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A Promessa - Capítulo 46 (Últimos Capítulos - REPRISE)



CAPÍTULO 46

(Últimos Capítulos) 

 

uma novela de 

FELIPE LIMA BORGES 


livre adaptação do livro de Rute

 

Edição da Versão Reprise por 

RAMON FERNANDES 

 

EDIÇÃO: 

Parte do Capítulo 63 ORIGINAL (SEM CORTES)   


CENA 1: EXT. BELÉM – ARREDORES – NOITE 

Aos pés do monte de cevada, Rute e Boaz se encaram sentados, ela tímida e ele muito curioso. Pouco a pouco, a fraca luz vinda das incontáveis estrelas no céu escuro vai permitindo que eles identifiquem melhor os traços um do outro. Ao fundo, a música constante e distante da festa já praticamente encerrada. 

Boaz aguarda a resposta da mulher. Rute toma coragem e fala. 

RUTE  Sou Rute... tua serva. 

A boca de Boaz se abre... ele a olha impressionado. 

BOAZ  Rute?... 

Ela espera. 

BOAZ  Isso... é mesmo real?... Eu te esperei muito... 

Boaz começa a distinguir o rosto de Rute, mas ainda não consegue ver o seu olhar. Então ele levanta a mão devagar na direção do rosto dela... Ela, tímida, observa parada... Ele sente sua presença, mas não a toca; abaixa a mão. 

BOAZ  (sorrindo) Rute... O que está fazendo aqui? 

RUTE  Estenda tua capa sobre tua serva... pois o senhor... é o remidor. 

Meio confuso, meio maravilhado, Boaz sorri abertamente. Rute olha para baixo. 

BOAZ  Bendita seja você diante do Senhor, Rute! 

Rute ergue um pouco o olhar para Boaz. 

BOAZ  Você está mostrando maior lealdade à família de seu sogro agora do que em tudo que fez por Noemi... Pois... você não foi atrás de outro... jovem ou velho, pobre ou rico... mas foi atrás do remidor. 

Rute sorri de leve. 

BOAZ  Agora, Rute, não se preocupe. Tudo que disse, eu lhe farei. (sorrindo apaixonado) Cobrirei você com a minha capa... e a redimirei. Toda a cidade já sabe que você é mulher virtuosa.  

Rute, contida, também sorri. 

BOAZ  Eu esperei... a vida toda por você, Rute. Pela mulher virtuosa. 

Rute olha para baixo. 

BOAZ  (chamando-a baixinho) Rute... 

Ela levanta a cabeça e olha para ele. 

BOAZ  Você quer isso? Quer que eu a redima? 

Rute o encara, abre a boca... e faz que sim. Boaz sorri contente. 

RUTE  Eu quero. 

Boaz está felicíssimo! 

RUTE  Meu coração... se encheu de alegria... quando o vi no campo pela primeira vez... 

Boaz mantém o sorriso. 

BOAZ  Durante esses dias de colheita... eu busquei muito ao Senhor sobre você. 

Rute o olha atenta. 

BOAZ  Pedi a Deus que se fosse de Sua vontade, que Ele me desse o seu amor, Rute. 

RUTE  E assim o Senhor fez. 

Boaz faz que sim, seu coração mal se contém de tanta alegria. Mas então seu ânimo parece diminuir um pouco, está lembrando de algo... Rute o observa atentamente. 

BOAZ  Rute... Há um porém. 

RUTE  O quê?... 

BOAZ  É muito verdade que eu sou remidor... Mas há ainda outro remidor... que é mais próximo de você do que eu sou. 

Rute fica meio entristecida... 

RUTE  Eu ouvi falar dele... O que faremos? 

Boaz respira fundo, olha para os lados... Então olha para ela. 

BOAZ  Fique aqui esta noite e, de manhã, se ele quiser te redimir... (pequena pausa; respira fundo) bem será. Porém, se ele não quiser te redimir, vive o Senhor que eu a redimirei, Rute. 

