JÚLIA
Uma novela criada e escrita por
RAMON FERNANDES
CAPÍTULO 12
CENA 01. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. SALA DA PRESIDÊNCIA. INTERIOR. DIA
Continuação imediata do capítulo anterior.
ROBERTO RASGA A PASTA, COM AS CÓPIAS DE TODOS OS DOCUMENTOS. ARTHUR CONTINUA O OLHANDO COM FRIEZA.
ROBERTO — Eu nunca imaginei que depois de tantos anos de amizade, você viria com uma baixaria sem tamanho dessas, Arthur!
ARTHUR — (Ri) Eu vir com baixaria, Roberto? Mas não foi eu que roubei nada! Não foi eu que desviei milhões de reais para contas no exterior, que não deduzi todos os ganhos da construtora, e roubei dos próprios sócios. Você tem certeza que quer falar de baixaria?
ROBERTO FURIOSO ANDA DE UM LADO AO OUTRO DA SALA, ARTHUR NEM SE ABALA. PERMANECE FRIO E CALMO, DURANTE TODA A AÇÃO.
ROBERTO — O que você quer com isso tudo? Já sei, você quer me chantagear, não é? Quer o casamento do meu filho com a sua filha. Já sei.
ARTHUR — Errou, Roberto. Errou feio! (O encara) Quem não quer mais que esse casamento, entre a minha filha e o bosta do seu filho, aconteça, sou eu!
ROBERTO — (O encara curioso) Como assim não quer mais?
ARTHUR — Eu queria que isso acontecesse, porque a Vitória, de uma forma obsessiva, é louca pelo seu filho, por algum motivo que eu realmente não consigo entender. Até porque o seu filho não vale o chão que a minha filha pisa, mas ela vai ter tempo suficiente depois pra ter que se conformar que ela merece coisa melhor. Com o tempo, eu convenço a Vitória sobre isso.
ROBERTO — Então, você quer o que com esse dossiê forjado?
ARTHUR — (Ri) Forjado?! Olha, aí tem provas mais que concisas sobre o conteúdo.
ROBERTO RESPIRA FUNDO. ENCARA ARTHUR.
ROBERTO — Fala logo, então, Arthur. Fala, porque eu tô explodindo de dor de cabeça. É dinheiro o que você quer?
ARTHUR LEVANTA RINDO.
ARTHUR — Que dinheiro, Roberto. Eu sou dono de uma financeira, de uma das maiores do país, diga-se de passagem. Não é dinheiro... Quer dizer, é, mas nada a mais do que você esteja me devendo. E me devendo a muito tempo.
ROBERTO — Você tá me cobrando a dívida com a financeira, é isso?
ARTHUR — Com juros e correção monetária.
ROBERTO PENSATIVO. ENCARA.
ROBERTO — Você sabe que são bilhões, e eu não tenho isso.
ARTHUR — Eu sei. E é por isso que eu trouxe o problema, mas também trouxe a solução. Viu, como eu sou, afinal de contas, um bom amigo?
ROBERTO NÃO ENTENDE. ARTHUR SORRI, IRÔNICO. NELE.
CORTA PARA
CENA 02. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA. INTERIOR. DIA
ROBERTO ENTRA EM CASA. MARIA EDUARDA VINDO DO INTERIOR DA MANSÃO.
M. EDUARDA — Eu fiquei assustada quando você disse que vinha mais cedo pra casa. O que houve?
ROBERTO — (Sério) Pede pra Paulina agilizar um banquete pra essa noite. Vamos ter um jantar importante.
M. EDUARDA — Como assim, um jantar? Assim, de última hora? Quem vem jantar?
ROBERTO — Arthur e a família Bacelar.
MARIA EDUARDA ESTRANHA, RI.
M. EDUARDA — Mas eles conhecem essa casa mais do que a deles mesmo. Não precisa dessa cerimônia toda/
ROBERTO — (Tom) Faz o que eu tô pedindo, Eduarda. Por favor!
