ANTROPÓFAGO – DIÁRIO DE UM CANIBAL
WEB SÉRIE DE ADÉLISON SILVA
PRIMEIRA TEMPORADA
SÉTIMO EPISÓDIO
CENA 01/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE
MAX: (off) Sair da caverna eufórico, destinado a voltar para a cidade de Braço Forte. Eu não acreditava que finalmente eu poderia ver a minha Érica. ‘Como será que ela está? Aposto que continua linda!’ Eu não sabia onde estava por isso, não poderia saber para onde iria, comecei então andar pela a mata completamente sem rumo. Não demorou muito e a noite decaiu, eu já estava cansado, mas não poderia desanimar.
Vai mostrando Max caminhando pela a floresta. A CAM vai se abrindo em uma cena aérea mostrando Max se aproximando de uma estrada. CORTA para cena seguinte.
CENA 02/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE
A CAM foca em Max já na estrada.
MAX: (falando sozinho) Essa estrada! Ela não me parece estranha!
CORTA para lembranças de Max.
{Flashback on}
6º EPS/ CENA 05/ FLORESTA MOSSAÍH/ ÔNIBUS/ TARDE
Mostra Max dentro do ônibus, a turma cantarolando, Ricardo encara Max e ele fecha a cara depois olha pela a janela. A CAM corta mostrando o lado externo no exato momento em que o ônibus passa próximo a uma árvore conhecida como barriguda. Ela tem esse apelido por conta do seu tronco ser grosso dando o formato de uma barriga.
{Flashback off}
Continuação da CENA 02/ FLORESTA MOSSAÍH/ NOITE
Max olha para trás e ver a árvore e assim a certeza de que já conhecia aquele local.
MAX: (falando sozinho) Essa estrada foi por onde passamos para ir para aquela maldita fábrica. E é ela que vai me levar de volta para Braço Forte. Será que Érica está lá? Eu preciso encontrá-la. Eu não posso desanimar, não deve está muito longe.
EPISÓDIO VII
“Acerto de contas”
CENA 03/ FLORESTA MOSSAÍH/ PROXIMIDADES DE BRAÇO FORTE/ NOITE
Mostra Max caminhando eufórico, ansioso em chegar à cidade.
MAX: (off) Já era madrugada quando ao longe avistei as luzes, apressei o passo, e corri em sua direção. Foi então que eu me lembrei de quem eu era, do monstro que havia me tornado. Seu Baltasar estava certo, o mundo não estava preparado para me ver. Enchi-me de remoço e aos poucos fui diminuindo os passos. Me sentia como um leproso da época de Cristo, descriminado pela a sociedade. Era cruel o que a vida me havia dado de presente. Todos do meu passado eram os culpados por eu estar assim, direto ou indiretamente contribuíram para o meu fracasso, inclusive a própria Érica.
CENA 04/ BRAÇO FORTE/ RUA/NOITE
Max vai entrando na cidade de Braço Forte e encontra ruas desertas. Apenas ao longe um boteco aberto com músicas brega de Júlio Nascimento. Os que ali estavam não conseguiam enxergar um palmo em sua frente de tão embriagados. O que era bom, pois assim Max não despertaria olhares curiosos. Ouve se uma voz de mulher gritando.
MULHER: (gritando em off) Volta aqui! Vai ter coragem de me largar aqui com o seu filho na barriga?
Max vai descendo em direção aos gritos. A CAM corta mostrando um casal brigando ao longe. Ela em frente do carro, grita e bate no capô. E ele dentro do carro ameaçando passar por cima.
HOMEM: Sai da minha frente!
MULHER: (grávida) Passa por cima, quero ver se tem coragem de matar, a mim e ao seu filho!
Max vai se aproximando sorrateiramente se escondendo atrás de uma lixeira.
HOMEM: Sai da minha frente Dayse, se eu ficar serei capaz de fazer besteira!
DAYSE: Não vou sair! Eu já sei o que você quer. Você vai atrás dela, né? Da vagabunda da Érica?
CLOSE em Max que arregala os olhos ao ouvir o nome Érica.
DAYSE: Vamos Ricardo! Quero ver se tem coragem de passar por cima de mim!
Max olha mais atentamente, a CAM foca em Ricardo dentro carro. Max começa a lembrar das implicâncias que Ricardo fazia com ele enquanto moravam na república.
{Flashback on}
1º EPIS/ CENA 01/ REPÚBLICA/ PÁTIO/ TARDE
Ricardo e dois de seus amigos vão passando e empurra Max contra os armários, derrubando os seus materiais no chão. Max olha tímido para eles, abaixa e começa a catar o seu material. Eles zombam de Max.
