Débora
CAPÍTULO 20
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
escrita por
FELIPE LIMA BORGES
baseada nos capítulos 3 a 5 do livro
de Juízes
FADE
IN:
CENA 1: EXT.
HAROSETE – ARREDORES – DIA
Sísera e Najara continuam
escondidos atrás do portão da cidade e observando, lá fora, Jeboão, Nira e
Debir. Diante do silêncio desses dois, Jeboão parece entender tudo.
JEBOÃO
Então é
isso... Sempre foi isso. Bem que desconfiei. Fui tolo de não dar ouvidos
à minha própria consciência. Todo esse tempo e tudo bem embaixo do meu nariz...
e escolhi não perceber.
Nira o encara quieta. Debir então
toma a frente.
DEBIR
É isso
mesmo! Tudo não passou de um plano para arrancar o seu ouro. Você foi só uma
peça, Jeboão. Um objeto que usamos.
Jeboão olha desesperado para Nira.
JEBOÃO
Como
pôde?... Me enganou... Me usou, me iludiu!... Pensei que... que...
NIRA
Que eu te
amasse?
Nira ri de Jeboão.
NIRA
Olhe para
você, olhe para Debir. Onde que uma mulher como eu iria me interessar por uma carniça
igual a você?!
Jeboão, atordoado, mal parece
acreditar no que ouve.
NIRA
Eu não
sinto nada por você. Só nojo e repulsa.
JEBOÃO
Mas...
Nossas noites... Nossas tardes... Nossos momentos juntos...
NIRA
Eu só te
usei, velhote! Sacrifiquei o meu corpo e a minha intimidade em prol de meu
sonho com o meu verdadeiro amor, Debir! (abraçando Debir) O meu homem, a
minha vida, o meu tudo!
JEBOÃO
Maldita!!!
Os dois, malditos!!!
Nira ri do escândalo de Jeboão.
JEBOÃO
Vocês me
humilharam! Como ousam?! Eu sou o pai do Capitão! Como ousam fazer isso com o
pai do Capitão???!!!
NIRA
Não é
difícil. Fica fácil quando se olha para esse seu rosto nojento, esse seu corpo
de cabrito seco, essas pelancas caídas e essa quantidade de pelos tal qual as
dezenas de anos que tem nas costas. Velho nojento, podre, iludido! Nunca me
teve de verdade, e nem em seus mais loucos sonhos poderia!
Encarando os dois, Jeboão parece
quase explodir de ódio.
DEBIR
Eu o mato
ou vamos embora e deixamos esse estrume aí?
JEBOÃO
Vou
denunciá-los ao meu filho! Vou contar tudo a ele! Vou mandar prendê-los! Vocês
dois serão mortos!!!
NIRA
Sísera já
sabe de tudo, esqueceu?! E aparentemente ele não gostou nada do ato do pai.
JEBOÃO
Não
interessa!!! Vou fazer questão de fazê-los pagar do mesmo jeito! Vou atrás de
Sísera agora mesmo!
Quando Jeboão vira para a cidade, Najara
e Sísera se revelam no portão.
NAJARA
Não será
necessário.
Jeboão se assusta e paralisa.
Najara, seguida do filho, caminha com o nariz empinado e os passos firmes. Nira
e Debir se entreolham com medo e se aproximam um do outro.
Quando
Najara chega ali, Jeboão olha de Nira e Debir para a esposa e Sísera. Tensão no
ar...
CENA 2:
EXT. BETEL – RUAS – DIA
Caminhando pela rua, Sama observa
várias pessoas comprando estátuas de deuses e outros amuletos de idolatria.
VENDEDOR
(para Sama) Deseja
algo, mocinha? Uma estátua de Baal para a prosperidade de sua vida? Ou talvez
de Astarte? Garanto que ela lhe ajudará a arrumar o homem dos seus sonhos!
SAMA
Só as
sementes, mesmo. Obrigada.
E vira para sair, mas paralisa ao
dar de cara com Jaziel.
JAZIEL
Sama, oi...
Sama não gosta de encontra-lo, e se
ajeita.
JAZIEL
Eu... só
queria lhe pedir uma informação.
SAMA
Outra?
Sama sai andando e Jaziel a
acompanha.
JAZIEL
É que eu
preciso de um endereço, um lugar em que fomos juntos uma vez. Quero levar os
meus pais. Não! Uns amigos! São uns amigos que eu quero levar...