E SOBE AS ESCADAS. MARIA EDUARDA FICA ALI INTRIGADA E PREOCUPADA.
CORTA PARA
CENA 03. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
MÚSICA: "Dance Monkey" - Tones And I
ANOITECENDO NA CIDADE. PONTOS SE ILUMINANDO. ÚLTIMO TAKE NAS ÁREAS PRÓXIMAS A TIJUCA. UMA ÁREA EXTERNA DE FESTAS, TODA ORNAMENTADA.
CORTA PARA
CENA 04. SALÃO DE FESTAS. ÁREA EXTERNA. NOITE
MÚSICA CONTINUA, AGORA INTERNA. UM ESPAÇO AMPLO, TODO ORNAMENTADO. FORMATURA DE HELENA. CONVIDADOS CIRCULANDO POR ENTRE AS MESAS. CONVIDADOS E FORMANDOS TAMBÉM CIRCULAM. PÚLPITO MONTADO, DESTACANDO UM OUTDOOR COM A TURMA DE FORMANDOS EM DIREITO - 2020. CÂM REVELA NO OUTDOOR, UMA FOTO DE HELENA. DESVIA E VAI BUSCAR HELENA E NICOLAS, POR ENTRE OS DEMAIS. HELENA SORRI MUITO, COMEMORA, LEVANTA O DIPLOMA, ESTÁ COMEMORANDO A CONQUISTA. ELA ATENDE O CELULAR. SORRI.
HELENA — (Cel.) Tá chegando já? Tá, vou te esperar na entrada. Beijo.
HELENA DESLIGA O CELULAR. NICOLAS INTERCEPTA.
HELENA — Vou ali esperar uma pessoa, Nick.
NICOLAS — (Estranha) Quem? Achei que todos os seus convidados já tinham chegado.
HELENA — (Sorri) Nem todos!
HELENA SAI. NICOLAS FICA ALI INTRIGADO. INSTANTES. HELENA VOLTA COM JULIANO. NICOLAS DE COSTAS, SE SERVINDO COM UMA BEBIDA.
JULIANO — Boa noite.
NICOLAS SE VIRA E ENCARA JULIANO. ESTRANHA. HELENA SORRINDO, MAS NERVOSA.
HELENA — Agora sim. Chegou quem faltava.
CLOSES ALTERNADOS. EM NICOLAS, NÃO GOSTANDO DA SITUAÇÃO. MÚSICA OFF.
CORTA PARA
CENA 05. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA. INTERIOR. NOITE
ROBERTO NERVOSO, ANDA DE UM LADO AO OUTRO DA SALA. MARIA EDUARDA DESCE COM UM VESTIDO LINDO PELAS ESCADAS. DAVI, NO SOFÁ, JOGADO. SEM MUITO ÂNIMO.
M. EDUARDA — (Irônica) Então? Nossos convidados de honra, chegaram?
ROBERTO — Não debocha, Eduarda. Não é hora pra isso!
M. EDUARDA — Mas eu acho a hora perfeita pra você me contar o que tá acontecendo, Roberto.
OS DOIS SE ENCARAM. LEANDRO SAI DO ESCRITÓRIO E VEM PARA A SALA.
LEANDRO — Terminei o projeto pra entregar pros paulistas. Finalmente, pai! Arthur e a família já chegaram?
M. EDUARDA — Ainda não, Leandro. E é até bom que eles não tenham chegado e que estejamos todos aqui. Vai, Roberto. Me conta o porque desse jantar e desse suspense todo. O que tem de tão especial?
ROBERTO — Eles devem estar chegando/
SONOPLASTIA: CAMPAINHA. ROBERTO NERVOSO. MARIA EDUARDA E OS FILHOS SE ENTREOLHANDO. A EMPREGADA ABRE A PORTA. ARTHUR, INGRID E VITÓRIA ENTRAM PELA SALA.
ROBERTO — Boa noite, Arthur.
ARTHUR — (Cínico) Boa noite a todos. Como vai, Maria Eduarda?
ARTHUR CUMPRIMENTA EDUARDA COM UM BEIJO NO ROSTO.
