Capítulo 34 (Últimas Semanas)
- No capítulo anterior:
EULÁLIA: Mamãe eu já estou bem crescidinha para tomar as minhas
decisões e enquanto a você grosseirão, você não manda em mim. Não é meu pai,
muito menos o meu marido, não tem direito de opinar sobre a minha vida...
SEVERINO: Não seja por isso, tá resolvido o seu problema.
LAURINHA: Está?
SEVERINO: Eu vou casar com a sua filha, ela não há de virar quenga!
(Conclui).
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DONA
CISSA: Eu não sou uma mulher de rodeios,
por isso serei bem clara. Eu sei quem pegou a sua filha e tentou fazer aquela
maldade com ela.
BEATRIZ:
Sabe? Então me diga quem foi...
DONA
CISSA: Eu vou te contar a história do
começo! (Cissa então começa a contar toda a história de como conheceu Carolina,
a ligação dela com Iara e suas aparições na cidade).
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CADU:
Eu estava procurando a Beatriz, não
a encontro em nenhum lugar. A senhora sabe onde ela está?
LUIZA:
Não, eu achei que ela estivesse com
você...
CADU:
Não, eu fui até a lanchonete comer
alguma coisa, ela disse que viria para cá!
LUIZA:
Que estranho, onde será que ela
está?
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CAROLINA:
(Acorda atordoada) O que é isso? Que
invasão é essa? Ficou maluca?
BEATRIZ:
Desculpe acordar a rainha da
internet, mas eu precisava fazer essa visita!
CAROLINA:
Era só o que me faltava, uma maluca
invadindo a minha casa. Eu vou te chamar a polícia! (Carolina levanta da cama e
veste seu hobby). Você vai voltar para a cadeia, sabia?
BEATRIZ:
Eu não vou a lugar algum... Aliás,
eu vou te ensinar a nunca mais mexer com o filho de ninguém!
CAROLINA:
Que história é essa?
BEATRIZ:
Não tá lembrada? Eu vou refrescar a
sua memória, isso aqui é por você ter colocado essas suas patas sujas na minha
filha, sua doente! (Beatriz dá um tapa na cara de Carolina que cai no chão).
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Fique agora com o capítulo de hoje!
Cena 01 – Cobertura Montenegro [Interna/Manhã]
CAROLINA: Você ficou louca? Eu vou acabar com você, eu vou te
colocar na cadeia, você vai ter a sua carreira destruída depois disso e não vai
conseguir emprego nem para escrever obituários! (Dispara).
BEATRIZ: Ah, é? Você vai me colocar na cadeia por isso? Então me
deixa reforçar os seus motivos... (Beatriz parte para cima de Carolina e a
agarra pelo cabelo).
(Do corredor, Doralice e Alberto acompanham a confusão
aos gritos e desesperados, pois não sabem se entram no quarto ou simplesmente
ignoram o que está acontecendo).
ALBERTO:
Mas que feira é essa? Que gritaria é
essa, gente? (Questiona ao sair do quarto).
RANGEL:
É a jornalista com quem o seu irmão
se envolveu, ela entrou aqui furiosa e as duas estão lá dentro, não sabemos o
que fazer...
(No quarto de Carolina).
BEATRIZ:
(Derruba Carolina no chão e sobe em
cima dela) Você vai aprender a nunca mais tocar na minha filha, sua psicopata!
(Beatriz dá sucessivas bofetadas no rosto de Carolina).
CAROLINA:
Me larga... Me larga! (Grita em meio
as bofetadas).
(No corredor).
DORALICE: Não está na hora de arrombar essa porta? Elas duas vão se
matar.
RANGEL: Eu também acho senhor, precisamos intervir! (Responde em
meio aos gritos de Carolina por socorro).
ALBERTO: Você tem razão, afastem-se! (Alberto chuta a porta do
quarto e a arromba).
CAROLINA:
Me solta sua vaca! (Grita).
(Alberto tira Beatriz de cima de Carolina e a segura, em
seguida Rangel segura Carolina).
ALBERTO:
Mas o que é isso? Vocês ficaram
loucas?
CAROLINA: Chama a polícia, eu quero essa desgraçada na cadeia... Eu
vou te denunciar por lesão corporal.
BEATRIZ: Não precisa se dar ao trabalho, eu já fiz o que tinha de
fazer aqui. Pode me soltar... (Alberto solta os braços de Beatriz).
CAROLINA: Saiba que você vai pagar caro cada tapa que me deu...
