JÚLIA
Uma novela criada e escrita por
RAMON FERNANDES
CAPÍTULO 21
Últimas Semanas
CENA 01. MANSÃO ASSUNÇÃO. QUARTO DE HÓSPEDES. INTERIOR. DIA
Continuação imediata do capítulo anterior.
INGRID AJUDA VITÓRIA A ARRUMAR OS DETALHES DO VESTIDO.
VITÓRIA — Eu nem acredito que finalmente chegou o dia que eu mais esperei na minha vida, mãe!
INGRID — Tá feliz, filha? Aproveita então que o dia é seu, princesa.
VITÓRIA SORRIDENTE. BATIDAS NA PORTA. MARIA EDUARDA ENTRA NO QUARTO.
M. EDUARDA — Licença.
VITÓRIA — Sogrinha.
MARIA EDUARDA OLHANDO VITÓRIA. SORRI.
M. EDUARDA — Tá linda, Vitória. Ficou linda nesse vestido.
VITÓRIA — Eu tô uma pilha. Será que o Davi também tá assim?
INGRID E EDUARDA SE ENTREOLHAM.
INGRID — Filha, o que importa é que é o seu dia. Ninguém liga pro noivo mesmo. Todo mundo quer saber é da noiva! Então brilha!
VITÓRIA SORRI, DIANTE DO ESPELHO.
CORTA PARA
CENA 02. MANSÃO ASSUNÇÃO. JARDIM. EXTERIOR. DIA
MÚSICA: “Beautiful” – Bazzi ft. Camila Cabello
ABRE EM PLANO GERAL. JARDIM SENDO PARAMENTADO PARA A CERIMÔNIA. MESAS DISPOSTAS PELO JARDIM. UM PEQUENO PÚLPITO PARA A CERIMÔNIA SER REALIZADA, TUDO EM TONS BRANCOS E COM ORQUÍDEAS ORNAMENTANDO A DECORAÇÃO. CADEIRAS EM FRENTE AO PÚLPITO. GARÇONS JÁ POR ALI, CIRCULAM EM MEIO A ALGUNS CONVIDADOS QUE JÁ CHEGARAM.
CORTA PARA ROBERTO, QUE SE APROXIMA DE ARTHUR. OS DOIS MUITO ELEGANTES, DE SOCIAL, PRÓXIMOS DO PÚLPITO.
ROBERTO — Arthur.
ARTHUR — Oi, Roberto.
ROBERTO — Será que nós poderíamos trocar uma palavrinha antes do casamento dos meninos?
ARTHUR — (Sem muita paciência) Se for rápido...
ROBERTO SORRI AMARELO.
ROBERTO — Bom, depende de você.
ARTHUR O ENCARA.
ROBERTO — Eu quero saber como o nosso trato fica após esse casamento.
ARTHUR — Como assim? Que trato?
ROBERTO — Ora, Arthur, não se faça de sonso. Eu tô falando do nosso acordo em cancelar adívida após o casamento do Davi e da Vitória. E de você devolver a cadeira da presidência que você me roubou!
ARTHUR — Pera lá, que eu não roubei nada de ninguém. Cadeira essa que eu ocupo, cadeira essa que você perdeu por incompetência sua em honrar dívidas!
ROBERTO VAI RESPONDER GROSSEIRAMENTE, MAS SE CALA E ENGOLE SECO. SORRI SEM VONTADE.
ROBERTO — Você então não vai me devolver a presidência depois desse casamento, Arthur?
ARTHUR FICA PENSATIVO POR ALGUNS INSTANTES. O ENCARA E SORRI COM DEBOCHE.
ARTHUR — Depois do casamento, nós conversamos. Fica tranquilo, Roberto. O que é seu de direito, será seu! (Bate no ombro dele) Espere e verá!
ARTHUR SAI DALI. ROBERTO BEBE UM GOLE DE SUA BEBIDA. TRANSPIRA NERVOSO.
CÂM VAI BUSCAR EM OUTRO PONTO DO JARDIM, PRÓXIMO DA ENTRADA, A CHEGADA DE GABY E BRUNO. ELA BEM VESTIDA, ELE DE SOCIAL. BRUNO OLHA EM VOLTA, MEIO ENTRISTECIDO. GABY DE BRAÇO DADO COM O NAMORADO.
GABY — Amor, relaxa. Eu prometi que vou falar com a dona Maria Eduarda depois da cerimônia. Calma!
BRUNO — Eu sei, Gaby. Mas eu não consigo não ficar nervoso. Eu sei que o meu pai tá por aqui. Tô nervoso em ter que encontrar com ele, conversar, sei lá. Você acha que ele vai querer falar comigo?