M. EDUARDA — Muito bem, Arthur. E vocês, como estão?
INGRID — (Cínica) Muito melhor agora, querida.
MARIA EDUARDA ESTRANHA O CLIMA. ROBERTO E ARTHUR SE ENCARAM FRIAMENTE. VITÓRIA OLHANDO PARA DAVI, QUE DESVIA O OLHAR.
CORTA RAPIDAMENTE PARA
CENA 06. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA DE REFEIÇÕES. INTERIOR. NOITE
MESA POSTA. CLIMA TENSO. ROBERTO NA CABECEIRA DA MESA, A FAMÍLIA ASSUNÇÃO DE UM LADO, A BACELAR DE OUTRO. JANTAR SENDO SERVIDO. ROBERTO EM SILÊNCIO.
M. EDUARDA — Esse jantar está tão misterioso. Não se pronunciaram em quase nada. Tá tudo bem, Ingrid?
INGRID — Tá sim, querida. Mas quem tem que fazer algum pronunciamento aqui é o seu maridinho.
M. EDUARDA — Tá bem, gente. Acho que aqui, todos nós nos conhecemos o bastante pra ficar nessa guerra fria, não é? Vamos lá, qual o motivo desse jantar tão misterioso?
ARTHUR — Então, Roberto. Você ainda não comunicou a sua família?
ARTHUR ENCARA EDUARDA E OS FILHOS DO CASAL. ELES SE ENTREOLHAM.
ROBERTO — (Pigarreira) Arthur/
ARTHUR — (Por cima) Se o Roberto não se pronuncia com algo tão importante para o futuro, inclusive, de vocês, eu mesmo digo então/
ROBERTO — (Corta) Não precisa, Arthur!
ARTHUR SORRI SATISFEITO. INGRID ALI, TENTANDO SE CONTER. ROBERTO ENCARA A ESPOSA E OS FILHOS.
ROBERTO — Arthur e eu conversamos, e... Bem, o Arthur é o novo sócio majoritário da Assunção Engenharia.
LEANDRO — O quê?
DAVI — Mas, pai/
ROBERTO — (Corta) O Arthur é o novo presidente da construtora.
MARIA EDUARDA EXULTA. ROBERTO FECHA A CARA DE INSATISFAÇÃO. LEANDRO E DAVI ATORDOADOS. E A FAMÍLIA BACELAR SATISFEITÍSSIMA.
CORTA PARA
CENA 07. SALÃO DE FESTAS. ÁREA EXTERNA. NOITE
Continuação imediata da cena 04.
JULIANO ESTICA O BRAÇO, NICOLAS CUMPRIMENTA, MAS AINDA O OLHA DESCONFIADO. HELENA DESCONFORTÁVEL, TENTANDO AMENIZAR.
HELENA — Acho que nem preciso apresentar vocês dois.
NICOLAS — Você convidou o Juliano? Mas vocês nem se conhecem direito. Ou se conhecem?
HELENA — Nicolas, eu conheço o Juliano o suficiente para convidar ele pra minha formatura. Por favor.
JULIANO — Olha, eu não quero causar nenhum desconforto/
HELENA — Juliano, você é meu convidado. (Olha Nicolas) E o Nick, é seu amigo.
NICOLAS — Disse bem, Helena. Sou amigo do Juliano. Mas não sabia que ele fosse tão seu amigo assim.
HELENA ENCARA O IRMÃO, PEGA NA MÃO DE JULIANO. NICOLAS EXULTA.
NICOLAS — Que desgraça é essa?
HELENA — Desgraça não, me respeita! O Juliano é meu namorado, Nicolas.
NICOLAS — (Tom) Como é? Que brincadeira é essa?
ALGUMAS PESSOAS PASSAM A OLHAR PARA OS TRÊS. HELENA OLHA EM VOLTA, CONSTRANGIDA.
HELENA — Pelo amor de Deus, Nicolas. Sem escândalo!