BEATRIZ: Eu não tenho medo das suas ameaças Carolina! A justiça
pode estar cega ao seu respeito, mas eu vejo muito bem quem você é
verdadeiramente. Você pode achar que pode brincar com a vida das pessoas, mas
você não vai fazer isso com as pessoas que eu amo. Encosta na minha filha de
novo e eu sou capaz de te matar, entendeu? Eu mato você! (Beatriz pega a bolsa
que deixou cair no chão e vai embora, mas antes de sair no quarto, ela olha
para trás). Ah, se eu fosse você eu colocava um gelinho nesse rosto... Vai
ficar roxo e vai ser difícil gravar seus vídeos assim! (Vai embora).
(Rangel e Doralice permanecem olhando para Carolina
chocados com o que acabaram de presenciar).
ALBERTO: Olha, eu preciso admitir... Jamais pensei que a
jornalista fosse tão boa de briga, ela acabou com você... Olha só o seu estado!
CAROLINA: O que estão esperando para sair daqui? Vão embora, saiam
do meu quarto, saiam! (Aos empurrões, Carolina expulsa Alberto, Rangel e
Doralice do seu quarto). Isso não vai ficar assim, não vai!
Cena 02 – Ruas de Correntes [Externa/Manhã]
(De óculos escuros e roupa justa, Iara deixa a padaria do
centro da cidade com uma sacola de pão em uma das mãos).
IARA: (Após rever alguém conhecido, Iara abaixa o óculos) Não!
Eu não acredito no que eu estou vendo... (Iara corre e atravessa a rua).
Coruja? (Grita).
CORUJA: (O menino que estava na porta da escola acompanhado de
Tobias) Iara!
TOBIAS: Você conhece essa mulher? (Questiona).
IARA: Que coincidência, como você veio parar aqui? (Se aproxima
do menino).
TOBIAS: Eu conheço você de algum lugar... (Diz após Iara se
aproximar).
IARA: (Percebendo que Tobias estava prestes a lhe reconhecer,
tenta disfarçar) Não, acho que o senhor deve estar enganado, eu não te
conheço... Com licença, preciso ir...
TOBIAS: Não, espera... Vamos conversar!
IARA: (Corre e some no fim da rua).
TOBIAS: (Relembra de uma noite em que estava no cabaré de Cissa
na companhia de Carolina e ela lhe apresentou Iara como sua amiga) É ela, a
desgraçada! Escuta moleque, de onde você conhece essa mulher?
CORUJA: Conheço sim, ela é filha da mulher que me criou.
TOBIAS: A mesma que você disse que te explorava e te obrigava a
trabalhar?
CORUJA: Hunrum, ela mesma. (Responde).
(Distante da escola e ainda surpresa com o reencontro,
Iara não perde tempo e resolve contar a novidade para a pessoa mais
interessada).
IARA: Cacau? Tenho uma bomba para te contar, mas antes de te
dizer, saiba que vai custar caro essa informação, entendeu? (Diz ao falar com
Carolina no celular).
Cena 03 – Hospital de Correntes [Interna/Manhã]
(Na UTI e entubada, Luciana recebe a visita de Carina).
INSPETORA CARINA: Mãe, a senhora precisa ficar boa logo... Eu sinto muito a
sua falta, a senhora não sabe o quanto me dói te ver assim... (Chora). Eu não
vou sair do seu lado, eu juro! (Carina segura a mão da mãe e em seguida,
cuidadosamente pousa sua cabeça sobre o peito da mãe).
Cena 04 – Casa de Benedito [Interna/Manhã]
(Enquanto amamenta Alice, Beatriz e Clarissa conversam).
CLARISSA:
Você bateu nela? (Questiona surpresa
com o que acabara de ouvir).
BEATRIZ: Bati, mas bati tanto que deixei a cara dela vermelha.
Desgraçada, psicopata teve a coragem de colocar as patas sujas em cima da minha
filha, mas ela já foi avisada, se ela tocar na minha filha de novo eu a mato
com as minhas próprias mãos.
CLARISSA: E você a ameaçou assim, na frente de todo mundo e no
território dela?
BEATRIZ: Sim!
CLARISSA: Você não deveria ter feito isso, ela pode usar isso
contra você no processo, Bia!
BEATRIZ: Eu não tenho medo daquela mulher e tem mais, vou dar um
jeito de provar que ela está metida nisso até o pescoço. Enfim, você tá com uma
cara estranha, aconteceu alguma coisa?
CLARISSA: Sim e não... Na verdade eu gostaria de te fazer umas
perguntas!
