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Primeira Impressão com o Senhor X - Crítica "Antropófago: Diário de um Canibal" - Programa 02

 

Saudações, jovens leitores! Bem-vindos ao Primeira Impressão para analisarmos juntos mais uma estreia do Mundo Virtual.

Mas antes eu gostaria de agradecer pela única estreia que jamais analisarei aqui: a nossa. Como vocês dizem, muito obrigado a todos que contribuíram com o excelente início na semana passada. Além da ótima audiência, o retorno de vocês, mancebos, foi incrível! Não me empolgava assim desde que um monarca expôs uma caricatura minha em praça pública em meados de 1768. Pena foi descobrir depois que aquilo estava mais para um cartaz de “Procura-se”... É, se o senso crítico de alguns por aí já rendeu crucificação em seções de comentários, o meu quase me custou o pescoço.

Mas chega de enrolação, vamos falar do que importa. A obra de hoje é Antropófago – Diário de um Canibal, escrita por Adélison Silva e exibida aqui em casa, no Ranable. Eis a sinopse:

“O tímido Max sempre foi alvo das zombarias de Ricardo, um playboy inconsequente que se achava o rei do pedaço. Mas Max tinha um amigo fiel com o qual podia contar: o descolado Davi, que arrasava os corações das meninas na república onde moravam. Mas um belo dia as coisas mudaram com a chegada de Érica, uma jovem encantadora e cheia de sedução. Logo Max ficou balançado com seus encantos. E para a sua alegria Érica também se encantou com seu jeito tímido, e assim os dois começaram um namorico, que despertou a ira de Ricardo, que passou a usar de chantagens para separar os dois apaixonados. Mas para Max tudo foi muito além de uma paixão, pois ele se via completamente obcecado e escravizado por esse sentimento que havia construído por sua amada. E as coisas tomaram um rumo completamente inesperado quando uma excursão em uma fábrica de soda cáustica terminou em um acidente trágico, que deixou a pele e a autoestima de Max decadentes. Com o tempo o ódio cresceu e foi transformando Max em um serial killer capaz de aniquilar e provar da carne de suas vítimas, tudo isso em nome da paixão ressentida que ainda mantinha por Érica. E então foi dada a missão para a psicóloga forense Sara e o inspetor Hugo: caçarem, prenderem e darem fim às monstruosidade de Max.”

Como se trata de uma websérie, o episódio de estreia tem título: “O Encanto de Érica”. E é com muita eficiência e estilo que o autor realiza a inserção do mesmo: o corte da garota chegando em câmera lenta na república (e causando sensações no protagonista Max) para o título, bonitinho e estilizado. Pouco eficiente, porém, é a introdução de alguns personagens, mas esse é um problema recorrente nas webs-produções e, sinceramente, o considero uma praga. Veja bem, se eu lhes disser que uma vez, num planetinha desprezível da Constelação de Zóryles, fui abordado por Euryaphes, como vocês imaginarão o dito-cujo? Mancebo, adulto ou geriátrico? Pois bem, a dúvida reinaria, não é mesmo? Nesse caso, porém, vocês errariam de qualquer forma; Euryaphes era um robô serviçal.

Mas o que quero dizer é que termos como “um rapaz”, “uma garota”, um “homem de meia-idade” (e esses são só alguns exemplos) antes de frases introdutórias como “Rodrigo se aproximou”, “Marcela entrou” é mil vezes mais eficiente em se introduzir um personagem. Se quer que seu texto ganhe 3 dimensões na cabeça do leitor, simule a realidade, ora pois. Vejam, é como na vida real: primeiro você uma pessoa, suas características, sua aparência, suas vestes, sua aparente idade. Só depois você vai saber o nome e outras características mais.

Mas não se enganem, essa pandemia literária não acometeu a estreia de Antropófago de forma tão sintomática assim. Houve? Houve, como na apresentação de Suzana, que aparece pela primeira vez num diálogo (!), ou na de Letícia. Mas, dado o cenário em que estamos – uma república – conseguimos ter uma noção maior de quem ali está, e sem contar que Max é um ótimo narrador. Se eu disse tudo isso é porque os autores, que sei que aqui estão, precisam aniquilar esse vírus que acomete as histórias e trazer maior qualidade às suas obras.

Mas, ainda quanto a personagens, temos ótimos protagonistas aqui. A construção de Max, do sujeito quieto, reservado, contido, para um possível monstro, é interessante e orgânica. O processo fica ainda mais atraente pelo fato de termos a narração de um Max do futuro, que já sabe para onde aqueles eventos o levaram e no que o transformaram. E, nesse mundo de atrocidades com as quais a obra virá a tratar nos episódios posteriores, nada me chocou mais do que Max não ter lido Dom Casmurro. Mancebos, eu estive no lançamento do original! Por muito pouco não consegui um autógrafo do senhor Machado... Sim, sou o que chamam de fã. Suas vestes inspiraram as minhas desde que me tornei crítico oficial da obra terráquea. Mas enfim...

A aproximação entre Max e a bela mocinha Érica ganha pontos aqui por não cair no (para vocês) velhíssimo clichê da paixão platônica entre um tímido reservado e a popular inalcançável. Acredito que a forma como aconteceu foi até mais realista, dada a gama de possibilidades que existe para além de uma aparência física. No entanto, a decisão do rapaz em se aproximar da jovem é que poderia demorar um pouquinho mais para acontecer. Um pouco de hesitação aqui e ali... Afinal, ele estava prestes a fazer algo que sempre teve MUITA dificuldade. Ao longo de minha passagem por esse planeta já vi pernas masculinas bambearem ante presenças femininas de forma que vocês nem podem imaginar, mancebos. Já ouviram falar em Helena e a Guerra de Troia? Se soubessem como esse conflito realmente começou... Não está tão longe do nosso amigo Max. Mas quanto à sua história, vi que nesse momento o autor teve sim boa intenção com a descrição, só talvez não tenha sido tão eficiente por causa da forma com que a frase foi construída.