SAMA
Betel nem é
tão grande assim, e você sempre foi bom de lembrança.
JAZIEL
(sem jeito) Mas isso
acontece...
Sama então para e olha para ele.
SAMA
Jaziel,
está na hora de parar. De parar de arrumar justificativas para a gente se
falar. Acabou, e você precisa aceitar e conviver com isso. Já está tudo explicado,
foi tudo colocado sobre a mesa. Agora cada um segue o seu caminho!
Jaziel fica sem jeito e olha para
baixo.
Então olha para ela.
JAZIEL
(ressentido) Então é
assim.
SAMA
Sim, é
assim. Infelizmente.
Ressentido, ele aperta os lábios.
JAZIEL
Muito bem.
Adeus, Sama.
SAMA
Adeus,
Jaziel.
Jaziel
sai dali imediatamente. Observando-o se afastar, Sama deixa escapar uma
lágrima... que logo ela limpa.
CENA 3:
EXT. HAROSETE – ARREDORES – DIA
Jeboão, assustado, olha para
Najara.
JEBOÃO
Najara! Meu
amor! Não é nada do que parece!...
SÍSERA
O senhor se
justifica demais, pai.
JEBOÃO
Cale a
boca! Cale a sua boca, Sísera!
De repente Najara arranca o punhal
das vestes e o aponta para o marido. Sísera se surpreende, mas não reage.
NAJARA
Respeito,
Jeboão! Respeite o Capitão do reino!
Nira e Debir estão apreensivos com
o que pode acontecer ali. Mantendo a lâmina apontada para Jeboão, Najara se
aproxima devagarinho.
NAJARA
Eu estava
certa nesse tempo todo... Os sumiços, os atrasos, as justificativas atravessadas...
Todo esse tempo e você estava mesmo com uma amante.
Uma raiva parece surgir no
semblante de Jeboão.
JEBOÃO
Estava.
Estava mesmo. Pois eu não a suportava mais. Há tempos você não passa de
um peso em minha vida, uma fadiga interminável!
NAJARA
Seu maldito!
Ninguém me trairá e ficará impune!
Jeboão força uma risada.
JEBOÃO
E o que
você vai fazer?! Me matar?! Você, Najara?! Vai me matar na frente do
nosso filho?! (apontando Nira e Debir) Com testemunhas?! O que é que
isso aqui virou?!
NAJARA
Seu
canalha! Como pude ser tão ingênua de me apaixonar por você na nossa mocidade?!
E ainda correr atrás! Você é a pior criatura que eu já tive o desprazer de enxergar!
JEBOÃO
Suponho que
esteja falando com um espelho!
De repente, num ataque de fúria,
Najara ataca Jeboão com o punhal e finca a lâmina em seu estômago. Sísera
observa tenso, mas se mantém parado. Nira e Debir, espantados, parecem começar
a se desesperar.
DEBIR
Vamos sair
daqui!
Debir puxa Nira e os dois correm
para a carroça. Sobem apressados.
Najara arranca o punhal de Jeboão e
desfere outros sucessivos golpes em seu peito e barriga.
O corpo dele então desaba e cai com
os olhos esbugalhados. Uma poça de sangue se forma rapidamente ao redor.
Sísera encara o pai morto...
Najara nota a carroça de Nira e Debir
começando a se afastar rapidamente.
NAJARA
Vagabunda!!!
Najara então atira o punhal na
direção de Nira! A arma rasga o ar girando. Debir, que se movimentou com
antecedência, pula atrás de Nira a tempo... e o punhal crava na costa dele.
Nira olha, mas Debir cai da carroça e fica estirado no chão.
NIRA
DEBIR!!!
Desesperada, Nira pula da carroça e
se abaixa ao lado do amado.
Sísera, por sua vez, ainda olha
confuso para o corpo de Jeboão.
SÍSERA
O pai está
morto... Meu pai está morto...
Najara olha para ele.
NAJARA
Não se
preocupe, eu darei jeito de ocultar tudo isso.
Debir agoniza olhando para Nira,
que chora copiosamente sobre ele.
DEBIR
Fuja...
Nira, fuja...
NIRA
Não!...
DEBIR
Fuja,
Nira... O mais rápido que puder... Eu... te amo...
Nira pega as mãos dele.
NIRA
Eu também
te amo!...