RICARDO: (zombando) Olhem só, é muito zé ruela!
Davi se aproxima ao ver Ricardo zombando de Max.
DAVI: Qual é a graça, Ricardo?
RICARDO: Chegou o macho dele. Sei não, acho que está rolando alguma coisa aí.
1º EPIS/ CENA 05/QUARTO MASCULINO/ DIA
Ricardo vai se aproximando acompanhado de seus amigos.
RICARDO: Olha só rapazes, como o menino está perfumado, bem ajeitado, cabelinho no gel. Está investindo hem garoto, nunca te vi assim! E cadê ela, a gostosa da Érica?
DAVI: (levantando e se colocando entre Ricardo e Max) Agora já chega Ricardo, respeita o garoto!
RICARDO: (empurrando Davi) Qual é maluco? Não estou fazendo nada contigo. Fica na sua. A Érica é linda, e gostosa sim. Se eu pegasse uma mulher daquela eu torava ela no meio.
2º EPIS/ CENA 03/ COLÉGIO/ PÁTIO DO COLÉGIO/ DIA
Ricardo com o dedo polegar alisa o canto da boca de Érica, como se limpasse algo. A CAM CORTA para Max mostrando ele nervoso diante daquela cena. Tomado pela a raiva Max se aproxima dos dois e dá um soco em Ricardo. Ricardo cambaleia para o lado, mas se mantém em pé. Érica, nervosa, solta um berro.
ÉRICA: Está louco, Max?
MAX: (se justificando) Esse cara estava te tocando!
ÉRICA: Você é um imbecil, a gente estava apenas conversando!
3º EPIS/ CENA 05/ FLORESTA MOSSAÍH/ ÔNIBUS/ TARDE
MAX: Não me enche o saco Ricardo. Não se toca? Érica também não quer nada contigo.
RICARDO: Olha isso meninos! Então, você não sabe?
MAX: Eu não sei o que?
RICARDO: Eu não acredito ninguém contou pra ele.
BETO: Conta aí, então. Ele precisa saber da novidade.
RICARDO: Entre Érica e eu rolou muito mais do que um simples beijo. Posso te garantir uma coisa, ela é quente. (provocando enquanto sai) Ela é quente!
(Flashback off}
Continuação da CENA 04/ BRAÇO FORTE/ RUA/NOITE
Ricardo arranca com o carro deixando Dayse para trás.
DAYSE: (gritando) Eu te odeio Ricardo! Desgraçado! Não acredito que ele fez isso comigo.
Dayse entra para a sua casa batendo a porta com violência. CORTA para Max que ainda está atrás da lixeira. Ele vai se aproximando da casa e repara que a porta ficou entreaberta, Max vai empurrando a porta lentamente e entrando.
MAX: (off) Era uma casa muito bonita. O canalha teve sorte. Enquanto eu passei esses últimos anos abrigado em uma caverna, comendo e bebendo o que me restavam. E ainda sendo obrigado a conviver com o meu corpo desfigurado, o Ricardo subia na vida. Casou, mora em uma bela casa, vai ter um filho. Isso não era nada justo, e eu o odiava por isso.
CORTA para cena seguinte.
CENA 05/ BRAÇO FORTE/ CASA DO RICARDO/ QUARTO DO CASAL/ NOITE
Dayse está em pé diante do guarda roupa. Pega as roupas do Ricardo e começa a jogar no chão.
DAYSE: Eu te odeio! (rasgando algumas roupas) Olha o que eu faço com isso aqui. Nessa casa você não entra mais, nem que eu tenha que colocar fogo em tudo aqui.
CORTA para Max que vai surgindo na porta do quarto e para olhando para Dayse enquanto ela rasga as roupas de Ricardo. Ele vai se aproximando e acaba esbarrando em um porta-retrato que se encontrava sobre um criado mudo. Dayse olha para trás e assusta ao ver Max.
DAYSE: Quem é você? Como entrou aqui?
Max apenas a olhava fixamente. Dayse então corre em direção ao banheiro, Max corre atrás e coloca o pé na porta antes que Dayse a feche. Ela tenta empurrar a porta com toda a sua força, mas Max a vence. E se lança em cima dela agarrando-a pelo o cabelo.
DAYSE: (gritando desesperada) Por favor, me solte! Não faz nada comigo!
Com uma mão Max segura os seus cabelos, enquanto com a outra pressionava a sua boca tentando sufocar os eu grito. E vai arrastando Dayse pelo os cômodos da casa. Ele desce as escadas e vai até a cozinha, abre todas as portas do armário procurando algo para amarrar Dayse. Ao abrir as gavetas encontra uma fita resistente de alumínio. Sem dizer uma só palavra até então, Max pega Dayse e a arrasta até a sala, e a amarra no corrimão das escadas.
