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Na Boca Do Povo - Capítulo 32

 

Capítulo 32

Cena 01 – Restaurante Le Vielmont [Interna/Noite]

(Evandro encara Tamara surpresa com o que acabara de ouvir).

 

EVANDRO: Você só pode estar ficando louca. Que história mais mirabolante é essa? Isso não faz o menor sentido. De onde tirou isso?

TAMARA: Da própria Luiza Helena, eu ouvi da própria boca dela. Ela estava comentando com aquela velha, a arrumadinha da mansão...

EVANDRO: Quem, a Eva? (Questiona).

TAMARA: Deve ser esse mesmo o nome dela. Eu ouvi muito bem, ela disse isso a Eva, disse que a Betinha é filha dela com o Durant, que nenhum dos dois sabem a verdade e que ela pretende contar ao papaizinho muito em breve. Fique de olho aberto! Cadê a comida? Esse restaurante tem um serviço péssimo.

EVANDRO: Agora tudo faz sentido, essa super proteção pela pentelhazinha, essa história com o pinto mal resolvido. Você precisa continuar naquela casa, precisamos descobrir os próximos passos dela, vamos nos antecipar antes que ela abra a boca.

TAMARA: Você sabe que eu não faço nada de graça, não sabe?

EVANDRO: Sim, eu sei. Apesar de você ter saído daquela vila imunda de pescadores, cheirando a camarão de quinta categoria, você não passa de uma ambiciosa. Eu vou conseguir quanto dinheiro você quiser, desde que você me continue sendo útil.

TAMARA: Eu sei ser útil, de várias maneiras querido!

EVANDRO: Não estou falando dessa maneira, se enxerga aprendiz de vilã de malhação. Nem tente me passar a perna, porque eu mato você, entendeu? (Diz ameaçando).

TAMARA: Você não seria capaz! (Desdenha).

EVANDRO: Me desafie e verá. (Conclui).

 

Cena 02 – Hospital Santa Veridiana [Interna/Noite]

(Depois de tanto tempo fechado, Enrico conseguiu se distrair um pouco com a presença dos amigos, Rafael e Betinha).

 

BETINHA: É bom te ver assim, com esse rostinho sereno. Tudo vai ficar bem, nós estamos com você! (Diz deitada na cama do hospital, ao lado de Enrico).

ENRICO: Mesmo com essa cara de quem parece ter sido atropelado?

BETINHA: Você sabe que esses hematomas logo irão desaparecer. Além disso, eles não apagam o brilho da sua beleza!

ENRICO: A única coisa que não vai passar é a minha nova realidade. Eu não vou mais voltar a andar...

RAFAEL: Eu não vou ser hipócrita em dizer que imagino como você deve estar se sentindo, porque isso é muito particular. Saiba que vamos te apoiar ainda mais nesse momento, você vai sair daqui fortalecido e com a certeza de que isso tudo vai sim passar.

ENRICO: Eu fico agradecido com as palavras de vocês dois. Eu pensei que iria desistir, mas resolvi que irei seguir em frente. Tenho muitos motivos para isso e um mais forte ainda, mais forte que tudo.

BETINHA: E que motivo seria esse? (Pergunta).

ENRICO: Eu quero fazer justiça! (Responde).

BETINHA: Enrico, você já conseguiu se lembrar da noite do acontecido?

ENRICO: Flashes! Eu lembro de flashes, as vozes são muito presentes na minha memória e ecoam na minha cabeça. Talvez se revesse um dos caras que me agrediu, eu o reconheça. Não irei sossegar enquanto não os colocar na cadeia.

RAFAEL: Isso é louvável, você faz muito bem, só tenha cuidado. Você é como um irmão para mim e eu não quero que sofra de novo, ok?

ENRICO: Pode deixar!

BETINHA: Pode contar comigo, eu vou te ajudar em tudo o que for preciso. Fechou?

ENRICO: Fechou! (Diz sorrindo).

BETINHA: (Enche a bochecha de Enrico de beijos).