NICOLAS — (Tom mais alto ainda) Sem escandalo? Sem escandalo? Cê tá me tirando, irmão? Aparece do nada na vida da minha irmã, e acha que é assim?
JULIANO — Nicolas, não é pra tanto. A Helena é adulta!
NICOLAS COMEÇA A RIR. HELENA OLHANDO AS PESSOAS SE AMONTOANDO EM TORNO DELES.
NICOLAS — Vocês me traíram!
JULIANO — O que?
HELENA — (Revoltada) Nicolas, você tá indo longe demais! Cê só falta dizer que eu era sua mulher e te traí! Eu sou irmã! I-R-M-Ã! Ninguém te traiu aqui!
JULIANO — Cara, eu sou teu amigo!
NICOLAS — (Grita) Amigo da onça!
E NICOLAS PARTE PARA CIMA DE JULIANO, LHE DANDO UM SOCO. MUITAS PESSOAS EM TORNO. HELENA ALI NO MEIO DOS DOIS, SEM ACREDITAR NO QUE ACONTECE.
JULIANO — (Berrando) Para, Nicolas!
JULIANO TENTANDO CONTER NICOLAS, MAS ELE PERMANECE FURIOSO, DISPARANDO GOLPES CONTRA JULIANO.
HELENA — (Grita) Socorro!
DOIS SEGURANÇAS ABREM CAMINHO E SEPARAM OS DOIS. FICAM SEGURANDO CADA UM DE UM LADO.
NICOLAS — (Berrando) Eu não vou deixar vocês namorarem!
JULIANO — (Berrando) Você tá louco!
HELENA — (Decepcionada) Você passou de todos os limites, Nicolas! Todos!
NICOLAS — Vem comigo pra casa, Helena! Vem!
HELENA VAI AO LADO DE JULIANO, FICA PRÓXIMA DELE.
HELENA — Eu vou ficar com o meu namorado, você aceitando ou não.
NICOLAS BALANÇA A CABEÇA NEGATIVAMENTE. O SEGURANÇA VAI O RETIRANDO DO LOCAL. O OUTRO SOLTA JULIANO. HELENA ACARINHA O NAMORADO, QUE ESTÁ COM UM CORTE NO CANTO DA BOCA. SENTE DOR.
HELENA — Ele tá maluco!
JULIANO — Mas porque tudo isso? É um absurdo!
HELENA — O Nicolas sempre foi muito ciumento. Super protetor, mas nada justifica essa atitude! Ele realmente passou de todos os limites.
JULIANO — E eu acabei com a sua festa, né?
HELENA — (Sorri carinhosa) Não. Você é parte importante da minha felicidade hoje. Vem, vamos sair daqui!
HELENA PEGA NA MÃO DE JULIANO E SAEM JUNTOS. AS PESSOAS AINDA COMENTANDO SOBRE O OCORRIDO EM SEGUNDO PLANO.
CORTA PARA
CENA 08. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA DE REFEIÇÕES. INTERIOR. NOITE
Continuação imediata da cena 06.
MARIA EDUARDA ENCARA ROBERTO FORTEMENTE, SEM ACREDITAR. ARTHUR COM EXPRESSÃO VITORIOSA.
M. EDUARDA — Eu não tô acreditando, Roberto. Como assim, o Arthur é o presidente da construtora?
LEANDRO — Pai, explica isso direito!
ROBERTO — (Nervoso) Não tem o que explicar, Leandro! É isso! (Olha p/ Arthur) Nós conversamos e decidimos que será melhor assim. O Arthur vai assumir a presidência da construtora.
DAVI — Isso tá parecendo chantagem.
VITÓRIA — (Se metendo/ Tom) Chantagem? Meu pai não precisa disso. Ao contrário do seu, que viveu se humilhando atrás do dinheiro da nossa família.
DAVI — Vitória, seu problema é comigo. Não com o meu pai!
VITÓRIA — Meu problema é com vocês todos! Eu vou acabar com a sua vida, Davi!
ELA LEVANTA E O ENCARA. OLHOS MAREJADOS, CHEIA DE ÓDIO.