DAYSE: (chorando) Por favor, moço não faz nada comigo! Você pode levar o que você quiser, eu nem vou chamar a polícia.
Ao terminar de amarrá-la, Max pega a fita e lacra a boca de Dayse.
MAX: Você é linda!
Dayse apenas o olhava com os olhos arregalados de medo, nada poderia dizer agora com a boca amordaçada.
MAX: O que de interessante achou nele? Ele não passa de um babaca machista e imbecil. Porque você casou com o Ricardo?
Max dá uma olhada para a barriga de Dayse (ela está grávida de oito meses).
MAX: Você está grávida. Dará um filho a ele, uma família. E isso não é nada justo. Eu odeio mulheres como você, que sempre procuram está com homens que não prestam. Tem tesão em está com paspalhão. Mulheres como você sempre humilham rapazes como eu.
A cena segue conforme a narração de Max.
MAX: (off) Era possível ver em seus olhos o desespero. Voltei à cozinha e peguei um amolador de faca, precisava deixar o meu punhal bem afiado. Retornei a sala amolando o punhal, e com um ódio no olhar. Eu tinha medo de mim mesmo, sentia prazer em torturar aquela moça, é como se o desespero dela fosse o mesmo do Ricardo.
MAX: Já brincou de médico? Era o meu sonho de criança, eu queria ser cirurgião. Impressionante, uma pessoa poder abrir o corpo de outro, mexer em todos os seus órgãos e depois só costurar.
Max desce até próximo a Dayse e fala com o olhar bem ficho ao dela.
MAX: Hoje vou realizar esse meu sonho. E você será a minha paciente. (com ironia) Uma pena que não temos anestesia.
Dayse gemia de medo e Max sentia prazer em ver o desespero dela. Ele estava pronto para destruir o mundo encantado de Ricardo.
MAX: (off) Dayse gemia, chorava, esperneava, e isso só aumentava o meu prazer. Era como se nada mais importasse na minha vida, apenas aquele exato momento em que eu era supremo. Estava em minhas mãos à decisão de vida ou morte. Amarrei bem as suas pernas, com a mesma fita que havia amarrado as mãos e a boca, deixando-a completamente imóvel. Com a faca já bem afiada, limpei com álcool e me preparei para fazer uma incisão em seu abdome. Minha intenção era fazer uma cesariana e retirar a criança que estava em seu útero. Não poderia permitir que o bebê sofresse com a mãe.
MAX: Não se preocupe isso não vai doer. (com sarcasmo) Mentira isso vai doer muito!
Dayse estava usando um vestido estilo ladylike aberto na frente com uma fita transpassada na cintura e a saia em formato evasê. Max encosta a faca no decote do vestido e vai cortando até chegar abaixo da cintura. Depois então, ele com as mãos vai puxando e rasgando o resto do vestido deixando Dayse completamente nua. Dayse tenta entrelaçar as pernas para esconder a sua nudez. Porém Max puxa as suas pernas afastando uma da outra. Ele enfia a faca um pouco acima da virilha da moça fazendo uma incisão. Ela gemia de dor, queria gritar mas era impossível por está com a boca amordaçada. Suas lágrimas escorriam pelo o seu rosto e molhava todo o seu seio. Max sentia prazer diante do sofrimento de Dayse. O sangue escorria pelo o chão molhando o carpete. Não aguentando a dor Dayse amolece o corpo e desmaia sobre os degraus. Enquanto Max vai cortando camada por camada do seu abdome até chegar ao útero. A cena segue conforme a narração de Max.
MAX: (off) Enfiei a mão pela a incisão que havia feito, e senti a criança ainda lá dentro envolvida na placenta. Com a ponta dos dedos delicadamente perfuro a placenta e puxo a criança para fora. Incrível, a beleza da vida! Antes mesmo de sair por completo, já se abre em um berro mostrando ao mundo a sua vontade de viver. Era uma menina, e mesmo com a cara de joelho era possível ver traços do Ricardo nela, sem dúvidas era sim filha dele. Érica! Esse foi o nome que escolhi para a criança, dificilmente a mãe concordaria, mas no estado em que estava a sua opinião era impossível de se ouvir.
Max corta o cordão umbilical e desfaz o elo entre mãe e filha. Envolve a menina com os pedaços do vestido da mãe e sobe as escadas com a criança em seus braços. Anda de um lado para o outro sem saber ao certo para onde ir. A CAM corta mostrando o quarto da criança.