 

Cena 03 – Motel Paradiso [Interna/Noite]

Música da cena: Desculpa Mais Eu Só Penso Em Você – Bruno Gadiol

(Deitada na cama do motel e seminua, Lavínia observava um strip-tease).

 

LAVÍNIA: (Olha em direção ao pole-dance).

THIERRY: (Lentamente vai tirando as peças de roupas conforme dança ao ritmo da música).

LAVÍNIA: Gostoso, vem cá, vem! (Gesticula com a mão para que Thierry, agora só de cueca, se aproxime).

THIERRY: (Se aproxima de Lavínia e por baixo dos lençóis, beija lentamente o corpo de Lavínia).

(Alguns momentos depois...).

LAVÍNIA: Você já tem mesmo que ir? Você sempre vai tão rápido! (Lamenta).

THIERRY: (Sai do banheiro parcialmente vestido) Infelizmente sim, amanhã tenho um monte de coisa para fazer e preciso acordar cedo. Descola uma grana para o táxi? (Pede com um olhar malicioso).

LAVÍNIA: (Pega a bolsa ao lado da cama, em cima do criado-mudo. Em seguida, retira da carteira 400 reais em notas de 100) Isso é suficiente?

THIERRY: Mais um pouquinho, essas horas é taxa dinâmica. (Fala sarcasticamente).

LAVÍNIA: (Retira da bolsa mais três notas de 100 reais) E agora? (Questiona sorrindo).

THIERRY: Mais um pouquinho, tem o lanche! Sabe como é, né? Chegar em casa tarde, bate aquela fominha... (Diz enquanto alisa o abdômen definido de forma maliciosa).

LAVÍNIA: (Entrega a Thierry uma quantia final de 1.200 Reais) Isso dá?

THIERRY: (Pega o dinheiro da mão de Lavínia) Tá vendo? É por isso que não te largo, você me mima muito. Não sei viver sem você, minha gata! (Beija Lavínia, enquanto ela se aproveita do momento, ele está de olhos abertos durante o beijo e contabiliza as notas do dinheiro, em suas costas).

 

Cena 04 – Apartamento de Evandro [Interna/Noite]

(Caruso foi até o apartamento de Evandro para lhe entregar o que ele tanto queria).


EVANDRO: E então, a vagabunda estava carregando alguma coisa? (Pergunta ao se deparar com Caruso).

CARUSO: (Entrega a bolsa de Suzana) Aqui está tudo o que estava com ela.

EVANDRO: (Segura a bolsa de Suzana e senta no sofá. Em seguida, ele começa a checar todos os itens na bolsa, até o momento em que encontra um pen-drive. Logo após, ele joga a bolsa de lado e pega o notebook) Te peguei vadia! Estava pensando que ia entregar para alguém? Você estava enganada. (Diz ao checar o pen-drive no notebook).

CARUSO: Tinha coisa importante aí?

EVANDRO: Não te interessa! Eu não te pago para ficar perguntando. O que importa é ela já não é mais problema, aliás... Para quem será que a vadia estava pensando me entregar? Para a polícia? (Pensa em voz alta).


Cena 05 – Ruas de São Paulo [Externa/Manhã]

Música da cena: I Won’t – Colbie Caillat

(O dia amanhece e anoitece rapidamente enquanto as pessoas seguem os seus respectivos cotidianos).

 

- Luiza Helena retoma as atividades na revista;

- Enrico é examinado pelos médicos;

- A Delegada Raquel e o Inspetor Eriberto vão até a cena do crime observar os pontos de monitoramento de segurança;

- Fernanda enjoa no banheiro da revista;

- Sem empregada, Glória tenta fazer os serviços domésticos, mas falha;

- Tamara continua enganando Betinha e se aproveitando da amizade dela;

- Ítalo olha para o restaurante da frente e sofre pensando em Enrico;

- Ângelo e Fernanda se aproximam;

- Tamara continua informando Evandro sobre a vida na mansão;

- Durant e Luiza dormem juntos;

- Maria Rita experimenta vestidos de noiva;

- Lola/Amara prepara a casa para receber Enrico.