Por alguns instantes, Rute o olha... Ele mantém um suave sorriso encantado para ela. 

RUTE  Eu não quero me casar com outro... 

Ameno, Boaz faz que sim. 

BOAZ  Eu também não quero isso. Mas eu creio em Deus. Creio que Ele permitirá que aconteça o certo! 

Um pouco mais aliviada, Rute sorri para ele. 

BOAZ  Agora deite-se, Rute. Deite-se aqui até amanhã. 

Rute faz que sim e deita ao lado de Boaz, que pega sua coberta e a cobre até o pescoço. Por fim se olham... 

RUTE  Obrigada, senhor. 

Boaz sorri para ela. 

BOAZ  Não precisa me chamar assim, Rute. Já disse, não é minha escrava. 

Rute faz que sim. 

BOAZ  Tenha uma boa noite. 

RUTE  O se-- (sorri) Você também. 

Boaz deita ao lado, mas sem encostar nela, e fecha os olhos. Rute ainda o olha por um tempo... e então também tenta adormecer. 

 

CENA 2: EXT. BELÉM – RUA – NOITE 

Estamos caminhando pelas ruas completamente desertas de Belém. Nem mesmo as chamas de iluminação estão acesas. 

Então notamos que é o Ancião quem está caminhando. Ele estranha aquela situação da cidade... Mas nota que alguém vem de encontro... O vulto se aproxima mais... O Ancião para e espera a pessoa chegar mais perto: é Rute. 

ANCIÃO  Rute?... 

Ela, encarando-o, vem até perto dele e para. Leva as mãos à sua barriga, e o Ancião a observa com estranheza. 

ANCIÃO  Está tudo bem, filha? 

De repente, a barriga dela começa a inchar anormalmente. Cresce como se uma gestação inteira acontecesse em segundos. 

ANCIÃO  Rute!... O que-- 

Rute não reage. Quando sua barriga está do tamanho da de uma grávida de nove meses, uma luz é emitida dela! E uma bola brilhosa sai de seu ventre e sobe no ar até pouco acima da cabeça deles. O Ancião, extremamente confuso, observa com o cenho franzido. 

De repente, daquela bola de luz sai outra semelhante que sobe ainda mais alto e para. Dessa, mais outra bola de luz, que igualmente sobe e para no ar. Isso se repete diversas vezes, uma bola de luz saindo da outra e ascendendo mais e mais alto no céu. 

Extremamente curioso, o Ancião encara as bolas lá em cima. O processo se repete, mas a mais nova bola de luz não para como as outras, mas sobe. E seu brilho também aumenta mais e mais... Lá em cima, entre as nuvens, ela incha e cresce conforme a luz se intensifica... De repente, por causa dela, a noite vira dia e toda a Terra é iluminada. O Ancião tampa os olhos com o braço... e tudo fica branco! 

 

CENA 3: INT. BELÉM – TEMPLO – NOITE 

Deitado, o Ancião acorda subitamente! Um tanto assustado respira ofegante. Encara o nada, ainda afetado pelo o que sonhou. 

 

CENA 4: INT. CASA DE NOEMI – SALA – ALVORADA 

Noemi, recém-acordada, vem devagar pela sala até a janela. Se escora e observa a rua vazia ali fora... 

NOEMI  Ah, Rute... Onde estará agora? Que o Senhor a guarde. 

Noemi fica ali, contemplativa... 

 

CENA 5: EXT. BELÉM – ARREDORES – ALVORADA 

Um pouco melhor iluminados pela alvorada, Boaz e Rute dormem aos pés do monte de cevada.

Então Boaz acorda. Olha para os lados e para Rute, deitada bem ali na mesma posição em que adormeceu. Ele se ajeita e a olha com um sorriso admirado... Chama-a de mansinho. 

BOAZ  Rute... Rute... Rute, Rute, Rute, acorde... 