CENA 06/ BRAÇO FORTE/ CASA DO RICARDO/ QUARTO DA BEBÊ/ NOITE
Max entra no quarto com a menina em seus braços e fica encantado diante de todos os enfeites que encontrava ali. Mas não poderia esquecer que tinha em seus braços um bebê recém-nascido precisando urgentemente de cuidados. A cena segue conforme a narração de Max.
MAX: (off) Ao ver ali suas pequenas roupas, decidi substitui os trapos dos vestidos de sua mãe por uma manta. Queria evitar qualquer tipo de contaminação na criança, o que tornava complicado pelas as condições em que nos encontrávamos, e pela a forma em que foi feito o parto. A pequena Érica não parava de chorar, pressionei-a sobre os meus peitos e com a outra mão tentei acalmá-la dano leves toques em suas costas. Nada a tranquilizava. Fome! Logo lembrei.
CORTA para cena já na sala.
CENA 07/ BRAÇO FORTE/ CASA DO RICARDO/ SALA/ NOITE
A CAM mostra Dayse jogada sobre as escadas em meio a uma poça de sangue. Depois mostra Max surgindo no alto da escada com a criança em seus braços. Max vai descendo as escadas e se aproxima do corpo de Dayse. Ele mexe com ela e percebe que ela está morta.
MAX: (falando sozinho) Pobre mulher, deve ter tido uma hemorragia por perder tanto sangue. Se essa criança não se alimentar ela também não irá resistir.
Mesmo Dayse estando morta, Max posiciona a garotinha sobre os seus seios e a ajuda a sugar o colostro do leite. E fica feliz ao perceber que a menina não teve dificuldade para pegar o peito da mãe.
MAX: (segurando a menina sobre o peito do cadáver da mãe) Garotinha esperta, soube abocanhar direitinho o peito da sua mãe.
CORTE para uma cena externa mostrando a fachada da casa e a rua deserta. CORTA novamente para cena interna.
CENA 08/ BRAÇO FORTE/ CASA DO RICARDO/ SALA/ NOITE
A criança se encontra dormindo no bebê conforto, Max em pé diante do corpo de Dayse. Ele corre o olhar, e cai em si diante da monstruosidade que acabara de cometer.
MAX: (off) Eu entrava em um estado de melancolia ao ver aquela criança ali dormindo. Ainda existia algo humano em mim. Corri o olhar por toda a casa e sofri com as acusações da minha consciência. Que mal havia feito aquela mulher para ter um fim tão cruel? Pobre criança, que crescerá na vida sem a figura de sua mãe. Fui passeando pelos os cômodos da casa, e refletindo sobre tudo aquilo que havia feito. {mostra imagens do momento em que Max perfura o abdome de Dayse} Parei diante de um espelho e fiquei ali, horrorizado com o monstro que se refletia. Queria trocar de lugar com a moça, talvez a morte fosse o meu único sossego. Mas não seria nada justo, antes eu precisava ver a cara do Ricardo diante de tudo aquilo.
Max ver o celular de Dayse em cima da mesa, ele pega o celular e começa a mexer. CLOSE na tela do celular mostrando o nome “AMOR”. Mostra o dedo de Max apertando em ligar. CORTA para cena seguinte.
CENA 09/ BRAÇO FORTE/ PRAÇA DO RIO DA JUVENTUDE/ NOITE
Ricardo está em pé escorado em seu carro fumando um cigarro e olhando para o rio. O seu celular toca, ele pega o celular no bolso. CLOSE na tela “MINHA GOSTOSA”. Ele atende o celular.
RICARDO: O que foi? Se arrependeu do que fez e resolveu me ligar? Pra sua informação eu não fui atrás de Érica coisíssima nenhuma. Simplesmente porque eu não tenho nada com ela.
MAX: (off) Você é um péssimo marido!
Ricardo joga o cigarro no chão e arregala os olhos assustado.
RICARDO: Quem está falando? Onde está a minha mulher?
FIM DO SÉTIMO EPISÓDIO
Como a página de um diário dá um close da cara assustada de Ricardo em uma espécie de Freeze frame. Depois o diário fecha mostrando o logo da série na capa.
PERSONAGENS DESTE CAPÍTULO
MAXWELL = Johnny Massaro
ÉRICA = Sophia Abrahão
DAVI = Guilherme Leicam
RICARDO = Chay Suede
DAYSE = Isabelle Drummond
BETO = Pedro Novaes
AMIGO DE RICARDO = Caian Zattar
Obrigado pelo seu comentário!