GABY O OLHA, PENSATIVA. CÂM VAI BUSCAR MARIA EDUARDA QUE SE APROXIMA DE ROBERTO. O VÊ OLHANDO PARA UM PONTO EM ESPECÍFICO. ELA OLHA PARA O MESMO PONTO E CÂM REVELA ELE ESTAR OLHANDO PARA BRUNO E GABY.
M. EDUARDA — Eles vieram.
ROBERTO — A irmã da Vitória, filha do Arthur.
M. EDUARDA — Tô falando do seu filho, Roberto.
ROBERTO VIRA DE COSTAS, IRRITADO.
ROBERTO — Eu não tenho filho, Eduarda! Mania essa a sua de me irritar com esse assunto.
M. EDUARDA — Você sabe que tem sim! Você não vai mesmo falar com ele, Roberto? Ele parece um rapaz tão bom/
ROBERTO ENCARA MARIA EDUARDA.
ROBERTO — Então pega ele pra criar. Como você é tonta, Eduarda. Você sempre foi! Uma idiota sentimental, presa a convenções tão idiotas, tão fúteis. Se você soubesse o quanto eu me arrependo em ter casado com você. Perdi meus melhores anos do seu lado. Uma lástima!
MARIA EDUARDA O ENCARA COM OS OLHOS MAREJADOS.
M. EDUARDA — Não pense que eu também não me arrependo. Você é a causa das desgraças dessa família, Roberto. Hoje, eu consigo ver claramente quem é você e o mal que você fez pra mim, e pros meus filhos, durante esse tempo todo.
ROBERTO — Idiota! Imbecil! Uma mulherzinha fraca, sem pulso, comandada sempre por um homem. Você é um desgosto, Eduarda!
MARIA EDUARDA CHORA DIANTE DE ROBERTO QUE A HUMILHA. ELA LHE DÁ UM TAPA NA CARA. NINGUÉM POR ALI PERCEBE. ROBERTO COLOCA A MÃO NO ROSTO.
M. EDUARDA — Eu te odeio, Roberto! Eu te odeio!
ELA SAI DALI RAPIDAMENTE, SECANDO AS LÁGRIMAS. ROBERTO IGNORA E CONTINUA BEBENDO SEU DRINK.
CORTA PARA
CENA 03. MANSÃO ASSUNÇÃO. SUÍTE DE DAVI. INTERIOR. DIA
DAVI DIANTE DO ESPELHO, COLOCA A CAMISA SOCIAL, SEM MUITO ÂNIMO. A PORTA SE ABRE, LEANDRO ENTRA.
DAVI — (O encarando) Pode sair! Eu não quero falar com você hoje, Leandro!
LEANDRO — Ei, Davi. Eu vim em missão de paz!
DAVI — Pensasse nisso antes de furar meu olho e ficar com a Júlia. Você sabe que eu sou apaixonado por ela, e roubou ela de mim.
LEANDRO — Davi, me escuta, meu irmão. Eu não roubei ninguém, a Júlia é adulta. Cê não acha que ela já tá bem grandinha pra saber o que ela quer pra vida dela não?
DAVI FICA ENCARANDO LEANDRO.
DAVI — Fala logo o que você quer e sai. Ainda tenho que cumprir minha parte no acordo.
LEANDRO — Eu sei que não deve tá sendo fácil pra você casar com a Vitória.
DAVI — Ah, que bonzinho. Ele compreende, que coração bom que você tem, Leandro. Fico até emocionado com tanta generosidade.
LEANDRO — Assim vai ficar difícil de a gente conversar, Davi. Impossível!
DAVI — Já tá difícil olhar pra sua cara, desde que você resolveu enganar a Júlia, pra afastar ela de mim. Não acha?
LEANDRO — Eu fiz pra ajudar a nossa família, e isso inclui você também. Mas não foi sobre isso que eu vim conversar contigo.
DAVI SE CANSA E SENTA NA CAMA. ENCARA LEANDRO, DE PÉ.
LEANDRO — Mas foi sobre a Júlia que eu vim conversar mesmo com você.
DAVI — Ah, não. É muita cara de pau. Você me procurou agora, minutos antes de eu casar com a histérica da Vitória, pra falar da Júlia? (Levanta) Não, agradeço. Tchau.
DAVI ABRE A PORTA E ESPERA LEANDRO SAIR. LEANDRO DE COSTAS.
LEANDRO — (Direto) A Júlia foi embora daqui anos atrás, esperando um filho seu.