BEATRIZ: Pode perguntar.
CLARISSA: Como foi quando você descobriu que estava esperando a
Alice? Teve algum sintoma ou...
BEATRIZ: (Interrompe Clarissa) Não, para! Não me diga que você...
CLARISSA: Eu não sei, geralmente nunca atrasa e dessa vez atrasou
alguns dias, mas pode ser qualquer coisa.
BEATRIZ: Inclusive gravidez. Só tem uma forma de descobrir,
fazendo um teste!
CLARISSA: Eu já comprei, só não tive coragem de fazer antes. (Diz
ao tirar a caixinha da bolsa com um teste de farmácia).
(Algum tempo depois, Clarissa está no interior do
banheiro e Beatriz parada do lado de fora).
BEATRIZ:
E então, vai demorar? Estou curiosa!
(Questiona encostada na porta).
CLARISSA:
(Abre a porta do banheiro e sai) Eu
não tive coragem de olhar, toma! (entrega o teste).
BEATRIZ:
É, não resta mais dúvida... Você e o
Tobias terão um filho! (Diz ao olhar o teste).
Cena 05 – Haras Ferraz [Externa/Manhã]
(Cadu visita o haras para recordar o tempo trabalhando no
local).
TOBIAS:
Mas que honra você aqui e que
reviravolta a sua vida passou nos últimos dias!
CADU:
É verdade, não imaginei que tudo
fosse terminar desse jeito...
TOBIAS:
Agora que você é um homem rico,
imagino que não precise mais trabalhar.
CADU:
Engano seu, agora que é necessário
para trabalhar e manter as coisas como estão.
TOBIAS:
Então podemos colocar em prática
algo que nós combinamos há um certo tempo.
CADU:
O que?
TOBIAS:
Se você pretende se tornar um homem
do campo e continuar nesse lugar, precisa aprender a andar a cavalos e aqui é
um haras, melhor lugar do mundo para isso. O que acha de darmos uma volta pela
fazenda?
CADU:
Eu acho ótimo!
TOBIAS:
Vou pedir para o Israel celar um
cavalo e sairemos em seguida.
Cena 06 – Casa de Benedito [Interna/Tarde]
(Clarissa anda de um lado para o outro em seu quarto
enquanto é observada por Beatriz).
BEATRIZ:
E então, já decidiu o que vai fazer?
CLARISSA:
Eu não sei, sinceramente eu não sei!
BEATRIZ:
Que tal começar contando ao pai da
criança? Tenho certeza de que ele ficará muito feliz com a notícia.
CLARISSA:
E se ele achar que eu fiz de
propósito só para amarrá-lo?
BEATRIZ:
Então isso só vai mostrar que ele
não é bom para você, apesar de que eu duvido que ele faça isso.
CLARISSA:
Está bem, eu vou contar!
Cena 07 – Cobertura Montenegro [Interna/Tarde]
Música da cena: Cremosa – Banda Uó
(Doralice tira a poeira dos móveis enquanto dança ouvindo
música no celular).
CAROLINA:
Era só o que faltava, bailarina de
FitDance da terceira idade! (Diz enquanto desce a escada).
DORALICE:
(Tira o fone de ouvido ao perceber a
presença de Carolina) Dona Carolina, eu nem vi que a senhora estava aí...
CAROLINA:
Eu percebi, bem que dizem aquele
ditado que quando o patrão sai, os ratos fazem a festa. Eu vou sair, não tenho
horas para voltar, entendido?
DORALICE:
Está bem, mas para onde a senhora
vai caso alguém pergunte?
CAROLINA:
Caso alguém pergunte, você responde
o mesmo que eu falo para vocês: “Não é da conta de ninguém”. (Pega a bolsa e
sai de casa).
DORALICE:
Surucucu, o que é seu tá guardado!
(Pega o espanador e vai dançando para a cozinha).
ALBERTO: (Após perceber que não tem mais ninguém na sala, Alberto
abre a porta do escritório) Que bom que resolvi não ir ao escritório hoje, essa
daí está aprontando de novo, não posso perder de vista se não me rouba tudo...
Vamos ver onde ela vai! (Alberto pega as chaves do carro e sai logo em
seguida).
Cena 08 – Casa de Laurinha [Interna/Tarde]
(Eulália desce até a mercearia e encontra Laurinha
acertando alguns detalhes do casamento com Severino).
EULÁLIA:
Vocês dois não se desgrudam mais!
