CAPÍTULO 06
uma novela de
FELIPE LIMA BORGES
livre adaptação do livro de Rute
Edição da Versão Reprise por
RAMON FERNANDES
EDIÇÃO:
Capítulo 08 + Capítulo 09 ORIGINAL (SEM CORTES)
CENA 1: EXT. BELÉM – RUA – MANHÃ
Furioso, Rishon encara um Elimeleque constrangido.
RISHON— Eu devia saber. Você é só mais um desses mercenários malditos!
ELIMELEQUE— Senhor, eu--
RISHON— (interrompendo) Saia da minha frente!
Elimeleque se abate.
RISHON— Ou melhor: que saia eu! E nunca mais dirija a palavra à minha pessoa!
Rishon gira nos calcanhares e sai pisando duro. Logo Noemi se aproxima.
NOEMI— Não deu certo?...
Elimeleque olha para ela, que entende.
NOEMI— Então não se abata, porque o tempo está passando.
ELIMELEQUE— Eu tenho o dia todo. E vou conseguir!
Noemi faz que sim.
NOEMI— Até mais tarde. Shalom.
ELIMELEQUE— Shalom.
Noemi sai e Elimeleque observa o caminho por onde Rishon se foi.
CENA 2: INT. CASA DE NOEMI – COZINHA – DIA
A manhã passa e o meio-dia se aproxima. Na cozinha, Noemi auxilia Zaira no preparo da comida.
ZAIRA— Noemi...
NOEMI— Eu...
ZAIRA— Me diga, tudo isso que você está fazendo... o desafio, o senhor Rishon... é tudo porque gosta de Elimeleque?
NOEMI— Gostar?...
ZAIRA— Sim, menina.
NOEMI— Elimeleque tem muitas qualidades, sim... e outras coisas interessantes, também. Assim é fácil sentir algo...
ZAIRA— (sorrindo) “Algo”... Você está completamente apaixonada por esse rapaz!
NOEMI— Não está exagerando não, Zaira?...
ZAIRA— Exagerando, que exagerando o quê, Noemi!... Já tive sua idade, sei muito bem como funciona. E sabe qual é o meu palpite?
NOEMI— Hum, qual?
ZAIRA— Que você vê em Elimeleque o cumprimento da Promessa.
Noemi finge pensar.
NOEMI— E se for?...
Zaira ri feliz.
ZAIRA— Eu sabia!
Zaira vai até Noemi e a beija no rosto.
CENA 3: INT. HOSPEDARIA – DIA
Em uma das mesas, Elimeleque parece desanimado com sua comida. Neb, à sua frente, o observa.
NEB— Primo... Será que vale a pena você se esforçar tanto pra conseguir uma caminhada com essa moça?
ELIMELEQUE— (firme) Sim, vale! Você não entende, Neb. Eu estou completamente encantado por aquele olhar, aquele rosto, aquela voz, aquela... aquela forma de andar... (olhando nos olhos de Neb) Se preciso for, eu vou aos quatro cantos do mundo pra conquistá-la.
NEB— Eu falo isso porque você fica aí, abatido, sem comer...
ELIMELEQUE— Não estou abatido, eu... As coisas com o tal Rishon não saíram como planejei. Não esperava por isso. Meu plano era bom, mas o velho... é pior do que eu esperava.
Neb respira fundo.
NEB— Enquanto eu fujo, você corre atrás de problemas...
ELIMELEQUE— Por falar nisso, e a tal moça?
NEB— A Tamires? Ameaçou voltar em breve.
ELIMELEQUE— E você?...
NEB— Eu? Eu estou é pensando em trabalhar extra e não ter momento algum livre pra ela vir falar comigo.
Elimeleque solta um pequeno sorriso.
CENA 4: EXT. CAMPOS – DIA
Em uma das plantações de trigo ao redor de Belém, vários homens colhem espigas enquanto mulheres circulam por ali servindo água. Entre eles está Absalom, que parece olhar mais para a cidade, do outro lado de um pequeno vale, do que para as espigas. Nina, uma das que servem água, percebe o comportamento do marido e se aproxima.
NINA— A hora da refeição já se aproxima, Absalom.
ABSALOM— Eu sei. Estou sem fome.
Nina parece entender o motivo de Absalom.
NINA— Se continuar fulminando os muros assim, eles virão abaixo...