BAQUE. DAVI FECHA A PORTA AUTOMATICAMENTE E VAI PARA A FRENTE DE LEANDRO.
DAVI — O que cê tá falando?!
CORTA RAPIDAMENTE PARA
CENA 04. MANSÃO ASSUNÇÃO. CORREDOR. INTERIOR. DIA
DAVI SAI CORRENDO DO QUARTO, SEM NEM OLHAR PARA TRÁS. LEANDRO VAI ATRÁS.
LEANDRO — (Tom) Davi! Davi, espera! Não faz nenhuma bobagem!
MAS DAVI JÁ FOI, DESCEU AS ESCADAS. DE UM QUARTO SAI MARIA EDUARDA.
M. EDUARDA — O que foi que eu escutei, Leandro? Onde o seu irmão foi agora? Faltando minutos pra cerimônia!
LEANDRO — (Encara a mãe) Foi falar com a Júlia!
CLOSES ALTERNADOS. EM MARIA EDUARDA DESOLADA.
CORTA PARA
CENA 05. MANSÃO ASSUNÇÃO. QUARTO DE HÓSPEDES. INTERIOR. DIA
VITÓRIA EXULTA DIANTE DE LEANDRO E MARIA EDUARDA.
VITÓRIA — É o que?! Eu não tô acreditando nisso! Diz que é uma péssima piada, Leandro. Diz que o Davi não me abandonou no altar pra ir falar com a filha do motorista! (Berra) Diz, Leandro!
LEANDRO — (Nervoso) Vitória, se acalma!
VITÓRIA — (Tom) Me acalmar? Me acalmar? (Sorri forçado) Meu noivo me deixa prestes a subir no altar, pra procurar a namoradinha de infância, depois de me levar na conversa durante seis anos. Seis anos! E desmarcar esse casamento mais ou menos, o que? 1 milhão de vezes... Ah...
VITÓRIA PEGA UM VASO SOBRE UM MÓVEL E ESPATIFA CONTRA A PAREDE. EDUARDA GRITA. VITÓRIA PEGA OUTRO SOBRE OUTRO MÓVEL E ESPATIFA MAIS UMA VEZ. ENCARA LEANDRO E EDUARDA.
VITÓRIA — Eu tô calma! Tô calmíssima!
NELA, SUPER IRRITADA.
CORTA PARA
CENA 06. MANSÃO ASSUNÇÃO. JARDIM. EXTERIOR. DIA
CONVIDADOS CIRCULANDO PELO LOCAL. ARTHUR E INGRID CONVERSAM NO ALTAR.
ARTHUR — Cê não acha que já era pro inconsequente do Davi ter descido não? Que demora! Parece a noiva pra demorar tanto!
INGRID — Eu vou ver o que tá acontecendo!
QUANDO INGRID VAI SAIR DO PÚLPITO, ELA OLHA PARA OS CONVIDADOS, E VÊ GABY E BRUNO EM UM PONTO MAIS AFASTADO, SENTADOS, CONVERSANDO ENTRE SI.
INGRID — (Tom) Não! Não me diz que a Gabriela teve a coragem e a capacidade de trazer esse neguinho pra festa! (Encara Arthur) Diz que eu tô delirando, Arthur!
ARTHUR — Ingrid, pelo amor de Deus, se contenha! Você já está sendo processada por esse rapaz. Você não vai querer sair daqui algemada, vai?
INGRID ENCARA ARTHUR, ESTÁ FURIOSA. ELA DÁ MEIA VOLTA E SAI DALI, BATENDO O PÉ. ARTHUR OS ENCARA, VIRA O OLHO E VAI PARA UM OUTRO PONTO DO JARDIM.
CORTA PARA
CENA 07. FLAT DE JÚLIA. SALA. INTERIOR. DIA
LIGAR NO ÁUDIO: CAMPAINHA TOCANDO INCESSANTEMENTE.
JÚLIA APARECE EM CENA E VAI CORRENDO ATÉ A PORTA.
JÚLIA — (Tom) Calma! Vai arrancar a campainha, criatura?
JÚLIA OLHA PELO OLHO MÁGICO E VÊ DAVI. ELA FICA PENSATIVA POR ALGUNS INSTANTES, ATÉ QUE RESOLVE ABRIR A PORTA. DAVI JÁ ENTRA COM TUDO NO APARTAMENTO.
DAVI — Júlia, eu quero ver o meu filho agora!
CLOSES ALTERNADOS. JÚLIA SURPRESA.
