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Na Boca Do Povo - Capítulo 05


 Capítulo 05

Cena 01 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Noite]

(Demétrio permanecia imóvel com o que acabara de escutar sair da boca de Evandro).

EVANDRO: Que foi, perdeu a língua? Sabia que você ia gostar muito da nossa conversa, afinal, não é sempre que reencontramos a família. Você não vai me oferecer nada? Eu estou com a garganta seca. Que tal um dos seus uísques importados?

DEMÉTRIO: Fale de uma vez, seu crápula. O que é que você pretende vindo até aqui e despejando toda essa sua falta de caráter? É dinheiro? Você é movido a isso, me diga quanto quer? Qual é o seu preço?

EVANDRO: Que coisa mais feia, que modos são esses de falar com o cara que é praticamente seu irmão? Sabia que é assim que eu te considero? Como um irmão. Porém, já que você tocou no assunto que todo o brasileiro gosta, inclusive eu...

DEMÉTRIO: Fale de uma vez, quanto é que você quer para ficar calado e sumir para a ratoeira de onde você jamais deveria ter saído? Fale que eu farei a transferência.

EVANDRO: Vejamos... Deixe-me fazer as contas... (Gesticula com as mãos como se estivesse calculando) Pronto! Eu já sei quanto eu vou querer. Eu quero tudo! (Dispara).

DEMÉTRIO: Ficou maluco? Só pode, você não está falando sério.

EVANDRO: Estou sim, veja pelo lado bom, nessa história você só tem a ganhar, claro, desde que siga todas as minhas instruções. Agora senta aí, antes que eu perca a paciência.

(Demétrio demora, mas acaba cedendo e senta-se na cama. Em seguida, Evandro começa a narrar tudo o que pretende em troca de confidenciar o segredo de Demétrio).


Cena 02 – Casa de Luiza, Porto de Pedras [Interna/Noite]

(Luiza Helena tentava despistar e convencer a irmã a desistir da ideia de se mudar para São Paulo durante a conversa que estavam tendo na sala de casa).

LUIZA HELENA: Você não precisa ir para tão longe só para buscar um futuro melhor. Temos grandes oportunidades no estado, Maceió é uma excelente cidade, tem boas universidades, com certeza você vai se encontrar em alguma área.

BETINHA: Eu não estou te entendendo. Qual é o seu jogo, Luiza Helena? Fala a verdade, é impressão minha ou você fica nervosa quando eu falo em São Paulo? Por acaso tem alguém lá que você não queira reencontrar?

LUIZA HELENA: Bebeu foi? Deixe de presepada menina, que conversa mais sem cabimento. Onde já se viu? Eu nunca saí daqui dessa cidade, como iria conhecer alguém que mora em São Paulo?

BETINHA: (Deixa o celular de lado, senta-se no sofá e se inclina demonstrando interesse no rumo que a conversa estava tomando) Porque você é assim?

LUIZA HELENA: Assim como? (Estranha).

BETINHA: Esquisita, amargurada, não gosta de falar sobre você. Eu poderia apostar que existem fragmentos no seu passado que você esconde de todo mundo. Papai dizia que isso começou desde quando a mamãe morreu. Me fale a verdade Luiza, é por conta de um homem, não é? (Questiona, deixando Luiza Helena completamente encurralada).

 

Cena 03 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Externa/Noite]

(Um casal estaciona o carro em frente ao restaurante de Francesca, logo em seguida demonstram indecisão se entram no local ou no restaurante da frente. Zeca estava parado na porta de seu restaurante, logo percebe a indecisão e aproveita o momento para atrair os clientes para o seu restaurante).

 

ZECA: Venham fregueses, venham! Eu garanto o melhor tempero da cidade e que aqui, vocês sairão com a impressão de que estiveram no Nordeste, venham! (Dispara conduzindo os clientes para o seu restaurante).

(Nesse momento, Francesca e Enrico chegam correndo na porta do restaurante dela).

ENRICO: Calma mamma, o que pretende fazer?