Absalom finalmente olha para Nina.
NINA— O que está acontecendo, meu amor?
ABSALOM— É Noemi... Fico pensando nela lá, e aquele rapaz--
NINA— (interrompendo) Não se preocupe, meu marido, não há motivo pra isso. Eles estão à luz do dia, e eu sei que ele é respeitador. Certamente é um homem honrado.
Absalom respira fundo.
ABSALOM— Sei...
Balançando a cabeça negativamente, Nina observa Absalom voltar a olhar para Belém.
CENA 5: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA
Mais uma parte do dia se passa, e encontramos Noemi e Elimeleque observando Rishon passar pelas ruas laterais da praça. Perto dali também estão as carroças da caravana atendendo vários belemitas.
NOEMI— Depois dessa resposta, não sei como ainda tem coragem de continuar.
ELIMELEQUE— Farei quantas vezes for preciso.
NOEMI— Então faça direito.
Elimeleque olha para Noemi e vai atrás de Rishon. Ao notá-lo, o homem assume o semblante de raiva e acelera o passo.
ELIMELEQUE— Senhor Rishon, por favor, escute apenas essas palavras!... Senhor...
RISHON— Já mandei não me dirigir mais a palavra!
ELIMELEQUE— Pois lhe garanto que essa vale o tempo, pois é uma palavra de segredo, um segredo valioso!...
RISHON— Conheço bem sua raça, rapaz! Bando de mentirosos que prometem e não entregam metade!
ELIMELEQUE— Senhor Rishon, eu tenho o segredo para o senhor nunca mais ser notado pelos vendedores!
Rishon começa a diminuir os passos. Então para... E se aproxima de Elimeleque.
RISHON— Nunca mais ser notado pelos vendedores?
ELIMELEQUE— É exatamente isso.
RISHON— Fale.
Elimeleque abre a boca para falar, mas Rishon interrompe.
RISHON— E não quero saber de lãs de nariz, óleos, ou qualquer coisa do tipo, porque não vou comprar, não vou! Não vou!
ELIMELEQUE— Fique tranquilo, meu caro Rishon, o senhor vai gostar. Além do mais, eu posso fazer um bom desconto.
Rishon treme por um momento.
RISHON— Essa palavra me dá calafrios!... Muito bem, rapaz, você tem minha atenção.
Elimeleque sorri empolgado.
ELIMELEQUE— Se o senhor adquirir o meu produto, findados estarão os dias de importunos de vendedores.
RISHON— Pois diga!
Em outra rua da praça, Tamires pega um produto de uma barraca e agradece ao vendedor. Em seguida ela caminha na direção das carroças da caravana. Passa pelas filas.
TAMIRES— Neb... Neb!...
Neb está atendendo clientes quando nota-a.
NEB— Estou ocupado...
Tamires dá a volta e se segura na carroça, logo abaixo de onde ele está.
TAMIRES— Eu tenho algo pra te dar, Neb. Quero apenas te dar um presente.
NEB— Mesmo?...
TAMIRES— Sim, aqui está!
Tamires entrega o produto que acabou de comprar: uma bainha.
TAMIRES— Eu notei que a cinta em que fica sua espada está desgastada pelas viagens, então resolvi comprar essa bainha. Há muitos riscos nos desertos, sua espada precisa estar em perfeitas condições caso precise usá-la... Nada melhor que uma bainha pra protegê-la.
NEB— Certo... Obrigado, Tamires. (examinando a bainha) Realmente é um produto de qualidade... Obrigado.
Tamires o olha sorrindo, e ele força um sorriso para ela. Perto dali, Rishon presta atenção a Elimeleque.
RISHON— E então?!
ELIMELEQUE— Venha comigo, senhor Rishon, deixe eu lhe mostrar algo.
Elimeleque guia Rishon a alguns passos dali e eles ficam de frente para toda a movimentação da praça e arredores.
RISHON— O que tem pra ver nessa bagunça toda?
ELIMELEQUE— Sei que não é de seu agrado, mas observe os vendedores. Veja como existe um padrão entre eles. Todos se vestem de forma parecida. Agora olhe lá, naquela rua.
Um vendedor sai de sua barraca, onde uma mulher ficou cuidando, e caminha pela rua.
ELIMELEQUE— Note, senhor Rishon, que ninguém o importuna. Nenhum dos vendedores o para pra oferecer alguma coisa, porque o reconhecem como colega de profissão.
