JÚLIA
Uma novela criada e escrita por
RAMON FERNANDES
CAPÍTULO 18
CENA 01. CASA DE BRUNO. SALA. INTERIOR. DIA
Continuação imediata do capítulo anterior.
BRUNO DESFAZ O ABRAÇO E LEVA GABY ATÉ O SOFÁ. FECHA A PORTA. SENTA COM ELA.
BRUNO — Me fala, o que aconteceu? Você saiu de casa, foi isso?
GABY BALANÇA A CABEÇA POSITIVAMENTE.
GABY — Eu fugi de casa, Bruno. A minha mãe disse coisas horríveis sobre você, sobre a gente. Minha mãe é uma pessoa horrível, Bruno!
BRUNO — Eu concordo, mas e aí? E agora, o que você pretende fazer?
GABY — Como assim? Eu vou ficar aqui com você.
BRUNO — Sim, amor. Eu sei disso. Mas você vai cortar relações de vez com a sua mãe?
GABY — E tem como manter relações com uma pessoa preconceituosa como a minha mãe? Uma pessoa que trata como lixo pessoas que não tem o mesmo dinheiro, o mesmo nível social que ela? Não, Bruno. Tá errado isso que ela faz com as pessoas. Eu não quero ficar do lado de uma pessoa assim. Ela tem que aprender que as pessoas não podem julgar as outras pelo que elas tem, Bruno.
BRUNO — Eu concordo, amor. Eu vou fazer com que ela aprenda. Você tá comigo?
GABY O ENCARA. CONCORDA COM A CABEÇA. BRUNO SORRI E LHE DÁ UM BEIJO.
BRUNO — Obrigado.
GABY ABRAÇA O NAMORADO. NELES.
CORTA PARA
CENA 02. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. DIA
MÚSICA: “Deja Vu” – Shakira e Prince Royce
UMA CHUVA TORRENCIAL CAI NA CIDADE. AVENIDAS COM TRÂNSITO MAIS LENTO, FARÓIS ACESOS. CLIMA ESCURO, CIDADE JÁ SE ENCAMINHANDO PARA O FIM DO DIA. ÚLTIMO TAKE NO PRÉDIO ONDE MORAM HELENA E NICOLAS.
CORTA PARA
CENA 03. APARTAMENTO DE HELENA. SALA. INTERIOR. DIA
NICOLAS SENTADO NO SOFÁ, VENDO TV. EMBURRADO. HELENA VEM DA COZINHA COM UM BALDE DE PIPOCA. SENTA AO LADO DO IRMÃO.
HELENA — O filme já começou?
NICOLAS NÃO RESPONDE, CONTINUA COM A CARA FECHADA. HELENA O ENCARANDO.
HELENA — Vai dizer que ainda tá com essa cara por causa do pedido do Juliano?
NICOLAS — Não tô assim porque ele pediu, tô assim porque você aceitou, Helena! Vocês mal se conhecem, já vão casar. Isso é um absurdo!
HELENA — Nicolas, é rápido, eu concordo, mas nós somos adultos. Queremos ficar juntos, nos respeitamos, nos damos bem, isso é o suficiente para tentarmos ficar juntos.
NICOLAS — Mas e se não der certo? Se amanhã vocês verem que foi precipitado?
HELENA — (Ri) Aí nós nos separamos e pronto.
NICOLAS — Pronto? Fácil assim?
HELENA — Ué, Nick. Pronto. Fácil assim. Nós não estamos mais no século passado, retrasado. Ei, acorda! O mundo mudou, irmãozinho.
NICOLAS ALI PENSATIVO. LIGAR NO ÁUDIO: CAMPAINHA. HELENA LEVANTA, DEIXA O BALDE DE PIPOCA NO SOFÁ.
HELENA — Deixa que eu atendo.
HELENA ABRE A PORTA. CÂM REVELA BRUNO E GABY, ALI DE PÉ PARADOS.
HELENA — Boa tarde. Posso ajudar?