VITÓRIA — Você me humilhou durante anos. E eu só queria o seu amor.
DAVI — Não se pode exigir sentimento de ninguém, Vitória. Isso não existe. Mas de qualquer forma, eu te peço desculpa. Eu não queria te magoar desse jeito. Não queria te deixar assim, cheia de rancor.
VITÓRIA — Sabe o que você faz com esse pedido de desculpa? Pega ele e enfia/
VITÓRIA SE CONTÉM E SAI DO LOCAL. INGRID LEVANTA-SE E ENCARA DAVI.
INGRID — Eu nunca vou te perdoar pelo que fez com a minha filha, Davi. Você é um canalha!
M. EDUARDA — Ingrid, você sempre soube que o Davi nunca amou a Vitória!
INGRID — Ele enganou a minha filha, durante anos, nutrindo uma esperança que ele nunca teve a intenção de cumprir!
DAVI — Vocês estavam me obrigando a honrar um compromisso. Eu nunca quis!
ARTHUR — Pois muito bem, então. Querem a verdade? O Roberto só perdeu a presidência, por burrice sua, Davi. Saiba que você, e somente você, foi o responsável por levar a sua família pro buraco. (Levanta) Arquem com as consequências daqui pra frente!
CLIMÃO INSTAURADO.
CORTA PARA
CENA 09. CASA DE BRUNO. QUARTO DE BRUNO. INTERIOR. NOITE
BRUNO TERMINANDO DE ABOTOAR A CAMISA. SE OLHA NO ESPELHO. A PORTA ABRE E TEREZA ENTRA.
TEREZA — Filho, eu preciso que/ (O olha arrumado/ Estranha) Vai sair, Bruno?
BRUNO — Mãe, eu vou sair rapidinho, mas não se preocupa. Eu deixei os remédios que a senhora precisa na mesinha de centro da sala.
TEREZA FAZ EXPRESSÃO DRAMÁTICA, COLOCA A MÃO NO PEITO.
TEREZA — Você vai ser capaz de sair e me deixar doente em casa, meu filho?
BRUNO — Mãe, a senhora tava melhor até ainda pouco.
TEREZA — Eu melhorar o meu humor, não quer dizer que eu melhorei minha saúde, Bruno.
BRUNO — Eu achei que tivesse melhor, mãe. Fora que eu nem vou demorar na rua/
TEREZA COLOCA A MÃO NA CABEÇA, FINGINDO TONTURA.
TEREZA — Ai, filho. Que sensação ruim. Eu vou cair, Bruno.
BRUNO, PREOCUPADO, ACOLHE A MÃE. A LEVANDO PARA O QUARTO.
CORTA RAPIDAMENTE PARA
CENA 10. CASA DE BRUNO. QUARTO DE TEREZA. INTERIOR. NOITE
BRUNO DEITA TEREZA NA CAMA. ELA AINDA FINGINDO ESTAR FRACA. BRUNO PREOCUPADO.
TEREZA — Eu tô me sentindo muito tonta, Bruno.
BRUNO — Calma. Fica deitada que eu vou pegar o remédio da senhora. Não se preocupa.
TEREZA — Não se preocupa, Bruno. Pode ir pro seu compromisso. Eu fico aqui sozinha.
BRUNO — Não, mãe! Eu não vou! Vou ficar aqui do seu lado.
TEREZA — Não, filho. Eu vou ficar bem. Deixa.
BRUNO — (Relutante) Não, dona Tereza! Eu fico! E a senhora fica aqui deitada. Eu vou cuidar da senhora.
TEREZA CONCORDA. BRUNO SAI DO QUARTO. EM TEREZA OLHANDO EM SUA DIREÇÃO, SORRISO DE CANTO.
CORTA PARA
CENA 11. CASA DE BRUNO. SALA. INTERIOR. NOITE
BRUNO NA SALA, AO CELULAR.