 

UMA SEMANA DEPOIS...

 

Cena 06 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Externa/Manhã]

(Um táxi se aproxima do restaurante de Francesca e estaciona em frente ao estabelecimento. Em seguida, Francesca e o motorista descem para ajudar Enrico a descer do veículo da melhor forma).

 

FRANCESCA: Benvenuto de volta, bambino! (Diz após acomodar Enrico na cadeira de rodas).

ENRICO: Mamma, o que significa isso? Não estou entendendo... (Diz ao ver a rua lotada de vizinhos e amigos).

FRANCESCA: É amor, bambino, amor! Quando os nossos vizinhos e amigos fizeram questão de vir te receber, para que você se sentisse ainda mais acolhido.

(Os vizinhos e amigos mais próximos aplaudem Enrico e o deixam visivelmente emocionado).

ENRICO: Eu nem sei o que dizer! (Responde emocionado).

GIOCONDA: (Empurra a multidão e se aproxima dos dois) Scusa, scusa... Io também quero receber o mio nipote!

ENRICO: Nonna? Eu não acredito que você está aqui! (Diz ao ver a avó em sua frente).

ANDREINA: Io também estou aqui. Quem é o ragazzino da zia? (Pergunta ao se aproximar do sobrinho).

ENRICO: Zia! A senhora também? (Supreende-se ao ver a tia, irmã de Francesca).

FRANCESCA: Mamma? Sorella? Non acredito! Quando foi que vocês chegaram da Itália?

GIOCONDA: Hoje! Nós viemos cuidar do mio ragazzo.

FRANCESCA: Mamma, io disse que non precisava se incomodar. Io vou cuidar muito bem do mio bambino!

GIOCONDA: Non, non, non! Com essa comida sem graça e sem tempero? Vai matar o mio nipote Enrico. Io vim para o Brasil me encarregar de tudo e non saio daqui.

FRANCESCA: A senhora está dizendo que io non sei cuidar do mio próprio filho? (Reclama).

ANDREINA: É isso mesmo, sorella. Nós viemos até o Brasil para colocar tudo em ordem! (Concorda com a mãe, atiçando ainda mais a raiva da irmã).

FRANCESCA: E você ainda concorda, maledetta schifosa? (Xinga a irmã caçula).

(Ao perceber que a confusão está apenas começando, Lola/Amara resolve ajudar Enrico a sair dali sem ser notado).

LOLA/AMARA: Agora eu entendi o porque da sua mãe ser assim tão esquentada. Tá no sangue! (Sussurra pertinho de Enrico).

ENRICO: Que família, que família! (Fala gesticulando como um nobre italiano).

LOLA/AMARA: O que você acha da gente sair daqui, entrar no restaurante e beliscar uma comidinha gostosa?

ENRICO: Eu acho ótimo, estou cansado de comida de hospital.

LOLA/AMARA: Então vamos! (Conduz a cadeira de rodas para o interior do restaurante, enquanto a confusão instalada continua do lado de fora).

 

Cena 07 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Manhã]

Música da cena: Rock Roll And Lullaby – Alexandre Poli

(A fachada da mansão surge logo em seguida. O jardineiro colhe algumas flores do jardim, enquanto outro funcionário limpa a piscina. No interior da mansão, Luiza Helena e Eva caminhavam em direção a sala de jantar).

 

EVA: Mas você não vai comer nada? Vai acabar ficando doente desse jeito.

LUIZA HELENA: Eu não estou com estomago para comer algo, principalmente com a importância que tem o dia de hoje. Vou tomar apenas um suco!

EVA: O que tem o dia de hoje? Eu não entendi.

LUIZA HELENA: Eu me decidi. Finalmente criei coragem e hoje à noite eu vou contar toda a verdade ao Durant. Eu vou contar que tive uma filha dele e que a Betinha é essa filha!

TAMARA: (Escuta a conversa do corredor e ao ouvir a parte em que Luiza Helena diz que vai contar a verdade para Durant, acaba fazendo barulho involuntariamente após esbarrar em uma mesa).