BRUNO — É aqui que mora a advogada Helena dos Santos?
HELENA — Sou eu. E vocês?
BRUNO OLHA PARA GABY, SORRI. EM HELENA.
CORTA PARA
CENA 04. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. SALA DE ROBERTO. INTERIOR. DIA
ROBERTO TERMINANDO OS TRABALHOS, DESLIGA O COMPUTADOR. BATIDAS NA PORTA.
ROBERTO — Entra!
CAROL ENTRA NA SALA. ROBERTO LEVANTA-SE.
CAROL — Doutor Roberto, eu já tô indo. O senhor precisa de mais alguma coisa antes?
ROBERTO — Você vai com essa chuva, Carol? Você pega ônibus né?
CAROL — Sim, senhor.
ROBERTO — Eu já tava concluindo os trabalhos aqui. Aceita uma carona?
CAROL FICA SEM JEITO, ACUADA.
CAROL — Não precisa. Eu vou de ônibus mesmo.
ROBERTO — Nada disso. Eu faço questão! Não vou deixar a minha assistente pegar aí um resfriado, uma gripe e desfalcar o trabalho.
CAROL EM SILÊNCIO. DESCONFORTÁVEL.
ROBERTO — Ei, pode confiar!
CAROL — Tudo bem então. Eu só vou avisar o meu namorado.
ROBERTO CONCORDA. CAROL VAI EM DIREÇÃO A PORTA.
ROBERTO — Carol. Me espera, já tô saindo aqui.
CAROL CONCORDA. SAI. EM ROBERTO, PENSATIVO. SORRI DE CANTO.
CORTA PARA
CENA 05. ASSUNÇÃO ENGENHARIA. RECEPÇÃO. INTERIOR. DIA
ROBERTO SAI DA SALA. CAROL ALI ESPERANDO, MEXENDO EM ALGO NO CELULAR. VERA, EM SUA MESA. ROBERTO SE APROXIMA DE CAROL.
ROBERTO — Então, vamos?
CAROL BALANÇA A CABEÇA POSITIVAMENTE. ROBERTO E CAROL ENTRAM NO ELEVADOR. VERA OS VENDO SAIR. CLOSE NA SECRETÁRIA, PENSATIVA.
CORTA PARA
CENA 06. APARTAMENTO DE HELENA. SALA. INTERIOR. DIA
Continuação não-imediata da cena 03.
BRUNO E GABY SENTADOS EM UM SOFÁ. NICOLAS NA POLTRONA. HELENA VEM DA COZINHA, TRAZENDO DOIS COPOS DE SUCO. ENTREGA AOS DOIS.
HELENA — Bruno, Gaby, dois sucos. Agora podemos conversar. Como encontraram meu endereço?
GABY — Até que não foi difícil. Foi pelo site de advogados autônomos. Você se formou a pouco tempo?
HELENA — Me formei a pouquíssimo, mas tô louca pros meus primeiros clientes. (Sorri) E Bruno, o que te trouxe aqui?
BRUNO — Bom, Helena, é um assunto meio delicado. (Olha Gaby) Eu quero mover um processo contra a mãe da Gaby.
HELENA SE ENTREOLHA COM NICOLAS. ELE SE LEVANTA.
NICOLAS — Eu vou lá pra dentro. Preciso fazer umas coisas. Licença.
NICOLAS SAI. HELENA COM GABY E BRUNO.
HELENA — A Gaby, sua namorada, é isso? Você quer mover um processo contra a sua sogra?
GABY — É. Contra a minha mãe.
BRUNO — Um processo por injúria racial contra a dona Ingrid Bacelar.
HELENA BALANÇA A CABEÇA POSITIVAMENTE. BRUNO E GABY DECIDIDOS COM O PROCESSO.
CORTA PARA
CENA 07. MANSÃO BACELAR. SUÍTE DE GABY. INTERIOR. DIA
BATIDAS NA PORTA. INSTANTES. INGRID ENTRA NO QUARTO. OLHA EM VOLTA.