Rishon observa o tal vendedor se distanciar e sumir e depois continua a olhar para a movimentação local.
RISHON— Entendo... Você tem razão. E o que isso tem a ver?
ELIMELEQUE— Eu posso lhe oferecer vestes semelhantes!
Rishon franze o cenho, olha com desconfiança... Circula por ali pensando... E, olhando feio, reaproxima de Elimeleque.
RISHON— E resolveria mesmo?
ELIMELEQUE— Os outros vendedores mal olham para o rosto quando o canto de seus olhos percebe as vestes... É claro que resolveria, senhor Rishon! Seus dias de problemas na rua acabaram!
Ainda olhando feio, Rishon faz que sim.
RISHON— Muito bem... Muito bem. Quanto isso me custará?
ELIMELEQUE— Um saco de moedas é o suficiente.
Rishon leva a mão ao bolso e tira um saquinho de pano de moedas. Abre-o, despeja-as em sua mão e conta com cuidado.
RISHON— (tirando duas moedas para si) O desconto.
De longe, Noemi parece notar que está dando certo. Aparentando muito esforço, Rishon estende a mão cheia de moedas para Elimeleque e a abre. As moedas caem vagarosamente.
RISHON— Agora me dê as vestes de uma vez.
ELIMELEQUE— Um momento!
Sob o olhar atento e desconfiado de Rishon, Elimeleque corre até sua carroça e pega as vestes. Logo retorna e, feliz, as entrega a Rishon.
ELIMELEQUE— Foi um prazer fazer negócio com o senhor!
RISHON— (examinando as vestes) Se isso não resolver, vou até no Egito atrás do meu dinheiro!
Rishon olha da roupa para Elimeleque e sai. O rapaz ri à toa... Empolgado, corre até Noemi.
NOEMI— (sorrindo) Então conseguiu...
ELIMELEQUE— Não ganhei apenas uma venda, mas uma noite perfeita.
Contente, Noemi faz que sim. Eles se encaram felizes. Close em Elimeleque alegre.
CENA 6: INT. CASA DE NOEMI – COZINHA – DIA
Cantarolando distraída, Zaira varre o chão. A porta da sala abre, Noemi entra e vem para a cozinha.
NOEMI— Shalom.
ZAIRA— Shalom... E então?...
Noemi finge que vai dar uma notícia ruim, deixando Zaira aflita, até que...
NOEMI— Elimeleque conseguiu!
Zaira explode de felicidade e comemora. Ela abraça Noemi fortemente.
ZAIRA— Que bom! Fico tão feliz, torci tanto por isso!
NOEMI— Eu também torci pra dar certo, Zaira...
Zaira larga Noemi.
ZAIRA— Agora vamos ver uma boa roupa pra você ir passear com ele, um óleo com uma fragrância assim... como daquelas flores da casa da vizinha, sabe, e vamos ver também uma boa...
Empolgada, Zaira continua a falar para Noemi...
CENA 7: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA
Elimeleque vem correndo pela praça e pula na carroça em que está Neb.
NEB— Que energia toda é essa, primo?!
ELIMELEQUE— Sabe felicidade, primo?! Já ouviu falar?! Só tem isso aqui no peito!
Neb abre a boca para falar, mas Elimeleque o abraça bem apertado. Então o solta.
NEB— É, eu percebi...
ELIMELEQUE— Eu cumpri o desafio, vendi umas vestes para o senhor Rishon e consegui o passeio sob as estrelas com a linda da Noemi por companhia!
NEB— Pois parabéns, primo!
Neb bate de leve no braço de Elimeleque quando vê, lá atrás, Tamires se aproximando.
NEB— Ai, não...
ELIMELEQUE— O que foi?
NEB— Tamires... está vindo. Estou muito ocupado, viu...
Elimeleque dá de ombros e Neb mexe aleatoriamente nas mercadorias. Tamires chega perto da carroça.
TAMIRES— Oi, Neb... Só quero conversar um pouquinho com você...
NEB— Eu sinto muito, Tamires, mas não posso. Tenho muito trabalho.
Tamires se entristece e Neb parece sentir pena.
NEB— Vamos fazer o seguinte: a gente conversa no final do dia, lá na hospedaria...
TAMIRES— (gostando) Tudo bem, pode ser!