Najara olha para Nira, e ela
percebe.
Chorando sem parar e a muito custo,
Nira deixa Debir e corre para a carroça.
NAJARA
(para
Sísera) Vá atrás dela!
Nira sobe. Desesperada, olha para
Najara e Sísera. Bate as rédeas do cavalo e sai rápido.
SÍSERA
Estou a pé.
Vou precisar voltar e mandar realizarem buscas!
NAJARA
Pois faça
isso rápido! Essa rameira não vai ficar impune pelo que fez comigo!
Nira vai embora olhando para trás,
sem tirar os olhos do corpo de Debir, cada vez mais distante.
E Sísera olha novamente para o
corpo ensanguentado do pai por alguns segundos... E então vira e volta para a
cidade.
Najara,
por sua vez, encara com desprezo o marido morto.
CENA 4:
EXT. BETEL – RUAS – DIA
Débora analisa as frutas de uma das
barracas.
DÉBORA
(NAR.)
Acredito
não ser surpresa que poucas semanas depois, Lapidote e eu voltamos a nos
aproximar.
Um par de mãos tampa os olhos de
Débora e ela sorri.
DÉBORA
Jaziel?...
LAPIDOTE
Nem de
longe.
DÉBORA
Ah,
Lapidote!
Ela se desvencilha das mãos e vira
para ele com um sorriso grande.
LAPIDOTE
Como você
está?
DÉBORA
Ah, indo...
E sorrindo de vez em quando.
LAPIDOTE
É, anda
sendo difícil sorrir com a idolatria generalizada.
Débora respira fundo.
DÉBORA
Às vezes eu
gostaria de saber que palavras usar para convencer esse povo a sair disso, mas
não consigo encontrar nenhuma... e acaba que me sinto menor e mais fraca ainda.
LAPIDOTE
Embora seja
admirável, você não precisa carregar o peso de todo o povo nos seus ombros,
Débora.
Tristonha, ela faz que sim.
LAPIDOTE
Escute,
você está muito ocupada?
DÉBORA
Não... Na
verdade estou com um tempo livre. A essa hora cavalgaria com o Jaziel, mas ele
anda indisposto desde que minha prima o deixou... E está muito difícil
reanima-lo. Está aí outro motivo que me deixa mal, não conseguir ajudar alguém
que tanto considero. Bem, mas sim, estou livre.
LAPIDOTE
Então
gostaria de convidá-la a dar um passeio comigo.
Débora sorri.
DÉBORA
Eu aceito.
Lapidote
sorri satisfeito e os dois saem juntos pela rua.
CENA 5:
INT. PALÁCIO – SALA DO TRONO – DIA
Sísera está de pé diante do trono
de Jabim.
JABIM
Quero um
relatório, Capitão, sobre como anda o caso Israel.
SÍSERA
Os 900
carros estão prontos, soberano. Já passaram pela manutenção e limpeza. E os
nossos soldados já conhecem a geografia local. Estamos na fase de organizar as
tropas de acordo com as estratégias. Quero atacar os locais corretos e inibir
qualquer reação dos hebreus.
JABIM
Ótimo.
Aguardarei ansioso por novidades suas. Quero esse ataque para logo.
SÍSERA
(reverenciando) Assim será
feito, meu senhor.
Jabim
o olha num misto de satisfação e ansiedade.
CENA 6: EXT.
CAMPO – PALMEIRA – DIA
Débora e Lapidote vêm caminhando
pelo campo verdejante até chegarem à mais alta e bonita palmeira daquela região.
LAPIDOTE
Muito tempo
se passou, mas a palmeira continua aqui, firme, acontecendo o que
acontecer.
DÉBORA
Ainda bem,
não é?
Lapidote ri.
DÉBORA
Sabe,
apesar de muito tempo ter se passado, eu não me esqueci de tudo o que
aconteceu.
Lapidote respira fundo.
DÉBORA
Eu sofri
muito, pois te amava. Eu te amava muito, Lapidote. Mas nunca me esqueci que
você saiu sem me dar um único motivo para isso. E eu sei que você sabia das
razões, pois seu pai o mandou não me contar caso me amasse. Pelo jeito... você
amava mesmo. Para bem ou para mal, você me amava.
Ele faz que sim...
LAPIDOTE
Parece que
chegou a hora de se abrir as porteiras da verdade...
Débora logo se senta aos pés da
palmeira, e Lapidote faz o mesmo.