INGRID — (Tom) Gabriela? Você tá aí, filha?
PROCURA EM TORNO, NÃO ENCONTRA NINGUÉM. ESTRANHA. VAI ATÉ O BANHEIRO, INSTANTES E SAI DE LÁ. VAI AO CLOSET, NÃO ENCONTRA ALGUMAS PEÇAS DE ROUPA. INTRIGADA, CORRE ATÉ A JANELA E VÊ A CORDA DE LENÇÓIS ESTENDIDA NA JANELA. ELA SAI DALI CORRENDO.
ARTHUR — (OFF) Fugiu?!
CORTA RAPIDAMENTE PARA
CENA 08. MANSÃO BACELAR. ESCRITÓRIO. INTERIOR. DIA
INGRID DIANTE DE ARTHUR, MUITO NERVOSA.
INGRID — Fugiu, Arthur! Esticou uma corda de lençóis na janela e fugiu!
ARTHUR — Mas fugiu pra onde? Como?
INGRID — Como?! Esses seguranças são uns bananas. Devem ter visto ela com alguma bolsa, mochila, e liberaram. Mas pra onde, eu imagino pra onde.
EM INGRID NERVOSA.
CORTA PARA
CENA 09. RIO DE JANEIRO. EXTERIOR. NOITE
MÚSICA: “O Amor e o Poder” – Ivete Sangalo
TAKES RÁPIDOS DO ANOITECER NA CIDADE. ÚLTIMO TAKE NA FACHADA DE UMA DELEGACIA DE POLÍCIA, NO BAIRRO DA BARRA DA TIJUCA.
CORTA PARA
CENA 10. DELEGACIA. SALA DO DELEGADO. INTERIOR. NOITE
DELEGADO SENTADO. ARTHUR E INGRID À SUA FRENTE. ESCRIVÃO AO LADO. MÚSICA OFF.
DELEGADO — Então, ela pulou a janela com uma corda de lençóis amarrados, foi isso?
INGRID — Isso mesmo, seu delegado. Quando eu entrei no quarto dela, em um primeiro momento não tinha visto a corda. Fui ao banheiro, e depois ao closet, lá eu vi então algumas peças faltando. E depois, eu então vi a corda na janela.
ARTHUR — Seu delegado, a minha filha nunca fez isso. Nenhuma das duas, na verdade. Eu quero que encontrem a minha filha.
DELEGADO — Vocês sabem se teve alguma motivação fora da normalidade para ela agir desse jeito? Houve alguma briga, alguma discussão mais violenta entre a Gabriela e alguém?
INGRID ENGOLE SECO.
INGRID — Nós tivemos uma pequena discussão hoje, mas não acho que seja a motivação da fuga dela. Eu acho que tem uma motivação muito mais grave por trás disso.
DELEGADO — E o que seria?
INGRID — É horrível dizer isso, delegado. Mas a Gabriela está se envolvendo com um menino, um mau elemento desses tantos que tem por aí.
ARTHUR — Delegado, a minha filha nunca se relacionou com nenhum outro rapaz antes. Ela é ingênua, é facilmente ludibriada por um desses moleques.
DELEGADO — Mas vocês acham que talvez tenha sido esse rapaz, o motivo da filha de vocês ter saído assim, dessa forma?
INGRID — Eu tenho certeza. Eu conheço a minha filha, ela é boa, é bobinha, a coitada. Facilmente ludibriada por um desses garotos, que Deus me perdoe, mas só se aproximam de pessoas como nós para tirar algum tipo de proveito financeiro.
ARTHUR — Delegado, a questão é que esse rapaz viu na Gabriela uma menina ingênua, um alvo fácil para tirar proveito. Se aproximar de nós, e agora sabe Deus o que pode fazer. Talvez até seja algum sequestro.
O DELEGADO OS ENCARA. EM INGRID E ARTHUR.