Rute rapidamente desperta e olha para ele. 

RUTE  Boaz... 

BOAZ  Rute... Me desculpe, eu não queria atrapalhar o seu sono, mas... é bom você ir. Logo estará bem claro e não quero que alguém te veja aqui e pense coisas erradas. 

Rute senta. 

RUTE  Claro... 

Ela olha para ele e eles sorriem um para o outro. 

RUTE  Boaz. 

BOAZ  Diga, Rute. 

RUTE  Você... quer mesmo me redimir? 

BOAZ  Rute... É minha obrigação. 

RUTE  Eu... Eu sei que você tem o direito e o dever de remidor, mas... a obrigação não é sua, e sim de outro. Não tem que fazer isso se não quiser. Digo... Não precisa fazer isso por... pena... 

Boaz ri. 

BOAZ  Ah, Rute... Rute, Rute. Francamente... Você ainda não percebeu o meu jeito? Não entendeu o motivo do falhar na minha voz, não percebeu as estrelas que surgem em meus olhos quando olho para você? 

Um tanto tímida, Rute olha para baixo. 

BOAZ  “Pena”... Rute, eu não sinto pena de você, mas sim uma profunda admiração. Eu estou completamente apaixonado por você. 

RUTE  Você é um homem influente!... Um homem importante. É bem-visto, é querido... Como ficará isso se casando com uma estrangeira? Às vezes sinto... que não sou digna do seu amor... 

BOAZ  (olhando-a com profunda admiração, paixão e paciência) Rute, você é como uma de nós. Serva do Deus vivo. E, se quer saber, minha mãe também era uma estrangeira. 

RUTE  Estrangeira? Sua mãe?... 

BOAZ  Sim. Seu nome era Raabe. 

RUTE  Raabe... Já devo ter ouvido Noemi falar sobre ela... 

BOAZ  Minha mãe Raabe se casou com meu pai Salmon, um dos guerreiros do exército de Josué, um dos mais admirados na época... e dessa união eu nasci. 

RUTE  Eu... não sabia... 

Rute parece mais confortável. 

BOAZ  Rute... O que Deus quer... é juntar os nossos destinos. 

Rute sorri. 

BOAZ  Eu sinto isso... E seu lugar é aqui, em Israel. Ao meu lado... 

Uma lágrima escorre pelo rosto levemente sorridente de Rute e eles se aproximam... Pouco a pouco seus rostos vão ao encontro um do outro, mas eles são prudentes e não se beijam, apenas colam as testas uma na outra... Sorriem... 

Ficam assim por um bom tempo... 

RUTE  Então já vou... 

Eles se afastam e trocam olhares apaixonados. Por fim ela põe-se de pé. 

BOAZ  Me dê sua capa. 

Rute tira a capa e dá a ele, que a abre no chão. Ela observa Boaz pegando cevada do pé do monte e enchendo a capa. 

BOAZ  Não vá de mãos vazias a Noemi. Leve isso. 

Boaz lota a capa de cevada. Então a enrola, se levanta e entrega a ela, que pega. 

BOAZ  Seis medidas. 

RUTE  Muito obrigada! Que Deus te recompense! 

BOAZ  Que Deus nos abençoe, Rute. Agora vá. Eu cuidarei de tudo quanto à remissão... 

Rute sorri e pega as mãos dele. 

RUTE  Shalom. 

BOAZ  Shalom... 

Ela começa a se afastar, mas suas mãos não se soltam... Ela vai e seus dedos, pouco a pouco, se desunem... Rute sai. Apesar da fraca luz, Boaz observa-a se afastar. 

 

CENA 6: INT. CASA DE NOEMI – SALA – ALVORADA 

A porta se abre e Rute, carregando a capa, entra. Noemi já se aproxima. 

NOEMI  Rute! Graças a Deus!... 

RUTE  Shalom, minha sogra... 

NOEMI  Shalom... 