LUIZA HELENA: Que barulho foi esse? Será que alguém nos ouviu?

EVA: Eu também ouvi. Espera, vou dar uma olhada! (Eva vai até o corredor e não avista ninguém, apenas uma das janelas abertas. Em seguida, retorna para a sala de jantar).

LUIZA HELENA: E então, alguém nos ouviu? (Questiona aflita ao ver Eva retornar).

EVA: Não senhora! Era a janela do corredor que estava aberta, só isso.

LUIZA HELENA: Graças a Deus, por um momento tive medo pensando que fosse a Betinha. Eu quero preparar a minha filha muito bem para essa notícia, não quero que ela descubra assim, de repente.

EVA: Faz muito bem, vai dar tudo certo. Eu tenho fé que tudo vai se acertar! (Diz ao incentivar Luiza Helena).

(Após perceber que o perigo havia passado, Tamara saiu de um dos cômodos da mansão sorrateiramente e subiu até seu quarto).

TAMARA: Morar nessa casa está me rendendo muito lucro. Evandro vai adorar saber dessa novidade! (Diz ao subir a escada lentamente sem fazer barulho).

 


 

Cena 08 – Na Boca do Povo, Redação [Interna/Tarde]

(Quando as portas do elevador se abriram no andar da revista, a Delegada Raquel e o Inspetor Eriberto adentraram em seguida).

 

INSPETOR ERIBERTO: Bom dia, podemos falar com o responsável pela revista? (Diz ao se aproximar da mesa de Maria Rita).

MARIA RITA: Bom dia! A quem devo anunciar? (Questiona).

INSPETOR ERIBERTO: Somos da polícia! Eu sou o Inspetor Eriberto Aguiar e essa é a Delegada Raquel Castilho. Estamos aqui investigando a vida de uma ex-funcionária de vocês, ela foi assassinada recentemente, chamava-se Suzana de Castro.

MARIA RITA: Sim, foi de fato uma tragédia horrível. No momento, a presidente da empresa não se encontra, mas o nosso diretor jurídico sim. Posso anunciar vocês?

DELEGADA RAQUEL: Escuta, nós não nos conhecemos de algum lugar? (Questiona ao observar bem o rosto de Maria Rita).

MARIA RITA: Na verdade o seu rosto é bem familiar, mas eu não me lembro exatamente de onde nos conhecemos.

DELEGADA RAQUEL: Eu lembrei! Estudamos juntas no ensino médio. Ritinha, não era?

MARIA RITA: Meu Deus, Quel... É você? (Pergunta surpresa).

DELEGADA RAQUEL: Que coincidência te encontrar aqui! Bom te ver e saber que você está bem.

MARIA RITA: É verdade! Você está ótima, parece que o tempo não passou para você. Precisamos tomar um café depois e colocar as fofocas em dia.

DELEGADA RAQUEL: Pode marcar, estarei aguardando.

MARIA RITA: (Retira o telefone do gancho) Eu vou anuncia-los, só um momento!

(Alguns momentos depois, a delegada e o inspetor surgem sentados diante Ângelo em sua sala).

ÂNGELO: Bem, a que devo a presença de vocês aqui? Em que posso ser útil?

DELEGADA RAQUEL: Nós estamos aqui investigando a morte da ex-secretária de vocês, Suzana de Castro.

ÂNGELO: Eu pensei que as investigações já estivessem concluídas, não foi um assalto como estão anunciando em todos os jornais sensacionalistas?

DELEGADA RAQUEL: Pode ter sido, mas modéstia a parte, eu sou especialista em criminalista e presto atenções em pequenos detalhes. Esses pequenos detalhes podem trazer à tona outras possibilidades para um crime.

ÂNGELO: E isso significa?

INSPETOR ERIBERTO: Que não podemos descartar a possibilidade de assassinato.

ÂNGELO: Assassinato? Mas não foi um assalto? Roubaram a bolsa dela e outros pertences...