CORTA PARA
CENA 11. RESTAURANTE. INTERIOR. NOITE
UM RESTAURANTE DE ALTA CLASSE. MESAS SENDO SERVIDAS, LUZ AMBIENTE, TUDO MUITO REQUINTADO. UM MAITRE VEM CONDUZINDO JÚLIAE LEANDRO ATÉ UMA MESA. OS DOIS MUITO BEM VESTIDOS. SENTAM-SE. O MAITRE SE AFASTA. NOS DOIS.
JÚLIA — Eu não imaginava que esse restaurante era assim, Leandro.
LEANDRO — Se você estiver desconfortável, nós podemos sair. Procuramos um outro lugar, Júlia.
JÚLIA — (Ri) Não precisa. Já aprendi a comer com garfo e faca, não deve ser tão diferente de onde eu já frequento.
LEANDRO RI. JÚLIA TAMBÉM. BEBE UMA TAÇA COM ÁGUA.
LEANDRO — Desculpa, eu não quis dizerque você não sabia como agir em um ambiente assim/
JÚLIA TOCA NA MÃO DELE. SORRI.
JÚLIA — Foi só uma brincadeira. Relaxa.
LEANDRO — Eu adoro o seu bom humor. Te deixa ainda mais linda.
LEANDRO TOCA A MÃO DELA. OS DOIS SORRIEM UM PARA O OUTRO.
JÚLIA — E ontem com o seu irmão, como foi?
LEANDRO — O de sempre. Choro e ranger de dentes. Nada que não fosse esperado. Com o Davi, deixa que eu resolvo. Não acho que ele vá voltar a te procurar.
JÚLIA CONCORDA.
JÚLIA — Eu acho que nem quero que isso aconteça.
LEANDRO — Júlia, tem um motivo por esse jantar hoje. Eu só não sei se ele é muito precipitado.
JÚLIA — Qual motivo?
LEANDRO — Júlia... (Aperta sua mão) Eu falava sério ontem, quando disse que você é especial, é apaixonante, e todas as outras coisas que você já deve ter escutado por aí.
OS DOIS RIEM.
LEANDRO — Eu quero namorar você.
JÚLIA DESFAZ O SORRISO. FICA NERVOSA. TIRA A MÃO DA DE LEANDRO. ELE VÊ QUE FOI ANTECIPADO.
LEANDRO — Desculpa! Eu estraguei tudo né? Idiota!
JÚLIA — Calma! Eu não disse nada ainda.
LEANDRO — Foi muito precipitado. Eu sei.
JÚLIA — (Rindo) Você é muito ansioso. Mais uma coisa sua que eu nem desconfiava. Sempre te achei tão seguro!
LEANDRO — Mas diante dessas coisas, eu não sou. Sou seguro nos negócios, com números, dinheiro. Mas com mulheres? Aham, não!
OS DOIS RIEM. JÚLIA PEGA NA MÃO DELE.
JÚLIA — Você também é apaixonante. Também é encantador. Mas eu não sei se tô pronta. Vamos com calma. Vamos nos conhecendo. Sem pressa. Tudo bem pra você?
LEANDRO FAZ QUE SIM COM A CABEÇA. JÚLIA SORRI. UM GARÇOM SE APROXIMA.
GARÇOM — Posso anotar o pedido?
OS DOIS SORRIEM UM PARA O OUTRO.
CORTA PARA
CENA 12. AVENIDA QUALQUER. EXTERIOR. NOITE
MOVIMENTAÇÃO EM UMA DAS PRINCIPAIS AVENIDAS DE SÃO PAUO.
CÂM VAI BUSCAR O CARRO IMPORTADO DE ROBERTO, PARADO NO ENGARRAFAMENTO.
CORTA RAPIDAMENTE PARA
CENA 13. CARRO DE ROBERTO. INTERIOR. NOITE
ROBERTO NA DIREÇÃO. CARRO ESTÁ PARADO. CAROL NO BANCO DO CARONA, TENTA NO CELULAR. DESLIGA, FRUSTRADA.
ROBERTO — Não conseguiu falar com o seu namorado?