Ele então parece buscas palavras
enquanto aprecia a linda paisagem ao redor.
LAPIDOTE
Débora... O
que vou lhe contar é muito perigoso, uma vez que pode colocar em risco seu
relacionamento com o seu pai.
Ela franze a testa.
DÉBORA
Meu pai?! (pequena
pausa) Espere... Não diga que meu pai tem envolvimento no sumiço de vocês.
Visivelmente com dificuldade,
Lapidote faz que sim para ela.
LAPIDOTE
Apesar da
dor da separação que ambos experimentamos, Elian fez isso por amor, Débora. Por
considerar muito sua filha.
Ela parece bastante afetada pelo
que descobriu.
DÉBORA
Não... Seja
lá o que ele tiver feito, fez por egoísmo. Aquele homem... só pensa nele mesmo.
Em sua aparência, em como será visto, e bem-visto, pelo povo. Tudo
para ele é aparência.
LAPIDOTE
Eu preciso
que você me prometa que não confrontará o seu pai, que não contará nada a ele
e, principalmente, que não guardará mágoa dele.
DÉBORA
É
difícil... Posso prometer as primeiras coisas, agora não guardar mágoa?!
Ninguém pode me privar disso. Meu pai me decepciona desde que eu ainda nem o
conhecia.
LAPIDOTE
Tudo bem.
Vou confiar em você. (pequena pausa) Na época... Elian não aceitava o
nosso relacionamento. Ele queria alguém melhor para você. Na verdade, alguém
com mais dinheiro.
Débora respira fundo e revira os
olhos.
DÉBORA
Que coisa
mais superficial.
LAPIDOTE
No dia
anterior ao da minha partida, seu pai visitou a sapataria do meu pai e ofereceu
uma quantia em dinheiro para ele ir embora. Se meu pai não aceitasse, ele
incitaria os filisteus contra nós. Ao menos foi o que ele ameaçou.
Débora ouve imaginando tudo com
desprezo.
LAPIDOTE
Não teve
jeito, meu pai se sentiu forçado a partir. Eu quis muito encontra-la e me
despedir de você, Débora, mas meu pai não permitiu, ele sabia que se isso
acontecesse o seu pai poderia revidar. Elian de fato não queria mais nenhum
encontro entre você e eu.
Respirando rápido e bastante
afetada, Débora olha para os lados e engole em seco.
Vira para ele.
DÉBORA
E então?
LAPIDOTE
Não houve
jeito... Eu... queria muito falar com você na época, Débora. Realmente eu não
pude... É isso... Fomos primeiro para Ramá, depois partimos para um pequeno
vilarejo além das montanhas e ali vivemos. Anos depois meu pai morreu e então
eu atendi seu pedido de ser sepultado em sua cidade natal. Fiquei meses nesses
campos até não conseguir mais me conter e vir encontra-la, bem aqui.
Débora arqueia as sobrancelhas.
DÉBORA
Pouco
depois de vocês sumirem, minha mãe até suspeitou de envolvimento do meu pai.
Mas logo nem ela mais conseguia acreditar nisso.
LAPIDOTE
Por favor,
não odeie o seu pai... Tente perdoá-lo, Débora.
DÉBORA
O meu cesto
está cheio de coisas que preciso perdoar, mas não sei se terei capacidade para
isso.
Lapidote fica tristonho...
LAPIDOTE
Naquele
tempo... o que foi que você pensou que poderia ter nos motivado a partir daquela
forma?
DÉBORA
Olha,
Lapidote, eu sempre pensei, pensei, pensei... mas nunca encontrei algo que
fazia completo sentido. Nossa, o quanto eu sofri, o quanto chorei... E era tão
nova...
Lapidote fica meio sem jeito.
LAPIDOTE
Eu sinto
muito... Eu nunca a esqueci... Em todo esse tempo eu nunca a esqueci.
Ela olha para ele.
LAPIDOTE
Eu quero
uma nova chance, quero fazer tudo diferente, Débora.
Ela deixa escapar um sorrisinho.
LAPIDOTE
O quê?...
DÉBORA
É que foi
isso que o meu pai pediu à minha mãe quando voltou para casa. Mas eu sei que
nós dois somos completamente diferentes...