DELEGADA RAQUEL: Como disse, eu convivi e aprendi com grandes mestres de criminalística forense. Então, desde a posição do ferimento até as poucas imagens do circuito de monitoramento urbano me fazem crer que existe essa possibilidade, remota, mas real. Antes de ser baleada a queima roupa, o assaltante aparentemente trocou algumas palavras com ela, mas que motivos ele teria para tal se ele queria apenas roubar seus pertences? Outro ponto importante é que nenhuma das vítimas reagiram a ponto de serem mortas. O senhor me compreende, não? (Questiona deixando Ângelo surpreso com as informações sobre o caso).

 

Cena 09 – Universidade Pereira Vasconcelos [Externa/Tarde]

Música da cena: Um Pôr Do Sol Na Praia – Silva e Ludmilla

(Imagens externas da cidade de São Paulo são apresentadas. Transitamos pela Avenida Paulista, MASP, Beco do Batman e Parque do Ibirapuera. Em seguida, surge o campus da universidade, onde diversos estudantes transitam livremente, incluindo Rafael).

 

RAFAEL: (Caminha pelo campus quando avista alguém familiar entre os estudantes) Você? O que está fazendo aqui?

FERNANDA: Eu preciso falar com você. Podemos conversar? (Questiona ao se aproximar de Rafael).

RAFAEL: Eu imagino que para você ter se dado ao trabalho de vir até aqui depois de como as coisas entre nós dois ficaram, deve ser importante. Vamos sentar! (Diz conduzindo Fernanda até um banco que fica embaixo de uma das diversas árvores da universidade).

FERNANDA: (Sentada no banco, respira fundo antes de começar a falar).

RAFAEL: Nossa, você está começando a me assustar. O que aconteceu?

FERNANDA: Eu ensaiei diversas vezes em como te dizer isso, inclusive em como não dizer. Eu pensei em não te contar e seguir em frente com isso sozinha, mas depois percebi que seria egoísta em não dividir isso com você, pois você tem o direito de saber a verdade.

RAFAEL: Eu não estou entendendo nada do que você quer dizer, Fernanda.

FERNANDA: Não tem outra forma de te falar isso se não for assim. Eu estou grávida, nós vamos ter um filho.

RAFAEL: Um filho? Você disse que vai ter um filho nosso? (Repete surpreso).

FERNANDA: Estou! Eu não vim te dizer no intuito de exigir nada ou te cobrar algo, eu vim apenas porque senti que você merecia saber, já que é o pai. Eu não sei o que você está pensando, mas eu vou levar essa gravidez adiante e eu vou ter o meu filho.

RAFAEL: Nunca mais repita isso! Eu jamais pediria para você interromper a gravidez, estamos falando de uma criança que também é minha. Eu sou o pai e vou te apoiar incondicionalmente.

FERNANDA: (Se emociona) Era exatamente isso o que eu esperava ouvir de você.

 

Cena 10 – Na Boca do Povo, Redação [Interna/Tarde]

(Sentada sozinha na sala de Luiza Helena, Betinha a aguardava desocupar de uma reunião para visita-la, como costumava fazer quando foi surpreendida).

 

BETINHA: (Distraída, Betinha manuseava seu aparelho celular quando sentiu a presença de mais alguém na sala. Em seguida, girou a cadeira e se deparou com Evandro) Nossa, eu não vi você chegar. Você me assustou!

EVANDRO: Soube que estava aqui esperando a sua irmã, vim ver se você não precisava de nada. (Diz olhando Betinha de forma maliciosa).

BETINHA: Não, eu não preciso de nada. Vou continuar aqui esperando a minha irmã, se não for incomodo.

EVANDRO: Incomodo nenhum. Assim como a sua irmã, essa empresa é tão sua quanto dela, digo, por conta do laço que as une.

BETINHA: Acredito que você está equivocado. Apesar de irmãs, a empresa e os bens pertencem exclusivamente a Luiza Helena.

EVANDRO: Ou não! (Ironiza).

BETINHA: (Olha para Evandro estranhando seu comentário).