CAROL — Não! Quando chove, essa operadora também cai. É um inferno!
ROBERTO — E o pior é que esse engarrafamento ainda vai longe. Sempre acontece isso em dias de chuva. Eu acho que vou pegar um outro caminho pra te deixar em casa.
CAROL — Outro caminho? Mas já está bem tarde. Se ficar mais, pode ser perigoso. O senhor pode me deixar num ponto de táxi, ou de ônibus. Não precisa se incomodar.
ROBERTO — Quê isso, Carol. Faço questão. (A encara) Eu te levo!
ROBERTO ENCARANDO CAROL, QUE ENGOLE SECO. NELE, COM EXPRESSÃO DUVIDOSA. RITMO DE TENSÃO.
CORTA PARA
CENA 14. MANSÃO BACELAR. SUÍTE DE VITÓRIA. INTERIOR. NOITE
VITÓRIA NO BANHO, VAI LAVANDO SEU CORPO. CÂM VAI DANDO DETALHAMENTO POR SUAS PERNAS, SUA BARRIGA. ATÉ QUE DE REPENTE, VITÓRIA ABRE OS OLHOS E VÊ O CHÃO DO BANHEIRO TODO VERMELHO DE SANGUE. COLOCA A MÃO ENTRE AS PERNAS ESOLTA UM GRITO QUE ECOA NO AMBIENTE.
CORTA RAPIDAMENTE PARA
CENA 15. MANSÃO BACELAR. SUÍTE DE VITÓRIA. INTERIOR. NOITE
VITÓRIA DEITADA NA CAMA, COM EXPRESSÃO CANSADA. UM MÉDICO ALI, DE PÉ, JUNTOS ESTÃO ARTHUR E INGRID.
MÉDICO — O que aconteceu foi o que nós prevíamos mesmo. Um aborto espontâneo. A Vitória perdeu o bebê, quer dizer, o feto.
VITÓRIA — (Chora) Eu perdi o meu filho?
ARTHUR — Mas doutor, a minha filha é jovem, é saudável. Como isso pôde acontecer?
MÉDICO — É mais comum do que se imagina, doutor Arthur. A Vitória é realmente uma jovem muito saudável, ela vai poder engravidas quantas vezes quiser ainda. Um aborto não anula uma nova gravidez. Mas esta, infelizmente, não vai para frente.
VITÓRIA CHORA COMPULSIVAMENTE.
INGRID — Tudo bem, então, doutor Moreira. Eu acompanho o senhor até lá embaixo.
INGRID SAI ACOMPANHADA DO MÉDICO. ARTHUR OLHA PENALIZADO PARA VITÓRIA.
ARTHUR — Ô filhinha, não chora. Você ouviu o que o médico falou, você ainda pode engravidar outras vezes.
VITÓRIA — O senhor não entende, pai. Essa era a minha única chance de casar com o Davi. Ele não vai mais casar comigo depois de descobrir que eu perdi o nosso filho. Acabou, pai!
ARTHUR — Quem disse que acabou alguma coisa, Vitória? Ei, minha filha, até parece que você não conhece o seu pai.
VITÓRIA — Como assim, pai? Claro que acabou! Eu perdi esse bebê, eu abortei.
ARTHUR — Confia em mim, Vitória. Eu vou te explicar exatamente o que você vai fazer.
VITÓRIA — Mas então, eu não vou contar pro Davi?
ARTHUR — Contar o que? Você não tem nada pra contar. Você continua grávida, meu anjo. Seu filho com o Davi vai nascer!
VITÓRIA TENTANDO ENTENDER. ARTHUR PISCA O OLHO PARA A FILHA E A ABRAÇA. ELA SE CONFORTA NOS BRAÇOS DELE.
CORTA PARA
CENA 16. RESTAURANTE. INTERIOR. NOITE
JÚLIA E LEANDRO JANTANDO, ENQUANTO CONVERSAM.