LAURINHA:
Filha! Estamos acertando alguns
detalhes do casamento, venha aqui dar uma olhada...
EULÁLIA:
Vocês ainda não se atentaram a um
mero detalhe em meio a tudo isso.
SEVERINO:
Que detalhe?
EULÁLIA:
Que eu não vou casar, principalmente
com um homem cheirando a cavalos.
LAURINHA: Ah, mas você casa, casa nem que seja amarrada e eu te
leve amordaçada até o altar. Você vai casar ou eu não me chamo Laura Maria
Pedrosa!
SEVERINO:
Você vai casar comigo, não tem mais
como voltar atrás...
EULÁLIA:
Veremos, veremos!
Cena 09 – Haras Ferraz [Interna/Tarde]
(Após Carolina estacionar o carro e descer, Alberto se
aproxima logo em seguida).
ALBERTO:
Que lugar é esse? O que essa maluca
veio fazer aqui? (Questiona ainda dentro do carro).
(No escritório, Tobias organiza uma papelada em sua mesa
quando é surpreendido).
TOBIAS: (Percebe a presença de alguém e ao levantar a cabeça, se
depara com Carolina) Mas o que significa isso? O que você está fazendo aqui?
CAROLINA: Você não se faça de santo, eu já sei muito bem onde você
pretende chegar e o que está fazendo. Onde ele está? Quero vê-lo, eu também
tenho direitos!
TOBIAS: Você está completamente desequilibrada! Do que
você está falando? (Fica de pé).
CAROLINA: De quem mais? Do nosso filho!
(Do lado de fora, Clarissa caminha em direção à entrada
do haras).
CLARISSA: Ele vai gostar, ele vai ficar feliz... Coragem, coragem!
(Repete enquanto caminha segurando um urso de pelúcia e o teste de gravidez
para dar a notícia).
(No estábulo, Sérgio e Israel
conversam enquanto preparam os cavalos para Tobias e Cadu usarem).
SÉRGIO: Escolheu um cavalo manso? Lembre-se que o Cadu não sabe
montar, é iniciante.
ISRAEL: Claro, já pensei nisso. Escolhi o Quixote, ele é um
grande amigo, vou só terminar de posicionar a cela e ele já estará pronto.
ALBERTO: Quer dizer que o meu irmão agora inventou de aprender a
montar? Pelo o que vejo, a Carolina continua sendo muito passional e se
continuarmos assim, nossos planos irão por água abaixo, exceto se eu der
continuidade aos meus planos iniciais... Tornar a Carolina viúva! (Fala consigo
mesmo em pensamento).
Cena 10 – Hospital de Correntes [Interna/Tarde]
(A Inspetora caminha pelo corredor do hospital rumo a UTI
onde a mãe está internada, porém, antes de entrar ela encontra com uma
enfermeira saindo do local).
INSPETORA
CARINA: Boa tarde! Eu vim visitar a minha
mãe que está internada aqui, com licença.
ENFERMEIRA:
Nesse momento a senhora não pode
entrar!
INSPETORA CARINA: Como assim eu não posso entrar? A minha mãe está lá
dentro, sou filha dela e tenho autorização para entrar, com licença. (Tenta
passar, mas a enfermeira se mantém firme em frente a porta).
ENFERMEIRA: Sim, eu sei disso senhorita. Acontece que as regras do
hospital só permitem a entrada de um visitante na UTI e nesse momento, a
paciente já está acompanhada por uma pessoa.
INSPETORA CARINA: Quem? (Questiona).
ENFERMEIRA: Imagino que seja sua irmã, disse que também é filha dela!
(Na UTI).
BEATRIZ: (Com uma vestimenta apropriada para visitantes, Beatriz
se aproxima da mãe que segue em coma) Os médicos disseram que você consegue me
ouvir, eu espero que realmente ouça o que irei dizer. Agora que eu sou mãe,
posso compreender esse amor tão grandioso e transcendente, eu só queria
dizer... Obrigada! Se hoje você está aqui lutando contra a morte foi por ter se
jogado na frente daquele carro para salvar a vida da minha filha, só uma pessoa
genuína seria capaz de tal ato, jamais terei como agradecer o suficiente pelo o
que você fez. Sei que te disse coisas horríveis, eu estava realmente muito
magoada... Eu gostaria que a gente tentasse conviver melhor a partir de agora,
tentar de alguma forma resgatar o elo que se perdeu com o tempo... (Beatriz
pousa sua mão sobre a da mãe nesse momento). A minha filha saberá um dia que a
avó dela salvou sua vida...