ÂNGELO: Esse homem está incomodando, Roberta? (Disse ao entrar na sala de Luiza Helena).

BETINHA: Não, ele já está de saída não é mesmo? (Questiona expulsando Evandro da sala de forma suscinta).

EVANDRO: Não se preocupe, Ângelo Salvador da Pátria, eu já estou de saída. Só estava estreitando laços com a minha amiga, não é mesmo? Uma satisfação te reencontrar, sua festa estava muito bonita. Com licença! (Diz ao sair em seguida).

BETINHA: Eu não gosto da forma como ele me olha. Esse homem não me inspira confiança! (Fala após Evandro deixar a sala).

ÂNGELO: Acho que temos algo em comum, eu também não me simpatizo nada com ele.

BETINHA: Ele é um bom funcionário? Falam tão mal dele...

ÂNGELO: Se eu for te falar toda a ficha dele, passaremos toda a tarde conversando. Na verdade, nem eu sei o que ainda faz a sua irmã manter esse crápula aqui.

BETINHA: Pois então, se você não estiver muito ocupado. Minha irmã está em uma reunião, vou adorar saber tudo sobre ele. Quem sabe eu não ajudo a Luiza Helena a abrir os olhos sobre ele?

ÂNGELO: (Senta-se em frente a Betinha) Está bem, eu acho que podemos conversar um pouco. Aceita um café ou um suco?

BETINHA: Um suco! (Responde).

ÂNGELO: Ótimo! Vou pedir a moça da copa para trazer dois sucos para tomarmos enquanto conversamos e eu te deixo a par sobre a revista e o Evandro.

 

Cena 11 – Chesca’s, Restaurante Italiano [Interna/Noite]

(Enrico estava sozinho em seu quarto com o olhar distante e pensativo, quando Lola/Amara resolveu ver como ele estava).

 

LOLA/AMARA: Atrapalho? (Questiona parada na porta do quarto).

ENRICO: Você nunca me atrapalha, entra!

LOLA/AMARA: Se você diz, então vou entrando. (Diz após fechar a porta do quarto).

ENRICO: Você já é de casa, Lola, Amara... Como você quiser ser chamada, não precisa de cerimônias. Senta aqui, eu quero falar com você! (Diz indicando para que Lola/Amara sente ao seu lado na cama).

LOLA/AMARA: O que houve? Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa? (Questiona ao se sentar ao lado de Enrico).

ENRICO: Sabe, depois de tudo isso que me aconteceu foi quando eu percebi que a vida é um sopro. Hoje nós dois estamos aqui e amanhã tudo isso pode nem acontecer. Eu tinha tantos sonhos...

LOLA/AMARA: (Interrompe a fala de Enrico) E vai realizar todos eles!

ENRICO: É sobre exatamente isso que eu quero falar. Eu não vou desistir, eu quero seguir em frente, mas para isso eu preciso que você também faça o mesmo.

LOLA/AMARA: Eu não entendi, onde você quer chegar?

ENRICO: Percebe-se só de olhar que você está incompleta. Uma parte de você quer seguir em frente, mas a outra não sabe lidar com o presente. Eu acho que você deveria aproveitar a oportunidade que aquele produtor musical te ofereceu e voltar a fazer o que você tanto gosta. Volte a cantar, volte a brilhar... Isso fará com que você realize o seu sonho, por você e por mim.

LOLA/AMARA: Mas Enrico...

ENRICO: Mas nada, Lola. Faça isso por mim! Eu quero muito te ver completa e te ver nos palcos, nada me dará mais orgulho que isso. Fora que eu ainda posso desenhar o seu figurino!

LOLA/AMARA: (Sorri emocionada) Eu não tive a oportunidade de ser mãe, não tive filhos, mas se eu tivesse como pedir para ter um filho, pediria para que ele fosse exatamente como você. (Abraça Enrico).

 

Cena 12 – Umbu-Cajá, Restaurante [Externa/Noite]

(Zeca foi até o lado de fora do restaurante quando percebeu a presença de Ítalo sentado em sua moto, encarando o sobrado da frente. Tratava-se do restaurante e casa de Francesca).