LEANDRO — Júlia, eu não queria deixar o seu jantar indigesto, mas tem uma coisa que eu preciso te contar. É sobre o Davi.
JÚLIA — Leandro, eu realmente não quero saber sobre a vida do Davi/
LEANDRO — (Por cima) É importante. É sobre o Davi e a Vitória.
JÚLIA FICA EM SILÊNCIO, APENAS O ENCARANDO.
LEANDRO — O Davi vai ser pai. A Vitória tá grávida do Davi.
JÚLIA PERPLEXA, MAS TENTA NÃO SE ABALAR. EM LEANDRO.
CORTA PARA
CENA 17. CARRO DE ROBERTO. INTERIOR. NOITE
O CARRO DE ROBERTO VAI POR UMA RUA QUASE DESERTA, DE TERRA BATIDA, MATAGAL EM VOLTA. CAROL TENSA, OLHANDO PARA O EXTERIOR DO VEÍCULO.
CAROL — O senhor tem certeza que esse caminho é o mais seguro e rápido, doutor Roberto?
ROBERTO — É o que indica o GPS.
ROBERTO APONTA PARA O GPS. CAROL OLHANDO PARA FORA. ROBERTO A OLHANDO DE CANTO. ELE VAI DIMINUINDO A VELOCIDADE, ATÉ PARAR NO ACOSTAMENTO. DESLIGA O CARRO. BAQUE. TENSÃO. RITMO.
CAROL — Doutor Roberto, porque o senhor parou o carro?
ROBERTO — (Sorri) Vai dizer que você não sabe, Carol?
CAROL TENTA ABRIR A PORTA DO CARRO, TENTA SAIR, MAS ESTÁ TRANCADA.
CAROL — Eu quero sair daqui! (Berra) Abre essa porta!
ROBERTO — (A agarrando) Para de teatro, menina! Eu sei que você também quer!
CAROL — (Berrando desesperada) Socorro!
ROBERTO TAMPA A BOCA DE CAROL, QUE SE DEBATE PARA SE SOLTAR.
ROBERTO — (Berra) Cala a boca, sua vagabunda! Desde que você entrou na construtora, eu sabia que era isso que você queria!
CAROL TENTA SE SOLTAR, BATE NELE. ROBERTO É MAIS FORTE E A SEGURA, PRENDE SEUS BRAÇOS NO CINTO DE SEGURANÇA. CAROL GRITA POR SOCORRO, MAS NINGUÉM APARECE. ROBERTO A BEIJANDO NO PESCOÇO, COM VIOLÊNCIA.
CAROL — (Berra) Seu monstro! Nojento!
ROBERTO — Nojento, mas você tá louca pra dar pra esse nojento aqui! Sua safada! Vadia gostosa!
ROBERTO VAI TIRANDO A ROUPA DELE, TIRA A CAMISA. SE ESFREGA EM CAROL, ELA TENTANDO SE SOLTAR, SE DEBATE DESESPERADA. ROBERTO TIRA SUA BLUSA, VAI CHUPANDO SEUS SEIOS. CAROL ENOJADA, CHORA DESESPERADA.
ROBERTO DÁ TAPAS EM SUA CARA, ENQUANTO VAI PASSANDO A MÃO PELO CORPO DELA. ELE SOBE SOBRE ELA, ELA PRESSIONADA CONTRA O BANCO, APENAS CHORA E BERRA DE DOR E DESESPERO.
ROBERTO AVANÇA SOBRE ELA, VAI BEIJANDO-A. CAROL MORDE SEU LÁBIO, ELE SANGRA, COMEÇA A DAR TAPAS NELA. CAROL SENDO VIOLENTADA DA PIOR FORMA.
CAROL — (Berra) Socorro!
CÂM VAI PARA O EXTERIOR DO CARRO. APENAS A LUZ DO POSTE ILUMINANDO AQUELE CENÁRIO GROTESCO.
CAROL — (OFF/ Berra desesperada) Me ajudem!
PLANO GERAL.
CORTA PARA
FIM DO CAPÍTULO 18
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