naquela teoria, que vaso ruim não quebra!
Arnaldo pega seu celular e faz uma ligação misteriosa.
CORTA PARA:
CENA 04. HOTEL. SUÍTE 40. BANHEIRA. INTERIOR. DIA
A banheira cheia de espumas. Fabían e Catarina se divertem a tomar uma taça de uísque. Os dois estão abraçados e ouvem Estrela Blue – Simone Mazzer.
CATARINA — Sabe ficar com você é tão bom? Eu me esqueço até de todos os problemas! E ainda com essa música.
FABÍAN — Também. Você foi a melhor coisa que já me aconteceu nessa vida. Mais do que aquela Maria Clara. Não sei como eu pude gostar daquela pessoa!
CATARINA — Mas não vamos pensar no passado, vamos somente divertir, nessa banheira! Toda espumada. Sempre tive esse sonho, se deixasse eu passava o dia inteiro.
FABÍAN — Tô sentindo você muito acomodada. Eu diria que está aproveitando do meu dinheiro... é? (aos beijos com Catarina).
CATARINA — Não, longe de mim. Longe de uma pessoa humilde como eu.
FABÍAN — Cuidado para não beber muito e se intoxicar igual minha irmã Andreia.
CATARINA — Fabían, sabe que eu te acho fofo e engraçado às vezes... falando mal da sua própria irmã.
FABÍAN — Claro... Andréia é uma alcoólatra. Eu arriscaria a dizer que ela pode fazer uma bobagem a qualquer hora e não é imprevisível, viu?
O telefone de Fabían toca.
FABÍAN — Alá, tá vendo. Não falei? Deve ser mais uma bobagem. Esquisito o Arnaldo me ligando.
Fabían atende.
FABÍAN — Alô...
Fabían reage ao escutar um caso revelador através da ligação.
FABÍAN — (apressado) Ok, ok! Tô indo agora.
Fabían desliga o celular.
CATARINA — Meu amor, onde você vai? Não me deixe aqui, está tão bom! Podemos nos divertir, eu posso fazer o que você gosta! Vamos aproveitar o nosso dia.
Fabían nervoso grita com Catarina.
FABÍAN — (agressiva) Será que você não percebeu que eu tenho uma coisa para resolver? Me deixa! Esse dia para mim já foi! Ainda bem que eu não perdi meu tempo com você, porque eu tenho um assunto muito sério a resolver.
Fabían vai embora.
Catarina atira uma taça de vinho pela porta.
CATARINA — (nervosa) Cafajeste! Ordinário! Ele me paga.
CORTA PARA:
CENA 05. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA
Arnaldo e Carmen na sala de espera desesperados, a espera do médico. Arnaldo bebe muitos copos de água consecutivos. Ele dá uma volta no corredor, nervoso. Em seguida, começa a suar e tira a gravata.
ARNALDO — Ah, eu não aguento mais... quanto suspense Meu Deus? Será que apesar de tantas tragédias, a gente não vai ter nenhuma notícia boa?
CARMEN — Eu creio que sim. Porque eu confio na minha santa. Tô rezando com o terço, já peguei várias vezes, ela vai fazer milagre! Pode ficar tranquilo. Vejo que está mais nervoso que eu.
ARNALDO — Claro né, claro! Você acha que eu vou esbanjar para os outros minha felicidade num momento tão triste desses? Olha, tem hora que eu começo a pensar, desde que a gente saiu da casa da Andreia... onde o Hugo tá metido nessa história toda? Porque sabemos bem que notícia ruim corre rápido. Pensar que meu irmão sacrificou a vida por causa dele é uma tortura para mim! Antes sozinho do que mal acompanhado.
CARMEN — Ah, meu filho, não se encha de ódio. Não deixe que essa raiva preencha seu coração e o faça tomar atitudes precipitadas. Será mesmo que ele ficou sabendo? Acho melhor ligarmos para ele, para confirmar!
ARNALDO — Desculpe. Falei de cabeça quente. Não vai se repetir mais.
Arnaldo tem uma crise de nervos e chuta a parede. Uma das enfermeiras questiona.
ENFERMEIRA 1 — O que está acontecendo? O senhor tá precisando de ajuda? Vejo que está bastante nervoso.
ARNALDO — Não tô precisando de nada, absolutamente nada! (nervoso) Só estou esperando um veredito do médico. O ultimato, quer dizer. E por favor, vá lá saber se ele já terminou, que tá botando pressão na gente!
ENFERMEIRA 1 — Sim senhor. Mas acalme-se e sente-se. Vamos ficar sossegados até o doutor chegar, ouviu? Eu vou pegar um calmante para você.
CARMEN — Vai, Arnaldo. Vai. Me dá aí esse celular. Porque do jeito que você está vai até assustar o coitado do Hugo.