Noemi fecha a porta. Rute coloca a capa com a cevada na mesa e a sogra, curiosa, olha para tudo. 

NOEMI  E então?... Como foi, minha filha?! 

Noemi aguarda pela resposta ansiosamente. 

NOEMI  Está tudo bem? 

Rute sorri. 

RUTE  Está sim. Foi maravilhoso!... 

Então elas se sentam e Rute conta tudo, desde o momento que chegou à festa na noite anterior. 

RUTE  E essas seis medidas de cevada ele me deu porque não queria que eu viesse até a senhora de mãos vazias. 

NOEMI  (sorridente) Glória, glória a Deus! Louvado seja o Senhor para sempre! 

Ambas felizes, se encaram. 

NOEMI  Rute, fique em paz, minha filha, e espere. Até que saiba a resolução do caso. 

Rute faz que sim. 

NOEMI  Aquele homem não descansará até que conclua hoje mesmo este negócio. 

Esperançosas, ambas sorriem. 

 

CENA 7: EXT. DESERTO – CAVERNA – DIA 

Finalmente amanhece. 

Todos os homens da Caravana da Morte estão do lado de fora da caverna. Segismundo fala com eles. 

SEGISMUNDO  Conforme já falei, preparem-se. A missão que temos que realizar em Belém é de suma importância! Aquela mulher, Noemi, retornou de Moabe e, junto a ela, segredos e possíveis relatos perigosíssimos! 

Os homens prestam atenção. 

SEGISMUNDO  Nem todos aqui já faziam parte quando nosso grupo enfrentou a família de Noemi. Ela sobreviveu, claro, mas ficou em Moabe. Longe, sem oferecer risco algum a nós. Mas, segundo as cartas de Tamires, Noemi é muito próxima do Ancião. Se prenderem Tamires e a oferecerem algum acordo com a promessa de redução de pena, ela nos trairá, e então todos poderemos ir parar nas celas de Hebrom! Não sei quanto a vocês, mas não há prisão que me conterá. 

Alguns, concordando, fazem que sim. 

SEGISMUNDO  Ao chegarmos aos campos de Belém, nos esconderemos, esperaremos por Noemi, e então a mataremos, acabando com o problema de uma vez por todas! Agora vamos, preparem-se para partirmos! 

Os homens começam a mexer em suas coisas. Besta Louca vê vários odres vazios e pega-os. Nota Iago, ali ao lado, arrumando seus pertences. 

BESTA LOUCA  Ei, Iago... 

Iago olha para ele. 

IAGO  Diga. 

BESTA LOUCA  Me acompanhe até o riacho? Preciso encher esses odres. 

IAGO  Eu até iria, mas preciso achar o meu punhal. Não o encontro em lugar algum... 

BESTA LOUCA  Eu não vi nada... 

IAGO  Tudo bem. Mas, se puder também levar o meu odre, ficaria muito grato. 

BESTA LOUCA  (um tanto descontente) Claro. 

Iago dá seu odre ao companheiro. 

IAGO  Obrigado. 

Besta Louca faz que sim, pega os últimos odres e sai a pé. 

 

CENA 8: EXT. DESERTO – DIA 

Agachado à margem do riacho, Besta Louca segura um odre. Enquanto esse vai sendo enchido, ele olha rotineiramente para os lados, para cima, limpa a testa por causa do sol e olha para o odre. Então franze o cenho... Por causa do movimento da água, ele não entende e se aproxima mais da superfície. O que está olhando não está no odre, mas na água: a imagem de um pequeno vulto escuro lá atrás, longe, em cima da ribanceira, sendo refletida ali. 

Imediatamente ele olha para trás, para, de fato, a ribanceira, mas não há nada demais lá em cima. Assustado, ele se levanta e saca a espada. Olha para todos os lados à procura do vulto estranho... Só mato, no entanto. 

Apesar de receoso, Besta Louca pega outro odre vazio, se agacha e começa a enchê-lo. Seu olhar, no entanto, não sai do entorno. 