FRANCESCA: Como o que eu vou fazer? Aquele ordinário está querendo roubar a minha clientela, não tá vendo?

ENRICO: Deixa isso para lá, o restaurante está movimentado... Não faz diferença!

FRANCESCA: Como não, bambino? Questo é o nostro ganha pane! Eu vou lá, eu quero arrancar os olhos desse bode velho! (Francesca se apressa e atravessa a rua para confrontar Zeca).

ENRICO: E lá vamos nós de nosso, santo Deus! (Enrico vai atrás da mãe).

ZECA: Podem entrar, aquele rapaz irá atendê-los! (Diz aos clientes, que logo em seguida adentram no restaurante).

FRANCESCA: Quer dizer que agora você deu para roubar os meus clientes, bode velho?

ZECA: É ruim, hein carcamana? Não é todo mundo que gosta desses seus macarrões sem graça. Comida que dê sustança, só aqui!

FRANCESCA: Sustança? Eles vão ter é dor de barriga comendo questa porqueria... (Fala em voz alta).

ZECA: Não grite, aqui não é lugar para barraco não. Tá pensando o que? Que só o seu restaurante é chique? O meu também é, meus clientes são muito distintos...

FRANCESCA: Mas distinta vai ficar a tua cabeça oca depois que eu começar a bater nela...

(Marcelo e Ítalo se aproximam após perceberem a confusão).

MARCELO: Que briga é essa? Dá pra ouvir tudo lá de dentro...

ÍTALO: (Olha para Enrico).

ENRICO: (Olha para Ítalo meio sem jeito, porém ninguém percebe a troca de olhares entre os dois).


Cena 04 – Casa de Durant [Interna/Noite]

(Glória conta algumas de suas aventuras enquanto viajava pela Europa).

GLÓRIA: (Sorri relembrando os momentos) E eu voltei para o hotel completamente bêbada, no outro dia nem lembrava como cheguei no quarto.

DURANT: Nossa, que loucura...

MARIA RITA: (Surge saindo do corredor enquanto organiza alguns pertences dentro da bolsa) Eu já estou indo para o trabalho, começo hoje.

DURANT: Essa é a minha prima Maria Rita. Maria, essa é uma amiga, Glória Martins de Andrade e Britto.

GLÓRIA: Exatamente, com dois “T”.

MARIA RITA: Muito prazer, querida. Desculpe não ficar mais, fazer sala... Como disse, estou começando hoje no trabalho novo, não é bom me atrasar.

GLÓRIA: Trabalho? Essa hora? Gente, mas quem é que trabalha essas horas?

DURANT: É verdade, acabou que você nem me disse onde é o seu novo trabalho, prima.

MARIA RITA: É num posto de gasolina, eu serei frentista... Estou saindo cedo para não me atrasar, esse posto é longe, fica lá para as bandas do Morumbi. Agora se me permitem, com licença. Volte mais vezes!

GLÓRIA: Isso só vai depender do seu primo... (Encara Durant, deixando-o sem jeito).

(Maria Rita sai de casa e deixa os dois sozinhos).

DURANT: Eu não quero ser indelicado, mas é que eu me preocupo com você. Acho que já está tarde para uma mulher tão fina como você estar na rua, São Paulo está muito perigosa, vejo os telejornais e fico assustado.

GLÓRIA: Você tem toda razão e logo hoje eu dispensei o meu motorista. Preciso chegar a tempo para aprovar o cardápio de amanhã para o almoço na minha casa. Sabe como são os empregados de hoje em dia, não é? Tem que manter na rédea curta, se não tudo vira assédio.

(Do lado de fora da casa, Glória e Durant se despedem).

GLÓRIA: Foi uma tarde muito agradável. Prometo voltar mais vezes!

DURANT: Espero estar mais preparado da próxima vez para te servir melhor, você sabe, um bolinho, essas coisas.

GLÓRIA: Não se preocupe com isso, só o café e a companhia foram espetaculares. Bem, agora eu tenho que ir. Espero que isso seja um até logo! (Glória beija a bochecha de Durant com malícia).