Arnaldo entrega o celular para Carmen.
Carmen liga para Hugo. Ele atende.
Ligação
HUGO — Alô!
CARMEN — Alô Hugo! Tá tudo bem? Tá podendo falar?
HUGO — Dona Carmen? A senhora me ligando.
CARMEN — Olha eu vou ser breve e objetiva. No momento estamos no hospital. É o Rogério.
HUGO — (preocupado , lágrimas) O Rogério? Não vai me dizer que...
CARMEN — Venha para o hospital agora Hugo. Eu vou te contar tudo. (desligando)
HUGO — (nervoso) Dona Carmen, não! Peraí, Dona Carmen?
Encerra-se a ligação.
Carmen comenta com ARNALDO.
CARMEN — Pronto, o recado já está dado! Agora é só esperar.
CORTA PARA:
CENA 06. MANSÃO SAN ROMAN. INTERIOR. DIA
Enrico discute com Andreia.
ENRICO — Pirou, Andreia? Olha a sorte que o Arnaldo ligou para mim, viu! Como você foi capaz de fazer uma coisa dessas, de arruinar sua própria vida?
Andreia continua dando gargalhadas malignas.
ENRICO — Eu não estou entendendo todas essas risadas.
ANDREIA — Ah, como vocês são tolos! Não estão vendo minhas risadas? Meu ar de felicidade. Eu tô feliz. Porque eu me libertei de um peso nas costas que eu carregava. Uma dúvida, uma sombra terrível. E pior, vocês sabem que eu tive motivos.
ENRICO — Mas você não teria o direito de fazer isso. Agora vai passar o resto dos seus dias da cadeia.
ANDREIA — Na cadeia? Ah, então é você que vai me denunciar né? Você está metido nisso até o pescoço! E você também, Vicente?
VICENTE — (indaga) Eu?
ANDREIA — Sim, vocês todos. E vão assumir a culpa por mim!
ENRICO — Andreia, você tá ficando louca né? De qualquer forma o que fez tá feito, não tem como você escapar. Mas eu não entendo, como você ser consegue feliz destruindo a vida alheia?
ANDREIA — (nervosa) Todos esses anos eu fui traída... e o pior fui trocada por uma mercadoria que sei lá... nem tinha nota fiscal! Eu fui feita de burra, de idiota... você tá entendendo? E eu lá toda dedicada pensando que era amor correspondido! Mas agora eu vejo mesmo que o romance é uma tragédia. Igual aquelas obras de Shakespeare, Romeu e Julieta, várias... Tudo tragédia! Eu repito! Tragédia! Começa bem, a gente pensando que vai ser feliz o resto da vida... E depois recebe uma patada. Foi o que eu recebi, me chutaram pelo balde, uma chutada inesperada... (chora) Agora... minha vida acabou! Eu não tenho mais ninguém, tá entendendo? Eu tô sozinha! Pelo menos você tem a Maria Clara, filhos. O relacionamento deu certo, depois de todas as investidas do Fabían. A família tá formada. (chorando ainda mais) E eu não tenho mais nada a não ser a roupa do próprio corpo, essa casa, as minhas bebidas. Todos os goles de vinho que eu tomo esperando que os minutos passem, esperando que eu receba pelo menos, um sinal de felicidade, de que ainda há esperança para viver. A minha alma está sombria, Enrico. Sombria. Não é mais aquela de antes. Agora ela é outra. Uma alma vingativa, uma alma que guarda rancor, uma alma cinzenta! E infelizmente, eu vou ter que carregar esse carma para o resto da vida... mas dizem né que a gente tem que ser forte. Então se eu tô feliz com isso, se eu acho que foi bem para mim, eu tenho que me orgulhar por isso... agora eu vou ficar aqui, sentada nesse sofá, esperando uma confirmação lá do alto do divino, que o meu fim está próximo... que eu me perdi num vale sombrio e que um dia eu vou reconhecer que eu era feliz, mesmo sendo enganada!
Enrico e Vicente emocionados.
ENRICO — Eu tô sem palavras... realmente depois desse estado, eu percebo, você não quer demonstrar... mas no fundo, no fundo se sente arrependida. Bom Andreia, lamento por cultuar esse sentimento de vingança. Mas se sua alma está perdida, está sombria, foi você que está colhendo o que plantou. É nessa hora que eu começa a acreditar nesse ditado.
VICENTE — De qualquer forma Andreia, eu vou salvar sua pele sim... cadê a faca?
ENRICO — Não, Vicente. O que você vai fazer?
Andreia entrega a faca a Vicente.
VICENTE — Enrico, nós temos que enterrar, porque a qualquer hora essa prova vai aparecer.
ENRICO — Mas Vicente, suas digitais... tira a mão daí.