Quando todos estão cheios, ele os guarda, saca sua espada e começa a se distanciar dali. Caminha alguns passos... e ouve um barulho. Vira imediatamente, a espada apontada... E caminha de costas, na direção de um mato alto, mas sem nota-lo. Ele aponta a espada para todos os lados dentro de seu campo de visão enquanto continua se afastando de costa... Mais perto do mato... Mais perto... 

De repente, uma figura escura pula do meio das folhagens e o agarra por trás. Assustado, Besta Louca se debate, tenta usar a espada, mas seus movimentos são todos travados pela figura mascarada de preto: o Assassino. 

O Assassino carrega Besta Louca até o cavalo desse. Ali, mete-lhe um soco no estômago e Besta Louca perde o fôlego por um instante. Nisso, a figura joga-o no chão, pega seu pé direito e o prende à uma corda do cavalo. 

BESTA LOUCA  Maldito!... Maldito! 

Terminado de amarrar, o Assassino pega o chicote, se aproxima de Besta Louca e os olhos de desdém da máscara o encara. 

BESTA LOUCA  Você está morto... Mexeu comigo, fez sua pior escolha... Você já está morto! (ri) E eu... Eu vou comer o seu coração recheado com tâmaras! (ri) Você está morto! Morto! 

ASSASSINO  Você é a podridão em pessoa. Não merece a menor das dignidades. 

BESTA LOUCA  MALDITO!!! 

O Assassino mete uma chicotada no cavalo que, assustado, dispara a cavalgar! Preso ao animal, Besta Louca é violentamente arrastado pelo terreno pedregoso, como um boneco de feno, por dezenas de metros. O Assassino assiste àquilo tranquilamente.

Lá na frente o cavalo para. De longe, o Assassino contempla o corpo inerte de Besta Louca. 

 

CENA 9: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA 

O Ancião termina de falar com uma mulher, que sai. Então Boaz se aproxima. 

BOAZ  Shalom, senhor. 

ANCIÃO  Boaz, que boa surpresa... Shalom, meu filho. 

BOAZ  Senhor, eu gostaria de lhe falar... Gostaria de tratar um assunto muito importante, algo que preciso resolver. Mas, para isso, preciso da presença dos outros anciães da cidade. Será que o senhor pode conseguir isso para mim? 

ANCIÃO  Claro, claro, Boaz. Me dê apenas alguns instantes que vou ao templo chama-los agora mesmo. 

BOAZ  Agradeço muito, senhor. 

O Ancião faz que sim e sai. Boaz fica ali, esperando. 

 

CENA 10: EXT. DESERTO – CAVERNA – DIA 

Os homens da Caravanas já estão montados em seus cavalos, prontos para partir. Ainda aguardam alguns... Segismundo, impaciente, toma a decisão. 

SEGISMUNDO  Já esperamos muito. O sol está subindo e se continuarmos inertes aqui, podemos perder a oportunidade de pegar Noemi sozinha no campo. Besta Louca pode nos-- 

IAGO  (interrompendo) Achei! Achei!!! 

Iago vem gritando lá de trás e todos olham. 

IAGO  Encontrei! (ofegante) Encontrei o meu punhal que estava perdido... (mostrando) Estava atrás de uma pedra, nem sei como foi parar lá... 

SEGISMUNDO  Não basta uma espada, Iago? 

IAGO  Perdão, senhor, mas eu não fico sem o meu punhal. 

SEGISMUNDO  Rum. Pois monte em seu cavalo e vamos. 

IAGO  (montando) E Besta Louca? Onde está ele? 

SEGISMUNDO  Não sei, não apareceu até agora! Não está na caverna, em lugar algum aqui!... 

IAGO  Ele me disse que ia encher os odres no riacho... Não quer que eu e mais alguns vamos até lá conferir? 