CORTA PARA
CENA 08. FLAT DE JÚLIA. QUARTO DE VINÍCIUS. INTERIOR. DIA
A PORTA SE ABRE, JÚLIA ENTRA COM DAVI, MAIS ATRÁS. VINÍCIUS ESTÁ COM A BABÁ, ELES BRINCAM NO CHÃO. VINÍCIUS DISTRAÍDO. INSTRUMENTAL DE EMOÇÃO. DAVI AO OLHAR O FILHO, COMEÇA A CHORAR. JÚLIA TAMBÉM EMOCIONADA AO VER O PRIMEIRO ENCONTRO DE PAI E FILHO. VINÍCIUS ENCARA DAVI.
VINÍCIUS — Quem é você?
DAVI SE APROXIMA DE VINÍCIUS E SORRI.
DAVI — Eu sou o seu pai, Vinícius.
VINÍCIUS ENCARA ELE E A MÃE. JÚLIA SORRI PARA O FILHO, CONCORDA COM A CABEÇA.
DAVI — Eu posso te dar um abraço, Vinícius?
VINÍCIUS FICA RETICENTE, OLHA PARA A MÃE, E DEPOIS PARA DAVI. ACENA QUE SIM COM A CABEÇA. DAVI ABRAÇA O FILHO COM FORÇA. VINÍCIUS AINDA PERDIDO COM AQUILO TUDO. DAVI CHORA ABRAÇADO AO FILHO. MUITA EMOÇÃO NO PRIMEIRO ENCONTRO.
CORTA PARA
CENA 09. MANSÃO ASSUNÇÃO. JARDIM. EXTERIOR. DIA
ROBERTO NERVOSO, CONTINUA BEBENDO SEU DRINK. ELE JÁ ESTÁ UM POUCO ALTERADO. CAMINHA PELO JARDIM, ATÉ QUE PARA EM UM PONTO ESPECÍFICO, PRÓXIMO DA PISCINA, E UM POUCO LONGE DA MOVIMENTAÇÃO DOS CONVIDADOS. BRUNO O VÊ POR ALI E SE APROXIMA AOS POUCOS.
BRUNO — Doutor Roberto.
ROBERTO O ENCARA. CLOSES ALTERNADOS. BRUNO SE APROXIMA E ESTICA O BRAÇO.
BRUNO — Prazer, me chamo Bruno.
ROBERTO O OLHA DE CIMA A BAIXO. ELE SORRI COM DEBOCHE.
ROBERTO — Eu sei quem é você, moleque.
BRUNO — Sabe?!
ROBERTO — Eu sei que você é aquele que diz ser o meu filho. O meu filho com a ex-empregada aqui de casa.
BRUNO — Eu não digo, doutor Roberto. Eu sou seu filho. Minha mãe jamais mentiria pra mim, não na hora da morte.
ROBERTO O ENCARA FRIAMENTE.
ROBERTO — E ela talvez não tenha mentido mesmo. Mas isso não quer dizer que eu vá te reconhecer como meu filho.
BAQUE. BRUNO SURPRESO.
BRUNO — Como assim?
ROBERTO — Além de pobre, é surdo? É isso, moleque. Você não vai ver uma nota voando em cima dessa sua cabecinha. Não vinda de mim, pelo menos.
BRUNO — O senhor tá enganado! Eu não quero nada do senhor, aliás, quero sim. Só quero reconhecimento. Quero o seu nome no meu registro.
ROBERTO DÁ UMA GARGALHADA. BRUNO COM OS OLHOS MAREJADOS, HUMILHADO.
ROBERTO — O meu nome como "papai" no seu registro? Sabe quando isso vai acontecer? Sabe qual a possibilidade disso acontecer um dia? Zero! Assim como você! Zero!
BRUNO — Eu quero reconhecimento! Eu exijo respeito!
BRUNO O PEGA PELO COLARINHO. OS DOIS SE ENCARAM DE PERTO, SE ENFRENTANDO.
BRUNO — O senhor não vai me humilhar desse jeito! Eu quero que o senhor me reconheça!
ROBERTO EMPURRA BRUNO, QUE CAI SENTADO NO CHÃO.
ROBERTO — (Tom/ Prepotente) Pretencioso! Presunçoso! É isso que você é, moleque! Um pretencioso de invadir a minha casa, e achar que pode me exigir alguma coisa. De mim, você não vai ter reconhecimento nenhum. Não vai ter nome em documento algum, não vai ter dinheiro na conta bancária! Achou o que? (Ri) Que ia vir com esse papinho de "papaizinho e filhinho" que ia tá tudo certo? Errou feio, garoto! O golpe não deu certo! Tenta outro dia, quem sabe cola!