E o mesmo autor acerta em cheio ao tentar nos imergir na cabeça de Max e nos fazer enxergar o mundo ao redor como o mesmo. E isso não é mérito apenas das narrações. A construção do melhor amigo Davi, por exemplo, é tão boa que nós, com pouco tempo de episódio, já sentimos diversas sensações em relação a esse rapaz; boas quando o enxergamos como alguém de atitude, de confiança e que está ao seu lado, nos defendendo e nos ajudando. Nos sentimos mais seguros. Ruins quando ele faz com as mulheres aquilo que não conseguimos, mas gostaríamos. Lembrem-se, estamos na cabeça de Max, o que nos coloca, por consequência, num tsunami de sensações e sentimentos com essa amizade tão tonal.

Mas se eu tivesse que apontar nesse 1° episódio um único ponto forte, seriam os diálogos. Não são nada robóticos, soam reais e trazem, de forma quase palpável, as cores das hesitações, das emoções, das sacadas! Em suma, eles são humanos. E olha que quem está dizendo isso é alguém vindo do outro lado da galáxia.

Agora, se a nossa premiação do final do ano tivesse o troféu “Ah, pelo amor!”, o grande vencedor certamente seria um acontecimento do final, onde Max, após ouvir um desprezo da “namorica” na frente do vilão por causa de acusações do mesmo, sai dali enfurecido e completamente magoado. E olhem que isso é culpa do bom trabalho do autor! Sim, Érica se mostrou uma personagem tão crível que é impressionante que Max tenha realmente caído na dela. Não li o 2° episódio, mas me parece óbvio que ela fez aquilo para se safar e também safar os dois. Não é possível que essa minha impressão seja decorrente de milhares de anos convivendo entre os humanos. Menos de duas décadas já é suficiente para sacar algo assim, tenho certeza!

 E não dá para ter um programa sobre as primeiras impressões de uma obra sem falar do visual. E aqui temos um defeito que não seria tão grave se não estivesse presente do início ao fim: a formatação. Mancebos, as letras dessa obra são MUITO pequenas. Se eu usasse o telescópio Hubble para ver os meus em nosso lar, meus olhos não forçariam tanto quanto para ler esse episódio. Mas a experiência seria consideravelmente mais confortável se o autor investisse mais em revisões, a fim de que erros bobos como concordância, pontuação, ortografia e vírgulas não se mostrassem tão presentes. Olhem, há coisas muito mais esdrúxulas por aí, mas aqui esses tropeços não combinam com as qualidades existentes.

Agora, mancebos, aproximem-se, respirem e escutem bem essa pergunta: em algum momento até aqui vocês ouviram alguma menção sobre canibalismo ou algo do tipo, a não ser nas citações do título da série?

Hum?

Não, né? Pois então.

E o motivo é muito simples: porque não há! Sim, no que a obra se propõe como um todo, ela não mostra nada nesse episódio! Uma das funções dos capítulos/episódios de estreia é apresentar sua trama principal, mas aqui não há ABSOLUTAMENTE NADA sobre canibalismo. Nem mesmo sugestões ou alusões, e olha que oportunidades para isso não faltaram, como no momento em que Max sente o cheiro de Érica. Para um leitor desavisado, esse Max pode se transformar em qualquer coisa: um bandido, um ditador... A magnífica série Breaking Bad, por exemplo, não mostra em seu episódio piloto um traficante profissional ao final, mas a questão das drogas, da produção e da venda já estão presentes desde o início. Ainda que Antropófago fosse novela (não é!), faltariam elementos sugestivos que indicassem, de alguma forma, o cerne da trama. E eu que pensava que minhas experiências de canibalismo não ficariam mais restritas apenas ao episódio em que quase virei refeição de uma determinada tribo... Maldita hora em que quis conhecer a arte literária daquele povo. Me rendeu uma cicatriz em forma de estrela. O porquê desse formato?! Ah, isso não lhes conto.





Série: Antropófago - Diário de um Canibal

Autor: Adélison Silva

Episódios: 15 (1 temporada)

Emissora: Ranable Webs

Clique aqui para ler o 1° episódio

Saiba mais sobre a série

              Bom, essa foi a crítica de hoje. Querem que eu analise alguma estreia de webnovela ou websérie? Digam nos comentários. Não garanto que os atenderei, mas tentarei. Gostaram do programa de hoje? Já leram a série? Deixem suas opiniões abaixo.

            Se você tiver perdido o programa da semana passada, nosso primeiro, clique aqui para lê-lo. Mas agora gostaria de convidá-los, meus jovens, a acompanharem as histórias da casa.

            Segunda à sexta:

16h: A Promessa (Reprise)

18h: Maria Celeste – Um Amor Selvagem (Reprise)

20h: O Filho do Retorno

            Terças:

19h: Páginas do Amor

            Quintas:

21h: Quem é o Assassino?

            Sábados:

18h: Camelot (reprise)

             Por hoje é isso. Cuidem-se, mancebos. Saudações e até o próximo domingo. O Senhor X estará esperando por vocês!

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