SEGISMUNDO  Não! Já perdemos tempo demais! Besta Louca é ágil, pode nos alcançar depois. Vamos, avante! Vamos! Para frente! 

Segismundo toma a frente e em seguida vem Gael e todos os outros, com Iago por último. 

 

CENA 11: EXT. BELÉM – PRAÇA – DIA 

Boaz, acompanhado de Josias, e Rute, Noemi e Tani estão ali com o Ancião. Logo perto estão dez dos anciães e, atrás, foram colocadas algumas cadeiras em arco, de modo que todos que se sentarem possam ver a todos. 

BOAZ  (para o Ancião) Tenho certeza que não demorará muito e ele passará por aqui. 

O Ancião faz que sim e Boaz e Rute trocam um sorriso discreto. Noemi se mantém ao lado da nora, abraçando-a. Josias bate com carinho no peito de Boaz. E Tani aguarda ansiosa.

Algum tempinho depois, Neb aparece caminhando pela praça. 

BOAZ  Olhem lá... É ele. 

Todos olham. Neb se aproxima mais. 

BOAZ  Ei, Neb! 

Neb olha para ele e nota todos ali. 

BOAZ  Venha até aqui, por favor. 

Estranhando, Neb vai até eles. 

BOAZ  Vamos nos sentar. 

ANCIÃO  Claro, claro... Vamos. 

Eles todos vão para as cadeiras. 

NEB  O que está acontecendo, Boaz? Por que os anciães, por que essas cadeiras? (olhando Noemi, Rute e Tani) O que elas estão fazendo aqui? 

BOAZ  (cordial) Sente-se aqui, Neb. Por favor. 

Neb faz que sim e, assim como todos eles, se senta. 

NEB  E então? Não vão me explicar? 

BOAZ  Neb, estamos aqui, na presença dos anciães e do Ancião, para tratar de um negócio. Um negócio de muita importância. 

NEB  Sim. 

BOAZ  É sobre aquele pedaço de terra que era de Elimeleque, nosso irmão. 

Neb compreende. 

NEB  “Nosso irmão”, não. Exagerou um pouco, Boaz. Elimeleque era meu primo, muito mais distante de você em laços de sangue. 

Noemi, Rute e Tani trocam olhares de preocupação. 

BOAZ  Neb, é o modo de falar. Nós somos todos irmãos. 

NEB  Ah, tá. Mas é só para deixar claro para todos aqui que eu sou o parente mais próximo. 

BOAZ  E é exatamente por isso que está aqui. 

NEB  (sorrindo minimamente) Hum. 

BOAZ  Noemi, que voltou há algumas semanas da terra de Moabe, venderá o seu campo. 

Noemi faz que sim. 

BOAZ  E você, sendo o parente mais próximo, é o remidor. Como tal, tem o direito e dever de comprar a terra. 

NEB  (sorrindo) Claro. 

BOAZ  Por isso, eu disse que falaria com você sobre isso, para que tome a terra com o povo por testemunha, e também com os anciães aqui presente. 

Rute aguarda com leve apreensão. Noemi segura sua mão. 

BOAZ  Portanto, diga a todos aqui qual é a sua decisão. Se quer redimir, redima. E, se não quiser, seja claro ao dizer que não redimirá, para que todos entendamos, para que não haja sombra de dúvida ou incertezas. Pois não há outro senão você que redima. E eu depois de você. 

Sorrindo por ter encontrado a oportunidade que há muito tempo esperava, Neb faz que sim. 

BOAZ  E então, Neb? Qual é a sua decisão? 

Rute o encara com preocupação e Noemi segura as mãos dela. Josias e Tani torcem para que ele se recuse. E o Ancião e os outros anciães aguardam com seriedade. Rute apreensiva... Nisso, IMAGEM CONGELA. 

 

CONTINUA...




E NS PRÓXIMA SEGUNDA, DIA 12


ESTÁ DE VOLTA UM GRANDE SUCESSO:


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