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Primeira Impressão com o Senhor X - Crítica "Fio Vermelho" (ESTREIA)

 

Saudações, humanos leitores! Sejam bem-vindos ao Primeira Impressão, programa em que, a cada domingo, o 1° capítulo ou episódio de uma webnovela ou websérie será analisado.

Os mancebos podem estar se perguntando quem é esse que, em uma mescla de boa vontade e arrogância, pretende colocar em sua berlinda o início das obras do tal Mundo Virtual... Bom, não é de hoje que leio e destrincho a arte escrita dos seres humanos. Dos antigos causos mesopotâmicos, passando pelos atrevidos contos nórdicos, e uma boa dose dos romances proibidos da Idade Média, até aqueles que vocês chamam de clássicos (quase lançamentos, para mim), de tudo isso já alimentei minha alma sedenta por histórias. Alguns dos meus me questionam o porquê de eu ter escolhido a arte dos humanos para me aprofundar e me especializar, e a resposta é muito simples: os humanos são esperançosos. Não que eu concorde ou discorde dessa forma de enxergar a vida, mas a esperança terráquea é... terrivelmente divertida! Enfim, podem me chamar de Senhor X.

Bom, agora que já fomos apresentados, creio que podemos ir ao que interessa. Hoje falaremos sobre a webnovela Fio Vermelho, escrita por Rômulo Guilherme e exibida no Megapro. Eis a curta sinopse:

“Do Egito ao Rio de Janeiro. Da Antiguidade aos dias atuais. Uma história de amor conectada por um fio que passa por épocas muito diferentes.”

Se eu tivesse que definir o 1° capítulo dessa novela em uma frase seria “uma mescla da obra televisiva de Elizabeth Jhin com a novela Os Dez Mandamentos”. Menciono Jhin obviamente pela ideia de um amor entre dois seres vencerem as barreiras da morte e do tempo. Mas Os Dez Mandamentos não é apenas uma alusão leviana ao pomposo cenário egípcio, afinal o Egito é muito mais do que a saga da libertação do povo hebreu. Mas principalmente pelos nomes escolhidos para os personagens, uma boa parte usada nas principais figuras da novela bíblica da RecordTV assinada por Vivian de Oliveira.

No entanto, isso acaba sendo apenas um detalhe. O início do capítulo é bastante eficiente ao ambientar o leitor no grandioso cenário egípcio, e eu, particularmente, pude me recordar com clareza do curto tempo em que pisei naquelas terras naqueles tempos. Não tão eficiente, porém, é a reação do faraó, o vilão, ao ver nossa mocinha Yunet pela primeira vez. Sem hesitar, sem refletir, ele já declara para si que aquela SERÁ sua esposa. Mancebos, por pior que seja um exemplar humano, ele não toma decisões na velocidade que toma uma máquina. Há um tempo, ainda que pequeno, para que um fato seja absorvido, uma ideia criada e uma decisão tomada.

Aqui devo dizer que a questão da suposta maldição do Faraó (que não consegue segurar uma mulher como esposa) é bastante interessante e o conflito de Yunet em ter que ser sua esposa é legal. O grande problema nisso tudo é que o leitor não sente por ela, pois não a conhece direito. Nós não fomos cativados por seu amor com Jahi, o marido. A verdade é que, por esse motivo, pouco nos importamos com seu destino sombrio no palácio do Faraó. Posso dizer com certeza que o mendigo, com pouca participação, é bem mais interessante.

Um toque de importância nos surge quando Yunet vê o corpo do marido; esse momento é realmente tocante. Talvez pelo mesmo motivo que todos os seres da galáxia acabam se comovendo ao ver outro em uma profunda dor de perda. Não que se importe por aquela pessoa (no caso dos humanos), mas se identifica, consegue se ver no lugar da vítima. De qualquer forma, essa tragédia também serve para que finalmente comecemos a nos importar com Yunet.

Logo em seguida ocorre a passagem do tempo. Do Egito do mundo antigo para a ensolarada e alegre Rio de Janeiro de 1999. A ideia descrita para essa passagem de tempo é boa, mas falta muito mais detalhes. Só dizer “vemos os momentos marcantes da história do mundo passando apressados” não causa emoção alguma, é sem graça. Muito mais eficiente seria se o autor dedicasse algumas linhas a mais para citar alguns desses momentos marcantes. Eu, que presenciei a maioria deles, poderia fazer uma lista imensa em menos de 1 minuto. Mas a ambientação introdutória no Rio, tal qual a anterior no Egito, é MUITO boa, e o leitor sente o alto astral.

Outro problema desse capítulo é o fato de os personagens falarem demais! Sim, eles falam, falam, falam, e não pensam! Tudo é verbalizado!... Os maiores desastres e as mais horripilantes tragédias vindas da mão do homem começaram sendo maquinadas no silêncio de uma mente. Esse é o local mais seguro não apenas para os humanos, mas para quase todos os seres que precisam criar ou repassar um assunto top secret.

O autor também consegue outros momentos muito bons, como por exemplo o personagem Boris engasgando e falando do Faraó... O clima gerado pela cena foi ótimo! E a descrição do cartaz do Indiana Jones me fez perceber que esse seria o tipo de arte em novela ou série que daria uma ótima sacada.

No entanto, não só de Yunet e Jahi e suas contrapartes se sustenta o capítulo de estreia. Acho que, ao menos esse início, poderia ter um foco maior na trama principal. Porém, o momento de Diana e Theo no trailer é afetuoso e muito bonito. O autor soube transmitir em suas palavras o carinho entre os dois. Tão competente quanto esse momento é o reencontro das almas gêmeas principais, agora como Ísis e Cazé. Trata-se de uma sequência completamente clichê? Sim. Mas o momento, ao fazer um paralelo com o passado, e ainda adicionando a narração sobre o tal fio vermelho, é não apenas tocante, mas instigante! Qual será o fim dessas almas que insistem em vencer a vida para ficarem juntas?!

Se eu pudesse fazer uma recomendação imediata como supervisor seria de adequar o uso de pontuações em geral, além de cuidar a coesão narrativa, como o uso de palavras no singular ou plural, no passado, presente ou futuro. No mais, esse se mostrou um bom capítulo de estreia.






Novela: Fio Vermelho

Autor: Rômulo Guilherme

Capítulos: 45

Emissora: Megapro

Clique aqui para ler o 1° capítulo

Saiba mais sobre a novela

    Bom, em relação ao nosso programa, quando o autor ou algum leitor se manifestar sobre a obra criticada e eu julgar pertinente, no programa seguinte responderei o mesmo ao final. E também é com prazer e empolgação que anuncio que no final do ano teremos uma premiação muito especial com os melhores criticados ao longo dos programas; diversas categorias mais o grande troféu do Melhor 1° Capítulo/Episódio. Quem o levará?! Portanto, autores, caprichem!

Então é isso. Agradeço aos mancebos que acompanharam até aqui e peço que, se tiverem sugestão de webnovela ou websérie para ter seu 1° capítulo/episódio criticado no Primeira Impressão, diga abaixo na seção de comentários; talvez eu os atenda, talvez não. Caso não peçam, eu mesmo escolherei outra obra humana.

Saudações e até o próximo programa!

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