LUCIANA: (Lentamente começa a mexer os dedos e a abrir os olhos.
Os monitores começam a apitar rapidamente e seus batimentos cardíacos começam a
acelerar).
BEATRIZ: O que foi? O que está acontecendo? Eu vou chamar
alguém... (Beatriz corre e abre a porta bruscamente, encontrando com Carina e a
enfermeira). Está acontecendo alguma coisa com a minha mãe, eu preciso de
socorro! (Diz ofegante).
ENFERMEIRA: Eu vou chamar o médico! (Sai em disparada pelo corredor).
(Rapidamente, Carina e Beatriz entram no quarto e se
deparam com Luciana de olhos abertos e com dificuldade para respirar).
Cena 11 – Cabaré de Dona Cissa [Interna/Tarde]
(Em seu quarto, Iara contabiliza o que já conseguiu
extorquir de Carolina nos últimos meses com base nas chantagens e ameaças).
DONA CISSA: (Após observar pela porta entreaberta, entra no quarto
sem ser notada) Pelo o que vejo, você está garantindo bem o seu pé de meia, não
é?
IARA: (Fecha sua mala rapidamente) Madrinha, eu não sabia que
estava aí...
DONA CISSA: Talvez se soubesse, não se permitira há tanto! Eu vejo
que você não mudou nenhum um pouco.
IARA: Porque a senhora está falando comigo assim? Eu não fiz
nada de errado.
DONA CISSA: Iara, olhe bem para a minha cara! Você acha mesmo que
essa história para boi dormir vai me convencer? Eu conheço a sua raça, sua mãe
não valia nada, era minha sócia aqui no cabaré, mas me deu o golpe porque era
ruim e queria tudo para ela. Você e a Cacau fugiram depois de depenar o
fazendeiro sem nem pensar em me dar notícias, você não ganha tão bem aqui para
conseguir tanta coisa e essas joias nem de longe são bijuterias. Em que rolo
você se meteu agora?
IARA: A senhora está me ofendendo desse jeito...
DONA CISSA: Não force, eu praticamente te criei e sei quando você
está mentindo. Você conseguiu isso daí se aproveitando de alguém. Com quem você
está envolvida? É a Cacau, não é? O que pretendem fazer?
IARA: Eu não admito que a senhora...
DONA CISSA: (Interrompe com um grito) Chega! Eu que não admito que
você continue debaixo do meu teto me fazendo de idiota e a mercê da polícia
baixar aqui e acabar com o que eu demorei anos para construir. Acho que é
melhor você bater asas daqui!
IARA: O que quer dizer com isso? A senhora está me expulsando
daqui?
DONA CISSA: Eu te dou meia hora para desaparecer do meu cabaré! Não
vou abrigar uma bandida aqui dentro. E um conselho, tome muito cuidado, pessoas
como você não costumam ter um bom final. (Sai do quarto em seguida).
IARA: A senhora está muito enganada, o meu final será
grandioso. Pode apostar! (Fala sozinha).
Cena 12 – Haras Ferraz [Interna/Tarde]
(De todos os cantos no haras podia-se ouvir a gritaria no
escritório de Tobias).
TOBIAS:
Que loucura é essa dessa vez? O que
você está dizendo?
CAROLINA:
Você está com o nosso filho e mentiu
para mim, é disso que eu estou falando.
TOBIAS:
Eu não sei do que você está falando,
você só pode ter ficado louca, é isso!
CAROLINA: Vai me dizer que não sabe do que eu estou falando? Eu já
sei que o nosso filho está aqui, como foi que você descobriu que o Gael era o
nosso filho? Me responda!
(Nesse momento Tobias fica em choque ao descobrir que
esse tempo todo estava abrigando o próprio filho sem saber. Do corredor,
Clarissa sente um arrepio na espinha ao ouvir a voz da mãe do menino).
TOBIAS:
O que você disse? O Gael é o nosso
filho? O menino de rua de Recife?
CAROLINA:
Sim, ele que eu entreguei para a
Candelária criar...
CLARISSA:
(Invade o escritório, joga a sacola
que trouxera consigo numa estante e fica ao lado de Tobias) Então essa é a
ordinária que abandonou o seu filho!
TOBIAS:
Ela disse que o Gael é o meu filho,
eu não posso acreditar nisso... (Diz completamente anestesiado com a revelação
de Carolina).
(No estábulo, após colocar as celas nos cavalos, Sérgio e
Israel vão verificar outros animais, sem perceberem a presença de Alberto).