VICENTE — Não Enrico, se a Andreia tá falando que a gente tá metida nisso até o pescoço, vamos acreditar nisso. (a Andreia) Andreia, minha querida, estamos com você! Pegue uma pá e uma luva. Vamos enterrar essa faca!
Em seguida, Andreia sente contrações na barriga. Vicente a ajuda a sentar.
VICENTE — Calma aí Andreia vai senta aqui!
ENRICO — É vejo que temos mais um sinal de gente nascendo na filha! Carmen San Roman já deve estar pronta para receber seu sangue, Andreia!
Andreia surpresa com a escolha do nome. Os dois sorriem um para o outro.
VICENTE — Vem Andreia, vamos subir, eu te ajudo!
CORTA PARA:
CENA 07. CASA DE GUSTAVO. INTERIOR. DIA
Dulce e Gustavo conversam.
DULCE — Saiba que me alegra muito ver que você já está recuperado após todos os contratempos, não é? Sinto você cada vez mais forte mais disposto a batalhar!
GUSTAVO — Sabe que eu também acho? Ainda mais que eu arrumei um novo passatempo! Artesanato.
DULCE — Você também gosta? Acho isso muito esdrúxulo, esquisito. Porque eu só achava que era mulher que gostava.
GUSTAVO — Nada disso, minha cara Dulce. Às vezes não tenho nada para fazer e fico aqui. Já penso em abrir uma loja. Quem sabe não seja uma hora de a gente formar uma dupla, hein?
DULCE — Ótimo! Tenho todas as ideias. Vamos ter várias encomendas, eu garanto!
CORTA PARA:
CENA 08. FRENTE DA MANSÃO SAN ROMAN. INTERIOR. DIA
Fabían andando de carro pela rua da Mansão San Roman. Ele dá ré ao ver Enrico e Vicente saindo da mansão, e em seguida, decide seguir eles, vagarosamente.
CORTA PARA:
CENA 09. CASA DE MÔNICA. INTERIOR. DIA
Mônica e Lúcia tomam um gole de vinho.
MÔNICA — Muitas pessoas já me perguntaram porque tomo vinho a essa hora! A essa hora do campeonato, num dia desses! E eu arrisco a dizer que se deixar tomo até a garrafa inteira, um por dia. Ouvi dizer que garante longevidade.
LÚCIA — Só você mesmo para acreditar nesses boatos. Para mim toda bebida alcoólica faz mal, mesmo que haja comprovação científica. É teimosia.
MÔNICA — Acho que sua terceira idade já tá chegando antes do previsto. Pelo visto está mais teimosa.
LÚCIA — É eu acho que sim, mas ainda tem homens olhando para mim!
MÔNICA — E eu não tenho ninguém para beijar meus pés.
LÚCIA — Hoje está difícil de conseguir, amiga. Um príncipe encantado só naqueles filmes. Então, agora me diga e o seu caso com o Enrico, como é que ficou?
MÔNICA — Acabou antes mesmo de ter começado. É aquela teoria antiga. Dizem que a segunda vez é sempre melhor, mas eu não acredito. O Enrico foi um dos meus preferidos, um homem com quem eu queria deitar a minha vida toda.
LÚCIA — Mas você fala como se não quisesse correr atrás?
MÔNICA — Eu? Correr atrás? É claro que eu quero. Pensa que eu desisti? Olha eu até hoje não sei como é que o Enrico preferiu ficar com aquela sem graça da Maria Clara. Eu tenho muitas qualidades a mais, tenho alto astral. E também eu tenho inveja dela por ser disputada por tantos homens. Por que eu tive essa infelicidade? Mas eu ainda garanto. Do jeito que as coisas andam, o Fabían vai sugar a Maria Clara para ele, vai tentar de novo e eu fico com o Enrico, todinho meu!
Mônica dá sua última cartada bebendo o último gole.
CORTA PARA:
CENA 10. TRILHA. MATAGAL. INTERIOR. DIA
Planos de Fabían seguindo o carro onde está Vicente e Enrico em baixa velocidade no matagal. Tudo escuro. Vazio. Estrada com defeitos. Fabían sem entender.
FABÍAN — Onde será que esses dois estão indo? De qualquer forma, é hoje que eu pego o Enrico!
CORTA PARA:
CENA 11. HOSPITAL. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA
O médico comunica sobre o estado de saúde de Rogério.
HUGO — E aí Doutor? Ele sobreviveu? Tá tudo bem com ele?
CARMEN — Como foi à cirurgia? Correu tudo bem?
ARNALDO — Vamos doutor, eu não aguento mais essa cara de suspense.
MÉDICO — Acalmem os ânimos, acalmem o emocional! Olha, por vias das dúvidas, é uma das primeiras e raras situações em que um paciente consegue... (pausa)
Todos nervosos.