BRUNO — (Cel.) Eu sei, Gaby. Desculpa! (Pausa) É minha mãe, Gaby. Eu não posso deixar ela sozinha, com dor. (Pausa/ Chateado) Tenta entender... (Pausa) Desculpa, boa noite.
BRUNO DESLIGA O CELULAR. EXPRESSÃO TRISTE.
CORTA PARA
CENA 12. MANSÃO ASSUNÇÃO. SALA DE REFEIÇÕES. INTERIOR. NOITE
Continuação imediata da cena 08.
LEANDRO LEVANTA E ENCARA ARTHUR.
LEANDRO — O que tá acontecendo aqui? Arthur, você não tem o direito/
ARTHUR — (Tom) Cala a sua boca, moleque! Quem você pensa que é, pra levantar o seu tom de voz ou me cobrar qualquer coisa? O seu pai me deu o direito de fazer isso, quando contraiu dívidas altíssimas com a minha financeira e não honrou com nenhuma! (Encara a todos) Ou vocês acharam o quê? Que eu faço alguma obra de filantropia? Caridade? Se enganaram! Eu não sou benfeitor de família falida!
ARTHUR ENCARA ROBERTO, DE CIMA. CHEIO DE ÓDIO.
ARTHUR — E o nosso acordo foi exatamente esse! Se você não me pagar no prazo que eu te dei, Roberto, essa presidência que eu assumi não será provisória, ela é definitiva.
ROBERTO — Arthur/
ARTHUR — (Por cima) Eu te tomo a única coisa que você ainda preza nessa sua vidinha miserável, e ainda te mando pra cadeia!
M. EDUARDA — (Berra) Cadeia?! Como assim, cadeia? Do que esse homem tá falando, Roberto? (Grita) Me explica!
ROBERTO SÓ BAIXA A CABEÇA, ESTÁ DERROTADO. NUNCA ESTEVE TÃO HUMILHADO ANTES. ARTHUR ENCARA A TODOS, SEM PALAVRAS.
ARTHUR — E eu quero que você marque uma reunião, Roberto. Quero uma reunião com todo o Conselho. Eles precisam saber quais são as novas diretrizes daqui pra frente. Quem manda e desmanda aqui nessa história sou eu!
ARTHUR E ROBERTO SE ENCARANDO.
ARTHUR — Você me subestimou. E esse foi o seu erro! Quer uma dica? Não se atira no mar, se você não sabe nadar, Roberto Assunção!
ARTHUR E INGRID VÃO SAINDO. MARIA EDUARDA E LEANDRO ENCARAM ROBERTO.
LEANDRO — Pai, que loucura toda foi essa? Explica pra gente.
ROBERTO — (Berra) Eu não vou explicar nada! Eu não vou!
ROBERTO JOGA A COMIDA DE CIMA DA MESA NO CHÃO. DAVI LEVANTA.
DAVI — Essa história é mais podre do que eu imaginava.
ROBERTO — Tudo culpa sua!
DAVI — Minha não! Sua! Sua culpa! (Decepcionado) Eu achava que o senhor era um herói, quando eu era só uma criança, mas o senhor é podre!
ROBERTO O FUZILANDO COM O OLHAR. DAVI SAI DALI. LEANDRO TAMBÉM LEVANTA.
LEANDRO — Eu não tenho nem o que dizer.
ROBERTO — E é bom que não diga mesmo, pra não dizer besteira. (Levanta) Eu tô cheio disso tudo! Cheio!
LEANDRO SAI. QUANDO ROBERTO VAI SAIR, MARIA EDUARDA INTERCEPTA, SE COLOCANDO NA SUA FRENTE.
M. EDUARDA — Agora sobrou só nós dois. Eu quero a verdade, Roberto! Eu quero saber exatamente o que pode acontecer com você e com a nossa família daqui pra frente!
ROBERTO E MARIA EDUARDA SE ENCARAM. CLOSES ALTERNADOS, MARIA EDUARDA QUERENDO RESPOSTAS E POR ÚLTIMO ROBERTO, ENCURRALADO.
CORTA PARA
FIM DO CAPÍTULO 12
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