NEB— Lá tem mesas, cadeiras... comida... é melhor pra conversarmos.
TAMIRES— (sorridente) Certo, Neb! Te vejo mais tarde, então! Até lá! Beijos! Shalom!
NEB— Até, Tamires... Shalom.
Empolgada, Tamires dá meia volta e vai embora. Elimeleque ergue uma sobrancelha para Neb, que apenas continua a trabalhar.
CENA 8: INT. CASA DE MAYA – VARANDA – DIA
Na varanda com abertura para a rua, Maya cuida de algumas plantas em vasos. Iago entra e Maya não o percebe. Aproveitando-se disso, ele se aproxima silenciosamente e a abraça por trás, assustando-a.
MAYA— Que susto, amor, ai!...
IAGO— Não gostou?
MAYA— Hum, já que é você...
IAGO— Não resisti... te vendo aqui tão linda, tão... irresistível...
Maya ri e Iago a abraça mais apertado, acariciando seu corpo, beijando seu pescoço... Maya está gostando, se contorce... até que ela se desprende dos braços dele e vira de frente para ele.
MAYA— Não, Iago, é melhor não.
IAGO— Por que, amor? Sempre fazemos isso...
MAYA— Alguém pode passar aí e nos ver...
IAGO— Tudo bem, então vamos aproveitar que está sozinha e ficar na sala--
MAYA — (interrompendo) Não.
IAGO— Eu... não estou te entendendo...
MAYA— Eu já te falei, amor, eu não quero continuar a fazer essas coisas sempre com medo de que alguém nos descubra. Se quer continuar com isso, terá que se casar comigo.
IAGO— Poxa, Maya, de novo essa história?
MAYA— Qual é o problema? É natural que um casal de namorados se case. É pra isso que serve o namoro.
IAGO— Você não era assim no começo...
MAYA— Pois é, mas ando mais preocupada. Quero ter minha liberdade, nossa liberdade de uma vez.
Iago respira fundo.
MAYA— Nós precisamos, meu amor...
IAGO— Tudo bem, Maya, você tem razão. Vou começar a ver as coisas pra nos casarmos...
MAYA— (sorrindo) Que bom! É tão bom ouvir isso...
Iago sorri levemente.
CENA 9: INT. CASA DE NOEMI – SALA – NOITE
Noemi está muito bem vestida. Usa um vestido azul e uma cinta na altura da barriga, e seus cachos estão mais brilhosos. Tani espera por ela na porta. Ela se despediu de Nina e Zaira, e agora de Absalom.
ABSALOM— Juízo, minha filha. E tenha muito cuidado com os movimentos de mãos desse rapaz.
NOEMI— Ai, pai...
ABSALOM— (para Tani) Por favor, não fique muito longe desses dois, faça-me o favor.
Tani ri.
NINA— Vai, minha filha, vai logo. Se for ouvir seu pai, só sai daqui amanhã...
NOEMI— Shalom!
TODOS— Shalom!
NINA— Você está linda, Noemi!
Noemi e Tani saem.
CENA 10: INT. HOSPEDARIA – NOITE
Tristonha, Tamires passa o dedo pela borda de um copo. Vestido casualmente, Neb desce a escada e paralisa quando vê a garota. Parece lembrar repentinamente do combinado. Ele bate a mão na testa, respira fundo, ajeita a roupa e desce para o salão.
Quando Tamires o vê chegar, seu semblante melhora um pouco, mas ainda está abatida.
NEB— (constrangido) Oi...
TAMIRES— Oi, Neb...
NEB— Tamires, me desculpe pelo atraso, eu me esqueci completamente. Acho que foi o dia intenso sob o sol. Por favor, queira me desculpar, eu não fiz por mal, eu juro/
TAMIRES— (interrompendo) Tudo bem, Neb, tudo bem. O importante é que não teve intenção de me magoar, e que está aqui...
Neb senta de frente para ela.
TAMIRES— Eu só queria conversar com você. Jogar conversa fora um pouco... E te ver.
Tamires pega os dedos de Neb e sorri para ele, que retribui.
CENA 11: INT. CASA DE NOEMI – SALA – NOITE
Nina vem da cozinha – onde está Zaira – para a sala, onde Absalom, inquieto, mexe em coisas, anda, senta, anda em círculos...
NINA— Êêê, que inquietação é essa?...