 

ZECA: Pensando nele? (Pergunta).

ÍTALO: (Olha para trás e responde ao pai) Está tão óbvio assim?

ZECA: Está estampado na sua cara, não é assim que dizem? Sabe meu filho, eu acho que você precisa ouvir algo que te faça encontrar um rumo. Talvez nunca tenhamos falado sobre isso e por esse motivo você achou que o correto fosse se reprimir. Eu vim de uma família esquentada, cabeça dura e preconceituosa. Eu senti isso na pele quando disse que queria viver da cozinha, de um restaurante. Eu jamais te faria passar pelo mesmo, principalmente pela sua forma de ser e amar. Sempre fomos tão amigos, porque você nunca quis se abrir comigo?

ÍTALO: Eu tinha medo de te decepcionar, de que o senhor tivesse vergonha de mim.

ZECA: Vergonha? Vergonha eu tenho de pais que não amam seus filhos como eu te amo. Você gosta dele, não gosta?

ÍTALO: (Chora e balança a cabeça, respondendo que sim).

ZECA: Então demonstre isso! Reconquiste-o, mostre como ele é importante para você, faça com que ele se sinta a pessoa mais especial do mundo, não desista dessa história, vocês ainda são muito jovens e tem uma vida toda para serem felizes. Não desista! (Estende a mão para Ítalo).

ÍTALO: (Aperta a mão de Zeca como se estivesse selando um acordo).

 

Cena 13 – Mansão Martins de Andrade [Interna/Noite]

(Apressada para contar enfim a verdade a Durant, Luiza Helena desceu a escada conferindo se tudo estava dentro de sua bolsa).

 

LUIZA HELENA: (Caminha em direção à porta de saída da casa, quando ouve uma voz logo atrás de si).

EVANDRO: Vai sair? (Pergunta ao sair da biblioteca).

LUIZA HELENA: Evandro? O que está fazendo aqui? Quem te deixou entrar? A Eva não me avisou que você estava aqui.

EVANDRO: A Eva nem sabe que eu estou aqui. Eu molhei a mão do segurança para que ele liberasse a minha entrada sem criar problemas.

LUIZA HELENA: Pois então eu lamento muito que tenha perdido o seu tempo, mas agora eu preciso realmente sair, tenho um assunto pendente e muito importante para resolver. Na revista você me procura, com licença! (Dá as costas a Evandro).

EVANDRO: Você vai ver o pintor, não vai?

LUIZA HELENA: O nome dele é Durant e sim eu irei vê-lo, não que te deva satisfações da minha vida. (Vira-se novamente e encara Evandro). Eu não estou gostando desse tom depreciativo para se referir ao Durant. Evandro, eu quero que saia da minha casa agora mesmo!

EVANDRO: (Sorri maliciosamente) Sua casa? Quem te viu e quem te vê, hein? Um dia chegou aqui toda esfarrapada, sem jeito, dizendo que não queria nada disso e hoje enche a boca para dizer que a casa é sua? Que incoerente!

LUIZA HELENA: Evandro, eu estou falando sério. Ou você sai da minha casa, ou eu vou chamar a segurança.

EVANDRO: Isso, aproveita e chama aquela pentelha da sua irmã, ou melhor, sua filha e juntos contamos que você é mãe dela e que ela, é filha do pintorzinho.

LUIZA HELENA: (Espanta-se ouvir o que Evandro acabara de lhe dizer) O que foi que você disse?

EVANDRO: Sabia que o assunto iria te interessar. Eu estou falando do segredo que você escondeu a vida toda, coisa feia! Eu duvido muito que a Betinha pentelha goste de saber que foi enganada a vida toda. Sente-se e aperte o cinto, a noite vai ser cheia de turbulência, meu amor. (Dispara).

 

A imagem foca em Luiza Helena parada diante Evandro, após ouvir da boca dele que seu segredo foi descoberto. A cena congela e vira uma capa de revista.


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