FERNANDA: Mãe? (Diz ao se aproximar na companhia de Rafael).

GLÓRIA: Fernanda? (Vira-se completamente surpresa).

RAFAEL: Ela é a sua mãe? (Surpreende-se).

DURANT: Nossa, que coincidência! Quer dizer que você é mãe dessa moça maravilhosa?

GLÓRIA: Isso mesmo. (Responde sem graça). Não é linda a minha filha? Eu tenho muito orgulho dela. Vamos embora meu amor? (Abraça Fernanda).

FERNANDA: Embora? Mas eu acabei de chegar com o Rafa...

GLÓRIA: Não discute com a mamãe, minha filha. Vai me deixar ir para casa sozinha? Vamos!

FERNANDA: Está bem, eu vou. Afinal, precisamos conversar, não é? (Vira-se para Rafael e se despede em seguida). Eu te ligo quando chegar em casa! (Fernanda e Rafael se beijam).

GLÓRIA: Até logo, boa noite! (Glória sai arrastando Fernanda e as duas vão embora).

DURANT: Mundo pequeno, não é mesmo? (Diz enquanto observa as duas atravessarem a rua).

RAFAEL: Até demais para ser verdade. (Responde com um ar de desconfiança).

 

Cena 05 – Casa de Luiza, Porto de Pedras [Interna/Noite]

(Luiza segue atônita em meio aos questionamentos da irmã)

BETINHA: Vai ficar aí desse jeito? Fingindo que não ouviu? É sempre assim quando tento saber do seu passado. Afinal o que esse homem te fez para te deixar assim, tão...

LUIZA HELENA: Tão o quê, Roberta Miranda? Você olhe lá como vai falar comigo, que eu não sou sua pariceira e exijo respeito. Além do mais, já passou da hora de você ir dormir... Vá procurar alguma coisa para fazer e pare de futucar o meu passado, fedelha.

BETINHA: Você sabe como me tirar do sério, não é? Eu nunca vou perdoar a mamãe, nem você por terem me dado esse nome horrendo. (Pega o celular no sofá e vai para o quarto).

(Luiza caminha até a varanda de casa e olha para o céu, em seguida perde-se em seus pensamentos).

LUIZA HELENA: Ah mãe, que falta você me faz... Seus conselhos, sua compreensão!

FLASHBACK

Há 20 anos atrás...

(Luiza conversa com a mãe sobre Durant).

EUNICE: Apaixonada? Você tem certeza? Mas vocês são tão jovenzinhos ainda... (Questiona e logo em seguida começa a tossir, cobrindo a boca com um lenço logo em seguida).

LUIZA HELENA: Completamente apaixonada, mamãe. Quando eu o vejo, sinto meu corpo leve e quando ele vai embora, eu só consigo pensar quando vou vê-lo de novo.

EUNICE: Eu só espero que o seu pai entenda e aceite essa relação, você sabe como ele é difícil...

LUIZA HELENA: Ele vai aceitar. Ele tem que aceitar, mamãe... A senhora verá, quando ele conhecer o Durant e perceber que as intenções dele são sérias, ele vai aceitar o nosso amor. Eu estou tão feliz, mamãe! (Abraça a mãe).

EUNICE: Se essa é a sua felicidade minha filha, eu também estarei feliz por você. Que Deus te abençoe e jamais permita que você sofra! (Diz abraçada a filha, em seguida observa o lenço que utilizou para cobrir a boca e percebe que ele está manchado de sangue).

FIM DO FLASHBACK

Atualmente...

LUIZA HELENA: Uma pena que Deus não quis que eu fosse feliz, não é mãe? Será que um dia eu voltarei a amar? Será que um dia eu voltarei a reencontrar o homem que mais me fez mal e me abandonou quando eu mais precisei dele? (Pergunta para si mesma).

 

Cena 06 – Apartamento de Glória [Interna/Noite]

(Glória e Fernanda chegam em casa no auge de uma discussão).

 

GLÓRIA: Eu não te devo satisfações da minha vida, Fernanda! (Diz após abrir a porta e entrar em casa).