LAPIDOTE
Eu jamais, jamais
faria aquilo que fiz por livre e espontânea vontade. Jamais a abandonaria,
jamais a deixaria, jamais a faria sofrer!... Como poderia fazer isso com a flor
mais linda que já encontrei? Com uma pessoa que tanto eu amava... Que tanto
amo.
DÉBORA
Ama...
Então, depois de todo esse tempo, ainda me ama.
Ele sorri.
LAPIDOTE
Não está
claro?
Ela fica desconcertada e sorri.
LAPIDOTE
Não houve
um único dia em que não pensei em você, que não quis largar tudo e vir correndo
para os seus braços! O quanto eu temi que já tivesse se casado... Mas, graças
ao bom Deus, e ao que parece, Lapidote nasceu para Débora... e Débora nasceu
para Lapidote.
Mais próximos, eles sorriem com
cumplicidade. Então ela tira do bolso da veste um objeto que entrega a ele: a
semente de tamareira presa a um cordão. Ao ver, Lapidote fica surpreso.
LAPIDOTE
Débora! É a
mesma?!
DÉBORA
Sim! A
mesmíssima!
Ele admira a semente em suas
mãos... Passa o dedo nas gravuras que fez anos atrás, as iniciais dos nomes de
ambos.
LAPIDOTE
Minha fé me
trouxe de volta até aqui, até esse momento... Agora eu quero saber se estava
certo, se ainda há um recomeço para nós dois.
DÉBORA
E quando
foi que a fé de um hebreu o levou ao erro?
Entendendo tudo, Lapidote sorri e
eles aproximam, aproximam, aproximam até seus lábios se tocarem e se beijarem
com um poço de sentimentos envolvidos...
Então ela se afasta um pouquinho.
DÉBORA
Eu preciso
dizer algo... que não consegui dizer antes.
Ele presta atenção.
DÉBORA
Eu te amo.
E novamente eles se beijam. A mão
dele acaricia o rosto dela, e a mão dela acaricia o cabelo dele.
DÉBORA
Que
saudade!...
E beijam mais um pouco...
Até que param.
DÉBORA
É melhor
assim.
Os olhos dela estão marejados.
LAPIDOTE
Sim...
Claro.
DÉBORA
É o
suficiente para eu saber... que o meu sonho não morreu.
Suas lágrimas transbordam dos olhos
e se derramam em seu rosto corado. Lapidote sorri para ela e a abraça.
SEMANAS DEPOIS...
Naquele mesmo local, porém com
tendas, mesas, adornos e (principalmente) pessoas para todos os lados, acontece
o casamento de Débora e Lapidote. Ela, de vestido e com a cabeça coberta por um
véu, e ele, com uma linda veste comprida, estão de frente para o ancião Aliã.
Eles seguem as instruções do
ancião. Débora dá 7 voltas em torno de Lapidote... Ele repete as palavras de
Aliã e toma do cálice de vinho... Levanta o véu dela... Ela repete as palavras
do ancião e também toma do vinho... E, por fim, Aliã os declara marido e
mulher.
O povo grita em comemoração quando
os dois, sorrindo, se aproximam e trocam um beijo apaixonado. Flores e cereais
são jogados para o alto e colorem o ar ao redor, causando uma chuva sobre os
recém-casados.
Ali perto, Tamar cutuca Elian por
causa do semblante descontente do marido.
Jaziel nota Sama sorrindo ao lado
de um homem, seu novo namorado.
JAZIEL
(murmurando) Como
pode?... Tão rápido...
Afastado de todos, Éder observa
escondido a felicidade de Débora e Lapidote. Raivoso, ele vira as costas e sai
pisando duro. No entanto Isabel, prima de Débora, nota-o e o observa com um
olhar triste.
Felicíssimos, Débora e Lapidote
passam pelas pessoas, que sorriem e jogam mais flores e cereais em cima deles.
No meio de todos, eles param e olham um para o outro.
LAPIDOTE
Meu amor...
DÉBORA
Meu eterno
amor...
E se beijam. Um beijo carregado de
um amor outrora impossível, mas que agora tinha tudo para ser para o resto da
vida.
No beijo apaixonado do casal sob a
chuva de cores, IMAGEM CONGELA
CONTINUA...
FADE OUT:
No próximo capítulo: O reino de Hazor, liderado por Sísera, ataca
Israel e anuncia uma era de escravidão. 20 anos se passam, uma nova fase
começa, e Débora sente um chamado.
Obrigado pelo seu comentário!