ROBERTO VAI SAIR, MAS BRUNO O INTERCEPTA.
BRUNO — O senhor é uma das piores pessoas que eu já conheci na vida. O senhor é um lixo!
ROBERTO — (Sorri) Mas eu sou rico! E você um nada, que tá aqui tentando ganhar uns trocadinhos.
ROBERTO PEGA A CARTEIRA, TIRA DE LÁ UMA NOTA DE CINQUENTA REAIS, AMASSA A NOTA E OFERECE A BRUNO.
ROBERTO — Toma a sua herança, filhinho!
BRUNO ENCARA ROBERTO COM NOJO, E COSPE NA SUA CARA. ROBERTO LIMPA O CUSPE E SAI.
BRUNO — (Chora) Eu juro que você me paga, Roberto Assunção. Você vai ver quem é um nada!
BRUNO ALI, CHORANDO DE RAIVA.
CORTA PARA
CENA 10. FLAT DE JÚLIA. SALA. INTERIOR. DIA
DAVI E JÚLIA VINDO DO INTERIOR DO APARTAMENTO.
JÚLIA — Eu não esperava você aqui hoje, no dia do seu casamento.
DAVI — Nada ia me fazer ter esse encontro como meu filho. (Encara) E com você, Júlia!
JÚLIA — Davi, por favor/
DAVI — (Por cima) Por favor, digo eu, Júlia. É sério que você tá aqui, me vendo vestido de noivo, pronto para me casar com outra mulher, e você não sente nada? Você é realmente inerte a qualquer sentimento que um dia você nutriu por mim?
JÚLIA — É isso, Davi. Você chegou no ponto exato. Eu realmente, senti algo por você. Algo muito forte, eu fui muito apaixonada por você sim. E você sabe disso. Eu desde criança sonhei em casar com você, em te ver vestido desse jeito, mas, Davi... O tempo passou, muita coisa aconteceu, as nossas vidas tomaram outros rumos. Rumos bem diferentes, aliás. E isso tudo passou.
DAVI — Não é possível, Júlia. Nada que seja tão forte quanto o que eu sinto por você, e o que você sentiu por mim, passa assim como se fosse nada.
JÚLIA — Eu nunca disse que foi fácil, mas eu posso te garantir. Passou! Eu olho pra você hoje, e eu sinto que acabou. Guardo as nossas lembranças com muito carinho, mas é passado. É um objeto antigo guardado em uma caixa. Eu olho, sinto saudade, guardo de novo e fecho a caixa. Davi, acabou! Entenda isso!
DAVI — Eu não amo a Vitória!
JÚLIA — Então não casa! Mas entenda que não sou eu a causa de você não casar com ela. Não case por você. Não por mim! Vai ser feliz, Davi. Com ela, ou com outra pessoa.
DAVI — Você tá apaixonada pelo meu irmão?
JÚLIA — Davi, por favor/
DAVI — (Por cima) Fala, Júlia. Eu preciso saber. Você se apaixonou pelo Leandro?
JÚLIA O ENCARA. ACENA QUE SIM COM A CABEÇA.
JÚLIA — Eu gosto muito do seu irmão sim, Davi. Sim, eu me apaixonei pelo Leandro.
DAVI COMEÇA A RIR. JÚLIA NÃO ENTENDE.
DAVI — Burra!
JÚLIA — (Não entende) Burra? Como assim, burra? Davi, vá embora. Eu não preciso ficar ouvindo isso.
DAVI — Burra, Júlia! Você quer saber mesmo porque o Leandro se aproximou de você, com aquele papinho mole de te ajudar a encontrar apartamento, blá, blá, blá, romancezinho, flores, jantar?
JÚLIA — Davi!
DAVI — (A segura pelos braços) Era tudo um plano do meu pai!
BAQUE. JÚLIA O ENCARANDO, SEM ENTENDER.
DAVI — O Leandro e o meu pai tinham um plano de te tirar da minha vida. Eles acharam que você ia me procurar depois que voltasse pro Brasil. O Leandro decidiu, então, te conquistar, pra me tirar da jogada. Pra fazer você desistir de mim e eu poder assim, casar com a Vitória.
JÚLIA — O que?!
DAVI — O Leandro te enganou esse tempo todo, Júlia!
CLOSES ALTERNADOS. CLOSE FINAL EM JÚLIA SURPRESA, SEM PALAVRAS.
CORTA PARA
FIM DO CAPÍTULO 21
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