FERNANDA: Você me deve sim, principalmente por estar metida com gente de bem e honesta. O que você pretende, Glória? O que fazia enfiada na casa do Durant, qual é o seu novo golpe? (Dispara).

GLÓRIA: Eu não permito que você fale assim comigo, eu sou a sua mãe. (Grita).

FERNANDA: Eu não estou entendendo qual é a sua jogada. Sempre me criticando por eu não ser ambiciosa, pelo fato do Rafael não ser de uma família rica e agora está metida com o Durant. Não me diga que ele é sua nova aventura? O que pretende mamãe, vai usá-lo e jogar fora?

GLÓRIA: Fernanda... (Fala tentando se controlar, enquanto Fernanda prossegue lhe bombardeando de questionamentos).

FERNANDA: A senhora consegue entender o quanto isso é incoerente vindo de você? Isso só te torna uma... (Pausa).

GLÓRIA: Uma o que, Fernanda? (Pergunta).

(Thierry e Judith surgem na sala do apartamento após ouvirem os gritos de Glória e Fernanda).

FERNANDA: Uma mulher barata, uma qualquer! Não é disso que você vive se referindo a mim? Uma qualquer! (Conclui).

GLÓRIA: (Esbofeteia Fernanda) Nunca mais fale assim comigo, entendeu? Nunca mais! (Grita).

FERNANDA: Suas bofetadas não me doem, mãe! Pelo contrário, ser sua filha e conviver com tanta baixeza é que me causam tanta repulsa. E outra coisa, pode anotar aí... Um dia essa bofetada vai doer mais em você do que em mim. Boa noite! (Pega a bolsa e vai para o quarto).

JUDITH: Que bafão! Rico gosta mesmo de barraco, depois falam de nós, os pobres... Hipoprisia...

GLÓRIA: É hipocrisia, ignorante! O que você ainda está fazendo aqui, sua projeto de serviçal?

THIERRY: O que mais? Dinheiro, ué! (Responde se antecipando).

JUDITH: Exatamente, a senhora já está me devendo três diárias e tem rato passeando pela minha bolsa, a senhora credita que sumiu o dinheiro da minha passagem? (Diz olhando para Thierry, acusando-o indiretamente).

GLÓRIA: Eu não tenho dinheiro, amanhã eu vou ao banco e saco.

JUDITH: Essa história de novo, Dona Glória? Todo mundo nesse prédio está cansado de saber que a senhora está mais dura que o pão que toma café. Eu não vou cair nessa, nem vou entrar pela porta traseira.

GLÓRIA: Ah é? Então vá pedir dinheiro aos vizinhos que sabem da minha vida e do que eu como no café da manhã... Pata velha depenada! (Deixa a sala).

THIERRY: Se ferrou! (Dá uma risada).

JUTIDH: (Dá um tapa na cabeça de Thierry) Cala a boca, filhote de cruz credo.

 



Cena 07 – Na Boca do Povo, Redação [Interna/Manhã]

Música da cena: Fogo – Karin Hils

(O dia amanhece e a cidade de São Paulo que nunca adormeceu segue o seu fluxo intenso. Prédios surgem como plano de fundo, carros circulam através das grandes avenidas, é então que chegamos à fachada do prédio onde fica a revista Na Boca do Povo).

SUZANA: (Em pé, organizava algumas correspondências ao lado de sua mesa. Quando ouviu o barulho do elevador chegando ao andar onde estava, surpreendeu-se assim que ele abriu suas portas) Santo Deus!

EVANDRO: Bom dia a todos! (Diz ao sair do elevador e caminhar em meio aos funcionários que o olhavam com perplexidade).

ÂNGELO: O que esse homem faz aqui? (Diz ao se aproximar).

EVANDRO: Vejo que você continua o mesmo preguiçoso de sempre, sem fazer as suas reais funções. As coisas vão mudar por aqui, sabiam?

ÂNGELO: Do que você falando? Que eu bem me lembre, você saiu daqui foragido depois de aplicar um desfalque e quase quebrar essa empresa.