ABSALOM— O que será, Nina?! O que será que é?! Noemi, é claro! Andando com esse rapazote que eu nem conheço!
NINA— Pois pode ir parando com isso, trate de se acalmar!
ABSALOM— É difícil, é difícil, ainda mais sendo um viajante, que conhece mulheres em tudo quanto é lugar! Eu vou lá! Onde está minha capa?!
NINA— Pode esquecer, Absalom! Você não vai a lugar algum! Noemi está acompanhada de Tani, e você sabe que nossa filha é de confiança. Noemi precisa de uma amizade verdadeira, fiel, e quem sabe de um bom marido. Você sabe o que disse o anjo a ela, sobre o amor que viria de longe. Portanto senta aí. A Zaira vai te fazer um chá calmante, e logo mais teremos nossa menina de volta.
A contragosto e um pouco inquieto, Absalom espera sentado.
CENA 12: EXT. BELÉM – RUA PRINCIPAL – NOITE
Há poucas pessoas passando pelas ruas. Tranquilo e em paz, Elimeleque, em pé, observa o céu forrado de estrelas. Ao fundo, Noemi – um pouco nervosa – e Tani se aproximam. Elimeleque escuta e vira para elas. Seu semblante denuncia que está impressionado.
ELIMELEQUE— Você... está deslumbrante...
Noemi sorri timidamente.
NOEMI— Sempre o atrevido...
Eles riem e Elimeleque se aproxima mais.
ELIMELEQUE— Obrigado, Tani. Você é uma boa amiga.
TANI— Eu estarei por perto, mas não quero incomodá-los. Tenham um bom passeio.
Tani sorri e se afasta. Noemi e Elimeleque se encaram.
ELIMELEQUE— Então, vamos?
NOEMI— Vamos.
Eles começam a caminhar bem devagar.
NOEMI— Então você gosta de apreciar as estrelas...
ELIMELEQUE— Me faz lembrar da promessa.
NOEMI— (um pouco assustada) Promessa?
ELIMELEQUE— Sim, a promessa de Deus a Abraão. Cada um de nós é uma estrela no céu de Abraão.
NOEMI— Um povo “tão incontável quanto as estrelas do céu”...
Elimeleque faz que sim sorrindo.
NOEMI— Só é lamentável que há tempos nosso povo passa por uma crise... Se afastam de Deus, fazem o que é errado aos olhos do Senhor e então somos dominados por povos inimigos. E aí é necessário que o Senhor levante um juiz para nos libertar e nos colocar na linha novamente. Assim não temos líderes como Moisés e Josué, e tampouco reis como os reinos ao nosso redor.
ELIMELEQUE— É verdade, Noemi, mas ainda assim eu acredito que dias melhores hão de vir. Eu tenho fé nesse povo.
NOEMI— Um homem de fé... Ta aí um negócio difícil de encontrar hoje em dia, seja homem ou mulher. Deus deve ter orgulho de um servo como você...
ELIMELEQUE— E eu tenho orgulho de você.
NOEMI— De mim? Por quê?
ELIMELEQUE— Porque você reconhece a obra de Deus nos detalhes. Também não são todos que são assim.
Noemi sorri.
ELIMELEQUE— Olhar para você me enche de fé, Noemi. É como se eu visse o brilho do Céu nos seus olhos. Como se os portões das moradas de Deus se abrissem.
Pouco a pouco eles se aproximam.
NOEMI— (sorrindo) E qual é a sua fé nesse momento?...
ELIMELEQUE— De união... e muito amor.
Estão mais próximos, mais próximos... até que seus lábios se tocam suavemente... e eles trocam um delicado beijo. De longe, Tani observa sorrindo de orelha a orelha. De repente Noemi se afasta de Elimeleque.
NOEMI— Não, eu... Não pode ser assim...
ELIMELEQUE— Tem razão, tem razão... Me desculpe.
Elimeleque ajoelha uma das pernas. Noemi observa emocionada.
ELIMELEQUE— Noemi... você aceita ser minha noiva?
Noemi tampa a boca com as mãos e sorri.
NOEMI— Sim! Eu aceito!
Elimeleque se levanta e eles se abraçam.
Em seguida, ainda juntos, eles se encaram, até que trocam outro suave beijo.
No beijo apaixonado do casal, IMAGEM CONGELA.
Obrigado pelo seu comentário!