ALBERTO: E aí rapaz, quer dizer que o meu irmão vai aprender a
montar? (Fala com o cavalo enquanto alisa sua crina). Ouvi dizer que quedas de
cavalos podem ser fatais... Será que a Carolina vai ficar viúva e o meu irmão
vai partir dessa para melhor? (Nesse momento, Alberto olha para os lados e se
certifica de que não está sendo observado e afrouxa a cela do cavalo para que
ela se desprenda durante o passeio). Pronto amigão, agora o resto eu deixo com
você, tá certo?
(No escritório).
CAROLINA:
Que cara é essa? Eu não vou
acreditar em você, Tobias. Eu quero ver o meu filho, sou mãe dele e tenho
direitos.
CLARISSA:
Você não vai ver ninguém, perdeu
seus direitos quando o abandonou e deixou ele para trás como se fosse um
traste.
CAROLINA:
E essa daí, quem é? Pode pedir para
ela sair, essa conversa é particular querida!
TOBIAS: A Clarissa é a minha companheira, uma mulher imensamente
melhor que você. Quanto ao Gael, foi Deus que o colocou no meu caminho, o meu
próprio filho! Você não vai mais se aproximar dele, eu não permitirei... Que
direitos você tem sobre ele? Você nunca quis ter um filho, tudo não passava de
interesse e quando ele nasceu, você o eliminou do seu caminho para conseguir
alcançar seus objetivos. Mãe cria, dá amor, carinho, afeto... Coisas que você
jamais seria capaz de dar a um ser humano!
CAROLINA:
Eu era muito jovem, estava com medo.
Um filho iria atrapalhar os meus planos, eu não queria um filho, tinha aversão
a ele quando chorava, por isso eu quis fazer um aborto, mas não consegui. Não
conseguia gostar dele quando vi aquela criança nos meus braços, então eu o
abandonei!
(Ouve-se um barulho nesse instante, são bolinhas de gude
que caem no piso de madeira lentamente e que Coruja segurava. O menino acabara
de ouvir toda a confusão parado na porta).
CLARISSA:
Gael!
TOBIAS:
Vem cá, meu filho... A gente precisa
conversar, tenho tanta coisa para te dizer.
CAROLINA:
É ele? O meu filho? (Carolina
impressiona-se ao rever o filho depois de tantos anos e tenta se aproximar
dele, porém o menino corre).
CLARISSA:
Gael, volta aqui... Gael! (Clarissa
corre atrás do menino).
TOBIAS: Eu vou buscar o meu filho e você pode desistir de se
aproximar dele de novo, entendeu? Chegue perto dele e eu te mato! (Diz para
sair logo em seguida e ir atrás de Gael e Clarissa).
CAROLINA: Eu não tenho medo das suas ameaças, eu vou atrás do meu
filho! (Fala sozinha e ao sair do corredor, ela encontra com outra pessoa que
também ouviu toda a discussão). Cadu? O que você está fazendo aqui?
CADU: O que eu estou fazendo aqui não importa, o importante
agora é o fato de que você é uma mentirosa e que nós dois precisamos ter uma
conversa séria!
(Do lado de fora do Haras, Clarissa procura pelo o
menino, mas não o encontra).
CLARISSA:
Gael, Gael! (Grita pelo menino. Em
seguida vai ao encontro de Sérgio e Israel). Vocês viram o menino? Eu preciso
encontrá-lo).
SÉRGIO:
Sim, ele passou por a gente e não
falou, estava chorando.
CLARISSA:
E para que lado ele foi?
ISRAEL:
Para lá, rumo a mata! (Aponta).
CLARISSA:
Mas é muito perigoso, daqui a pouco
vai anoitecer... (Nesse momento Clarissa avista o cavalo, corre até ele, monta
e vai atrás do menino).
(Aos prantos, Gael corre pela mata após descobrir que a
mãe não gostava dele e por isso o abandonou. Clarissa cavalga em alta
velocidade, enquanto chama pelo o menino que não responde. Um close na cela do
cavalo revela que o assento está se soltando).
CLARISSA:
Vamos Quixote, mais rápido, mais
rápido... (Diz enquanto balança as rédeas do cavalo).
(A cela do cavalo se desprende completamente, Clarissa
cai do cavalo e fica inconsciente no meio da mata).
A câmera foca em Clarissa caída de
bruços no chão e inconsciente, a cena congela e o capítulo encerra com o a tela
azul da cor do céu.
Trilha Sonora Oficial, clique aqui.
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