EVANDRO: (Sorri de maneira sarcástica) O que é seu está guardado, seu advogadozinho chave de cadeia. Por hora não vou perder meu tempo precioso com você... Suzana, me arrume uma sala, a partir de hoje eu volto a ocupar o meu cargo na diretoria.

SUZANA: Uma sala?

EVANDRO: Suzana, para uma secretária você está bem desatenta, não acha? Eu quero uma sala e uma boa sala, entendeu? Você não quer perder o seu emprego, quer?

SUZANA: Não senhor, eu vou preparar a sua sala agora mesmo... (A secretária se retira e vai preparar uma sala para Evandro).

ÂNGELO: Você só pode estar ficando louco! Eu vou chamar a segurança e vou acompanhar cada passo da sua escolta até o olho da rua).

EVANDRO: Você é realmente um amador... Acha mesmo que eu estou blefando? Por que não vai perguntar ao Demétrio se eu tenho ou não razão?

ÂNGELO: Pois é isso mesmo que eu vou fazer e agora mesmo!

EVANDRO: Ótimo, faça isso... Depois passem na minha sala para tomarmos um café e discutirmos alguns planos que eu tenho para a revista.

ÂNGELO: (Vai até a sala de Demétrio e deixa Evandro sozinho).

 

Cena 08 – Ruas de Porto de Pedras [Externa/Manhã]

Música da cena: Um Pôr do Sol na Praia – Silva e Ludmilla

(Betinha caminhava pelas ruas da cidade acompanhada de sua amiga Tamara, as duas carregavam algumas sacolas de supermercado enquanto conversavam).

 

TAMARA: A sua irmã é muito quadrada, onde já se viu querer viver para sempre nesse fim de mundo?

BETINHA: Exatamente o que eu vivo dizendo, mas parece que não entra naquela cabeça dura. Eu quero sair daqui, viver novas experiências, conhecer gente nova, entende?

TAMARA: Você está coberta de razão...

(Na mesa externa de um bar, Robeval, um morador de caráter duvidoso as observava).

ROBEVAL: Bom dia, meninas... (Cumprimenta de forma maliciosa).

BETINHA: (Betinha o ignora e continua caminhando).

TAMARA: Eu não gosto desse homem, principalmente como ele olha pra você... Sinto um arrepio na espinha.

BETINHA: Vamos embora, não ligue para ele.

(As duas seguem caminhando até mudar de rua, desaparecendo do campo de visão de Robeval).

 

Cena 09 – Na Boca do Povo, Redação [Interna/Manhã]

(Evandro acomoda-se confortavelmente em sua cadeira, certificando-se em seguida que tudo estava de acordo com as suas ordens, até ser surpreendido).

 

DEMÉTRIO: Você não perde mesmo tempo, não é? (Diz ao entrar na sala de Evandro).

EVANDRO: Vai dizer que não fico bem num cargo executivo? (Debocha enquanto balança em sua cadeira giratória).

DEMÉTRIO: Até começar a roubar e mostrar o rato nojento que você é, não foi o que quis dizer?

EVANDRO: Que maneira tão feia de falar. Eu nunca roubei ninguém, o que eu fiz tem outro nome... Eu me auto remunerei por ter que aturar tanta gente chata como você e os seus. Pensou que seria de graça? De graça, nem injeção na testa, meu caro!

FERNANDA: (Invade a sala do pai) Quando eu soube que você estava aqui e numa sala, eu não acreditei. Tinha que ver com os meus próprios olhos... Eu posso saber qual é o golpe que você está tramando agora?

 

Cena 10 – Casa de Luiza, Porto de Pedras [Interna/Manhã]

(Luiza Helena ouve o chamado do carteiro e vai até a porta encontra-lo).

CARTEIRO: Correspondência! (Grita).

LUIZA HELENA: (Abre a porta e vai ao encontro do carteiro).

CARTEIRO: (Entrega um envelope).

LUIZA HELENA: (Recebe a correspondência e lê o remetente) Obrigada... É do Demétrio! Não é que ele escreveu mesmo?