MÉDICO — (retoma, sorrindo) Conseguem sobreviver a uma facada! É isso mesmo! Podem comemorar! Rogério já está disponível e pode receber visitas. Mas sem extravagâncias.
CORTA PARA:
CENA 12. HOSPITAL. 5° ANDAR. QUARTO 201 A. INTERIOR. DIA
Hugo, calmo, abre a porta do quarto. E fecha sem fazer nenhum barulho sequer. Ao mesmo tempo, com o coração saltando pela boca e com medo. Ele vai se aproximando vagarosamente de Rogério. Ele sorri, começa a se emocionar, até que com muita dificuldade encosta a mão no rosto do homem e começa a acaricia-lo. Rogério abre os olhos assustado, mas ao se deparar com Hugo, se sorri. Os dois emocionam. Hugo começa a chorar.
ROGÉRIO — Hugo pensei que não vinha. Como ficou sabendo que eu tava nesse estado? Não terminamos! Eu não estou entendendo. Será que tudo isso é uma imaginação? Será que você meu amor tá aqui mesmo comigo? Nessa hora. Parece tão real. Ver você. Corpo carnal.
HUGO — Rogério acalme-se.
ROGÉRIO — (desesperado) Eu não suportar Hugo, não me deixe, por favor. Eu não vou conseguir. Você é minha razão de viver. Sabe? Eu sinto que... que eu apaguei o meu brilho depois que você sumiu da minha vida de uma vez por todas... desde que a gente colocou um ponto final do noivado, eu não sou mais o mesmo. Eu não me sinto mais completo. Eu não sinto aquela vontade de viver, que eu tinha antes. Aquela vontade de formar uma família com você... ter filhos. Eu sei que nesse momento eu tô chorando, meu coração tá saltando pela boca, mas eu tô falando tudo isso, é porque eu te amo meu amor! Eu te amo, eu quero ficar com você, o resto dos meus dias. Diga-me uma coisa. Prometa. Prometa para mim, para sempre que a gente vai ficar juntos. Eu, eu não posso te perder mais uma vez!
HUGO — Oh meu amor eu também te amo! Eu também sentia que desde a época que a gente tava junto, minha felicidade era só você... Agora mesmo que eu chego à conclusão que fomos feitos um para o outro. E eu gostaria de te pedir perdão, perdão por eu ter sido tão burro, por eu não ter enxergado isso!
ROGÉRIO — Hugo, eu terminei com a Andreia... eu quase perdi a vida, mas não entendo o motivo da nova chance. Eu quase faleci.
HUGO — Eu sei meu amor, eu sei. Eu sei o motivo da nova chance. Foi para nos unir. Eu e você.
Hugo pega na mão de Rogério.
HUGO — Eu prometo para você que a partir de hoje eu serei o homem mais feliz ao seu lado! Até o resto dos meus dias.
Hugo e Rogério chorando. Os dois vão se aproximando devagarinho, até darem um beijo. Em seguida, Arnaldo e Carmen que invadiram o quarto apressados, batem palmas.
CORTA PARA:
CENA 13. MANSÃO SAN ROMAN. QUARTO ANDREIA. INTERIOR. DIA
Andreia sentindo dor. As contrações começam a aumentar na barriga e ela grita de dor. Até que tenta se levantar, mas se esbarra no criado e algumas fotos caem. Então Andreia, caminha até a sala e desmaia.
CORTA PARA:
CENA 14. TRILHA. MATAGAL. INTERIOR. DIA
Enrico e Vicente param o carro. Eles descem com a pá, luvas e um pano. Fabían espia tudo atrás da árvore, rindo. Enrico e Vicente escolhem um local para cavar um buraco. Vicente entrega as luvas para Enrico.
VICENTE — Pronto, você vai cavar.
ENRICO — Eu? Ah não Vicente. Eu não tenho fôlego para fazer isso. É melhor você. Não foi o combinado?
VICENTE — Enrico, não vamos enterrar ninguém. É só uma faca. Agora deixe de bobagem e cave logo! Antes que anoiteça.
Fabían comemora e tira fotos atrás da árvore. Em seguida, pega o celular e liga para polícia.
FABÍAN — Alô polícia...
Depois de algum tempo...
Enrico coloca a faca e termina de cavar. Em seguida, a polícia, invadindo o Matagal flagra os dois.
POLICIAL — Senhor Enrico e Vicente. Polícia Federal. Os senhores estão presos por assassinato! Algemem-os, por favor.
VICENTE — Não, não. Não é nada disso que você tá pensando policial. É só...
Enrico avista Fabían lá longe, entrando no carro.
ENRICO — Alá, Vicente, é ele! É ele.
VICENTE — Ele quem Enrico?
ENRICO — (trêmulo) Fabían!
Closes alternados entre Enrico e Vicente.
CORTA PARA:
FIM
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