(Luiza caminha enquanto abre o envelope e senta no degrau da varanda para ler a carta).

LUIZA HELENA: Minha querida Luiza... (Começa a ler a carta).

“Já voltei a minha velha rotina de sempre, mas saiba que não parei de pensar em você. A sua luta e batalha me inspiraram a querer lutar um pouco mais por dias melhores e por acreditar que você merece um pouco mais da vida, gostaria que viesse me visitar em breve aqui em São Paulo, você e sua irmã serão muito bem recebidas em minha casa. Não aceito um não como resposta, não se preocupe com os custos da viagem, tudo será por minha conta, faço questão disso. Fico no aguardo da sua resposta para dar sequência nos trâmites, temos tanto para conversar, tenho muitos planos para você. Com carinho, Demétrio Martins de Andrade”.

LUIZA HELENA: (Repete um trecho da carta em voz alta) “Tenho muitos planos para você”. O que será que ele quis dizer com isso? (Pergunta a si mesma).

BETINHA: Deu pra falar sozinha agora? (Diz ao cruzar o portão e entrar dentro de casa).

LUIZA HELENA: Ai menina, você demorou... Pensei que não fosse dar tempo de terminar o almoço desse jeito! (Segue Betinha até o interior de casa).

BETINHA: Tinha muita gente na fila do supermercado, ou vai achar que desviei do caminho? (Observa o envelope na mão da irmã). Que envelope é esse?

LUIZA HELENA: É uma carta, nada demais...

BETINHA: É do milionário? Foi o cara rico de São Paulo que te escreveu? Eu quero ler o que ele disse, deixa... (Betinha se aproxima para pegar o envelope).

LUIZA HELENA: Não! A carta é minha, eu não quero que leia minhas coisas. Eu vou guardar essa carta, não quero que invada a minha privacidade! (Coloca o envelope para trás de seu corpo).


Cena 11 – Umbu-Cajá, Restaurante Nordestino [Interna/Manhã]

(Marcelo varre a calçada do restaurante enquanto Ítalo se prepara para sair).

MARCELO: Já vai cair no mundo, moleque?

ÍTALO: (Com uma mochila nas costas, Ítalo senta na moto e segura o capacete) Vou tio, mas dessa vez por uma boa causa. Vou até a universidade, vou destrancar o meu curso, quero voltar a estudar!

Música da cena: Jeito Sexy – Sambô

(Maria Rita anda pela rua ao voltar de mais uma noite de trabalho e sem perceber, chama bastante a atenção na rua devido a sua beleza, inclusive a de Marcelo).

MARCELO: (Fica completamente atônito na presença da vizinha).

ÍTALO: (Percebe o olhar do tio e repara o que está acontecendo) Eita nós! Seca essa baba aí tio, se não o senhor vai inundar a Mooca!

MARCELO: (Volta a si) Que conversa é essa? Você me respeite, pirralho... Eu sou seu tio!

ÍTALO: (Começa a rir da cena) Isso daí tem nome e eu sei o que é, viu? Eu estou ligado! (Coloca o capacete, liga a moto e sai andando pela rua).

MARCELO: Um moleque desse achando que entende da vida, agora eu vi... (Fala consigo mesmo).

  

Cena 12 Ruas de São Paulo [Externa/Tarde]

Música da cena: Sampa – Caetano Veloso

(Imagens da cidade surgem de plano de fundo e podemos ver todas as belezas dos grandes edifícios da cidade de São Paulo. Evandro deixa o prédio da redação da revista completamente satisfeito pelo seu retorno e caminha pelas ruas com um sorriso malicioso estampado no rosto).

 

EVANDRO: (Caminha pelas ruas sem perceber que está sendo seguido).

GLÓRIA: (Grita) Evandro?

EVANDRO: (Para de caminhar instantaneamente, pois ele reconhecera aquela voz).

 

A imagem foca em Evandro parado na rua e Glória logo atrás dele. A cena congela e vira uma capa de revista.




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